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Pragas de armazenamento podem causar perda de até 10% dos estoques brasileiros de grãos

Além do prejuízo em quantidade, é preciso considerar as perdas qualitativas, que podem comprometer todos os grãos produzidos ou classificá-los com menor valor agregado FreePik

Além da perda na produtividade, é crucial que o produtor também leve em conta a queda na qualidade dos cultivos

Temidas pelos produtores de alimentos, pragas como o caruncho-dos-cereais e o besourinho-do-fumo são um problema grave que afetam diretamente o armazenamento após a colheita. Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e da Food and Agriculture Organization (FAO) da Organização das Nações Unidas (ONU), as perdas anuais em grãos armazenados no Brasil podem chegar a 10%.

“Além do prejuízo em quantidade, precisamos considerar as perdas qualitativas, que podem comprometer todos os grãos produzidos ou classificá-los com menor valor agregado”, observa o gerente de Assuntos Regulatórios do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), Fábio Kagi.

Tendo isso em mente, é muito importante que os produtores rurais sigam alguns protocolos de manejo integrado de pragas para evitar o problema ao conhecer o comportamento de cada uma delas, divididas entre primárias e secundárias.

“As pragas primárias atacam os grãos íntegros ou sadios, uma vez que elas perfuram o grão e se alimentam do interior – o que permite que se desenvolvam e completem o ciclo de vida – e do exterior, causando danos econômicos. Já as secundárias, ocorrem em baixas populações, e, por isso, raramente provocam danos econômicos ou exigem medidas de controle”, explica Fábio.

De acordo com o profissional, as pragas que mais afetam o armazenamento nacional de grãos são o caruncho-dos-cereais (Sitophilus zeamais) – espécie de besouro também conhecida como gorgulho dos cereais (Rhyzopertha dominica), do arroz (Sitophilus oryzae) e do milho (S. zeamais) –, o besouro castanho (Tribolium castaneum); o besourinho-do-fumo (Lasioderma serricorne) e a traça-dos-cereais (Ephestia kuehniella).

“O caruncho é considerado a principal praga de armazenamento do trigo, mas pode atacar também cevada, triticale, arroz e aveia, assim como o arroz e milho. São espécies muito semelhantes e podem ocorrer juntas na massa de grãos ou sementes de trigo, milho, arroz, cevada e triticale, tanto no campo como no armazém” detalha o gerente. “Já o besouro castanho ataca todos os tipos de cereais moídos, como farelo, rações, farinhas, fubá e grãos quebrados, defeituosos ou já atacados por outras pragas, além de raízes de gengibre, frutos secos, chocolate, nozes e grãos de leguminosas, causando sua deterioração e resultando em prejuízos à produção”, complementa.

Na soja, em específico, uma ocorrência bastante comum é a do besourinho-do-fumo. O inseto é reconhecido por perfurar as sementes e grãos e, consequentemente, afetar a qualidade do produto.

“Independentemente da praga, é essencial que o produtor entenda e identifique o que pode fazer com que ela se prolifere e afete a qualidade dos grãos e a produção com um todo. Assim, pode escolher e colocar em prática a medida de controle mais eficiente e alinhada à praga em questão”, frisa Kagi. 

Limpeza e fumigação

Antes de receber novas cargas a cada safra, é essencial que as unidades armazenadoras de grãos e de sementes estejam limpas e isentas de insetos, ácaros, fungos e roedores. Outros pontos a serem observados são a existência de ventilação e as condições de temperatura e umidade relativa adequadas para o recebimento dos cultivos.

Além da limpeza, a fumigação do espaço, como explica Kagi, pode ser feita de maneira preventiva com inseticidas inorgânicos à base de fosfeto de alumínio – precursor da fosfina – que atuam em todas as fases de desenvolvimento do inseto e têm boa penetração em locais inacessíveis às pulverizações.

Segundo o gerente do Sindiveg, durante o processo de fumigação, o calor e a umidade relativa do ar aceleram a liberação da fosfina, ocorrendo o contrário válido para o frio e ar seco. “O tempo de exposição do produto varia de acordo com as condições ambientais durante a aplicação. Assim, a temperatura de 25℃ é a ideal para realizar o processo”, destaca.

