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Altas temperaturas exigem mudanças no manejo da irrigação com pivô

De acordo com especialista, diante dos fatores climáticos extremos observados principalmente no último ano, produtores irrigantes precisam alterar alguns hábitos para evitar a perda de produtividade das lavouras
A safra atual de grãos se iniciou e segue sob olhares de incertezas. A instabilidade climática tem desafiado até os mais experientes agricultores. O ano de 2023 foi o mais quente registrado da história do Brasil e do planeta, segundo dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM) e ainda estão previstas novas ondas de muito calor. Com isso, as produções agropecuárias expostas o tempo todo ao sol intenso tiveram impactos severos e perdas de produtividade.
Muitos produtores foram obrigados a mudar de estratégia. Alguns tiveram que refazer o plantio, outros arriscaram e correram para não perder a janela da semeadura e teve gente que nem conseguiu plantar. Em Mato Grosso, por exemplo, principal estado produtor de grãos do Brasil, as chuvas se adiantaram no início de setembro, o que não é normal e já indicava problemas.
Para os agricultores do estado que fariam o plantio em sequeiro, o normal seria em meados de outubro, momento no qual as chuvas deveriam estar regulares, mas não foi o que aconteceu. “A gente não teve nada de regularidade de chuva até o final de 2023, agora em janeiro, está chovendo bastante”, diz Rodrigo Borges, diretor de Irrigação na Águia Representações Comerciais, de Sorriso/MT.
Com essa variação climática muitas lavouras de soja não se desenvolveram bem. Assim, em decorrência do excesso de calor e da falta de chuva, o ciclo se adiantou e muitos produtores acabaram colhendo soja mais cedo com baixa produtividade. “Já aqueles que optaram por esperar, sofrem com o excesso de chuva na colheita”, complementou.
Já os que já fazem o uso correto de sistemas de irrigação com pivôs, os impactos foram menores. “Um exemplo da vantagem da irrigação foi que tivemos produtores que colheram 20 sacas de (60kg) soja no sequeiro e 80 sacas sob os pivôs, ou seja, o equipamento salvou a safra deles”, disse Borges.
Mas, essa não foi a realidade de todos, teve muito produtor que não se atentou a mudança de manejo diante dos fatores climáticos extremos e mesmo com os equipamentos de irrigação tiveram a produtividade comprometida. De acordo com o professor, Fernando Tangerino, especialista em irrigação e professor da Unesp, de Ilha Solteira, com essa nova realidade de temperaturas elevadas por dias seguidos, os agricultores irrigantes precisam mudar alguns hábitos, indo além da necessidade de recompor o armazenamento de água no solo e repor as perdas por evapotranspiração.
Tradicionalmente fornecer água para a planta, via pivô, sempre ocorreu no período noturno e isso acontece porque se paga 30% da energia elétrica e de certo forma há uma maior eficiência da irrigação. “Até hoje essa é a cartilha que seguimos, porém temos observado que mesmo produtores que fazem irrigação tiveram prejuízos na safra e isso acendeu o sinal de alerta, ou seja, foi preciso pensar em um novo manejo de irrigação diante de recordes de temperatura máximas como vimos em 2023”, disse o professor.
Essa situação se agravou ainda mais em áreas recém-plantadas e não havia palhada no solo. Por exemplo, se o termômetro indica 40º graus no ar, o solo pode atingir até 70ºC. “Imagina o solo nu, sem nenhuma palhada de cobertura e o produtor persiste com o mesmo hábito de irrigar somente a noite. Quando o sol nasce, rapidamente evapora a camada superficial de água do solo e como a plântula ainda não tem folha para fazer a transpiração e nem raiz para acessar o recurso disponível do solo, ela “derrete”. Por isso, tanta gente mesmo com pivô teve que fazer o replantio”, pontua o especialista.
Mudança de hábitos no manejo
Por mais contraditório que pareça, de acordo com o professor, nessas situações específicas (altas temperaturas por muitos dias seguidos em lavouras sem palhada de cobertura) o recomendado é que o produtor faça a irrigação de dia. Mesmo essa mudança sendo mais onerosa, torna-se mais barata do que ter que ter que replantar.
“A água vai evaporar, mas com essa evaporação evitamos o aquecimento no solo. Isso é balanço de energia e essa é a mudança técnica no momento inicial do plantio que precisa ser tomada, temos que modificar os paradigmas e adaptar a irrigação a essa nova realidade”, destaca Tangerino.
