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Tratamento de sementes com CO2 aumenta produtividade no cultivo de soja e feijão

Sementes tratadas com Dioxd

Tecnologia disruptiva desenvolvida pela startup Dioxd é alternativa eficiente e sustentável e proporciona incremento médio de 3,5 sacas por hectare

Falar que a fotossíntese é um dos processos mais importantes que ocorre na terra não é exagero. Durante essa etapa a planta permite a entrada de (gás carbônico) CO2 na folha e a liberação do (Oxigênio) O2 para o ambiente. Por outro lado, durante a respiração, ela libera CO2 para o ambiente e permite a entrada do O2. Foi exatamente observando este ciclo, em 2013, que o jovem empreendedor João Barboza, na época com 13 anos, ainda um estudante do ensino fundamental, desenvolveu um projeto muito promissor e inovador focado no uso do CO2 na agricultura.  

Inicialmente a ideia era simples, e consistia em uma mangueira subterrânea inserida próxima às raízes das plantas que liberam CO2. Observou o jovem que elas apresentavam um melhor desenvolvimento, entretanto, embora os resultados fossem satisfatórios, o custo de implementação era o gargalo limitante. Então o estudante resolveu mudar a estratégia e aplicou a técnica no tratamento da semente. E então o resultado foi surpreendente.

O estudante então não parou mais. Recebeu diversos prêmios em feiras de ciência, nacionais e internacionais como destaque em inovação, empreendedorismo e sustentabilidade até que em 2017, aos 17 anos surgiu a oportunidade de transformar o até então projeto, em uma startup. Assim fundou a Dioxd, uma empresa única no tratamento de sementes com CO2.

A partir daí Barboza se dedicou a estruturar o modelo de negócio da empresa e passou a estudar e entender o mundo das startups. Em 2019 recebeu apoio da Sociedade Rural do Paraná e posteriormente, em 2020, a Dioxd foi selecionada pela Cyklo, uma aceleradora de projetos e startups voltada para a agricultura, pecuária e agronegócios (Agritech).

“Mudei para Luís Eduardo Magalhães, no Oeste baiano, para essa imersão na Cyklo. Em nove meses validamos o nosso produto e começamos a operar comercialmente. Com ajuda da aceleradora, abrimos uma rodada de investimento e fomos alavancando o negócio”, lembrou.

Solução na prática

A tecnologia da Dioxd disponível, por enquanto, para sementes de soja e feijão, funciona de forma muito eficiente e objetiva. Para cada bag de peso médio de uma tonelada onde são armazenadas as sementes, são colocados dois equipamentos, uma espécie de sonda. Uma tem o objetivo de distribuir os gases uniformemente entre as sementes e o segundo aparelho é inserido com o objetivo de monitorar a temperatura, a concentração, a pressão e a distribuição dos gases dentro de cada bag. Essa liberação é feita durante 40 minutos.

Segundo Barboza, a tecnologia altera o processo de respiração da semente, ou seja, o O2 é expelido e as sementes são enriquecidas com CO2. Desta forma é reduzida a taxa de respiração da semente e aumenta a absorção de CO2. “Com esse processo conseguimos preservar alguns aspectos qualitativos das sementes, para que quando ela iniciar o processo de germinação, consiga produzir com mais energia. Dessa forma extraímos todo o potencial genético daquele produto no campo, melhorando o desenvolvimento de parte aérea da planta, e tudo isso acontece graças ao efeito da nossa tecnologia”, cita.

Após a aplicação de COnas sementes, se o produtor fizer o correto armazenamento dos produtos, ele tem o prazo de até 30 dias para realizar o plantio. “Nossa tecnologia não exige plantio imediato, desta forma o agricultor consegue se programar. Ele pode conservar as sementes em bags até por um mês que terá todo o potencial produtivo da semente”, detalhou o CEO.

Modelo de negócio e resultados

Atualmente a tecnologia da Dioxd está disponível para sementes de soja e feijão, mas há pesquisas avançadas para outras culturas como milho e algodão que devem entrar no portfólio da startup ainda este ano. Nos cultivos atuais, os resultados à campo têm sido muito satisfatórios e o índice de produtividade dos clientes que utilizam a tecnologia tem melhorado a cada safra.