A dose a ser aplicada é medida em função do volume do lote de grãos/silos e praga-alvo. Caso o silo esteja cheio de grãos, em aplicações curativas, é recomendável nivelar a superfície onde serão depositadas as pastilhas antes de realizar a fumigação para facilitar a vedação com lona e evitar o escape do gás.

“A iniciativa, realizada com equipamentos de proteção, marca os cuidados necessários para o controle das diferentes pragas, reforçando a importância em se manter a qualidade dos grãos e a entrega de alimentos saudáveis e com todas suas características e benefícios preservados”, finaliza Kagi.

Sobre o Sindiveg

Há mais de 80 anos, o Sindiveg – Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal atua no Brasil representando o mercado de defensivos agrícolas no País, com suas 27 associadas, e dando voz legalmente à indústria de produtos de defesa vegetal em todo o território nacional. O Sindicato tem como propósito a promoção da produção agrícola de forma consciente, com o uso correto dos defensivos, bem como apoiar o setor no desenvolvimento de pesquisas e estudos científicos, na promoção do uso consciente de defensivos agrícolas, sempre respeitando as leis, a sociedade e o meio ambiente. Mais informações: www.sindiveg.com.br

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Água com tecnologia: Reflorestar inaugura módulos de irrigação 100% mecanizados para o manejo inicial de mudas na silvicultura

Água com tecnologia: Reflorestar inaugura módulos de irrigação 100% mecanizados para o manejo inicial de mudas na silvicultura

Tecnologia eleva o padrão dos manejos florestais no país. Primeiros módulos chegam no MS e em SP

No solo vermelho do município de Água Clara (MS), onde por décadas os primeiros dias de irrigação dependiam do esforço físico intenso dos colaboradores, uma nova realidade começa a ser escrita. A Reflorestar Soluções Florestais inicia a operação do primeiro módulo operacional do país com o conjunto completo de Irrigadores Mecanizados Bizmaq, marco que rompe com práticas historicamente manuais e abre caminho para uma silvicultura cada vez mais mecanizada, precisa e sustentável.

Com contrato firmado com a Suzano para operações de plantio, a Reflorestar buscou tecnologias que gerassem maior agilidade operacional, ganhos de produtividade e, sobretudo, melhores condições de trabalho para seus colaboradores. Agora, o colaborador atua em uma cabine climatizada, com controles eletrônicos que acionam o equipamento e distribuem água de forma uniforme sobre as mudas de eucalipto.

“O equipamento entrega qualidade e assertividade na quantidade de água aplicada por planta, além de transformar a experiência do colaborador. Antes, era uma atividade semimecanizada, em que o auxiliar caminhava o dia todo exposto ao sol e ao calor intenso.

Agora, é uma operação totalmente mecanizada e confortável”, explica Paulo Gustavo Souza, gerente de Silvicultura da Reflorestar. É a tecnologia a serviço do homem e da silvicultura.

Precisão e eficiência
Para essa etapa da silvicultura, a Reflorestar adquiriu cinco irrigadores mecanizados Bizmaq, sendo três destinados aos plantios no Mato Grosso do Sul e dois para o estado de São Paulo.

Os tanques têm capacidade de 10 mil litros, permitindo padronização rigorosa da lâmina d’água aplicada em cada muda.

Essa precisão reduz desperdícios e elimina a variabilidade típica da irrigação semimecanizada, em que a dosagem dependia do julgamento do auxiliar, podendo variar, por exemplo, entre 3 e 7 litros por planta.

“A mecanização garante a mesma quantidade de água para todas as mudas, com total padronização operacional. Esse é um ganho expressivo em eficiência”, reforça Gregory Barbosa, consultor de produto da Bizmaq.

Primeiros passos
A irrigação das mudas é uma etapa inicial e pontual do processo de plantio, mas sua frequência depende diretamente das características de solo e clima de cada região.

