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Tarifas anunciadas pelos EUA ameaçam previsibilidade contratual e o equilíbrio financeiro do agronegócio

Martinelli Advogados alerta que a medida altera a base econômica de negócios construídos com margens apertadas, o que afeta diretamente contratos com cláusulas de entrega futura, preços fixados em moeda estrangeira e obrigações vinculadas a volumes mínimos e cronogramas logísticos rigidamente definidos
A entrada em vigor, a partir de 1º de agosto de 2025, da tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos, conforme comunicado oficial do presidente Donald Trump desta quarta-feira (9/7), terá efeitos comerciais e jurídicos substanciais ao País, atingindo diretamente os principais produtos das cadeias agroindustriais brasileiras, com destaque para café, carne bovina, suco de laranja, celulose e derivados de soja, todos com elevado grau de exposição ao mercado norte-americano. A análise é do Martinelli Advogados, um dos principais escritórios de advocacia do País.
Na avaliação do especialista em Direito Cível, Rodrigo Linhares Orlandini, do Martinelli, para agroindústrias, cooperativas agropecuárias e grupos exportadores organizados em cadeias verticais de produção e beneficiamento, a medida representa não apenas uma elevação abrupta dos custos operacionais, mas também uma quebra da previsibilidade contratual, comprometendo o equilíbrio financeiro de operações previamente estruturadas. “A nova carga tarifária impõe uma mudança repentina na base econômica de negócios construídos com margens apertadas, o que afeta diretamente contratos com cláusulas de entrega futura, preços fixados em moeda estrangeira e obrigações vinculadas a volumes mínimos e cronogramas logísticos rigidamente definidos.”
Ele explica que, juridicamente, trata-se de um caso típico de fato superveniente de caráter excepcional e imprevisível, que pode ensejar pedidos de revisão contratual com base na teoria da onerosidade excessiva, especialmente nos contratos regulados pelo direito brasileiro. Ainda que o contrato esteja submetido a jurisdição estrangeira, é recomendável a adoção de mecanismos negociais para revisão voluntária das obrigações, sob pena de caracterização de inadimplemento por força maior ou por impossibilidade objetiva de execução contratual.
Orlandini afirma que é importante destacar que grande parte das operações agroindustriais voltadas à exportação carece de cláusulas específicas que disciplinem alterações unilaterais de tributos por parte de países importadores, o que amplifica a insegurança jurídica das partes envolvidas. “A ausência desse tipo de previsão aumenta o risco de litígios comerciais, especialmente quando o comprador exigir o cumprimento integral do contrato, ignorando os efeitos diretos da nova tarifa sobre o fornecedor brasileiro”, destaca o especialista do Martinelli Advogados.
Além disso, no plano fiscal e regulatório, o impacto é igualmente relevante. Muitas estruturas de exportação agroindustrial utilizam regimes especiais de tributação, como o drawback, o RECOF (Regime Aduaneiro de Entreposto Industrial sob Controle Aduaneiro Informatizado), o Reintegra e os créditos presumidos de ICMS, os quais dependem da efetiva concretização da exportação para a fruição integral dos benefícios. Com a retração potencial de embarques ou redirecionamento de mercado, poderá haver perda de incentivos, necessidade de devolução de créditos ou glosa de benefícios fiscais, com efeitos contábeis e financeiros relevantes sobre o resultado do exercício.
No caso específico das cooperativas agroindustriais, Rodrigo Orlandini ressalta que a tarifa anunciada pelos Estados Unidos poderá impactar o modelo de distribuição de sobras, alterar o critério de rateio entre cooperados e comprometer contratos de parceria ou fornecimento firmados com base em preços de referência internacional. “Cooperativas que atuam como exportadoras diretas ou repassadoras de contratos precisam revisar urgentemente seus fluxos de remuneração, contratos de adiantamento sobre entrega futura e instrumentos de hedge cambial vinculados a receitas futuras em dólar.”
Ainda que exista a possibilidade de contestação da medida em fóruns multilaterais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), ou mesmo de articulação diplomática por parte do governo brasileiro, a entrada em vigor da tarifa já está formalmente estabelecida e, portanto, deve ser tratada como uma realidade jurídica. Isso significa que os efeitos incidirão diretamente sobre operações com embarques realizados a partir de agosto de 2025, motivo pelo qual o setor precisa reagir com base em dados concretos e não em expectativas políticas.
Auditorias contratuais
Diante desse cenário, recomenda-se que agroindústrias e cooperativas realizem, com urgência, auditoria contratual de suas exportações, reavaliem os termos das obrigações pactuadas com importadores norte-americanos e revisem suas estruturas de precificação, repasse e remuneração. Operações estruturadas com base em isenção tributária devem ser recalibradas, e instrumentos jurídicos que permitam a renegociação célere e segura devem ser preparados com antecedência.
“O agronegócio brasileiro alcançou sua posição de liderança mundial com base em governança, previsibilidade e capacidade de adaptação. Em um cenário de ruptura comercial como este, a antecipação técnica e a resposta jurídica estruturada tornam-se essenciais para a continuidade das operações e para a preservação da posição de mercado construída ao longo de décadas”, avalia Rodrigo Orlandini.
A tarifa imposta pelos Estados Unidos não representa apenas um novo custo logístico ou financeiro. Ela sinaliza uma inflexão no ambiente regulatório do comércio internacional do agro. Diante disso, empresas que atuam com inteligência jurídica, segurança documental e planejamento fiscal consistente estarão mais preparadas para absorver o impacto, renegociar com firmeza e consolidar sua posição mesmo em tempos de instabilidade. Neste contexto, a hesitação impõe riscos reais, e a ação técnica, tempestiva e bem fundamentada é o único caminho seguro.