Conforme explica Barboza, os ganhos podem variar de uma safra para outra devido ao manejo de cada propriedade, bem como a influência climática entre outros fatores. “Mas, nessa atual temporada, a gente está com um índice de 20% a mais de produtividade em relação ao ano passado. Em 2023, a média de colheita foi de 2,9 sacas de 60kg por hectare e agora estamos ampliando para 3,5 sc por ha”, destacou.

A Dioxd trabalha atualmente no modelo de negócio de prestação de serviço e tem a capacidade do tratamento de sementes com CO2 de até 400 bags por hora.  A grande vantagem do produtor é que ele não precisa fazer nenhum tipo de investimentos em equipamentos, apenas realiza a contratação e a empresa fica responsável por mobilizar equipe e os aparelhos até a fazenda, sementeira ou cooperativa.

“Realizamos os tratamentos no local mesmo e o produtor recebe a semente pronta para fazer o plantio. O investimento é muito baixo diante do retorno. Em nossa solução ele investe aproximadamente ½ saca por ha, e a tecnologia proporciona o retorno de pelo menos 3 sacas por ha”, diz o executivo.

Futuro promissor

A startup está baseada em Londrina, no Norte paranaense, além disso, possui escritório em Luís Eduardo Magalhães e também em Balsas/MA. A partir dessas três unidades, atende agricultores de todo o país. O próximo passo agora é ampliar a presença em alguns estados, como o Mato Grosso, além de novos investimentos para disponibilizar a tecnologia em sementes de outras cultivares. “Planejamos uma nova rodada de captação e também queremos investir em estrutura comercial, para aumentar o nosso market share no Brasil”, confidenciou o executivo.

A empresa também almeja se estruturar para crescimento no exterior.  Para isso já tem patente internacional de sua tecnologia. “Na América do Sul, o foco seria Argentina, Paraguai, Bolívia e Colômbia. Também queremos expandir para os Estados Unidos, México e Canadá pensando principalmente na cultura do milho”, finaliza Barboza.

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Pinus: o mais brasileiro entre os estrangeiros

Coloque o homem da esquerda mais para a direita, enquadrando-o na imagem

*Por Daniel Chies, Jose Mario Ferreira e Fabio Brun

O Brasil é mestre em melhorar o que vem de fora. O gado nelore, por exemplo, originário da Índia, tornou-se a principal raça bovina do país. A soja, hoje um dos produtos mais exportados, chegou por aqui em 1882, vindo da China. O milho veio do México, o trigo da Mesopotâmia. O Eucalipto veio da Oceania. E assim seguimos, cultivando com excelência o que um dia foi exótico.

No universo das plantas não comestíveis, o fenômeno se repete. Muitas flores e espécies ornamentais, por exemplo, que embelezam nossos jardins, são estrangeiras, mas tão queridas quanto as nativas. Quando passamos para a escala industrial, destacamos a árvore de pinus, uma estrangeira que encontrou no Brasil, especialmente na Região Sul, seu lar ideal.

O cultivo comercial do gênero Pinus começou no Brasil no final dos anos 1970, com um objetivo claro: fornecer madeira para a indústria. E deu certo. O pinus taeda, principal espécie utilizada, encontrou nas condições edafoclimáticas do Sul do país um ambiente perfeito para crescer com vigor. Graças ao melhoramento genético e à tecnologia florestal, o Brasil alcançou os melhores índices de produtividade do mundo para essa espécie.

Segundo o levantamento mais recente da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), em 2024 o país contava com 1,9 milhão de hectares de florestas plantadas de pinus. A Região Sul concentra cerca de 1,69 milhão de hectares, distribuídos entre Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

A madeira de pinus está presente em nosso cotidiano de formas que muitas vezes passam despercebidas. Ela compõe papel, caixas de papelão, móveis, portas, brinquedos, utensílios domésticos e estruturas diversas. Os pellets de madeira, por exemplo, são uma fonte de energia renovável cada vez mais utilizada globalmente.

E não para por aí. A celulose extraída do pinus é usada em cápsulas de medicamentos, na indústria alimentícia e até na automobilística. Com a nanocelulose e a lignina, surgem aplicações inovadoras: superfícies impermeáveis, essências e até pele artificial. O potencial é imenso e estamos apenas no começo.

