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Monitorar o greening pode salvar o pomar

Fundecitrus

Tecnologias que mapeiam a incidência do inseto vetor, e as plantas doentes nas primeiras semanas de infestação, ajudam o citricultor a tomar melhores decisões e na hora certa para diminuir o impacto da doença

Hoje, um dos maiores desafios fitossanitários da citricultura mundial, que ameaça e dizima pomares de todos os tipos de citros, é a doença do greening. Desde a sua descoberta na Ásia, há mais de um século, ela tem percorrido fronteiras e se estabelecido em diversas regiões, incluindo o Brasil. Também conhecido como huanglongbing ou HLB, não tem cura para as plantas e é causada pelas bactérias do tipo Candidatus Liberibacter spp, Candidatus Liberibacter africanus, Candidatus Liberibacter asiaticus e Candidatus Liberibacter americanus. Elas por sua vez, são disseminadas pelo minúsculo inseto vetor, psilídeo Diaphorina citri.

Segundo o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), o Brasil registrou aumento de 56% na incidência do greening, passando de 24,4% em 2022 para uma média de 38,06% em 2023. De acordo com a engenheira agrônoma e gerente de contas estratégicas da agtech SIMA – Sistema Integrado de Monitoramento Agrícola, Suelen Oelke, a doença causa prejuízos irreversíveis.

“Isso porque, as plantas contaminadas devem ser totalmente eliminadas gerando grande impacto em uma cultura que possui um ciclo produtivo relativamente longo”, pontua.

É muito importante destacar que, a partir do momento em que a planta foi infectada, não há mais o que ser feito. Contudo, a profissional lembra que existem medidas para se evitar que a doença se alastre pelo pomar. “Neste contexto temos uma importante ferramenta, o monitoramento da incidência do inseto vetor e das plantas doentes. Sem dúvida, é grande aliado do citricultor”, enfatiza Suelen.

Tendo em mãos os dados de incidência deste inseto, e o aparecimento de plantas doentes, o citricultor pode tomar a decisão de controle com base em dados e até mesmo realizar as medidas sanitárias sugeridas.

Essas informações de monitoramento, hoje, podem estar na palma das mãos dos produtores com soluções tecnológicas como as que a SIMA oferece. “Esta é uma ação que precisa ser realizada em conjunto como as parcerias que temos hoje no Brasil. Monitorar esse inseto é muito similar a cigarrinha do milho por exemplo, quando são utilizadas armadilhas amarelas instaladas em pontos estratégicos do pomar. Também é recomendado observar outras fases, ovos, ninfas e adultos, com a vistoria de três a cinco ramos novos por planta”, esclarece a especialista da agtech.

De acordo com ela, para melhorar a assertividade e facilitar o monitoramento, em breve devem ser colocadas no mercado ferramentas automatizadas, e que junto de soluções de IA entregarão um perfil ainda mais completo da doença nas propriedades.

Com o monitoramento da SIMA, por exemplo, hoje, já é possível emitir alertas regionais da infestação do inseto e do aparecimento de plantas doentes. “Também é possível ter o controle das pulverizações e o acompanhamento da evolução da pressão do psilídeo. Com esses dados também são geradas informações importantes sobre o próprio greening, os quais podem ser muito úteis para estudos e desenvolvimento de novos produtos”, reitera Suelen.

Como identificar

Os sintomas do greening são mais evidentes no final do verão e início da primavera e eles, quando no começo, são cruciais para a detecção precoce e a implementação de medidas assertivas de controle. Os primeiros indícios surgem com a presença de ramos que, quando jovens, exibem folhas amareladas, e quando maduras, manchas irregulares, alternando entre tons de verde e amarelo. “À medida que a doença progride, as folhas afetadas tendem a cair, cedendo espaço para novas brotações com folhas posicionadas verticalmente, deixando-a com aparência característica de “orelhas de coelho”. Os frutos ficam deformados, com tamanho menor, além de uma coloração verde clara manchada e, muitas vezes, caem”, detalha a engenheira agrônoma.

