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Precisão no controle das verminoses é essencial para pecuária

Precisão no controle das verminoses é essencial para pecuária

O controle das verminoses é parte fundamental e uma das bases do manejo sanitário do rebanho, contribuindo para a saúde, o desempenho e o bem-estar dos animais

As verminoses representam um desafio significativo para a pecuária. Sua presença no rebanho afeta o desempenho econômico das fazendas, por conta de uma série de perdas associadas a quedas na produtividade, redução da eficiência alimentar e até em casos extremos, o que e raro nem nosso meio, mortalidade.

Por apresentarem alto potencial biótico (reprodutivo) e estratégias de sobrevivência no meio ambiente os vermes redondos têm alto potencial de contaminação ambiental e, consequentemente, dos animais. Por isso, o efetivo controle destes inimigos da produtividade deve fazer parte do calendário sanitário da fazenda.

No campo, as infecções por vermes redondos gastrointestinais, quase sempre são silenciosas, desta forma, a maior parte dos animais tem quadros subclínicos, ou seja, sem a demonstração clara dos sinais de acometimento.

Porém, mesmo sem sinais evidentes, os prejuízos ocorrem e se manifestam de diversas formas, com atraso no desenvolvimento corporal e menores índices de ganho de peso vivo, atraso para se atingir o peso mínimo para a entrada na reprodução e para a prenhez após o parto no caos das fêmeas, atraso para a alcance de peso para abate no caso dos machos, menor quantidade e pior qualidade do leite e carne produzidos, dentre outros. 

“Os vermes redondos gastrointestinais comprometem o desempenho dos animais por vários fatores, entre eles, a redução do apetite que passa despercebida. Além disso há alterações na absorção, metabolismo, absorção e emprego dos nutrientes no organismo, dificultando a conversão alimentar”, explica Marcos Malacco, médico-veterinário gerente de serviços veterinários para bovinos da Ceva Saúde Animal.

Os prejuízos das verminoses são mais ou menos severos de acordo com a categoria dos animais. “Os bovinos adultos, por exemplo, devido a inúmeras infecções que tiveram ao longo da vida, normalmente não apresentam perdas severas. Entretanto, períodos conhecidos por promover uma queda natural da imunidade nos animais, como o periparto, formação de novos lotes, transporte e mudanças de dieta, podem comprometer a imunidade e exacerbar os efeitos negativos da presença dos vermes, com o rebanho apresentando quedas nos índices produtivos, na saúde geral e no bem-estar”, explica Malacco.

Nestes períodos, a infestação parasitária pode se exacerbar impactando negativamente no desempenho dos bovinos adultos. Animais jovens são mais susceptíveis aos efeitos negativos das verminoses gastrointestinais, que se agravam especialmente quando os animais iniciam a ingestão de forragens com maior intensidade, uma vez que os estágios infectantes dos vermes se encontram nas pastagens e muito raramente a placenta bovina permite a transmissão intrauterina, ao contrário do que acontece nas éguas, porcas e cadelas, por exemplo. Portanto em com o aumento da ingestão de forragens, as infecções vão se intensificando e o sistema imune dos animais jovens ainda não é capaz de equilibrar as taxas de infecções e perdas produtivas. No gado de corte nos animais entre os 3 e 5 meses o controle das infecções por vermes redondos gastrointestinais já merece atenção, bem como o momento do desmame. Na recria é de fundamental importância a implementação de um programa estratégico de controle, pois é momento natural de grande desenvolvimento corporal.

Desta forma, o controle eficaz e preciso das verminoses é uma estratégia indispensável que permite otimizar a saúde animal e, consequentemente, melhorar o desempenho produtivo e econômico da atividade pecuária.

“A precisão no controle das verminoses é uma aliada indispensável para evitar perdas produtivas e assegurar o bem-estar dos bovinos. Desta forma, é importante que o pecuarista adote medidas preventivas, como a vermifugação estratégica do rebanho. Essa ação tem como objetivo reduzir a presença de vermes nas pastagens, buscando manter uma carga mínima de infestação parasitária nos animais e consequentemente no ambiente. Esse controle deve ser aplicado regularmente, especialmente na fase de recria, respeitando os momentos pré-determinados baseados na epidemiologia das principais parasitoses na região onde a propriedade está localizada”, elucida Malacco.

