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Fungo pode ser usado para controlar pragas na produção de bananas
Pesquisas de laboratório desenvolvem microrganismos capazes de fazer o controle biológico do inseto que infecta as bananeiras e reduz a produção; técnica pretende ser uma alternativa ao uso de agrotóxicos
O uso de fungos selecionados pode ser uma alternativa para o controle biológico do moleque-da-bananeira, um tipo de inseto que provoca uma das pragas mais frequentes na produção de bananas. A técnica, que evitaria a aplicação de agrotóxicos, está sendo pesquisada em laboratórios da Universidade Tiradentes (Unit), do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP) e da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro). O estudo é tema de uma dissertação de mestrado que será defendida em janeiro de 2025 no Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Industrial (PBI), da Unit, e se debruça sobre a seleção, melhoramento e aplicação de fungos entomopatogênicos, isto é, que causam doenças em insetos.
O objetivo é controlar a proliferação do Cosmopolites sordidus, um besouro de cor preta que é conhecido mundialmente por ser uma das principais pragas da cultura da banana. Sua incidência ocorre em praticamente todos os países onde ela é produzida, afetando todas as variedades do fruto. Os danos causados pela praga provocam uma redução de produtividade do bananal, que pode variar de 30% a até 80% em determinadas variedades. Os sintomas do ataque do moleque-da-bananeira são o desenvolvimento limitado das plantas, o surgimento de folhas amareladas e secas, ausência de frutificação, cachos mais leves e bananas mais curtas e/ou finas, ou seja, fora do padrão comercial.
“Este inseto causa danos no rizoma da planta, que é parte da planta localizada embaixo da terra, onde saem as raízes. A fêmea adulta do inseto coloca os seus ovos no rizoma, onde eclodem as larvas; estas abrem galerias de forma ascendente na planta. Os danos das larvas permitem a entrada de patógenos na planta. As galerias abertas pelas larvas desta praga debilitam as plantas e as deixam mais suscetíveis ao tombamento. Em plantas mais jovens, ocorre a morte da gema apical e a paralisação do seu crescimento”, explica Marcelo da Costa Mendonça, professor do PBI/Unit.
Além de coordenar a pesquisa, Marcelo é o orientador da dissertação de mestrado, que está sendo produzida pelo pesquisador Lucas Jefferson Santos Barboza. Ele é aluno de mestrado do PBI e já atuava no desenvolvimento de técnicas para otimização da produção de fungos entomopatogênicos. Ele explica que o objetivo da atual pesquisa é selecionar exemplares isolados de fungos encontrados no próprio ambiente natural, avaliando o potencial de patogenicidade e virulência destes microrganismos para adoentar e matar o moleque-da-bananeira, promovendo seu consequente controle biológico.
“O estudo apresenta uma alternativa sustentável para a sociedade, mostrando que é possível utilizar as ferramentas fornecidas pela natureza. Ele contribui para o avanço das pesquisas agrárias sobre controle biológico de pragas e doenças, reduzindo o uso de pesticidas, evitando a contaminação dos frutos e preservando a saúde dos trabalhadores rurais”, diz Lucas.
Mendonça acrescenta que a pesquisa, ao buscar um método biológico para o controle da praga, segue a tendência mundial de redução da utilização de agrotóxicos e inseticidas químicos no controle de pragas e doenças nas diferentes culturas. “Vários motivos reforçam essa tendência de reduzir a aplicação de inseticida químico nas lavouras, incluindo a contaminação ambiental, as doenças causadas pela intoxicação com esses produtos, o desequilíbrio ambiental com a morte de organismos benéficos, a presença de resíduos químicos dos agrotóxicos em frutas e verduras, entre outros”, elenca.
