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Equipamento de ressonância magnética desenvolvido por startup brasileira identifica teor de óleo da macaúba de forma sustentável

Oleaginosa é considerada matéria-prima superior para o setor de biocombustíveis
Com uma tecnologia que utiliza ressonância magnética para análise de matérias primas e alimentos processados, desenvolvida em parceria com a Embrapa Instrumentação, a startup brasileira Fine Instrument Technology (FIT) quer tornar sustentável a produção e a extração do óleo de macaúba no Brasil.
A macaúba, palmeira nativa brasileira, também chamada popularmente como coco-baboso ou coco-de-espinho, entrou no radar de produtores e extratores de óleo e é a grande aposta para o crescente setor de biocombustíveis do país. A planta tem capacidade de produzir 6 mil litros de óleo por hectare, enquanto a soja, o principal ingrediente para a produção de biodiesel, produz 500 litros.
Em alguns países, como no Paraguai, a extração do óleo de macaúba em escala industrial já é uma realidade. No Brasil, projetos piloto de plantio, manejo, além do aprimoramento industrial para o esmagamento da macaúba para transformação em óleo vegetal avançam com a perspectiva de alto retorno econômico, a partir da comercialização do óleo extraído das amêndoas dos coquinhos.
Para o setor industrial o equipamento SpecFIT possibilita controlar o processamento do fruto para extração do óleo, identificar pontos de perdas, com a vantagem de possibilitar rápidos ajustes durante o processo da produção. De acordo com o Gerente de Operações da FIT, Lucas Topp, o potencial de redução médio de perdas na produção é de 0,1 a 0,5%.
Para os produtores de macaúba, a tecnologia SpecFit traz três benefícios principais. Ela possibilita identificar no coquinho seu potencial de óleo, melhorando o manejo, identificando o tempo certo da colheita e evitando desperdícios. Outra vantagem é que a análise com a ressonância magnética não destrói a amostra e não gera resíduos, uma vez que não utiliza produtos químicos. Finalmente, com a verificação, é possível garantir o rendimento por hectare plantado, ao assegurar o aumento da produtividade na área disponível, resultando em uma diminuição do impacto ambiental. “Com a tecnologia nacional é possível medir, em segundos, a quantidade de óleo tanto na polpa quanto nas amêndoas dos coquinhos, apoiando tanto o melhoramento genético e o manejo do campo quanto o balanço de massa na indústria de extração, uma vez que a tecnologia também permite identificar o teor de óleo dos resíduos da extração praticamente em tempo real, apoiando a máxima eficiência da indústria”, analisa Daniel Consalter, CEO da FIT.
Consalter destaca que a ressonância magnética se apresenta como substituto sustentável de métodos de análises potencialmente impactantes para o meio ambiente, como titulações com substâncias ácidas ou básicas, reações que utilizam catalizadores como o mercúrio, a cromatografia gasosa entre outras. “A ressonância magnética se tornou ainda mais relevante para a indústria de óleos vegetais a partir do momento em que a ‘agenda verde’ ganhou grande valor no Brasil e no mundo”, diz.
Como a soja, a macaúba também tem a virtude das mil e uma utilidades. O óleo obtido das amêndoas dos cocos pode ser usado na indústria química para a combustíveis e cosméticos, mas , por ser comestível, também pode ser empregado na indústria de alimentos e rações animais. Daniel Cosalter ressalta que o objetivo da empresa é levar o conceito de sustentabilidade para o nascente setor de exploração da macaúba. “Ter uma ferramenta sustentável, hoje em dia, para fazer a análise do fruto e do processo de extração do óleo amplia a competitividade”, conclui.