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Destaque entre os principais desafios para a operação de máquinas agrícolas, a corrosão pode ser combatida com soluções industriais; entenda

A exposição constante a umidade, fertilizantes, defensivos e variações climáticas faz da corrosão um dos principais desafios para a durabilidade e a performance do maquinário
De acordo com dados recentes divulgados pela associação americana Farm Equipment Manufacturers, o processo de corrosão – que compromete a integridade de peças metálicas e acelera seu desgaste – é responsável por um custo global de mais de US$ 2,5 trilhões de dólares, o que corresponde a cerca de 3,4% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Expostas a constante umidade e variações climáticas, as máquinas agrícolas estão entre os principais equipamentos suscetíveis a serem afetados pela corrosão, o que gera prejuízos significativos a milhares de produtores rurais, tanto com manutenções corretivas quanto com a redução da vida útil do maquinário.
“Quando a gente fala de máquina agrícola, estamos falando de investimento alto. E, muitas vezes, o produtor se preocupa com manutenção mecânica, troca de óleo, mas esquece que a corrosão também é um inimigo forte. Ela acontece no silêncio, quando a gente menos percebe”, comenta.
Para enfrentar o problema, os fluidos anticorrosivos surgem como uma solução eficiente e de fácil aplicação. Esses produtos criam uma película protetiva nas superfícies metálicas, o que funciona como uma barreira contra a umidade, salinidade, agentes químicos e até a poeira, prevenindo o processo de oxidação, sem comprometer o funcionamento das peças.
Além da proteção durante o armazenamento, os fluidos anticorrosivos também podem ser aplicados em componentes sujeitos a desgaste constante, como sistemas hidráulicos, chassis e implementos de plantio e pulverização. No portfólio da Tirreno, por exemplo, os produtores encontram soluções para diferentes finalidades, como:
- HYBRID ATX-N, produto com sinergismo de atuação de agentes anticorrosivos com base hibrida, ou seja, mistura de aditivos orgânicos e inorgânicos, com estabilizantes e supressores de espuma exercendo excelente desempenho de longa duração de proteção contra corrosão em sistemas aquosos na presença de multimetais. Confira no manual do maquinário a tecnologia indicada.
- TIRROIL WB 939 O, cera protetiva para maquinários agrícolas base água, desta forma não agride pintura, nem borrachas e vedações. A ideia é a aplicação da cera entressafras no maquinário protegendo as peças contra a corrosão. Outro benefício é que, quando o maquinário for utilizado, a cera aplicada impede a aderência de novas sujidades.
- ORGANIC ATX, um produto com sinergismo de atuação de agentes anticorrosivos com base orgânica com estabilizantes e supressores de espuma exercendo excelente desempenho de longa duração de proteção contra corrosão em sistemas aquosos na presença de multimetais. Confira no manual do maquinário a tecnologia indicada.
Para conhecer essas e outras soluções, acesse o site: https://www.tirreno.com.br/.
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Frigoríficos de Mato Grosso exportam mais de 370 mil toneladas de carne no 1º semestre