A pesquisa
Os trabalhos da pesquisa começaram há pouco mais de um ano e meio, a partir da demanda de um pequeno agricultor que procurou o professor Marcelo após um treinamento, para tirar dúvidas sobre uma praga de insetos que estava infestando as bananeiras plantadas em seu sítio, no povoado Adique, em Malhador (agreste de Sergipe). A partir de uma visita ao local, foi constatado que o bananal estava infestado pelos insetos e pelas larvas. Vários deles foram colhidos para a realização de etapas da pesquisa, que ocorreram no Laboratório de Biologia Molecular (LBMol), do ITP; no Laboratório de Controle Biotecnológico de Pragas (LCBiotec), ligado à Emdagro e ao SergipeTec.
Na primeira, uma seleção foi feita a partir do banco de fungos entomopatogênicos do LCBiotec, no qual alguns agentes causadores de patógenos foram testados nos besouros que eram coletados no sítio de Firmino. Um destes fungos provocou 100% de mortalidade dos insetos em laboratório. A partir daí, ocorreram outras duas etapas de laboratório da pesquisa, que definiram a estrutura física produzida pelo microorganismo e sua concentração letal média, de modo a otimizar a sua eficácia de ação.
Atualmente, acontece a quarta etapa da pesquisa, na qual é testada a forma de aplicação do fungo para o controle da praga, usando plantas de banana cultivadas em uma estufa agrícola. “Após os testes em laboratório, o isolado será aplicado em campo, e será realizada uma avaliação do fluxo populacional do inseto na propriedade. Quando o fungo entra em contato com o hospedeiro (o moleque-da-bananeira), ele é transmitido para outros indivíduos, já que esses insetos possuem um hábito social. Assim, o fungo infecta os demais, promovendo o controle da população”, afirma Lucas.
A partir da confirmação dos resultados e da aprovação junto às instâncias regulatórias, o método de controle natural poderá ser aplicado nas propriedades infestadas pela praga. A expectativa é de que o conhecimento produzido na pesquisa seja transferido para empresas e instituições produtoras de bioinsumos agrícolas, que tenham a capacidade de produzir a tecnologia em escala e fazê-la chegar aos produtores orgânicos de frutas e outros produtos agrícolas.
“Estes produtores são impedidos de utilizar métodos químicos para o controle de pragas, e, muitas vezes, ficam suscetíveis a perdas de produção em suas lavouras por falta de opção para manejar os danos fitossanitários nas culturas agrícolas. Para a pesquisa científica o formato de desenvolvimento do projeto é muito significativo, pois estamos atendendo uma demanda direta, um problema de um produtor, cujo a solução poderá atender muitos outros produtores de banana da região, sendo estes produtores orgânicos ou convencionais”, argumenta Mendonça.
Destaque
Brasil alcança 3º lugar mundial em produtividade de amendoim com 3,8 toneladas por hectare
Mapeamento inédito da ABEX-BR revela que tecnologia de precisão e rotação de culturas impulsionaram crescimento de 300% na produção em uma década
Com o lançamento do livro “Mapeamento e Quantificação da Cadeia do Amendoim Brasileiro”, a Associação Brasileira do Amendoim (ABEX-BR) reforça os dados que posicionam o Brasil entre as maiores potências mundiais do agronegócio: o país é o 3º mais eficiente do mundo em produtividade média de amendoim, atingindo 3,8 toneladas por hectare.
O mapeamento, que revela um faturamento total de R$ 18,6 bilhões na cadeia produtiva, demonstra que o crescimento não é apenas em volume, mas em excelência técnica. A produção brasileira mais que triplicou entre as safras 2014/2015 e 2024/2025, avanço diretamente ligado à adoção de tecnologia no campo.
“A alta produtividade, que nos coloca lado a lado com países como China e Estados Unidos, é um atestado da qualidade da nossa pesquisa e da capacidade do produtor brasileiro de aplicar inovações. Temos mais de 64% dos produtores utilizando agricultura de precisão, o que garante melhor aproveitamento do solo e maior rentabilidade. Este é o futuro sustentável do agronegócio”, explica Cristiano Fantin, presidente da ABEX-BR.