A epidemiologia é parte da ciência que estudo os momentos críticos para o favorecimento e o desfavorecimento de um determinado evento. No caso das principais parasitoses, são importantes os níveis de temperatura média e da umidade relativa do ar. Em geral temperaturas e umidade relativa mais altas favorecem e, ao contrário, índices mais baixos destes parâmetros desfavorecem. Então, estrategicamente o início e o final dos períodos mais chuvosos do ano são momentos fundamentais a fim de buscar a máxima redução de estágios infectantes no ambiente, onde pelo menos 90% da carga parasitária global se encontra.

O controle de infecções por vermes redondos gastrointestinais também engloba a realização de tratamentos táticos. “Esses tratamentos são realizados em momentos que nem sempre coincidem com os de controle estratégico, mas que são necessários para minimizar os efeitos negativos das parasitoses, como por exemplo, a chegada de novos animais na fazenda, o periparto nas vacas, o desmame das crias e o início do período de engorda”, detalha o profissional.

A utilização de endectocidas, produtos que controlam tanto as principais infecções verminóticas quanto as infestações pelos principais parasitas externos como bernes e carrapatos, é muito recomendada pelos mais diversos profissionais da área e tem sido uma prática de grande valia devido a sua praticidade. No mercado estão disponíveis formulações concentradas de princípios ativos endectocidas, como aquelas contendo ivermectina 3,5% com a Ceva disponibilizando o Puritec® Gold o endectocida concentrado de mais alta fluidez (alta seringabilidade) e o Ticson® 3.50, uma formulação tixotrópica. Ambos mostra eficácia e prolongamento do período para controle dos principais parasitos dos bovinos.   

A Ceva também disponibiliza o Eprecis®, um endectocida a base da Eprinomectina 2%, uma molécula moderna que apresenta alta potência contra as principais verminoses e curto período de carência, sendo de ZERO dias para o leite e de apenas 12 dias para o abate, sendo ótima opção para uso nas vacas leiteiras e na terminação do gado de corte. Eprecis® além de promover o controle das principais verminoses gastrointestinais também atua no controle das infestações por importantes parasitos externos dos bovinos determinadas pelo berne, o carrapato e a mosca-do-chifre. O produto também controla a estefanofilariose, popularmente conhecida como úlcera do úbere, sendo este fato uma exclusividade de Eprecis®, uma vez que é o único produto chancelado pelo MAPA para o tratamento desse problema, que costuma ser mais comum nas vacas em lactação. Também apresenta baixo volume de dose (1 mL/100 Kg de peso vivo aplicado pela via subcutânea), alta biodisponibilidade e alta seringabilidade. Estudo realizado aqui no Brasil demonstrou o valor de Eprecis® aplicado na semana do parto em vacas leiteiras (FERNANDES et al., 2024), quando as vacas tratadas produzirem em média +1,2 L de leite/dia nas primeiras 7 semanas após o parto, resultando em aproximadamente +60 L de leite neste período, com ótima relação entre o investimento no tratamento e o retorno sobre este investimento.  

“Além de levar em conta a eficiência e a segurança para os animais e consumidores de proteína de origem animal, a formulação do Eprecis® traz segurança e conforto para o produtor rural, sem precisar interromper os seus processos e garantindo um rebanho saudável e um produto de qualidade”, finaliza Malacco.

Sobre Ceva Saúde Animal

A Ceva Saúde Animal (Ceva) é a 5ª empresa global de saúde animal, liderada por veterinários experientes, cuja missão é fornecer soluções de saúde inovadoras para todos os animais e garantir o mais alto nível de cuidado e bem-estar. Nosso portfólio inclui medicina preventiva, como vacinas, produtos farmacêuticos e de bem-estar para animais de produção e de companhia, como também equipamentos e serviços para fornecer a melhor experiência para nossos clientes. Com 7.000 funcionários em 47 países, a Ceva se esforça diariamente para dar vida à sua visão como uma empresa OneHealth: “Juntos, além da saúde animal”. 