Em um mundo que exige soluções com menor impacto ambiental, as florestas plantadas para fins industriais se mostram uma alternativa viável e estratégica. Durante seu crescimento, as árvores de pinus capturam carbono da atmosfera, que permanece sequestrado nos produtos derivados por décadas ou até séculos.

Além disso, quase toda a área plantada na Região Sul possui certificações internacionais que garantem práticas rigorosas de responsabilidade social e ambiental. As empresas do setor preservam cerca de 30% da vegetação nativa nos três estados, demonstrando compromisso com o equilíbrio ecológico.

O pinus escolheu o Sul do Brasil para prosperar e foi bem acolhido. As empresas de silvicultura da região atuam com responsabilidade e visão de futuro, adotando práticas ambientais, sociais e de governança muito antes do termo ESG se tornar tendência. Por isso, a madeira de pinus brasileira é reconhecida internacionalmente pela sua qualidade e sustentabilidade.

Essa é uma história de sucesso que começou há décadas e continua a crescer, como as próprias árvores que a protagonizam. O pinus pode não ser brasileiro de origem, mas já é parte essencial do nosso presente e, com certeza, do nosso futuro.

  • *Daniel Chies é presidente da Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), Jose Mario Ferreira é presidente da Associação Catarinense de Empresas Florestais (ACR) e Fabio Brun é presidente da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas).
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Queijos brasileiros disputam pódio global e movimentam agronegócio no Paraná

Queijos brasileiros disputam pódio global e movimentam agronegócio no Paraná

Projeto do Biopark, no Oeste paranaense, transforma leite de pequenos produtores em iguarias premiadas com apoio tecnológico e institucional — e atrai atenção internacional

Entre os dias 13 e 15 de novembro, Berna, capital da Suíça, se tornará o epicentro da alta queijaria mundial com a realização do World Cheese Awards 2025. Pela primeira vez em solo suíço, o maior concurso de queijos do mundo reunirá mais de 5 mil amostras de mais de 50 países. No meio desse seleto grupo, o Brasil tem chances reais de figurar entre os grandes — graças a um projeto paranaense que uniu inovação, capacitação rural e ciência aplicada.

Entre os queijos desenvolvidos no Laboratório de Queijos Finos do Biopark Educação, em Toledo (PR), que vão representar o Brasil no concurso, três são inéditos. A iniciativa, que há seis anos transforma leite de pequenos e médios produtores em queijos de alto valor agregado, já soma 69 medalhas em premiações nacionais e internacionais, além de cases de sucesso que chamam a atenção de investidores e formuladores de políticas públicas.

O projeto oferece consultoria integral gratuita aos produtores, desde análise do leite até desenvolvimento de identidade visual, rotulagem e acesso ao mercado. “Os produtores associados ao projeto recebem suporte técnico integral e gratuito, abrangendo desde a melhoria da qualidade do leite até a produção dos queijos, com transferência completa das tecnologias desenvolvidas no laboratório. Durante todo o período de participação, é realizado monitoramento contínuo dos padrões de qualidade, assegurando a manutenção das características e da excelência dos produtos desenvolvidos”, explica Kennidy de Bortoli, pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark Educação.

Carolina Trombini, gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do Biopark Educação, complementa: “O projeto também oferece orientação técnica para os investimentos em infraestrutura física das queijarias, com auxílio na escolha dos equipamentos e layouts mais adequados, de acordo com os objetivos e o porte de cada produtor. Além disso, há acompanhamento permanente para o fortalecimento técnico e gerencial dos negócios. São realizados encontros bimestrais que abordam temas práticos e estratégicos, como marketing digital, vendas, abertura de novos mercados e boas práticas de fabricação. Trata-se de um projeto completo: a partir do momento em que o produtor decide participar, ele passa a contar com suporte em todas as etapas desse novo empreendimento”.

Tradição com tecnologia
O projeto é resultado de uma coalizão estratégica entre o Biopark, o Biopark Educação, o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR‑PR), o Sebrae/PR, o Sistema Faep/Senar e a Prefeitura de Toledo, consolidando uma rede colaborativa que promove inovação, qualificação técnica e valorização da produção local. Juntos, eles transformam a cadeia leiteira — setor estratégico no Paraná, segundo maior produtor do país — com uma lógica de diferenciação de mercado, valorização do terroir e acesso a certificações como SIM, SUSAF e SISBI.

