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IA avança no agro e ganha cada vez mais espaço no setor
Soluções amparadas pela Inteligência Artificial podem aumentar a produtividade, reduzir desperdícios e tornar as práticas agrícolas mais sustentáveis com tomadas de decisões mais eficientes, embasadas em dados
Nos últimos 40 anos, o Brasil saiu da condição de importador para se tornar um grande provedor de alimentos para o mundo. Ao longo dessas quatro décadas, ocorreram diversas revoluções. Passamos pelo processo de mecanização, acompanhamos a ascensão da soja como um dos pilares da economia brasileira, vimos crescer o protagonismo do Cerrado e, mais recentemente, o avanço tecnológico com a agricultura 4.0.
Agora estamos diante de mais um importante momento que já é realidade em muitas propriedades e agroindústrias com a adoção da Inteligência Artificial na gestão. Essa ferramenta poderosa colabora com o aumento da produtividade, reduz o desperdício e torna as práticas agrícolas mais sustentáveis. “Embora ainda existam barreiras de adesão e entendimento sobre o uso dessas ferramentas, o potencial da IA para transformar a agricultura é imenso e pode garantir uma produtividade maior, trazendo impactos extremamente positivos para as gerações futuras”, destacou Michel Breyer, product owner Senior Agro.
A IA pode ser e já está sendo aplicada em diversas áreas na produção agropecuária, ajudando a identificar padrões e realizar diagnósticos em tempo real. Além disso, o uso da tecnologia permite monitorar com maior precisão as grandes áreas de cultivo e apoia os agricultores na gestão de seus cultivos, contribuindo para a tomada de decisões sobre plantio e colheita. Algoritmos de visão computacional podem identificar também pragas, doenças e estresse hídrico nas plantas, gerando respostas rápidas e precisas.
Com a utilização de sensores IoT, é possível ainda a coleta de dados sobre a umidade do solo, temperatura e outros parâmetros ambientais. Estes, que são analisados por IA, podem prever as necessidades das plantas e otimizar o uso de insumos como fertilizantes e defensivos, reduzindo desperdícios.
O clima é outro fator no campo que o produtor não consegue controlar, mas, com a adoção de tecnologias, já é possível reduzir seus impactos. Neste contexto, a IA pode ser utilizada na previsão das condições climáticas de curto e longo prazo de maneira localizada, identificando eventos extremos, como secas ou geadas. Com essas informações, é possível planejar as atividades de plantio, irrigação, colheita e proteção das lavouras com mais precisão.
De acordo com Breyer, a Senior Agro, por exemplo, já disponibiliza algumas ferramentas que utilizam a Inteligência Artificial para auxiliar a tomada de decisão. Entre as soluções da empresa, destaque para a Agro Check, que possui algoritmos que ajudam a identificar anomalias na classificação de grãos, apontando pontos fora do padrão. “Também estamos com a IA generativa em diversas frentes, com dados embasados nessa tecnologia que geram os insights. Além disso, as nossas soluções encurtam os caminhos da gestão, ajudam na redução de custos e geram mais transparência para os clientes”, acrescentou o profissional.
Outras aplicações
A IA tem a capacidade de analisar grandes volumes de dados, como históricos de produção, preços de mercado e tendências, para fornecer informações que ajudam a tomar decisões mais assertivas. Isso pode incluir desde a escolha da melhor variedade de sementes até o momento ideal para venda de sua produção. Esta é também uma ferramenta que pode gerar um grande salto na automação. Isso porque equipamentos agrícolas que funcionam com IA podem operar sem intervenção humana, realizando tarefas como plantio, colheita e distribuição de insumos de forma totalmente autônoma.
Na parte da gestão financeira, ferramentas baseadas em IA podem gerar importantes benefícios. Somado a isso, já é realidade a solução que permite a análise detalhada dos custos de produção e a rentabilidade das diferentes culturas, auxiliando os produtores e agroindústrias nas finanças.