Faturamento Global de 2023: €1,5 bilhão. 

www.ceva.com.br

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Agricultores apostam em novas tecnologias para superar a instabilidade climática; veja dicas para planejar a safra

Divulgação GAtec

Ferramentas tecnológicas, além de ajudarem a reduzir os impactos do clima nas lavouras, auxiliam os produtores na tomada de decisões mais assertivas

Com um começo de safra bem conturbado, principalmente pelo atraso no plantio nas principais regiões produtoras devido à instabilidade climática, aos poucos os agricultores brasileiros seguem avançando com a semeadura da temporada 2024/25. Mesmo com as adversidades iniciais, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mantém a estimativa de produção de 322,47 milhões de toneladas de grãos. Diante deste cenário de incertezas recorrentes, causadas pelas mudanças climáticas, cada vez mais se faz necessário estar preparado para as adversidades. E a forma mais segura é com um rigoroso planejamento.

De acordo com Wellington Sena, executivo técnico de negócios da GAtec, unidade de negócios da Senior Sistemas – multinacional referência em soluções de gestão, o atraso de plantio, como vivenciado em muitas regiões, pode gerar muitos reflexos não somente na safra a ser semeada, mas também para as futuras. “Ou seja, quanto maior o adiamento do plantio, mais estreito será a janela da próxima semeadura, seja safrinha ou cultura de inverno. Esse problema causa um efeito em cadeia, comprometendo o cronograma original planejado”, destacou.

Em cenários assim, o produtor precisa agir rápido, refazer as contas, recalcular a rota, analisar as possibilidades de minimizar esses impactos e ainda recuperar o tempo perdido. “Quando existe atraso maior no plantio da cultura principal, há a possibilidade de o agricultor, por exemplo, trocar o milho safrinha por outra cultura de ciclo mais curto. Contudo, é preciso fazer as contas da rentabilidade para ver se é viável”, explica Sena.

Tecnologias como aliadas

Para ser assertivo nessas escolhas, é fundamental, primeiramente, que o produtor tenha acesso aos dados de sua fazenda. Desta forma, com auxílio de tecnologias de gestão já disponíveis no mercado, ele terá subsídios para escolhas corretas e decisões rápidas. Entre essas soluções, a GAtec by Senior disponibiliza o SimpleFarm, um software multiplataforma que atende, em uma única base, produtores de culturas anuais, semi-perenes e perenes.

Com o módulo de Gestão de Safra, por exemplo, o produtor consegue armazenar as informações cadastrais com o objetivo de rastrear todos os processos. A ferramenta possibilita ainda o controle do levantamento de pragas, traz informações do clima, auxilia no controle de produção, área plantada, entre outros benefícios. Todas as informações contidas nas áreas agrícolas são divididas em seis níveis: por empresa, safra, setor, fazenda, bloco e talhões, sendo o talhão a menor unidade de controle. “O nosso sistema foi desenvolvido pensando justamente em proporcionar agilidade ao produtor e sua equipe nos momentos mais difíceis do dia a dia no campo”, detalhou o especialista.

Ainda segundo Sena, a empresa também oferece ferramentas que auxiliam desde o começo do planejamento até a organização do uso dos recursos, tanto de hora-máquina quanto de mão de obra e insumos. Desta maneira, é possível reorganizar o planejamento e simular novos cenários com o ambiente atual, alterar o ciclo da cultura, mudar a variedade, reorganizar a compra de insumos, entre outras possibilidades. “Com o sistema atualizado e bem alimentado de informações, o agricultor pode fazer todos os ajustes necessários no decorrer da safra com segurança e maior assertividade”, destacou.

Detalhes que fazem a diferença

O planejamento de safra de grãos exige um olhar atento a diversos fatores. Além das tecnologias utilizadas, como mencionado, vale atenção desde o pré-plantio até o pós-colheita. A chave para o sucesso é a integração de práticas agrícolas eficientes, o uso inteligente das ferramentas disponíveis e uma boa gestão de riscos. Ao seguir algumas dicas, a fazenda estará mais próxima de atingir uma safra produtiva, rentável e sustentável.

Análise do solo e definição de culturas

Este manejo consiste em um conjunto de procedimentos que avaliam as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo. Quando equilibrados, fornecem às plantas as condições necessárias para melhor desenvolvimento. Quanto à escolha da cultura, o agricultor pode definir o que será plantado com base em fatores como demanda de mercado, resistência a doenças e pragas, clima da região e capacidade de adaptação do solo. Além disso, pode por aquelas culturas que se adaptem melhor às condições climáticas e ao tipo de solo da sua região.

