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Sem uso de inoculante, produtor abre mão de ganhos entre duas e cinco sacas de soja/ha

Com a possibilidade de ultrapassar 170 milhões de toneladas de soja na safra 2025/26, o Brasil segue consolidando a liderança global na produção da oleaginosa. Esse salto de produtividade, no entanto, seria impossível sem o uso de tecnologias entre as quais destacam-se os inoculantes, cuja adoção aumentou 50%, de acordo com dados de mercado.
Segundo estudos de instituições como a Embrapa, os inoculantes podem garantir ganhos de 9% de produtividade. Em uma lavoura de 1.000 hectares, com produtividade média de 60 sacas/ha, isso poderia representar até R$ 650 mil por safra, considerando uma média de R$ 120 por saca. A base dessa biotecnologia está na fixação biológica do nitrogênio (FBN).
“Os inoculantes contêm bactérias do gênero Bradyrhizobium que se associam às raízes da planta formando nódulos responsáveis por transformar o nitrogênio atmosférico em formas assimiláveis, reduzindo ou eliminando a necessidade de adubação nitrogenada. Isso gera economia, produtividade e menor impacto ambiental”, explica Bruno Dias Castanheira, especialista em Gerenciamento de Produtos da Rovensa Next Brasil.
Porém, embora sejam populares entre os grandes produtores, poucos se atentam ao fato de como a qualidade de formulação impacta o sucesso da aplicação. Um inoculante eficaz precisa garantir alta concentração de células viáveis e protegê-las contra o calor, a baixa umidade, a exposição ao sol e resistir à mistura com defensivos.
“Mais importante do que o volume aplicado é a viabilidade da bactéria. A preocupação deve ser com o número de células viáveis de Bradyrhizobium ativas e sua capacidade de formar nódulos”, aponta Castanheira. Dados da Embrapa recomendam o mínimo de 1,2 milhão de células viáveis, já considerando possíveis perdas durante o processo de fabricação e o tratamento das sementes.
A linha Atmo, um dos carros-chefes do portfólio da empresa, exemplifica este cuidado. Produzida com fermentação controlada, totalmente isenta de contato externo e envase livre de contaminação, a linha garante maior estabilidade e sobrevivência das bactérias até o momento da simbiose com a planta, mesmo em ambientes hostis. Esta formulação exclusiva permite o uso de baixas doses.
Um avanço recente é o uso da coinoculação, que combina diferentes micro-organismos para potencializar os efeitos no campo. Um exemplo é a associação de Bradyrhizobium com Azospirillum brasilense, representado no Azzofix. O produto, além de auxiliar na FBN, contribui com a produção de metabólitos que estimulam o desenvolvimento radicular. Ainda segundo a Embrapa, isso pode representar ganhos de até 16% de produtividade.
Outra classe de inoculante que vem ganhando destaque nas lavouras é o solubilizador de fósforo. O Phós’Up, por exemplo, é composto pela bactéria Pseudomonas fluorescens – cepa BR 14810 e, quando utilizado em coinoculação, pode ampliar ainda mais a rentabilidade do produtor.
“Os solos brasileiros têm uma característica marcante: a alta capacidade de fixar fósforo. Em geral, sua composição favorece a formação de ligações químicas fortes com o nutriente, tornando-o indisponível para as plantas. A bactéria Pseudomonas fluorescens, presente no Phós’ Up, atua produzindo metabólitos que solubilizam esse fósforo retido no solo, aumentando a disponibilidade para as mesmas. Isso representa uma vantagem estratégica ao produtor, já que se trata de um insumo de alto custo, difícil manejo e com risco moderado de escassez no futuro”, acrescenta Castanheira.
Também existem no mercado aditivos com intuito de proteger os micro-organismos e aumentar sua eficácia. A Rovensa Next disponibiliza o SynFlex, que pode ser aplicado em conjunto com os inoculantes, via tratamento de sementes ou sulco. Sua função é atenuar os efeitos de condições desfavoráveis como variações bruscas de temperatura e baixa umidade, aumentando a taxa de sucesso da simbiose.
“Os inoculantes são células vivas sensíveis, podendo ser afetadas, facilmente, pela desidratação no processo do tratamento de sementes e pela toxicidade de outros produtos adicionados à calda. O SynFlex cria uma camada de proteção, reduzindo as perdas de água e contato com aqueles agentes, garantindo a efetividade dos inoculantes”, conclui Castanheira.
Quais são as bactérias mais utilizadas na inoculação?
- Bradyrhizobium japonicum SEMIA 5079. Cepa mais tradicional no Brasil, com alta capacidade de fixação de nitrogênio e alta performance no cerrado.
- Bradyrhizobium diazoefficiens SEMIA 5080. É complementar à cepa 5079, com grande papel no conceito da coinoculação.
Principais benefícios da inoculação:
- Fornecimento eficiente e contínuo de nitrogênio;
- Redução dos custos com fertilizantes;
- Aumento da tolerância à estiagem;
- Estímulo ao crescimento radicular;
- Melhoria na absorção de nutrientes;
- Redução da emissão de gases de efeito estufa;
- Incremento na produtividade da lavoura.