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Parceria entre INCT NanoAgro e Solinftec combina nanotecnologia à robótica para ampliar sustentabilidade e economia no campo

A união das frentes marca um avanço importante na chamada agricultura 5.0
Uma parceria firmada entre o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Nanotecnologia para Agricultura Sustentável (INCT NanoAgro) e a empresa de agricultura digital Solinftec, referência global em soluções de inteligência artificial e práticas agrícolas sustentáveis, promete transformar o manejo de infestações no campo ao combinar nanotecnologia e robótica com foco em ampliar a sustentabilidade e a economia de recursos no campo. Ainda em fase de desenvolvimento do processo escalável, a combinação entre as tecnologias das instituições apresenta um potencial de controle eficiente de plantas daninhas, podendo reduzir drasticamente a quantidade de herbicidas a ser utilizada.
O estudo conjunto tem como objetivo a validação do sistema de aplicação inteligente e precisa com o uso do Solix AG Robotics, na utilização de nanopartículas para liberar o herbicida atrazina de forma altamente direcionada. Enquanto a molécula do ingrediente ativo no método tradicional exige cerca de 2.000 gramas por hectare para atingir 100% de efetividade, a nova tecnologia consegue o mesmo resultado utilizando apenas 180 gramas — uma redução de mais de 90% na dosagem necessária.
Essa diminuição representa ganhos ambientais significativos: menos resíduos químicos são liberados no solo e nos recursos hídricos, reduzindo os riscos de contaminação e impactos na biodiversidade. Além disso, o menor volume aplicado reduz a presença da substância como substrato no meio ambiente, contribuindo para práticas agrícolas mais limpas.
Do ponto de vista econômico, o avanço também se traduz em números atrativos. Segundo estimativas da equipe técnica envolvida no projeto, a nova tecnologia pode gerar uma economia de até R$ 70 por hectare tratado, considerando os custos com produto químico, transporte e aplicação. Em larga escala, o impacto financeiro para o produtor rural pode ser expressivo, especialmente em culturas como milho e soja, onde o uso de atrazina é recorrente.
A Solinftec contribui neste ganho produtivo, econômico e sustentável com a disponibilização do Solix, um robô que pode trabalhar de forma autônoma e que é movido a energia solar. Utilizando tecnologia baseada em inteligência artificial, visão computacional e aprendizado de máquina, o robô identifica pragas, plantas daninhas e o crescimento diário das plantas, possibilitando aplicações localizadas de defensivos e reduzindo significativamente o uso de insumos químicos. Já o INCT NanoAgro lidera a pesquisa no desenvolvimento de nanopartículas que encapsulam e liberam o herbicida de forma controlada.
“Com o uso de herbicidas tradicionais no Solix, a redução do químico pode alcançar mais de 90% em grãos. Quando aliamos a nossa tecnologia às nanopartículas, a diminuição de agroquímicos no solo pode ser ainda maior”, afirma Bruno Pavão, CRO – Chief Robotics Operation da Solinftec.
Para o professor Leonardo Fraceto, coordenador do INCT NanoAgro, o impacto da inovação é duplo: “Estamos falando de uma tecnologia que alia alta eficiência no controle de infestações com uma expressiva redução no uso de defensivos químicos. Isso significa proteger o meio ambiente sem comprometer a produtividade, algo essencial para o futuro da agricultura”, destaca o pesquisador.
A união dessas frentes marca um avanço importante na chamada agricultura 5.0, onde ciência de ponta e automação caminham juntas para aumentar a produtividade, reduzir impactos ambientais e garantir a sustentabilidade da produção de alimentos no Brasil.
Mais sobre o INCT NanoAgro
Criado com o objetivo de qualificar e congregar recursos humanos de alto nível de diferentes áreas para promover avanços na fronteira do conhecimento em nanotecnologia para Agricultura Sustentável, o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Nanotecnologia para Agricultura Sustentável (INCT NanoAgro) faz uso de componentes da biodiversidade brasileira e de suas interações ecológicas para desenvolver sistemas integrados para o controle de pragas e doenças, nutrição e estímulo de crescimento vegetal, de forma a aumentar a produtividade agrícola sem desconsiderar a segurança ambiental e da saúde humana, criando um protagonismo do país no cenário mundial. Para saber mais sobre o Instituto, acesse: https://inctnanoagro.com.br/.