No Mato Grosso do Sul, por exemplo, região mais quente, a média é de três irrigações consecutivas, podendo chegar a cinco em períodos de maior temperatura. Já em Lençóis Paulista (SP), onde a Reflorestar também assumirá operações de plantio, o clima mais ameno permite uma média aproximada de duas irrigações.

A entrada da Reflorestar como operadora efetiva, e não apenas participante de testes, marca um avanço inédito. “É o primeiro módulo operacional com esses equipamentos no país. Outras unidades fizeram apenas testes. A Suzano, junto com a Reflorestar, vem sendo pioneira na adoção de uma silvicultura 100% mecanizada”, destaca Gregory.

Nova geração da silvicultura
A Bizmaq, referência nacional em implementos agroflorestais, acompanha de perto empresas que impulsionam a modernização do campo. Nesse movimento, a Reflorestar se destaca pela velocidade com que tem expandido sua mecanização, especialmente na silvicultura, área em que passou a atuar há cerca de dois anos.

“A Reflorestar escolheu um caminho diferente: entrar entre os maiores investindo em mecanização plena, fugindo do modelo manual tradicional. A empresa pulou etapas e hoje se coloca como case de sucesso na prestação de serviços florestais”, analisa Gregory.

Visão de futuro
A inauguração deste módulo mecanizado reafirma o compromisso da Reflorestar com um modelo operacional moderno, seguro e sustentável, em que tecnologia e cuidado com as pessoas caminham lado a lado.

Ao mecanizar uma etapa historicamente manual, a empresa eleva padrões de ergonomia, padroniza a qualidade operacional, reduz riscos e variabilidades, ganha eficiência e precisão, além de avançar na construção de uma silvicultura de alta performance.

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Cuidado coletivo com as estradas rurais: preservar a mata às margens também é proteger vias e vidas

Imagem: Freepik

Em temporada de chuvas, o colapso das vicinais ameaça produção, acesso e segurança; Associação Ambientalista Copaíba reforça que a restauração de matas ciliares e a preservação das margens são medidas práticas de prevenção e resiliência

Estimativas recentes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apontam que no Brasil há cerca de 2,2 milhões de km de vias rurais, em sua maioria não pavimentadas, e grande parte em condições precárias, o que gera prejuízos diretos ao agronegócio e às populações locais, como perdas logísticas e econômicas, além de impactar traslados em geral. Durante a temporada de chuvas, esses trechos se tornam ainda mais vulneráveis com o aumento da erosividade da chuva e o volume de precipitação agravando o assoreamento, a erosão lateral e os alagamentos que deterioram pontes, bueiros e a própria pista, problemas documentados por estudos técnicos e relatórios sobre impactos hidrometeorológicos na infraestrutura rodoviária. 

Nesse cenário, segundo a Embrapa as matas que margeiam rios e córregos (matas ciliares) assumem o papel de “freios naturais”, reduzindo a velocidade do escoamento superficial, facilitando a infiltração da água no solo e diminuindo o volume de sedimentos carregados para os cursos d’água, processos que, em conjunto, atenuam enchentes localizadas e o assoreamento de pontos críticos sob estradas e pontes. Relatórios e pesquisas da Embrapa sobre erosividade esclarecem que, onde a cobertura vegetal é preservada, o risco de enxurradas e cortes de pista cai sensivelmente durante eventos de chuva intensa. 

A Associação Ambientalista Copaíba, com atuação desde 1999 na restauração de matas nativas e recuperação de nascentes na região de Socorro (SP) e bacias vizinhas, tem mostrado na prática os benefícios da recuperação de margens. Em relatos de projetos, a coordenadora Ana Paula Balderi observa que áreas restauradas começam, em poucos anos, a “proteger o solo e o entorno das nascentes” e a “servir como obstáculo ao escoamento das enxurradas”, reduzindo a velocidade da água e favorecendo a infiltração, efeito diretamente ligado à menor incidência de erosão nas proximidades de estradas rurais. 