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Selgron amplia portfólio com controlador de peso para produtos de até 60 kg

Solução atende demandas de indústrias como a de café, em que o peso das sacas ultrapassa o padrão dos checadores convencionais
A Selgron, empresa brasileira especializada em soluções para automação da linha final de produção industrial, acaba de lançar um novo controlador de peso com capacidade para até 60 quilos. A novidade amplia o portfólio da empresa, que já oferecia controladores de peso para produtos mais leves, com capacidade de até 5 kg, e responde à crescente demanda de setores industriais que trabalham com embalagens mais robustas, como a de café, açúcar, soja e outros grãos.
Projetado para operar de forma contínua e precisa em linhas de alta produtividade, ele combina robustez mecânica, sensores de alta performance e interface de fácil operação, garantindo o controle de peso mesmo em ambientes com grandes volumes e variações constantes de carga. O equipamento pode ser integrado a outros sistemas de automação, garantindo a conformidade com normas de qualidade e facilitando a rastreabilidade dos processos.
Segundo Rubens Schneider, gerente comercial da Selgron, o lançamento vem ao encontro da política de inovação e escuta ativa do mercado aplicada pela empresa.
“Muitas indústrias nos procuravam em busca de uma solução que unisse precisão, resistência e capacidade de pesagem elevada. O controlador de até 60 quilos nasceu dessa escuta e vem para suprir uma lacuna importante no controle automatizado de produtos pesados. Com ele, entregamos o mesmo nível de eficiência e confiabilidade que já oferecemos nos modelos voltados a produtos leves, agora em uma escala maior”, destaca Schneider.
A primeira solução com essa capacidade entregue foi desenvolvida para integrar um sistema de paletização de sacas de café, fazendo a conferência do peso antes de serem paletizadas.
Com mais de 30 anos de atuação no setor, a Selgron é reconhecida pela sua engenharia própria e pela capacidade de adaptar seus equipamentos às necessidades específicas de cada cliente. A novidade já está disponível para comercialização e pode ser customizado conforme os requisitos da linha de produção.
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Tecnologia que transforma: mais de 70% das propriedades rurais no Brasil já usam equipamentos de alta performance para ampliar resultados