O estudo da ABEX-BR mostra que a eficiência se estende à gestão da cultura. O amendoim, enquanto leguminosa, é peça-chave na rotação de culturas, pois realiza a fixação biológica de nitrogênio no solo. Essa característica melhora a saúde da terra para plantios subsequentes, reduzindo a necessidade de fertilizantes e os custos para o produtor.
Além disso, o livro detalha o modelo de “desperdício zero” da cadeia:
• Exportação e Qualidade: O rigor no controle de qualidade (incluindo o manejo de aflatoxinas) permitiu que o Brasil se tornasse o 2º maior exportador mundial de óleo de amendoim e o 4º em amendoim em grão, atendendo mercados globais exigentes.
• Aproveitamento Integral: Subprodutos do processamento, como farelo e torta, são ricos em proteína e essenciais para a nutrição animal. Já a casca, que representa 20% a 25% do peso colhido, é convertida em pellets para biomassa e geração de energia.
Expansão e Diversificação Regional
Outro ponto de destaque é a diversificação geográfica da produção. O mapeamento revela crescimento de mais de 200% da área plantada em estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.
“O amendoim está se consolidando como cultura de segunda safra altamente rentável em novas fronteiras agrícolas. Essa expansão não só dilui os riscos climáticos e geográficos, mas também reafirma a versatilidade do amendoim no planejamento agrícola do país. Com os dados deste livro, temos a inteligência necessária para planejar a infraestrutura e o financiamento que essa nova geografia de produção exige”, conclui Cristiano Fantin.
O “Mapeamento e Quantificação da Cadeia do Amendoim Brasileiro” foi financiado pelo Núcleo de Promoção e Pesquisa (NPP) da ABEX-BR e já está disponível para consulta.
Destaque
Selgron leva tecnologia de ponta em seleção de grãos para road show no Centro-Oeste
Demonstrações itinerantes aproximam clientes e demais interessados das soluções que aumentam a produtividade e a qualidade de indústrias ligadas ao agronegócio
A Selgron, empresa catarinense especializada em automação para os setores agrícola e alimentício, está realizando um road show em Goiás e no Distrito Federal, apresentando suas tecnologias diretamente a produtores e empresas de grãos. Entre 1 e 5 de dezembro, Goiânia, Goianira, Rio Verde, Jataí e Brasília recebem as demonstrações itinerantes.
O destaque da iniciativa são as selecionadoras ópticas da marca, equipamentos que utilizam tecnologia avançada, dentre elas inteligência artificial, para garantir precisão e eficiência na classificação de grãos como feijão, soja, arroz e milho. Segundo Diogo Augusto Hank, coordenador de vendas da Selgron, a proposta é aproximar a tecnologia da realidade dos produtores.
“Levar nossas soluções para testes em campo permite que os clientes vejam na prática como elas podem reduzir perdas e aumentar a padronização da produção, identificando qual a melhor solução se aplica às suas necessidades”, explica Hank.
Com duas selecionadoras em operação, o road show tem atraído a atenção de agricultores e empresas da cadeia produtiva, oferecendo uma oportunidade de conhecer recursos que impactam diretamente a qualidade dos grãos e a competitividade do agronegócio na região.
Destaque
Myriota lança HyperPulse™, a primeira rede comercial 5G Satelital (Não Terrestre) do mundo, projetada para IoT
Amplamente disponível no Brasil a partir de 15 de dezembro, o serviço proporciona novas oportunidades para indústrias críticas como agricultura, energia e serviços públicos, óleo e gás, logística e monitoramento ambiental
A Myriota, líder global em conectividade IoT habilitada por satélite, anuncia hoje a disponibilidade geral da HyperPulse, uma plataforma de conectividade global e altamente escalável que simplifica para parceiros da indústria a criação, implantação e expansão de soluções IoT em qualquer lugar do planeta. A rede estará disponível a partir de 15 de dezembro no Brasil, Estados Unidos, México, Austrália e Arábia Saudita. Disponível desde o início do ano para early adopters, a solução já atende clientes de diversos segmentos, com ampla aplicação em monitoramento ambiental, monitoramento de óleo e gás, rastreamento de ativos e rastreamento de animais.