É crucial ressaltar que, em árvores mais jovens, a progressão da doença pode levar à comprometimento total em um curto período, enquanto nas mais maduras, os sintomas podem se manifestar ao longo de três a cinco anos. “Diante disso, é de suma importância a detecção precoce com constante vigilância. Estes são pilares essenciais contra os efeitos devastadores da doença”, alerta Suelen.

Outro ponto a ser levado em consideração pelo citricultor é que as plantas infectadas, mesmo sem sintomas visíveis, tornam-se fontes potenciais das bactérias, daí a necessidade de monitoramentos regulares. Para a especialista, esta persistência silenciosa exige uma abordagem proativa, onde as plantas doentes devem ser identificadas e eliminadas para evitar o contágio.

Atente-se ao controle

Hoje, o controle do greening exige abordagens integradas e constantes para mitigar os danos. Como falado, é preciso eliminar de plantas sintomáticas, assim como implementar um controle eficaz do vetor. Recomenda-se também o uso controlado de inseticidas, com doses eficazes, a rotação de produtos com diferentes modos de ação e a aplicação constante em todas as partes da planta.

A especialista da SIMA lembra que tem se observado resistência em populações do psilídeo a certos grupos de inseticidas, como piretroides e neonicotinoides. A não rotação adequada desses produtos com diferentes modos de ação, adotada por muitos citricultores, resultou na perda de eficácia deles no campo. “Por isso, para reverter esse quadro, é essencial promover a rotação, além da aquisição de mudas sadias e de procedência idônea”, destaca.

É preciso ficar de olho no clima

O contexto climático tem significativa influência nas taxas de incidência da doença. Chuvas mais frequentes e temperaturas menos quentes durante a primavera e verão ampliam as condições favoráveis ao aumento do psilídeo e, consequentemente, à disseminação do greening. “A compreensão dessas variáveis climáticas é essencial para aprimorar as estratégias de controle, ajustando-as às condições específicas de cada região citrícola. Nesse cenário desafiador, a necessidade de um monitoramento constante mais uma vez torna-se obrigatório”, finaliza Suelen.

Sobre a SIMA

A SIMA é uma AgTech que surgiu em 2013 na Argentina com o objetivo de oferecer aos produtores uma plataforma simples, completa e inteligente para monitoramento, controle e análise de dados. Hoje a empresa está presente em 8 países da América Latina e possui mais de 8,3 milhões de hectares monitorados. Mais informações em: www.sima.ag/pt

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Gripe aviária: Brasil precisa de resposta ágil, diplomacia técnica e maior rastreabilidade para reverter embargos, alerta especialista

Crédito: Freepik

Maior exportador mundial de carne de frango, o Brasil enfrenta a suspensão de importações por cerca de 40 países, incluindo a China, seu principal mercado, apesar de seus reconhecidos padrões sanitários. Especialista em comércio exterior estima perdas de até US$ 300 milhões e destaca a urgência de diplomacia técnica, transparência e reforço na rastreabilidade para reverter a crise e preservar a reputação do país como fornecedor confiável

A confirmação do primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil desencadeou um alerta no setor de exportações de carne de frango. Com embargos totais e parciais impostos por cerca de 40 países, como China, União Europeia e México, as perdas mensais podem variar entre US$ 100 milhões e US$ 300 milhões, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). O impacto depende da duração dos embargos e da reabertura dos mercados. Estima-se que, 28 dias após a desinfecção, o Brasil possa se declarar livre da doença na região afetada.

Líder global na exportação de carne de frango, o Brasil produz cerca de 15 milhões de toneladas anuais, exportando 5,3 milhões, conforme dados de 2024 da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Em abril de 2025, o país exportou 475 mil toneladas. Rogério Marin, CEO da Tek Trade e especialista em comércio exterior, destaca que o setor alcança 160 países, mas crises sanitárias como a atual expõem sua vulnerabilidade.