Desafios a superar
Embora as inovações, tecnologias e ferramentas amparadas pela IA tenham grande potencial, ainda há importantes barreiras a serem superadas. No agronegócio, desafios como a falta de precisão no monitoramento da saúde das plantações, dificuldades em gerenciar estoques e insumos, além da desorganização fiscal e financeira, limitam o crescimento e a eficiência de muitas operações.
“Esses problemas resultam em custos elevados, desperdícios e menor produtividade, além de gerar riscos de não conformidade com exigências legais, que podem comprometer tanto a operação quanto a reputação do negócio. No entanto, o avanço da tecnologia tem possibilitado uma transformação significativa no setor. Soluções baseadas em inteligência artificial e gestão integrada oferecem aos produtores uma visão mais estratégica e detalhada de todo o ciclo produtivo”, ressalta Michel Breyer.
“Com a IA e soluções avançadas, é possível acompanhar as condições nutricionais das plantações em tempo real, organizar processos fiscais e contábeis com maior eficiência e planejar o cultivo de maneira centralizada, otimizando recursos, reduzindo perdas, e gerando resultados mais competitivos”, finaliza.
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Água com tecnologia: Reflorestar inaugura módulos de irrigação 100% mecanizados para o manejo inicial de mudas na silvicultura
Tecnologia eleva o padrão dos manejos florestais no país. Primeiros módulos chegam no MS e em SP
No solo vermelho do município de Água Clara (MS), onde por décadas os primeiros dias de irrigação dependiam do esforço físico intenso dos colaboradores, uma nova realidade começa a ser escrita. A Reflorestar Soluções Florestais inicia a operação do primeiro módulo operacional do país com o conjunto completo de Irrigadores Mecanizados Bizmaq, marco que rompe com práticas historicamente manuais e abre caminho para uma silvicultura cada vez mais mecanizada, precisa e sustentável.
Com contrato firmado com a Suzano para operações de plantio, a Reflorestar buscou tecnologias que gerassem maior agilidade operacional, ganhos de produtividade e, sobretudo, melhores condições de trabalho para seus colaboradores. Agora, o colaborador atua em uma cabine climatizada, com controles eletrônicos que acionam o equipamento e distribuem água de forma uniforme sobre as mudas de eucalipto.
“O equipamento entrega qualidade e assertividade na quantidade de água aplicada por planta, além de transformar a experiência do colaborador. Antes, era uma atividade semimecanizada, em que o auxiliar caminhava o dia todo exposto ao sol e ao calor intenso.
Agora, é uma operação totalmente mecanizada e confortável”, explica Paulo Gustavo Souza, gerente de Silvicultura da Reflorestar. É a tecnologia a serviço do homem e da silvicultura.
Precisão e eficiência
Para essa etapa da silvicultura, a Reflorestar adquiriu cinco irrigadores mecanizados Bizmaq, sendo três destinados aos plantios no Mato Grosso do Sul e dois para o estado de São Paulo.
Os tanques têm capacidade de 10 mil litros, permitindo padronização rigorosa da lâmina d’água aplicada em cada muda.
Essa precisão reduz desperdícios e elimina a variabilidade típica da irrigação semimecanizada, em que a dosagem dependia do julgamento do auxiliar, podendo variar, por exemplo, entre 3 e 7 litros por planta.
“A mecanização garante a mesma quantidade de água para todas as mudas, com total padronização operacional. Esse é um ganho expressivo em eficiência”, reforça Gregory Barbosa, consultor de produto da Bizmaq.
Primeiros passos
A irrigação das mudas é uma etapa inicial e pontual do processo de plantio, mas sua frequência depende diretamente das características de solo e clima de cada região.
No Mato Grosso do Sul, por exemplo, região mais quente, a média é de três irrigações consecutivas, podendo chegar a cinco em períodos de maior temperatura. Já em Lençóis Paulista (SP), onde a Reflorestar também assumirá operações de plantio, o clima mais ameno permite uma média aproximada de duas irrigações.