Já aqueles os produtores mais tecnificados que fazem integração lavoura-pecuária e colocam palhada no solo no sistema de plantio direto, podem continuar irrigando somente a noite. Isso porque a palhada ajuda reter mais água na camada superficial do solo e age como um bloqueio evitando o aquecimento da área.
Nesse caso o sistema de irrigação atua como um condicionador da temperatura desde que seja adequadamente utilizado e que tenha práticas agronômicas. “Resumindo podemos dizer que a fase inicial precisa de irrigação frequente com lâminas menores de dia em condições extremas de temperatura, acima de 35ºC. Já quando tiver nas fases entre R1 a R5 – determinantes na produtividade – utilizar lâminas pesadas para minimizar a retenção foliar, com o cuidado de não deixar o solo entrar no armazenamento crítico”, diz o especialista.
Tecnologia como aliada
Para ajudar os produtores a serem mais assertivos no manejo da irrigação, recentemente a Lindsay em parceria com a Metos, subsidiária brasileira da austríaca Pessl Instruments, pioneira em soluções de monitoramento e inteligência para o agronegócio, lançam a Estação Lindsay. Por meio de boletins meteorológicos publicados duas vezes por semana no Facebook, no Instagram @zimmaticbrasil, bem como via canal do WhatsApp (https://whatsapp.com/channel/0029VaABB43AjPXEKoxxX93N), os agricultores passam a ter a previsão do tempo de 7 até 14 dias com dados de precipitação, umidade e temperaturas máximas e mínimas.
Segundo Cristiano Trevisan, diretor comercial da Lindsay América Latina, as mudanças climáticas têm acontecido com muita mais frequência, fenômenos como El Niño e La Niña, além de serem mais recorrentes, estão tendo intensidade maior nos últimos anos. “O manejo da irrigação, portanto, precisa ser ajustado em tempo real, com as melhores informações disponíveis e nisso que estamos trabalhando”, acrescentou.

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Nova sonda de medição da Vaisala garante melhor controle de câmara seca

Dispositivo fornece medições precisas em condições exigentes de processamento, como ocorre na produção de baterias de íons de lítio
A Vaisala lançou no começo de junho a nova Sonda de Ponto de Orvalho e Temperatura DMP1, para monitoramento das condições ambientais em salas e espaços industriais críticos. É ideal para salas secas: é compacta, tem capacidade de medição de ponto de orvalho de até -70 °C e resposta centena de vezes mais rápida do que outras tecnologias disponíveis.
Fornece, ainda, medições precisas em condições exigentes de processamento a seco, como as encontradas na produção de baterias de íons de lítio, onde o controle da umidade é fundamental para o desempenho das baterias fabricadas. Empregando tecnologia de medição avançada, a DMP1 garante que as condições do ponto de orvalho permaneçam conforme especificado em todas as áreas de uma câmara seca de fabricação, ajudando assim a manter a qualidade do produto e a segurança da fabricação, especialmente onde o controle da umidade é fundamental para a fabricação de baterias, como as de lítio.
“A resposta rápida da nova sonda torna os sistemas de controle capazes de dar uma resposta em tempo hábil, garantindo a proteção da qualidade e segurança do produto”, afirma Bruno Albuquerque, gerente comercial da Vaisala no Brasil. Na prática, os clientes podem controlar com eficiência quaisquer desvios no ponto de orvalho da câmara seca. “Tempos de reação rápidos se traduzem em maior segurança no local de trabalho, mantendo a alta qualidade do produto e evitando desperdícios no processo de produção das baterias”, garante o especialista.
Melhor visibilidade e controle
O DMP1 faz parte do ecossistema modular de medição Vaisala Indigo, oferecendo compatibilidade plug-and-play com dispositivos inteligentes conectados. Por exemplo, ele pode ser conectado a um transmissor Indigo300 para exibir dados e transmitir valores de medição para sistemas de automação e controle. A sonda também pode ser conectada a um dispositivo portátil Indigo80 para trabalhos de manutenção, e as sondas intercambiáveis minimizam o tempo de inatividade e simplificam o trabalho de manutenção.
Anteriormente, o controle do ponto de orvalho em salas secas era feito por sensores volumosos, com alcance de medição limitado e resposta lenta. “A sonda DMP1 representa, portanto, um grande avanço, pois resolve esses problemas, proporcionando aos gerentes de processo maior visibilidade das condições ambientais e mais tempo para responder quando as condições se desviam do ideal”, sintetiza Albuquerque.