É fundamental também, atenção à semente adquirida. Este insumo precisa ser de alta qualidade e, se possível, com tecnologia de resistência a pragas ou herbicidas, o que pode reduzir custos com defensivos e ajudar a ter eficiência no plantio.

Rotação de culturas

Planejar uma rotação de culturas é importante para a preservação do solo e para evitar o esgotamento dos nutrientes. Além disso, este manejo ajuda a reduzir o risco de doenças e pragas. O uso de culturas de cobertura no período entre safra também pode ajudar a proteger o solo contra erosão, aumentar a matéria orgânica e controlar plantas daninhas.

Gestão do clima e irrigação

Acompanhe as previsões climáticas e prepare-se para eventos como secas ou chuvas excessivas. Isso pode influenciar a escolha do melhor período de plantio e o uso de sistemas de irrigação. Se a região depende de irrigação, invista em sistemas eficientes (como gotejamento ou pivô central) para garantir o uso racional da água.

Planejamento de insumos

Elabore um planejamento de compra de fertilizantes e defensivos agrícolas. A compra antecipada pode ajudar a reduzir custos, mas também é importante ajustar conforme as necessidades da safra. Tenha ainda um controle rigoroso sobre os custos de produção, incluindo insumos, mão de obra, combustível e outros gastos. Isso ajuda a garantir que o planejamento financeiro esteja alinhado com as projeções de receita.

Controle de pragas e doenças

Realize um monitoramento constante das lavouras para identificar sinais de pragas e doenças o mais cedo possível. A prevenção é sempre mais eficaz do que o controle posterior. Entre as técnicas disponíveis, destaca-se o Manejo Integrado de Pragas (MIP). A estratégia de manejo utilizando métodos químicos, biológicos e culturais ajuda a minimizar os danos causados por pragas.

Previsão de colheita e mercado

Defina o período de colheita com antecedência e tenha um plano para armazenar ou comercializar a produção. Se possível, faça acordos com compradores antecipados para garantir melhores preços. Paralelamente, acompanhe o mercado e as tendências de preços. Isso pode ajudar a decidir o momento certo para vender ou armazenar a produção, buscando maximizar a rentabilidade.

Gestão de riscos

Considere a contratação de seguros agrícolas para se proteger contra perdas decorrentes de fenômenos climáticos extremos, como secas prolongadas ou geadas. Também é recomendável uma reserva financeira para enfrentar imprevistos durante o ano, como quebras de safra, flutuação de preços ou aumento inesperado de custos.

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O que ganha o agro com o resultado das eleições municipais?

Divulgação Sell Agro

*Por Leandro Viegas

As eleições para prefeitos e vereadores no Brasil, que aconteceram em outubro deste ano, trouxeram um cenário de expectativas e incertezas para o agronegócio, que há décadas ocupa posição de destaque na economia nacional. A análise dos resultados revela algumas tendências e possíveis implicações para o futuro próximo, refletindo um equilíbrio de interesses que pode beneficiar o setor, embora com desafios consideráveis.

Primeiro, a manutenção de uma bancada ruralista robusta no Congresso é um ponto favorável. Esse grupo parlamentar, que historicamente apoia políticas de desoneração fiscal, subsídios e investimentos em infraestrutura, poderá continuar promovendo pautas benéficas para o setor. Esse suporte é essencial para manter a competitividade brasileira no mercado global de commodities, especialmente em um contexto de crescente concorrência e volatilidade dos preços.

Contudo, a eleição de candidatos com agendas ambientalistas mais rígidas, em alguns estados-chave, pode significar um aumento da pressão regulatória. Isso exige que o setor invista em práticas de conformidade ambiental e sustentabilidade, pois o Brasil está sob constante escrutínio internacional. Esse equilíbrio entre produção e conservação será um ponto sensível para o agro, que precisará se adaptar para responder à demanda por certificações e garantir acesso a mercados externos, especialmente na União Europeia.

No campo da infraestrutura, o investimento em logística é crucial para o escoamento de grãos e carnes. Os candidatos eleitos para governar estados de grande produção agrícola, como o Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, mostraram-se comprometidos com o desenvolvimento de rodovias, ferrovias e hidrovias. A efetiva implementação desses projetos pode reduzir custos logísticos, aumentando a competitividade e mitigando um dos maiores gargalos.