A Multibelt desenvolveu as esteiras Drapers: veja 4 vantagens da plataforma
O agronegócio brasileiro atravessa uma fase de transformação acelerada, impulsionada pela adoção de soluções tecnológicas que modernizam a gestão e elevam a produtividade no campo. Dados da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) revelam que, em 2024, mais de 70% das propriedades rurais do país já incorporam equipamentos de alta performance para otimizar processos e ampliar resultados.
A Multibelt, empresa 100% brasileira, destaca-se nesse cenário ao oferecer inovações que atendem às necessidades específicas do campo nacional e desenvolveu as esteiras Drapers, uma inovação que substitui sistemas, como o caracol, por alimentação contínua e uniforme dos grãos. Essa tecnologia reduz perdas de insumos, melhora no desempenho das colheitadeiras e proporciona maior economia de combustível.
Produzidas em 2014, as esteiras são adaptadas às condições do solo, oferecendo alta durabilidade e resistência ao desgaste. Além disso, sua construção robusta permite maior segurança operacional, reduzindo o risco de falhas e aumentando a produtividade das máquinas agrícolas.
“A verdadeira transformação no campo não vem apenas da tecnologia, mas da capacidade de adaptá-la às necessidades reais do produtor brasileiro. Na Multibelt, cada inovação é pensada para gerar impacto direto na produtividade, economia e sustentabilidade do agro nacional”, ressalta Jurandir Barrozo, CEO da Multibelt.
Soluções tecnológicas embarcadas no campo: impacto no desempenho da colheita:
Estudos da Universidade do Estado do Mato Grosso indicam que a colheitadeira equipada com sistema de esteiras Draper apresenta uma diminuição de 35,52% nas perdas totais de grãos em comparação com plataformas helicoidais convencionais. Pesquisas como da Revista Cultivar apontam que o uso de plataformas Draper pode resultar em uma economia de R$ 5.000 a R$ 15.000 por ano em relação ao uso de plataformas convencionais, devido à maior eficiência e menor consumo de combustível.
Neste contexto, Jurandir Barrozo, CEO da Multibelt, cita 4 vantagens da plataforma Draper, confira:
- Redução de perdas: a alimentação contínua minimiza a queda de grãos, especialmente em condições de alta velocidade de operação;
- Eficiência operacional: permite maior velocidade de trabalho sem comprometer a qualidade da colheita;
- Versatilidade: adequada para diferentes tipos de culturas e condições de campo;
- Durabilidade: projetada para suportar condições adversas, aumentando a vida útil do equipamento.
A produção nacional das esteiras Draper pela Multibelt representa um avanço significativo para o agronegócio brasileiro. Essa solução reduz a dependência de importações, oferece melhor custo-benefício e é adaptada às especificidades do campo nacional. Segundo André Mário, gerente nacional de vendas da Multibelt, “investir em pesquisa, desenvolvimento e tecnologia é essencial para entregar soluções que otimizem o trabalho no campo e na indústria”.
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Produtores rurais estão preocupados com o futuro do agro

Presidente da Faesp alertou para a necessidade de fortalecer os acordos bilaterais e buscar a negociação com os Estados Unidos
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo
(Faesp), Tirso Meirelles, demonstrou preocupação com o pacote de R$ 30 bilhões,
anunciado pelo governo federal. Para ele, é essencial que, enquanto o país reforce a
negociação com os Estados Unidos, redirecione para programas de segurança
alimentar, como o da merenda escolar, os produtos perecíveis, que estragarão se
ficarem na dependência de um acordo.
Embora a oferta de crédito possa representar um alívio imediato para problemas de
fluxo de caixa e manutenção da atividade, a elevada taxa de juros praticada no Brasil
torna o endividamento um risco considerável. Em um setor altamente dependente de
ciclos longos de produção e sujeito a volatilidades climáticas e de mercado, o custo
do capital caro pode comprometer a rentabilidade, prolongando o tempo necessário
para que o investimento se pague e elevando a exposição a riscos financeiros.
“Vejo com preocupação essa falta de diplomacia do governo. Não podemos
simplesmente aceitar as altas tarifas, que vão inviabilizar investimentos dentro do
nosso país, como melhoria de estradas e espaços para armazenamento das nossas
safras. É preciso separar política da economia e biscar uma solução que não penalize
os produtores, importante pilar da economia nacional”, frisou Meirelles.
Além disso, o endividamento com juros elevados pode gerar um efeito de “bola de
neve” caso as exportações brasileiras sofram queda prolongada devido às barreiras
comerciais impostas pelos Estados Unidos. Com margens mais apertadas, o produtor
pode ter dificuldades em honrar parcelas, acumulando passivos que prejudicam sua
capacidade de investir e modernizar a produção no futuro. A incerteza sobre o que é
anunciado e o que é efetivamente executado é outro ponto que preocupa o setor
produtivo.
Esse quadro, ressaltou Tirso Meirelles, pode afetar, inclusive, a competitividade do
agronegócio brasileiro no médio e longo prazo, pois a necessidade de direcionar
recursos para o pagamento de dívidas reduz a capacidade de adoção de tecnologias,
inovação e práticas sustentáveis, essenciais para enfrentar as novas exigências do
mercado internacional.
“Precisamos urgentemente de uma reforma administrativa, para tentar diminuir os
juros. Temos a segunda maior taxa de juros do mundo, perdendo apenas para a
Turquia. Isso impacta nos investimentos no campo e, consequentemente, na vida dos
produtores rurais”, concluiu Meirelles.