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Digitalização no campo transforma o setor sucroalcooleiro com soluções financeiras personalizadas

A digitalização e as soluções financeiras personalizadas têm sido essenciais para modernizar o setor sucroalcooleiro; especialistas explicam que, mesmo com a sazonalidade e a atuação em locais remotos, sua equipe superou os desafios com soluções adaptadas e tecnologias aplicadas
A digitalização dos meios de pagamento e a personalização de benefícios têm se mostrado estratégias decisivas para modernizar o setor agroindustrial, especialmente no segmento sucroalcooleiro. Em entrevista, Angela Kerche, especialista em soluções de benefícios da p2xPay, detalha como sua equipe superou os desafios de um setor marcado por sazonalidade e operação em áreas remotas.
“O setor agroindustrial, especialmente o sucroalcooleiro, possui uma dinâmica muito específica: sazonalidade na contratação de mão de obra e equipes operando em áreas remotas”, conta Angela. “Um dos principais desafios foi adaptar nossas soluções de benefícios e premiação a esse contexto, garantindo usabilidade e criando formas de distribuir os cartões com agilidade”, destaca, e explica que a superação veio por meio de escuta ativa com os produtores e do envolvimento estratégico das cooperativas de cana-de-açúcar. “Esse apoio garantiu credibilidade às parcerias e abriu caminho para uma adoção mais rápida e eficaz”.
A tecnologia como motor de valorização e eficiência
Entre as soluções desenvolvidas estão os Cartões Premiação p2xPay e Cartões Benefícios de múltiplas bandeiras, que oferecem flexibilidade, segurança e gestão digital simplificada e podem ser considerados como parte de um verdadeiro case de sucesso. “Capacitamos os gestores na utilização das ferramentas, o que acelerou a aceitação e eficácia da nossa solução no campo”, afirma a especialista.
Os impactos foram expressivos. Segundo Felipe Andrade, COO da p2xPay, a introdução dos cartões como ferramenta de reconhecimento aumentou significativamente o engajamento das equipes, especialmente entre líderes, operadores de campo e motoristas. Além disso, empresas relataram melhora na retenção de talentos sazonais, aumento da produtividade e benefícios fiscais. “Muitas empresas relataram melhora na retenção de talentos sazonais e aumento da produtividade, pois os colaboradores passaram a se sentir mais valorizados”, diz. “Já para os gestores e equipes administrativas, os cartões e as ferramentas de meios de pagamento simplificaram a gestão financeira, reduziram retrabalho contábil, aumentaram o controle das verbas e trouxeram redução de custos”, reitera o executivo.
Andrade explica que, durante reuniões realizadas com empresas do setor, pôde perceber o quão importante é ouvir o cliente e adaptar as soluções à sua realidade. “Durante este mês, visitei clientes e parceiros do agronegócio nas regiões do Paraná e Goiás, e pude constatar na prática o quanto é transformador manter a proximidade. Ao ouvir suas demandas e adaptar soluções às suas realidades específicas, percebemos que é essencial acompanhar de perto todo o processo de implantação – isso tem sido um fator decisivo para o sucesso das iniciativas. Essa abordagem personalizada não apenas está impulsionando a produtividade no campo, como também está fortalecendo a retenção de talentos, promovendo um ambiente mais colaborativo, valorizado e genuinamente alinhado às necessidades reais do setor.”
Estudos comprovam: produtores rurais brasileiros já adotaram pelo menos uma tecnologia digital em suas atividades
Esses resultados estão alinhados com as tendências nacionais. Um estudo da Embrapa, Sebrae e INPE revelou que 84% dos produtores rurais brasileiros já adotaram pelo menos uma tecnologia digital em suas atividades. No entanto, o setor ainda enfrenta desafios: o Índice Agrotech, da GS1 Brasil, aponta que o uso de softwares de gestão no agro caiu de 38% em 2021 para 20% em 2024. Isso mostra que, embora haja avanços, a digitalização ainda precisa de estímulo e apoio estratégico. Outro levantamento, realizado pela Universidade de Brasília, apontou que mais de 95% dos produtores utilizam algum tipo de tecnologia digital, sendo que 96,3% usam softwares ou aplicativos para operações bancárias, 90,7% para manejo agrícola e 70,3% para gestão da propriedade.
Esses dados mostram que a digitalização no campo não é apenas uma tendência, mas uma realidade crescente, ainda que desafios como conectividade e custo de investimento continuem sendo barreiras importantes.
