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O que esperar do mercado de máquinas agrícolas para os próximos anos?

Divulgação Piccin

*Por Camilo Ramos

Nos próximos dois anos, o mercado de máquinas agrícolas está se preparando para uma transformação significativa, com a introdução de novas tecnologias e soluções que visam aumentar a eficiência, reduzir os custos operacionais e promover a sustentabilidade. Entre as principais inovações que deverão dominar o setor estão o desenvolvimento de máquinas multifuncionais, o avanço da eletrificação e a integração de soluções tecnológicas para o manejo preciso do solo. Além disso, o mercado de exportação se apresenta promissor, com novos investimentos. Porém, ainda há gargalos, como a conectividade rural, que continua sendo um desafio a ser superado.

Seguindo essa forte tendência de equipamentos que realizam diversas operações em uma única passada, a Piccin, fabricante de tecnologias para o preparo do solo, é um desses exemplos. A companhia desenvolveu o projeto de um implemento, a Master Elétrica, que propõe substituir os componentes hidráulicos por sistemas elétricos, eliminando o uso de óleos e filtros. Essa abordagem não apenas simplifica a manutenção das máquinas, mas também contribui para a redução do impacto ambiental, evitando a contaminação do solo e o descarte de filtros usados. Com isso, os produtores poderão operar de maneira mais eficiente, com menos custos com manutenção e maior durabilidade dos componentes.

Além disso, a descompactação do solo, essencial para a melhoria da produtividade agrícola, também está sendo alvo de inovações. As novas máquinas para essa operação estão sendo desenvolvidas para oferecer maior eficiência, com a capacidade de combinar várias funções em um único equipamento, como descompactação, preparo do solo e plantio. Isso significa economia de tempo, combustível e redução do desgaste do trator, fatores cruciais para otimizar a operação no campo.

As inovações são particularmente importantes em um contexto em que o setor agrícola busca cada vez mais soluções eficientes e sustentáveis. A redução da necessidade de potência dos tratores significa menos combustíveis fósseis queimados, o que está em linha com os objetivos globais de sustentabilidade e de redução de emissões de gases de efeito estufa.

Já no campo da tecnologia, a digitalização está ganhando força como uma ferramenta poderosa para melhorar a tomada de decisões e otimizar o uso de insumos. Podemos citar como exemplo o DNA do solo, que permite aos produtores mapear e analisar as propriedades em tempo real. Com essa solução, é possível identificar pontos específicos da propriedade que precisam de cuidados especiais, como descompactação mais profunda ou ajustes no uso de fertilizantes.

O uso dessa tecnologia permitirá que o produtor tome decisões mais precisas, não apenas em termos de manejo de solo, mas também no controle de pragas, doenças e no planejamento de atividades em função das condições climáticas. O Green X, por exemplo, é uma plataforma digital que prevê essas variáveis, ajudando o produtor a otimizar a aplicação de insumos e a reduzir desperdícios, o que, por sua vez, diminui os custos operacionais e o impacto ambiental.

Soluções cada vez mais verdes

Com a crescente demanda por soluções mais verdes e eficientes, o setor de máquinas também tem se posicionado e está se preparando para expandir sua presença internacional. Em 2024, muitos fabricantes, como no caso das empresas brasileiras, estão investindo para expandir suas operações em mercados que antes não atendiam. A exportação para países com grande potencial de crescimento, como os da América Latina e da Ásia, deve continuar sendo uma estratégia importante, especialmente em um cenário de câmbio favorável, que torna os produtos mais competitivos no exterior.

Além disso, a sustentabilidade tem sido um diferencial importante, com o desenvolvimento de máquinas que participam de programas voltados para a reforma de pastagens e outras práticas sustentáveis.

É importante destacar que não adianta tanto investir em novas tecnologias e soluções se não houver uma conexão adequada. A conectividade rural ainda representa um desafio significativo para esses avanços no campo. Embora tenha havido crescimento com a popularização de antenas satelitais, a cobertura é limitada, o que significa que nem todas as áreas rurais podem se beneficiar. O 5G, apesar de promissor, ainda não chegou de forma ampla às zonas rurais, e muitas regiões sequer contam com cobertura 4G.