A entrada da Reflorestar como operadora efetiva, e não apenas participante de testes, marca um avanço inédito. “É o primeiro módulo operacional com esses equipamentos no país. Outras unidades fizeram apenas testes. A Suzano, junto com a Reflorestar, vem sendo pioneira na adoção de uma silvicultura 100% mecanizada”, destaca Gregory.
Nova geração da silvicultura
A Bizmaq, referência nacional em implementos agroflorestais, acompanha de perto empresas que impulsionam a modernização do campo. Nesse movimento, a Reflorestar se destaca pela velocidade com que tem expandido sua mecanização, especialmente na silvicultura, área em que passou a atuar há cerca de dois anos.
“A Reflorestar escolheu um caminho diferente: entrar entre os maiores investindo em mecanização plena, fugindo do modelo manual tradicional. A empresa pulou etapas e hoje se coloca como case de sucesso na prestação de serviços florestais”, analisa Gregory.
Visão de futuro
A inauguração deste módulo mecanizado reafirma o compromisso da Reflorestar com um modelo operacional moderno, seguro e sustentável, em que tecnologia e cuidado com as pessoas caminham lado a lado.
Ao mecanizar uma etapa historicamente manual, a empresa eleva padrões de ergonomia, padroniza a qualidade operacional, reduz riscos e variabilidades, ganha eficiência e precisão, além de avançar na construção de uma silvicultura de alta performance.
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Cuidado coletivo com as estradas rurais: preservar a mata às margens também é proteger vias e vidas
Em temporada de chuvas, o colapso das vicinais ameaça produção, acesso e segurança; Associação Ambientalista Copaíba reforça que a restauração de matas ciliares e a preservação das margens são medidas práticas de prevenção e resiliência
Estimativas recentes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apontam que no Brasil há cerca de 2,2 milhões de km de vias rurais, em sua maioria não pavimentadas, e grande parte em condições precárias, o que gera prejuízos diretos ao agronegócio e às populações locais, como perdas logísticas e econômicas, além de impactar traslados em geral. Durante a temporada de chuvas, esses trechos se tornam ainda mais vulneráveis com o aumento da erosividade da chuva e o volume de precipitação agravando o assoreamento, a erosão lateral e os alagamentos que deterioram pontes, bueiros e a própria pista, problemas documentados por estudos técnicos e relatórios sobre impactos hidrometeorológicos na infraestrutura rodoviária.
Nesse cenário, segundo a Embrapa as matas que margeiam rios e córregos (matas ciliares) assumem o papel de “freios naturais”, reduzindo a velocidade do escoamento superficial, facilitando a infiltração da água no solo e diminuindo o volume de sedimentos carregados para os cursos d’água, processos que, em conjunto, atenuam enchentes localizadas e o assoreamento de pontos críticos sob estradas e pontes. Relatórios e pesquisas da Embrapa sobre erosividade esclarecem que, onde a cobertura vegetal é preservada, o risco de enxurradas e cortes de pista cai sensivelmente durante eventos de chuva intensa.
A Associação Ambientalista Copaíba, com atuação desde 1999 na restauração de matas nativas e recuperação de nascentes na região de Socorro (SP) e bacias vizinhas, tem mostrado na prática os benefícios da recuperação de margens. Em relatos de projetos, a coordenadora Ana Paula Balderi observa que áreas restauradas começam, em poucos anos, a “proteger o solo e o entorno das nascentes” e a “servir como obstáculo ao escoamento das enxurradas”, reduzindo a velocidade da água e favorecendo a infiltração, efeito diretamente ligado à menor incidência de erosão nas proximidades de estradas rurais.