Também em pauta estão as questões regulatórias, como o uso de pesticidas e práticas ambientais. Nesse quesito, o setor anseia que os políticos adotem uma postura pragmática. O agro pressiona por regulamentações mais ágeis e alinhadas com práticas internacionais, argumentando que uma regulamentação moderna sobre pesticidas é essencial para manter a produtividade e enfrentar pragas e doenças que ameaçam as safras. Entretanto, é importante também que se encontre uma via de equilíbrio, que permita ao setor utilizar novas tecnologias e insumos agrícolas sem descuidar das preocupações ambientais.

Falando do âmbito fiscal, os novos prefeitos ao que tudo indica, irão enfrentar pressões significativas tanto para preservar quanto para revisar esses benefícios. De um lado, a bancada ruralista, que mantém representação expressiva no Congresso, trabalhará para defender a manutenção de subsídios e incentivos, argumentando que são essenciais para sustentar a competitividade da produção frente aos mercados internacionais. Esses subsídios incluem desde isenções fiscais sobre maquinários e insumos, até linhas de crédito especiais, vitais para pequenos e médios produtores.

Por outro lado, o governo precisará lidar com restrições fiscais e demandas sociais, o que pode levar a uma avaliação mais rigorosa dos benefícios concedidos ao setor. Existe uma tendência de revisão desses incentivos, especialmente em busca de maior transparência e eficiência no uso dos recursos públicos.

Outro ponto importante é o debate em torno da reforma tributária, que está sendo conduzido com um olhar para simplificação fiscal e possíveis mudanças nas alíquotas de impostos sobre a produção e a exportação de commodities. Se essa reforma seguir adiante, que preserve certas isenções para o agro, e aí será uma vitória. Porém, caso opte por tributar mais para equilibrar as contas públicas, o agro poderá enfrentar obstáculos para manter sua competitividade.

Quer dizer, embora haja preocupações legítimas em relação às políticas que podem ser implementadas a partir do próximo ano, o setor está se mobilizando para se adaptar e superar. Claro, há incertezas com a segurança jurídica das propriedades rurais, especialmente diante de possíveis mudanças nas políticas de reforma agrária e demarcação de terras indígenas. Recentemente, invasões de terras e conflitos agrários, especialmente no Paraná e em Mato Grosso do Sul, foram temas centrais na reunião da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).

Produtores temem também que reformas tributárias possam resultar em maior carga fiscal sobre insumos e produtos agrícolas, elevando ainda mais os custos. Por outro lado, há doses de otimismo. Já que há sinalizações positivas como financiamento, sustentabilidade e inovação tecnológica. Recentemente, como o anúncio de um Plano Safra recorde de R$ 364,22 bilhões, e a possibilidade de acessar crédito com taxas de juros reduzidas é uma boa notícia. Especialmente para quem depende de financiamento para expandir a produção, recuperar áreas degradadas e investir em tecnologias mais eficientes.

Outro ponto positivo é o foco na sustentabilidade. Para aqueles que já investem em práticas de baixo carbono e preservação de reservas, o apoio governamental em iniciativas ambientais representa um incentivo direto, que pode abrir portas para novos mercados internacionais que exigem certificações ambientais. O financiamento específico para práticas de conservação é um sinal de que o governo está atento à pressão internacional por uma produção sustentável, o que nos beneficia ao tornar o Brasil mais competitivo e reconhecido como um fornecedor responsável.

Além disso, o incentivo à agricultura familiar e o fortalecimento da mecanização no campo são recebidos com bons olhos por pequenos e médios produtores. A possibilidade de modernizar a produção com acesso a equipamentos a custos mais acessíveis é fundamental para melhorar a eficiência e reduzir custos, especialmente em regiões onde o maquinário ainda é escasso.

Apesar desse otimismo inicial, os produtores continuam atentos às futuras políticas e regulamentações. É essencial que o governo mantenha um diálogo aberto com o setor para garantir que as medidas atendam às necessidades reais do campo e promovam um desenvolvimento equilibrado.