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Guerra comercial reconfigura mercado de grãos e reforça papel do Brasil

Tensão entre EUA e China afeta preços globais e impulsiona oportunidades estratégicas para a soja brasileira
A guerra comercial entre Estados Unidos e China voltou ao centro das atenções do agronegócio global. Em abril de 2025, as tarifas bilaterais atingiram os maiores patamares da história: 125% impostas pela China aos Estados Unidos e 145% pelos Estados Unidos à China, interrompendo praticamente todo o fluxo comercial entre as duas maiores economias do mundo. O embate, que envolve acusações de manipulação cambial, barreiras não tarifárias e disputas por domínio geopolítico, tem repercussões diretas na precificação global de grãos — e o Brasil surge como uma alternativa estratégica e urgente para os compradores chineses .
Na prática, a disputa impulsionou a valorização dos prêmios de exportação no Brasil, aumentou a demanda por soja brasileira e reacendeu o debate sobre capacidade logística e gestão de risco. Ainda que o momento aparente favorecimento ao produtor brasileiro, o cenário segue extremamente volátil e exige decisões bem fundamentadas.
“O Brasil foi chamado a cumprir um papel central. A China não apenas retaliou as tarifas dos EUA, como também intensificou as compras no Brasil, com destaque para a aquisição de pelo menos 40 navios de soja entre maio e julho”, explica Felipe Jordy, gerente de inteligência e estratégia da Biond Agro.
Soja brasileira no foco, mas com limites
Com os estoques de soja e cobertura nas mínimas dos últimos 5 anos, o redirecionamento das compras favoreceu o Brasil — mas não sem riscos. Parte da demanda de curto prazo já foi absorvida, o que significa que a força compradora chinesa pode diminuir nos próximos meses, principalmente se houver recuo na tensão geopolítica ou reposicionamento da oferta global, o gigante asiático com essas novas compras já estão comprometidos em pelo ao menos 70% de um programa para safra 24/25 de 110 milhões de toneladas
“Essa é uma janela que pode se fechar rapidamente. Os embarques de abril a junho já estavam parcialmente comprometidos, e agora com essa nova rodada de compras, a cobertura da China se estende ainda mais”, alerta Jordy.
Além disso, há pressão sobre a infraestrutura de escoamento e um descompasso entre a valorização dos prêmios e o desempenho da Bolsa de Chicago (CBOT), que segue pressionada pela possibilidade de aumento da área plantada nos EUA e estoques elevados, especialmente de soja.
Gestão de risco em primeiro plano
O cenário atual é guiado por expectativa de fluxo, não por volume consolidado. Os prêmios nos portos brasileiros atingiram picos acima de US$ 1,00 por bushel, mas estão sujeitos a reversões rápidas caso o conflito entre EUA e China se estabilize.
“Esse descolamento entre prêmios e bolsa é típico de um momento especulativo e que rapidamente foi corrigido com uma tomada de volume da China e ainda uma ampla oferta no Brasil. A oportunidade existe, mas é sensível ao noticiário e à diplomacia”, reforça Jordy.
Para os produtores, o momento exige disciplina comercial. Estratégias com metas definidas, proteção de margens e contratos alinhados à realidade logística tornam-se diferenciais importantes para sustentar a rentabilidade em meio à instabilidade.
“O ano de 2025 já trouxe desafios adicionais, com clima irregular, alta nos custos logísticos e agora a guerra comercial. A volatilidade é parte do jogo, mas a previsibilidade da gestão é o que transforma um bom ano em um excelente resultado”, conclui Jordy.
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Mulheres do Cacau do ES: protagonismo feminino transforma a agricultura familiar

Com essa iniciativa, agricultoras capixabas vêm reescrevendo a história da cacauicultura no estado, promovendo desenvolvimento técnico, social e econômico em suas comunidades
No Dia Internacional da Mulher, o Coletivo Mulheres do Cacau do Espírito Santo celebra o protagonismo feminino na agricultura familiar e os avanços conquistados por meio do associativismo. Com essa iniciativa, agricultoras capixabas vêm reescrevendo a história da cacauicultura no estado, promovendo desenvolvimento técnico, social e econômico em suas comunidades.