Com base em diagnósticos técnicos, cada produtor recebe indicações personalizadas de tecnologia queijeira conforme as características do seu leite. A diversidade é prioridade: isso favorece o surgimento de um ecossistema competitivo e sinérgico — e a formação de uma Rota de Queijos Finos na região.

Resultados concretos e potencial de expansão
Em 2024, o queijo maturado Passionata, uma tecnologia do Projeto de Queijos Finos do Biopark e produzido pela Queijaria Flor da Terra (Toledo-PR), foi eleito o melhor da América Latina e o 9º melhor do mundo no World Cheese Awards. Este ano, além de tecnologias já lançadas no mercado, três novas criações concorrem na Suíça: o Guarandu, com aroma de guaraná; o Garoa Tropical, com uso de fruta cítrica na coagulação; e o Florescer, de casca lavada e coloração ousada. Produtos que unem identidade brasileira e sofisticação gastronômica — e que já despertam o interesse de importadores e chefs europeus.
Hoje, o projeto Queijos Finos do Biopark conta com 27 produtores integrados, 26 tipos de queijos no mercado e planos de expansão estadual já em curso, com apoio do governo do Paraná.

“Conseguimos criar um modelo escalável, com baixa barreira de entrada para os produtores, retorno rápido e forte apelo de marca. Ao mesmo tempo, servimos de referência de política integrada de desenvolvimento rural, segurança alimentar e inovação tecnológica no campo”, afirma Carmen Donaduzzi, idealizadora do projeto.

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Exportações de carne de MT crescem 67% no 3º trimestre de 2025 e devem superar recorde de 2024

Exportações de carne de MT crescem 67% no 3º trimestre de 2025 e devem superar recorde de 2024

Dados do Data Hub MT mostram que o Estado exportou US$ 1,28 bilhão em carnes no terceiro trimestre, com a China respondendo por mais da metade das compras

As exportações de carne de Mato Grosso voltaram a registrar forte crescimento no terceiro trimestre de 2025, alcançando US$ 1,28 bilhão entre julho e setembro, segundo levantamento do Data Hub MT da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), com base em informações da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a pedido do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo/MT).

O desempenho inclui carnes bovinas congeladas e frescas, carnes suínas frescas, refrigeradas ou congeladas e carnes de aves e miudezas comestíveis, comercializadas com 92 países. A China manteve a liderança absoluta, representando 56,67% das importações totais do período.

Comparado ao mesmo trimestre de 2024, quando o valor exportado foi de US$ 762,74 milhões, o avanço foi de 67,4%. No acumulado de janeiro a setembro de 2025, as exportações somam US$ 2,88 bilhões, frente aos US$ 2,09 bilhões registrados no mesmo intervalo do ano anterior, uma elevação de 38%.

Entre os produtos, o valor exportado de carne bovina congelada foi de  US$ 1,64 bilhões representa 78,4% do total, carnes bovinas frescas ou refrigeradas US$ 256,8 milhões (12,2%) e as aves com US$ 146,3 milhões (7%).

A China segue como o maior comprador dos produtos com US$ 851,6 milhões (40,76%), seguido de Emirados Árabes Unidos US$ 225, 7 milhões (10,8%) e Turquia  US$ 96,4 milhões (4,6%).

Para o presidente do Sindifrigo-MT, Paulo Bellincanta, o resultado confirma a solidez do setor e a mais uma vez, a ausência de impactos do chamado “tarifaço” norte-americano sobre a carne brasileira.

“O desempenho de Mato Grosso reforça a competitividade da nossa indústria frigorífica e a confiança dos mercados internacionais na qualidade da carne produzida aqui. Mesmo com o tarifaço imposto pelos Estados Unidos, não houve qualquer reflexo nas exportações. Os números mostram que o setor segue firme, diversificado e com presença consolidada em mais de 90 países. A tendência é de fechar o ano com novo recorde histórico, superando com folga os resultados de 2024”, avaliou.

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