Em resposta a esses desafios, muitas empresas estão desenvolvendo soluções de conectividade que não dependem de redes de telefonia de alta velocidade. O uso de estruturas mais simples e de baixo custo, que exigem pouca banda para transmitir dados, tem se mostrado uma solução viável para garantir que os produtores recebam as informações necessárias em tempo real, mesmo em áreas com conectividade limitada.

O mercado de máquinas agrícolas está em um ponto de inflexão, com o desenvolvimento de tecnologias que priorizam a eficiência, a sustentabilidade e a conectividade. A eletrificação das máquinas, as soluções multifuncionais e a digitalização do manejo de solo são apenas algumas das inovações que transformarão o setor nos próximos anos. Ao mesmo tempo, a busca por maior sustentabilidade e a redução de custos operacionais se tornarão essenciais para os produtores que desejam se manter competitivos em um mercado global cada vez mais exigente.

Embora desafios como a conectividade rural e o custo de implementação de novas tecnologias ainda precisem ser superados, as soluções inovadoras estão abrindo caminho para um futuro mais eficiente e sustentável para o agro. A adaptação rápida a essas mudanças será um fator decisivo para os produtores que buscam aproveitar as oportunidades oferecidas por essas novas tecnologias e garantir sua rentabilidade no longo prazo.

*Camilo Ramos é Administrador e CEO do Grupo Piccin

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Ameaça ao setor produtivo de amendoim em São Paulo, com a Proposta de Revogação do Artigo 351-A do RICMS, gera reação

Ameaça ao setor produtivo de amendoim em São Paulo, com a Proposta de Revogação do Artigo 351-A do RICMS, gera reação

A cadeia produtiva do amendoim manifesta grande preocupação e repúdio à proposta do Governo do Estado de São Paulo, apresentada por meio do *Ofício nº 24/2024, que visa à revogação do Artigo 351-A do RICMS

O setor alerta para os impactos negativos dessa medida, que comprometerá sua competitividade e sustentabilidade, afetando diretamente produtores, beneficiadores e cooperativas

O que está em jogo?
O Artigo 351-A do RICMS, aprovado pelo Decreto nº 45.490/2000, estabelece o diferimento (adiamento) do ICMS nas saídas internas de amendoim, reduzindo custos imediatos e fomentando a competitividade da cadeia produtiva. Essa norma foi fundamental para o crescimento do setor, que é responsável por 93% da produção nacional de amendoim.

Contudo, o Governo do Estado de São Paulo apresentou uma proposta de revogação, que poderá ser votada na Assembleia Legislativa de São Paulo no início de fevereiro, com previsão de entrada em vigor imediatamente.

Impactos Econômicos e Sociais

A aprovação dessa proposta trará sérias consequências:
• R$ 300 milhões/ano deixarão de circular no setor produtivo e serão retidos via tributos.
• Aumento de 10,8% no ICMS, que afetará diretamente o preço do amendoim e de toda a cadeia produtiva.
• Desequilíbrio na concorrência com produtos similares, como castanhas e nozes, no mercado nacional e internacional.

Efeitos no Mercado e na Competitividade
O setor de amendoim paulista já enfrenta altos custos de produção, como o valor elevado do arrendamento de terras. A revogação do benefício tributário pode acelerar a migração de produtores e indústrias para outros estados, enfraquecendo a hegemonia de São Paulo, responsável por grande parte do mercado nacional e internacional.

Histórico de Benefícios e Crescimento
O Artigo 351-A foi incluído no RICMS em 2011, corrigindo distorções e equilibrando os elos da cadeia produtiva. Desde então, a produção de amendoim no estado cresceu 342,5%, a área plantada aumentou 258,7%, e a produtividade registrou um avanço de 132,38%. Esses resultados consolidaram o setor como referência mundial.