A Copaíba registra projetos de restauração que já cobrem centenas de hectares e enfatiza a necessidade de políticas públicas e engajamento comunitário para ampliar essa ação. Especialistas ouvidos pela entidade e estudos técnicos convergem em ações concretas que unem conservação ambiental e manutenção de infraestrutura: (1) manter ou recuperar faixas de vegetação nas margens de córregos e nascentes; (2) planejar bueiros e sistemas de drenagem considerando aumento de volume de chuva; (3) evitar desmatamentos e compactação de solo próximos às vias; (4) articular programas municipais e estaduais de manutenção periódica das vicinais com iniciativas de restauração florestal nas bacias. 

Quando proprietários rurais, prefeituras e ONGs atuam em conjunto, os benefícios são múltiplos, como redução de estragos nas estradas, menor custo de manutenção e maior segurança para quem depende dessas vias. Assim, a conservação das margens e a restauração de matas ciliares não são apenas causas ambientais: são investimentos em infraestrutura natural que protegem estradas, safra e pessoas, especialmente em períodos de chuvas intensas. 

Nesse sentido, a recomendação da Copaíba é clara: políticas públicas integradas, incentivos à restauração e ações comunitárias são caminhos para transformar áreas de risco em corredores resilientes e, desse modo, reduzir paradas, prejuízos e riscos nas estradas rurais.

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Mapeamento inédito revela poder do amendoim no Brasil

Imagem: Freepik

Estudo da ABEX-BR quantifica a cadeia do amendoim e confirma: Brasil é o 3º mais eficiente do mundo em produtividade

A Associação Brasileira do Amendoim (ABEX-BR) anuncia o lançamento do livro “Mapeamento e Quantificação da Cadeia do Amendoim Brasileiro”, o primeiro estudo no país a oferecer um raio-x completo do setor, desde o produtor até o exportador, com dados inéditos da safra 2024/2025.

O evento de lançamento será realizado no dia 3 de dezembro, às 14h, em Ribeirão Preto/SP, e marcará a disponibilização de informações que comprovam a relevância da leguminosa no cenário nacional.

Um dos destaques da pesquisa revela que o setor movimentou um faturamento total de R$ 18,6 bilhões no último ano, consolidando o amendoim como um player de grande porte e de alto impacto socioeconômico para o país.

“Este mapeamento é um divisor de águas para toda a cadeia. Pela primeira vez, temos uma visão completa e quantificada do nosso impacto. Com R$ 18,6 bilhões em faturamento, a importância do amendoim ultrapassa o campo e chega à mesa de negociação de grandes instituições. Temos dados concretos para guiar investimentos, estruturar linhas de crédito e influenciar políticas públicas que sustentem a nossa eficiência produtiva, que já é a 3ª maior do mundo”, afirma Cristiano Fantin, presidente da ABEX-BR.

Um raio-x socioeconômico para o desenvolvimento setorial
O estudo vai além dos números de produção. Ele compila dados socioeconômicos detalhados que interessam não só ao público em geral – que acompanha a geração de riqueza e emprego – mas, principalmente, a órgãos reguladores, ao setor financeiro e ao mercado de seguros.

O livro oferece uma visão completa da safra 2024/2025 e servirá como base fundamental para o poder público, setor financeiro e de seguros na hora de regular a produção, formatar linhas de crédito e oferecer garantias de safra com precisão.

“Com este livro, a ABEX-BR cumpre seu papel de levar ciência e inteligência para todos os elos da cadeia, do produtor ao beneficiador. Esta é a nossa ferramenta para falar ‘para dentro’ do setor e ‘para fora’, com o governo, mostrando a capacidade de geração de valor, emprego e renda que o amendoim tem. É um setor que mais que triplicou o volume de produção na última década e precisa de informações à altura do seu crescimento”, conclui Cristiano Fantin.

O livro “Mapeamento e Quantificação da Cadeia do Amendoim Brasileiro” foi financiado pelo Núcleo de Promoção e Pesquisa (NPP) da ABEX-BR e estará disponível para download durante seu lançamento. A pesquisa foi realizada pela Markestrat, consultoria especializada em agronegócio.

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