Países como Chile, Canadá, Malásia, Argentina, Uruguai e Coreia do Sul suspenderam importações de todo o território brasileiro. A China e a União Europeia também interromperam compras, enquanto Reino Unido, Bahrein e Cuba, entre outros países, limitaram as restrições ao Rio Grande do Sul, onde o caso foi registrado.

Marin enfatiza a necessidade de uma resposta estratégica: “O Brasil enfrenta um teste de resiliência. Apesar dos altos padrões sanitários, a gripe aviária impõe desafios logísticos, renegociações de contratos e aumento de custos com seguros, que muitas empresas não previram. A agilidade na contenção e a transparência internacional serão cruciais para mitigar os impactos econômicos”,

Ele complementa: “É essencial agir com rapidez e transparência para restaurar a confiança dos mercados. Além da reabertura de fronteiras, o país deve investir em diplomacia técnica, reforçar a rastreabilidade e comprovar a regionalização dos casos, garantindo que a crise não prejudique a imagem do Brasil como fornecedor seguro a longo prazo”.

Enquanto o setor de carne de frango enfrenta pressão, as exportações de ovos permanecem estáveis, com apenas 0,9% da produção destinada ao exterior. Os Estados Unidos, principal comprador, confirmaram que não aplicarão embargos. Ainda assim, a crise reforça a importância de fortalecer protocolos sanitários e a diplomacia comercial. Em 2024, o agronegócio brasileiro movimentou US$ 164,4 bilhões, representando 49% das exportações nacionais, segundo o Mapa.

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Do Solo ao Mercado: O Crescimento dos Bioinsumos no Brasil

Fellipe Parreira - Comercial Norte VIVAbio

*Por Fellipe Parreira – Comercial Norte VIVAbio

Na Semana do Meio Ambiente, é oportuno refletir sobre soluções que harmonizem produtividade agrícola e preservação ambiental. Nesse contexto, o uso de bioinsumos desponta como uma das estratégias mais promissoras para reduzir impactos ambientais, melhorar a saúde do solo, preservar a biodiversidade, controlar pragas e aumentar a produtividade de maneira sustentável.

Bioinsumos são produtos de origem biológica, desenvolvidos a partir de microrganismos, extratos vegetais e outros recursos naturais. Eles têm conquistado espaço no campo brasileiro e se consolidam como aliados essenciais na busca por uma agricultura mais equilibrada. Segundo dados da CropLife Brasil, o mercado de produtos biológicos movimentou cerca de R$5 bilhões na safra 2023/2024, um aumento de 15% em relação ao ciclo anterior. Além disso, o segmento apresenta uma taxa média anual de crescimento de 21% nos últimos três anos — índice quatro vezes superior à média global.

Esse avanço reflete uma transformação na forma de produzir alimentos no país, com produtores cada vez mais conscientes da necessidade de adotar práticas que respeitem os recursos naturais. Os bioprodutos atuam de forma harmônica com o ambiente, favorecendo interações benéficas entre plantas, solo e microrganismos. Essa integração fortalece a estrutura do solo, melhora a absorção de nutrientes e reduz a dependência de fertilizantes químicos, evitando a contaminação de mananciais e estimulando um sistema produtivo mais equilibrado.

Outro benefício essencial dos bioinsumos é a preservação da biodiversidade. Ao estimular o equilíbrio ecológico no campo, esses produtos contribuem para manter inimigos naturais das pragas, diminuindo a necessidade de defensivos químicos que afetam insetos benéficos. Além disso, por atuarem de forma direcionada e menos agressiva, os insumos biológicos permitem um manejo mais seguro para o agricultor e o meio ambiente. Isso resulta em uma produção mais saudável e confiável para o consumidor, sem abrir mão da produtividade. Plantas mais vigorosas e menos suscetíveis a doenças tendem a apresentar desempenho agronômico superior, fortalecendo a rentabilidade do produtor e consolidando a competitividade do agronegócio brasileiro.

Esse movimento em prol dos bioinsumos conta com o respaldo de políticas públicas que incentivam práticas agrícolas responsáveis. Programas como o Plano Safra têm direcionado recursos para produtores que investem em tecnologias de menor impacto ambiental, além de iniciativas estaduais e federais que estimulam a pesquisa e o desenvolvimento de novas soluções biológicas.