Transformação digital no Agro: mais interesse com a automatização de tarefas
Nesse contexto, Ana Paula Campeão, Head Comercial Filial Pederneiras da p2xPay, observa um aumento no interesse por soluções financeiras personalizadas no campo. “O interesse tem crescido de forma consistente. O agronegócio está cada vez mais atento às ferramentas que otimizam tempo, aumentam a transparência e reduzem burocracias e custos, especialmente em áreas como folha de pagamento, gestão de premiações e benefícios”, reitera, e conclui com uma visão clara sobre o futuro do setor. “A inovação financeira deixou de ser tendência e passou a ser uma necessidade real no campo. Os produtores têm reagido de forma muito positiva, reconhecendo os ganhos em eficiência, segurança jurídica e valorização do capital humano”.
A transformação digital no agro não apenas moderniza a gestão, mas fortalece o compromisso com o bem-estar dos colaboradores e a sustentabilidade do setor. Com o apoio de cooperativas e o uso estratégico da tecnologia, os campos do Brasil se aproximam cada vez mais de um modelo produtivo mais eficiente, justo e competitivo.
Sobre a p2xPay
Com planos de expandir ainda mais sua presença em outras regiões-chave, a p2xPay almeja se consolidar como uma parceira indispensável para produtores e empresas do setor em todo o país. Além das soluções financeiras, a fintech enfatiza o valor das pessoas e dos parceiros, buscando impulsionar a economia das regiões onde atua, através de seus cartões e de suas ferramentas de benefícios e premiação.
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Pesquisadores desenvolvem solução para controle de pragas capaz de preservar organismos não-alvo, em especial os anfíbios

Sapos e rãs sofrem consideravelmente com os efeitos colaterais dos pesticidas; para evitar que isso siga ocorrendo, cientistas brasileiros criaram uma alternativa promissora aos inseticidas sintéticos
Estudos recentes, como o desenvolvido no Instituto Federal Goiano, alertam para o fato de que a exposição crônica a misturas de pesticidas em ambientes agrícolas pode resultar em reduções populacionais de até 70% em espécies locais de anuros (sapos e rãs), especialmente nas fases larvais. Nesse cenário, a publicação “Medindo o Colapso: Fatores que Causam a Extinção e o Declínio Global dos Anfíbios“, veiculada na revista científica internacional Plos One, revela que mais de um terço das espécies de anfíbios do mundo está ameaçado de extinção, tendo nos pesticidas um dos principais fatores que desencadeiam essa quadro. Em um ecossistema altamente interligado, a vulnerabilidade dos anuros pode impactar negativamente a própria agricultura, que deixará de contar com aliados naturais para o manejo de insetos que predam as plantações.
É nesse contexto que se insere o estudo desenvolvido pelos cientistas parceiros do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Nanotecnologia para Agricultura Sustentável (INCT NanoAGro): Willian de Paula Santos, Caroline Santos, Letícia Paduan Tavares, Jhones Luís de Oliveira, Leonardo Fernandes Fraceto e Claudia Bueno dos Reis Martinez, recém publicado pelo Boletim de Contaminação Ambiental e Toxicologia. A partir de análises em laboratório, os pesquisadores descobriram que o geraniol nanoencapsulado (nGER) pode ser uma alternativa promissora aos pesticidas sintéticos atualmente utilizados, pois combina os efeitos pesticidas do geraniol com a proteção contra a degradação ambiental proporcionada pelas nanocápsulas de zeína, proteína presente em grãos de milho.
A pesquisa é uma das poucas do Brasil a investigar os efeitos causados por alternativas aos pesticidas em anfíbios, organismos não-alvo que sofrem consideravelmente com os impactos das substâncias, conforme pontua a Dra. Claudia Bueno dos Reis Martinez, pesquisadora do INCT NanoAgro. “Essa é uma linha de pesquisa fundamental para o futuro da agricultura. Precisamos cada vez mais de soluções que respeitem o meio ambiente, e os compostos naturais, quando bem estudados, oferecem um campo vasto de possibilidades”, afirma a cientista
Além de propor uma alternativa de pesticida capaz de preservar organismos não-alvo, o estudo também destaca a importância de que a ciência avance no sentido de entender os mecanismos moleculares envolvidos na ação de substâncias naturais, reforçando o papel da nanotecnologia na potencialização de sua eficácia e seletividade.
A pesquisa é parte das atividades do INCT NanoAgro, que reúne instituições e pesquisadores de diversas áreas para fomentar a inovação no campo da agroecologia por meio da aplicação de nanotecnologia. Confira os detalhes em: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0001636.