Apelo ao Governo e à Sociedade
A Associação dos Produtores, Beneficiadores, Exportadores e Industrializadores de Amendoim do Brasil (ABEX-BR) e a Câmara Setorial do Amendoim pedem a retirada da proposta de revogação do Artigo 351-A e a abertura de diálogo entre o Governo, representantes do setor e demais partes interessadas.

O setor de amendoim paulista é um exemplo de crescimento sustentável, geração de empregos e inovação tecnológica. Essa medida ameaça não apenas o setor, mas também o equilíbrio econômico de toda a cadeia produtiva associada.

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Alongamento da Dívida Rural: Direito, Requisitos e Implicações

Alongamento da Dívida Rural é um mecanismo legal de apoio ao agronegócio

Advogado de Goiás explica como conseguir o alongamento de dívida rural conforme Manual de Crédito Rural

O alongamento da dívida rural é uma medida que vem ganhando cada vez mais destaque no cenário jurídico brasileiro, especialmente em tempos de adversidades econômicas e climáticas. Trata-se de um mecanismo que visa oferecer aos produtores rurais a possibilidade de renegociar seus débitos, garantindo maior prazo para pagamento e, consequentemente, preservando a sustentabilidade de suas atividades.

Esse direito, no entanto, não é automático. Ele depende do cumprimento de uma série de requisitos previstos no Manual de Crédito Rural (MCR), documento que regulamenta operações financeiras ligadas ao agronegócio no país. Entre as condições para o deferimento do alongamento está a prévia solicitação administrativa junto à instituição financeira, além da comprovação de que a prorrogação é imprescindível para a viabilidade econômica do empreendimento rural.

Uma decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) ilustra bem essa questão. No julgamento do Agravo de Instrumento nº 10000221944960001, o tribunal deferiu tutela de urgência em favor de um produtor rural, suspendendo a execução da dívida enquanto o pedido de alongamento era analisado judicialmente. A decisão baseou-se no entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de que, enquanto a prorrogação está sob análise, não se pode considerar o devedor inadimplente.

O relator do caso, desembargador Manoel dos Reis Morais, destacou que, para concessão da tutela de urgência, é necessário demonstrar a “probabilidade do direito” e o “perigo de dano”, conforme previsto no artigo 300 do Código de Processo Civil. No caso em questão, o produtor conseguiu comprovar que preenchia os requisitos do MCR e que a ausência da prorrogação colocaria em risco a continuidade de sua atividade agrícola.

Além disso, o tribunal determinou que o nome do produtor não poderia ser negativado enquanto perdurasse a análise do pedido de alongamento. Esse ponto é crucial, pois a negativação pode prejudicar o acesso a novos créditos, agravando ainda mais a situação financeira do produtor.

Conforme explica o advogado e doutor em Direito Marco Túlio Elias Alves, a jurisprudência sobre o tema reafirma a importância da negociação prévia e a necessidade de se evitar execuções precipitadas que possam inviabilizar a produção rural. “A decisão traz segurança jurídica e resguarda o princípio da função social da propriedade rural, assegurando que o produtor tenha condições de manter suas atividades”, ressalta.

Impactos Práticos e a Relevância do Alongamento de Dívidas

Para os produtores rurais, a possibilidade de alongar dívidas é mais do que uma questão financeira; é uma estratégia de sobrevivência. O agronegócio brasileiro enfrenta desafios recorrentes, como variações climáticas, oscilações de mercado e, mais recentemente, crises globais que afetam o custo de insumos e a exportação de produtos.

A suspensão da execução de dívidas, como reconhecido pela decisão do TJ-MG, é um passo importante para garantir que os produtores tenham tempo hábil para organizar suas finanças e planejar a próxima safra. No entanto, é essencial que os agricultores entendam os requisitos do MCR e estejam atentos às condições impostas pelas instituições financeiras.

Outro aspecto relevante é o impacto dessa medida no sistema financeiro. Bancos e cooperativas de crédito também precisam de segurança jurídica para operar, e as decisões judiciais que regulamentam o alongamento devem buscar equilíbrio entre os direitos dos credores e dos produtores rurais.