A HyperPulse é projetada e operada pela Myriota, combinando a arquitetura 5G NTN da empresa com capacidade em banda L alugada da Viasat. A camada exclusiva de otimização da rede permite ajustar dinamicamente o desempenho da conectividade, como latência e volume de dados, em resposta à demanda do cliente ou a condições ambientais. O resultado é uma plataforma global e altamente escalável que torna simples para parceiros de indústria criar, implantar e expandir soluções IoT em qualquer lugar do mundo.
No Brasil, a HyperPulse deve desempenhar um papel transformador em indústrias que exigem conectividade contínua e confiável em áreas remotas e de difícil acesso. A solução viabiliza casos de uso como monitoramento e automação para grandes operações agrícolas; manutenção preditiva e preventiva para infraestrutura de transmissão de energia e sites de energia renovável; monitoramento remoto para produção de óleo e gás e oleodutos; rastreamento logístico e transporte multimodal; e coleta avançada de dados ambientais, incluindo recursos hídricos, estações meteorológicas e iniciativas de sustentabilidade. Essas capacidades são críticas para um país de vasta extensão territorial, cadeias de suprimentos complexas e forte dependência de operações de campo remotas.
Com a expansão planejada da cobertura NTN para outros países da América Latina, incluindo Argentina, além da Europa e Sudeste Asiático no início de 2026, a Myriota está pronta para redefinir a acessibilidade e o alcance da conectividade IoT globalmente.
Complementando o serviço UltraLite da Myriota, focado em máxima eficiência energética, segurança e eficiência espectral, o HyperPulse oferece menor latência e maiores franquias diárias de dados. Esses recursos possibilitam aplicações onde relatórios mais detalhados e sensoriamento enriquecido são vantajosos, incluindo rastreamento e monitoramento de equipamentos pesados, contêineres, vagões ferroviários e carretas; medição inteligente para utilities; sensoriamento ambiental para estações meteorológicas, qualidade do solo, ar e água; e manejo animal, incluindo cercamento virtual, otimização de alimentação e monitoramento remoto.
Construída com base nos padrões 3GPP 5G NTN e utilizando a infraestrutura de satélites comprovada da Viasat, a HyperPulse oferece interoperabilidade contínua com um número crescente de chipsets e dispositivos NTN-capazes, fornecendo um caminho alinhado a padrões para implantação de longo prazo e escalabilidade global. A empresa já certificou o módulo nRF9151 da Nordic em diversos casos de uso, cenários e ambientes, com certificações adicionais de outros fornecedores em andamento.
Reconhecendo que soluções IoT modernas exigem mais do que apenas uma conexão de rede, a Myriota também está lançando um conjunto de produtos de habilitação para apoiar seu ecossistema de parceiros na integração e desenvolvimento de soluções para a rede HyperPulse. Junto com o serviço, chega o primeiro desses recursos, o HyperPulse Developer Kit, que suporta prototipagem rápida e validação de prova de conceito, e foi projetado para uso em campo, com invólucro à prova de intempéries, operação por bateria e múltiplas opções de sensores e interfaces.
“Com a HyperPulse, estamos tornando a conectividade 5G não terrestre uma realidade prática para IoT em escala”, afirma Oscar Delgado, Diretor de Vendas para a América Latina na Myriota. “Ao oferecer maior volume de dados, menor latência e cobertura baseada em padrões, a HyperPulse dá às organizações a capacidade de rastrear e monitorar ativos, obter insights e tomar decisões, mesmo nos ambientes mais remotos e desafiadores. Com um roadmap de novos recursos chegando no próximo ano, este é um passo empolgante para a conectividade IoT em todo o mundo.”