A Copaíba registra projetos de restauração que já cobrem centenas de hectares e enfatiza a necessidade de políticas públicas e engajamento comunitário para ampliar essa ação. Especialistas ouvidos pela entidade e estudos técnicos convergem em ações concretas que unem conservação ambiental e manutenção de infraestrutura: (1) manter ou recuperar faixas de vegetação nas margens de córregos e nascentes; (2) planejar bueiros e sistemas de drenagem considerando aumento de volume de chuva; (3) evitar desmatamentos e compactação de solo próximos às vias; (4) articular programas municipais e estaduais de manutenção periódica das vicinais com iniciativas de restauração florestal nas bacias.
Quando proprietários rurais, prefeituras e ONGs atuam em conjunto, os benefícios são múltiplos, como redução de estragos nas estradas, menor custo de manutenção e maior segurança para quem depende dessas vias. Assim, a conservação das margens e a restauração de matas ciliares não são apenas causas ambientais: são investimentos em infraestrutura natural que protegem estradas, safra e pessoas, especialmente em períodos de chuvas intensas.
Nesse sentido, a recomendação da Copaíba é clara: políticas públicas integradas, incentivos à restauração e ações comunitárias são caminhos para transformar áreas de risco em corredores resilientes e, desse modo, reduzir paradas, prejuízos e riscos nas estradas rurais.
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Mapeamento inédito revela poder do amendoim no Brasil
Estudo da ABEX-BR quantifica a cadeia do amendoim e confirma: Brasil é o 3º mais eficiente do mundo em produtividade
A Associação Brasileira do Amendoim (ABEX-BR) anuncia o lançamento do livro “Mapeamento e Quantificação da Cadeia do Amendoim Brasileiro”, o primeiro estudo no país a oferecer um raio-x completo do setor, desde o produtor até o exportador, com dados inéditos da safra 2024/2025.
O evento de lançamento será realizado no dia 3 de dezembro, às 14h, em Ribeirão Preto/SP, e marcará a disponibilização de informações que comprovam a relevância da leguminosa no cenário nacional.
Um dos destaques da pesquisa revela que o setor movimentou um faturamento total de R$ 18,6 bilhões no último ano, consolidando o amendoim como um player de grande porte e de alto impacto socioeconômico para o país.
“Este mapeamento é um divisor de águas para toda a cadeia. Pela primeira vez, temos uma visão completa e quantificada do nosso impacto. Com R$ 18,6 bilhões em faturamento, a importância do amendoim ultrapassa o campo e chega à mesa de negociação de grandes instituições. Temos dados concretos para guiar investimentos, estruturar linhas de crédito e influenciar políticas públicas que sustentem a nossa eficiência produtiva, que já é a 3ª maior do mundo”, afirma Cristiano Fantin, presidente da ABEX-BR.
Um raio-x socioeconômico para o desenvolvimento setorial
O estudo vai além dos números de produção. Ele compila dados socioeconômicos detalhados que interessam não só ao público em geral – que acompanha a geração de riqueza e emprego – mas, principalmente, a órgãos reguladores, ao setor financeiro e ao mercado de seguros.
O livro oferece uma visão completa da safra 2024/2025 e servirá como base fundamental para o poder público, setor financeiro e de seguros na hora de regular a produção, formatar linhas de crédito e oferecer garantias de safra com precisão.
“Com este livro, a ABEX-BR cumpre seu papel de levar ciência e inteligência para todos os elos da cadeia, do produtor ao beneficiador. Esta é a nossa ferramenta para falar ‘para dentro’ do setor e ‘para fora’, com o governo, mostrando a capacidade de geração de valor, emprego e renda que o amendoim tem. É um setor que mais que triplicou o volume de produção na última década e precisa de informações à altura do seu crescimento”, conclui Cristiano Fantin.
O livro “Mapeamento e Quantificação da Cadeia do Amendoim Brasileiro” foi financiado pelo Núcleo de Promoção e Pesquisa (NPP) da ABEX-BR e estará disponível para download durante seu lançamento. A pesquisa foi realizada pela Markestrat, consultoria especializada em agronegócio.