Para os advogados que atuam na área, a orientação jurídica prévia é fundamental. Como aponta Marco Túlio Elias Alves, “os profissionais devem estar atentos às normativas do MCR e às recentes decisões judiciais para assegurar que seus clientes obtenham o melhor resultado possível.”

O debate sobre o alongamento da dívida rural continua em evolução, e sua aplicação prática dependerá, em grande parte, do alinhamento entre produtores, instituições financeiras e o Poder Judiciário. O desafio é criar um ambiente em que o crédito rural seja não apenas um instrumento de financiamento, mas também uma ferramenta de desenvolvimento sustentável.

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Safra de tomate industrial encerra 2024 com produção estável, mas desafios futuros e mudanças polêmicas preocupam o setor

Divulgação Tomate

A safra de tomate industrial de 2024 fechou com uma produção de 1,7 milhão de toneladas, número que, embora estável em comparação a anos anteriores, reflete um mercado em alerta. A Tomate BR, associação brasileira dos processadores e utilizadores de tomate industrial, consolidou os dados apurados junto a 21 grupos industriais, que correspondem a 100% dos tomates para indústria processados no Brasil.

Com uma área cultivada de 18,7 mil hectares, os resultados retomam os patamares de 2022, mas em um cenário marcado por adversidades climáticas e agronômicas. “Chuvas intensas no início do ano atrasaram o transplante das mudas e, com as temperaturas elevadas, a proliferação de pragas como a mosca branca resultou na erradicação de 800 hectares de lavouras. Mesmo com os esforços dos produtores, o cenário foi de dificuldades significativas”, explicou Vlamir Breternitz, diretor da Tomate BR.

Enquanto Goiás e Minas Gerais registraram leve recuperação de volumes (13% e 11%, respectivamente), São Paulo, o terceiro maior produtor, teve queda de 6% na safra. Esses números, somados ao contexto internacional competitivo e aos altos custos de produção, limitam a capacidade do setor de sustentar um crescimento sólido.

Mudança na cesta básica gera controvérsia

Além das adversidades na produção, a inclusão do extrato de tomate na cesta básica em substituição ao molho de tomate trouxe uma nova preocupação ao mercado. Embora o extrato seja um produto que compõe o mercado de atomatados, o molho de tomate domina o consumo nacional, representando 91% do volume vendido.

A mudança foi recebida com críticas tanto pela indústria quanto por especialistas em nutrição e economia alimentar. O molho de tomate é considerado mais adequado às necessidades das famílias brasileiras, especialmente as de baixa renda, por ser prático, acessível e já temperado, o que facilita e barateia o preparo de refeições rápidas e nutritivas.

“Essa decisão ignora o hábito alimentar da maioria das famílias, que dependem do molho de tomate como uma solução simples e econômica no dia a dia. Além disso, transferir o foco para o extrato pode impactar negativamente a indústria, que terá que se adaptar a uma demanda artificial e desalinhada com as preferências reais do consumidor”, ressaltou Breternitz.

A medida também levanta questionamentos sobre o impacto na rotina das mulheres, que frequentemente assumem a responsabilidade de gerenciar a alimentação da família. Preparar alimentos com o extrato de tomate exige mais tempo e recursos, o que contraria o objetivo de facilitar o acesso a uma alimentação digna e prática.

Projeções preocupantes para 2025

A safra de 2024 pode ser vista como um “respiro” temporário para o setor, mas as perspectivas para 2025 são de retração. A Tomate BR estima uma redução de 10% na área cultivada, impulsionada pelas previsões de estiagem, ondas de calor e aumento de pragas. “O setor precisa de políticas mais alinhadas às reais necessidades das famílias e de estratégias robustas para enfrentar os desafios de produção”, concluiu Breternitz.

O contexto atual evidencia a necessidade de um diálogo mais atento entre o mercado, as políticas públicas e os consumidores, garantindo não apenas o fortalecimento da indústria, mas também o acesso a uma alimentação prática e digna para a população.

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