*Leandro Viegas é Administrador, bacharel em Direito e CEO da Sell Agro

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Computação Quântica no Agro estimula aumento de produtividade, controle de pragas e desenvolvimento de fertilizantes

Depositphotos Computação Quântica no Agro

A tecnologia quântica processa dados complexos que os computadores ‘tradicionais’ não suportam; o Agro tem soluções inéditas para novos desafios

A computação quântica é a mais revolucionária das tecnologias contemporâneas. Apesar de ser pouco explorada no Brasil, ela processa dados com alta velocidade, resolvendo cálculos complexos. A ciência quântica pode ajudar o agronegócio a ser ainda mais sustentável. Com novos equipamentos desenvolvidos, como GPS, LED, câmeras digitais, computadores e lasers, este é um segmento que não para de crescer, deixando registrada na história uma verdadeira revolução digital. 

Mas essa revolução depende de um conhecimento profundo. Por isso, o país investe para aperfeiçoar a visão de especialistas neste campo de atuação. Um dos focos está no desenvolvimento agrícola, mas é urgente a criação de um projeto nacional de inovação que seja duradouro. Por meio desta máquina, certos tipos de problemas podem ser resolvidos mais rapidamente do que em computadores tradicionais. 

A tecnologia quântica contribuirá para o desenvolvimento de novos equipamentos e sensores que possam trabalhar na produtividade das lavouras, como no mapeamento e controle de pragas, fazendo com que os produtores possam de maneira eficaz combatê-las com o uso mínimo de pesticidas. Novas formas de fertilizantes compõem o farnel dos acessórios. Métodos quânticos têm inovado também na avaliação da qualidade dos produtos pós-colheita e da agroindústria. Com o uso desta computação é possível rastrear códigos de estocagem e melhorar a capacidade e a velocidade de um enorme volume de dados, otimizando custos logísticos. 

Em lavouras de milho, mapeia-se a produção; identificam-se as pragas; traçam-se soluções e aplicam-se diagnósticos em problemas com muita rapidez e de maneira segura. Esses são os principais atributos dos pesquisadores para o uso do campo quântico para o agro brasileiro. 

Rogério Athayde, CTO da keeggo, sinaliza que a cadeia produtiva agrícola mundial tem muito a ganhar com o avanço da computação quântica de ponta a ponta, ou seja do campo até a mesa do consumidor brasileiro: “Vale ressaltar que os investimentos ajudarão desde o desenvolvimento de fertilizantes avançando para um plantio de qualidade e sem pragas, passando produtos com qualidade e rapidez para a indústria alimentícia, que chegam à mesa do consumidor com mais saúde, principalmente, no período entre safras”. 

Empresas alimentícias, por exemplo, criam suas Provas de Conceitos (PoCs) em parceria com os setores de tecnologia e inovação das empresas, para que estas realizem seu posicionamento estratégico e que assim possam aprender, com maior brevidade, a tirar proveito e desmistificar a tecnologia quântica. O ideal para estas indústrias é que não fiquem obrigadas a consumir soluções prontas, no futuro, de grandes empresas internacionais, que vão vender tecnologias a um custo muito mais alto e com muitos segredos. É preciso criar uma independência desde já. 

No mundo, há diversas ‘iniciativas quânticas’, que são programas governamentais de fomento, não só à computação quântica, mas a outras tecnologias de segunda geração. A China lidera os investimentos, com aportes de 10 bilhões de dólares, seguida pela Alemanha (3,1 bilhões  de dólares), França (2,2 bilhões  de dólares), e Estados Unidos (1,2 bilhão  de dólares). 

O Brasil, provavelmente, por razões histórico-culturais, apresenta um quadro peculiar no mundo: apesar de termos excelentes pesquisadores na área, e do tamanho expressivo de nossa economia, nosso país não figura na lista dos que recebem investimentos expressivos para o desenvolvimento dessas tecnologias, especialmente a quântica. 

“Se as tecnologias quânticas continuarem evoluindo no ritmo atual, daqui a não muitos anos poderemos ter computadores que alcancem algum tipo de vantagem em problemas de simulação em química, de otimização ou de aprendizado de máquinas. A economia agrícola brasileira tem muito a crescer e de forma rápida com a inclusão dessa tecnologia, com resultados positivos para quem planta, quem industrializa e quem consome”, finaliza Athayde. 

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