Na Semana do Meio Ambiente, reconhecer a importância dos bioinsumos vai além de uma tendência: trata-se de uma necessidade para a agricultura moderna. O Brasil, como um dos maiores produtores de alimentos do mundo, tem a responsabilidade de liderar a transição para sistemas agrícolas mais sustentáveis e resilientes. O crescimento expressivo do setor de produtos biológicos simboliza um compromisso com a produção responsável, a conservação dos recursos naturais e o futuro das próximas gerações.

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CLI divulga Relatório de Sustentabilidade 2024 com recorde operacional e avanços na agenda ESG

CLI divulga Relatório de Sustentabilidade 2024 com recorde operacional e avanços na agenda ESG

Com quase 20 milhões de toneladas movimentadas e novo plano de descarbonização, empresa investe em expansão, inovação verde e inclusão para consolidar sua liderança no setor logístico portuário

A Corredor Logística e Infraestrutura (CLI) lança o Relatório de Sustentabilidade 2024, que apresenta os principais resultados operacionais, avanços na agenda ESG e os compromissos futuros da companhia. O documento reúne dados sobre governança, meio ambiente, desempenho social e econômico das operações da empresa do ano passado.

O ano foi marcado por resultados históricos. A CLI movimentou 19,2 milhões de toneladas de grãos e açúcar, o maior volume da sua história, o que representa aproximadamente 12% de toda a produção nacional exportada. No caso do açúcar, o volume corresponde a 31% do total exportado pelo Brasil.

Um dos grandes destaques é a aprovação do Plano de Descarbonização, que define metas robustas para alcançar o net zero. No curto prazo, o objetivo é reduzir 59% das emissões dos escopos 1, 2 e 3 até 2034. No longo prazo, a meta é a redução de 90% das emissões dos escopos 1 e 2 até 2040 e do escopo 3 até 2050. Essa redução é equivalente à retirada de 6.200 veículos das ruas por ano, o que representa cerca de 5% da frota da cidade de Santos em 2024. Para atingir os objetivos, a empresa investirá R$ 25 milhões nos próximos 16 anos, priorizando a eletrificação de equipamentos, uso de energia renovável e combustíveis de menor impacto.

O compromisso com a redução das emissões já começou a se materializar. Um dos exemplos mais recentes é que desde março de 2025, a CLI opera o transporte de grãos no Porto de Itaqui (MA) com caminhões movidos a Gás Natural Liquefeito (GNL), uma iniciativa pioneira entre os terminais portuários agrícolas do Brasil em parceria com a Virtu GNL e a Scania Brasil. A expectativa é transportar, até 2027, um milhão de toneladas utilizando essa solução de menor emissão.

Além dos avanços na agenda ambiental, o ano de 2024 foi marcado pela disciplina na execução do planejamento estratégico e excelência operacional. A segurança seguiu como prioridade: nenhum acidente fatal foi registrado em 2024.

Na frente social, a CLI avançou na promoção de um ambiente mais inclusivo e diverso. Cumpriu a cota de contratação de pessoas com deficiência e ampliou a presença de mulheres em funções operacionais, tradicionalmente ocupadas por homens.

Para os próximos anos, a empresa executa um plano de investimentos de mais de R$ 1 bilhão para ampliar a capacidade operacional de 20 milhões para 25 milhões de toneladas, consolidando-se como líder nacional bandeira branca de serviços de elevação de exportação de soja, milho e açúcar. Do total, R$ 700 milhões serão investidos na modernização do terminal da CLI Sul, no Porto de Santos; e R$ 400 milhões na CLI Norte (MA).

Apesar das incertezas econômicas previstas para 2025, a CLI segue preparada e confiante, apoiada em uma base sólida de sustentabilidade, disciplina financeira e excelência operacional. A companhia reafirma o compromisso com o desenvolvimento socioeconômico do Brasil e com o fornecimento de alimentos para o mundo, gerando impacto positivo nas regiões onde atua.

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