O projeto ganhou impulso no ano passado, quando ocorreu a primeira reunião entre o Coletivo Mulheres do Cacau do Espírito Santo e a equipe do Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola) que vem apoiando o projeto. Realizado no escritório local do Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural), em Colatina (ES), o encontro reuniu lideranças das quatro associações que compõem o coletivo. A partir dessa parceria, foram realizados diagnósticos individuais e coletivos com o objetivo de fortalecer as atividades das cerca de 70 mulheres envolvidas no projeto.
De acordo com Bruna Venturin, engenheira agrônoma e consultora do Imaflora no estado, a iniciativa busca fomentar o crescimento sustentável da produção local. “Nosso trabalho visa oferecer suporte técnico e estrutural, incentivando a autonomia e a organização do grupo”, explica.
O sucesso do coletivo já havia sido evidenciado durante o projeto Cacau 2030, encerrado no Espírito Santo no final de 2023. Organizada pelo Cocoa Action e coordenada pelo Imaflora, a iniciativa proporcionou diversas capacitações, incluindo dias de campo, treinamentos, intercâmbios, unidades demonstrativas e a aquisição de mudas de cacau subsidiadas. “O Coletivo Mulheres do Cacau se destacou pela participação ativa e organização, o que garantiu a continuidade dos trabalhos com o apoio do Fundo Social do Imaflora”, ressalta João Eduardo Ávila, coordenador do projeto.
Atualmente, o coletivo reúne 65 mulheres distribuídas em cinco municípios: Linhares (19), Rio Bananal (15), Colatina (14) e Santa Teresa/São Roque do Canaã (17) e, até o momento, as agricultoras identificaram necessidades e oportunidades para o grupo, como:
- Assistência técnica e extensão rural;
- Autonomia na elaboração de projetos;
- Capacitação em associativismo;
- Treinamentos sobre manejo de cacau orgânico e produção de amêndoas de qualidade;
- Desenvolvimento de uma agroindústria coletiva;
- Acesso ao mercado.
O trabalho das mulheres no campo vai além da cacauicultura, abrangendo áreas como floricultura, horticultura e gestão administrativa das propriedades rurais. O empreendedorismo feminino tem sido um dos pilares do coletivo, promovendo autonomia e organização social. “A propriedade é a minha empresa”, afirma Ivania Aparecida Baiôco, reforçando a importância da gestão feminina no meio rural.
Para Matilde Garabelli, presidente da Associação Mulheres do Cacau de Linhares, a união e a capacitação são essenciais para fortalecer o papel da mulher agricultora. “Somos responsáveis por grande parte dos alimentos que chegam às mesas das famílias. Buscamos constantemente parcerias que fortaleçam nosso trabalho”, destaca.
O Dia Internacional da Mulher simboliza a luta e as conquistas femininas ao longo dos anos. O Coletivo Mulheres do Cacau do Espírito Santo segue trilhando um caminho de protagonismo e transformação na agricultura familiar. “Não é só vender cacau, é um ciclo de apoio entre mulheres”, afirma Sandra Francisco, reforçando a importância do associativismo para o fortalecimento do coletivo.
Sobre Coletivo Mulheres do Cacau do Espírito Santo:
É uma iniciativa formada por quatro associações que reúnem mulheres agricultoras familiares dedicadas à cacauicultura e outras atividades rurais no estado. O grupo busca promover o protagonismo feminino no campo, fortalecendo a organização social, a autonomia econômica e a valorização do trabalho das mulheres. Por meio da união e do associativismo, o coletivo tem se destacado pela participação ativa em projetos de desenvolvimento sustentável, capacitações e acesso a mercados, sendo um exemplo de transformação social nas comunidades onde atua.