Cadeia frigorífica é uma das maiores empregadoras do estado e fortalece presença nos mercados da Ásia e Oriente Médio, destaca presidente do Sindifrigo
Mato Grosso exportou 371,7 mil toneladas de carnes bovina, suína e de aves no primeiro semestre de 2025, um crescimento de 5,46% em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados são do Centro de Dados Econômicos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), com base nas informações da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
O resultado reforça a importância da indústria frigorífica como uma das maiores geradoras de emprego do estado, com aproximadamente 30 mil postos diretos e quase 100 mil indiretos em toda a cadeia produtiva.
De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Frigoríficos de Mato Grosso (Sindifrigo), Paulo Bellicanta, o setor mantém protagonismo no cenário internacional ao mesmo tempo em que sustenta milhares de famílias mato-grossenses.
“Os números mostram que o setor frigorífico de Mato Grosso está consolidado no mercado internacional, com forte presença na Ásia e no Oriente Médio. Mesmo com uma leve retração no abate de bovinos, conseguimos ampliar nossa receita graças ao bom desempenho comercial e à confiança dos compradores na nossa qualidade sanitária. Isso é reflexo de investimentos em tecnologia, rastreabilidade e profissionalização em toda a cadeia produtiva. E é importante lembrar que por trás desses dados está uma estrutura que sustenta milhares de empregos, sendo um pilar fundamental da economia mato-grossense”, destacou Bellicanta.
No segmento da carne bovina, foram exportadas 307,4 mil toneladas, o que representa uma alta de 6,1% em comparação ao primeiro semestre de 2024. A China lidera como principal destino da proteína, com 48% do volume embarcado e movimentação de US$ 719 milhões, seguida por Estados Unidos, Chile, Rússia e Egito.
A carne suína também apresentou crescimento: as exportações passaram de 13,7 mil para 15,5 mil toneladas, aumento de 12,5%. Filipinas, China, Hong Kong, Vietnã e Albânia compõem os principais mercados compradores.
Já as exportações de carne de aves sofreram leve retração de 0,62% no volume, mas mantiveram desempenho expressivo em faturamento, com destaque para Arábia Saudita (US$ 38 milhões), China (US$ 16 milhões) e Japão (US$ 9,6 milhões) como principais destinos.
Abate
Conforme dados do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea), o abate de bovinos registrou queda de 2,61% no semestre, totalizando 3,524 milhões de cabeças. Em contrapartida, o abate de suínos aumentou 3,54% (1,518 milhão de cabeças) e o de aves teve leve crescimento de 0,07%, atingindo 108,8 milhões de unidades.
“O desempenho positivo das exportações, mesmo em um cenário de oscilação de abates, confirma a competitividade da carne mato-grossense nos mercados internacionais e a capacidade da indústria de agregar valor e gerar empregos em toda a cadeia agroindustrial”, finalizou Bellicanta.
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Cuidados com mudas exigem atenção redobrada diante da previsão de geadas no Brasil

Diante de baixas temperaturas até 50% das safras podem ser comprometidas, como ocorreu em Dourados-MS, em 2021
As temperaturas negativas registradas no Brasil nos últimos dias acenderam o alerta em diversos setores da produção agrícola e da restauração ambiental. Entre os dias 24 e 26 de junho de 2025, cidades da região Sul e Sudeste enfrentaram fortes geadas, com mínimas históricas. Em General Carneiro (PR), por exemplo, os termômetros chegaram a –7,8 °C, com formação de gelo nas lavouras e até em superfícies de água. Segundo os institutos de meteorologia, o país enfrenta duas ondas de frio neste mês, com potencial de geada em áreas elevadas do Sul, Sudeste e Centro-Oeste também nas próximas semanas.
Esse cenário preocupa especialmente quem trabalha com mudas de plantas, sejam agricultores que cultivam espécies frutíferas e hortaliças, ou instituições voltadas à restauração ecológica. Isso porque a exposição ao frio intenso pode causar danos irreversíveis nas estruturas jovens das plantas, comprometendo sua sobrevivência, crescimento e produtividade futura.
No campo, culturas como café, milho, feijão e verduras estão entre as mais afetadas. As geadas queimam folhas, brotações e, em alguns casos, até raízes, reduzindo drasticamente a qualidade e o volume da produção. Já nos viveiros voltados à recuperação ambiental, como os que produzem mudas de árvores nativas da Mata Atlântica na Associação Ambientalista Copaíba, o risco é ainda mais sensível. Mudas em fase inicial de crescimento têm pouca reserva energética e baixa tolerância ao estresse térmico, o que pode resultar em perdas significativas para projetos de reflorestamento ou recuperação de áreas degradadas.
Diante desse cenário, a Copaíba, referência na produção de mudas nativas no interior de São Paulo e no sul de Minas Gerais, vêm adotando medidas emergenciais para proteger suas estruturas. “Nosso viveiro está passando por um processo de cuidados especiais como preparação para possíveis geadas. Estamos reforçando a adubação, cobrindo as mudas e monitorando as condições climáticas com mais frequência”, relata Flávia Balderi, Secretária Executiva e Coordenadora do Viveiro da Copaíba.
Flávia lista dicas práticas adotadas pela equipe da Copaíba e que podem servir de referência para agricultores e demais produtores interessados em garantir a segurança de suas mudas:
1. Adubação especial pré e pós-frente fria
Reforçar a adubação com potássio ajuda a fortalecer as paredes celulares das mudas, tornando-as mais resistentes ao congelamento. O potássio pode ser adicionado por meio de adubos minerais potássicos ou biofertilizantes. Essa prática deve ser feita com antecedência à chegada da massa de ar frio e reforçada logo em seguida.
2. Elevação dos recipientes
Mudas dispostas diretamente no solo estão mais vulneráveis às geadas. Por isso, utilizar bancadas, pallets ou estruturas elevadas reduz a transferência do frio do chão para os recipientes e apoia na proteção das plantas.
3. Monitoramento constante
Acompanhar os boletins meteorológicos com atenção é essencial. No viveiro da Copaíba, o planejamento das ações de proteção começa dias antes da geada se confirmar, o que permite ajustes preventivos em todo o espaço.
4. Proteção física com lonas e plásticos
Cobrir as mudas em fase de rustificação e fechar as laterais dos telados com lonas e plásticos ajuda a manter a temperatura interna mais elevada, criando um microclima mais estável. Essa barreira física reduz o impacto direto do frio e evita o choque térmico nas estruturas jovens das plantas.