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Estudo aprofunda variáveis na rentabilidade e vê milho e soja ganhando espaço da cana em Quirinópolis (GO)
Pesquisa encomendada pela ADEAGRO aponta defasagem no pagamento e valores pagos abaixo da média CONSECANA/SP como sinais de risco para a produção de cana na região
A segunda parte do estudo inédito encomendado pela ADEAGRO (Associação dos Defensores do Agro) sobre a viabilidade econômica da produção de cana-de-açúcar em Quirinópolis e região (GO), aprofunda sua análise na rentabilidade canavieira nos últimos dez anos e no crescimento de outras culturas como alternativa aos baixos preços pagos aos produtores do setor. “Esta pesquisa nos ajuda a entender o que está acontecendo na nossa região para reivindicarmos ações e definirmos iniciativas que permitam a continuidade da atividade canavieira, que vemos hoje como ameaçada”, Elizabeth Alves, presidente da ADEAGRO.
A rentabilidade negativa da produção canavieira é o ponto de partida dessa parte da análise. De acordo com fontes da ADEAGRO, o custo médio anual, para 5 anos de corte de cana-de-açúcar, estava na faixa de R$ 11,9 mil/ha em 2024. A remuneração da terra representa R$ 2,7 mil reais por hectare, enquanto a remuneração do capital está em torno de R$ 600 por hectare, somando um custo total de R$ 15,2mil/ha. Para os analistas, considerando os custos de produção fornecidos pela ADEAGRO, a rentabilidade para Quirinópolis fica negativa, variando de R$ -0,33 mil/ha, para quem recebe o preço do Consecana SP, a R$ -4,76 mil/ha para quem recebe o valor mínimo praticado por usinas da região, na safra 24/25.
Houve, também, um descolamento dos valores pagos de Açúcar Total Recuperável (ATR) nas duas últimas safras, Na comparação entre Quirinópolis e Rio Verde (onde há usinas remunerando através do valor do Consecana/SP) para a safra 2021/2022, a estimativa de ambas foi de R$ 1,18/kg de ATR. A partir de 2022/2023, o valor pago a Quirinópolis caiu para R$ 1,09/kg de ATR, enquanto o CONSECANA/SP registrou R$ 1,17/kg de ATR. Na Safra 2023/2024, a diferença se aprofunda, com R$ 0,84/kg de ATR pago a Quirinópolis, contra R$ 1,20/kg de ATR pagos pelo CONSECANA/SP à região vizinha – uma variação que chega a 42%.
“A rentabilidade para nossa região está, consideravelmente, inferior em comparação aos produtores que recebem a tabela cheia do Consecana/SP. Sempre houve uma variação mínima, mas nas duas últimas safras esse valor foi fortemente reduzido, especialmente pelo impacto da ausência de produtos que poderiam ser produzidos pelas usinas da região, como o açúcar, por exemplo, impactando no mix de pagamentos das unidades industriais que optam pela produção de etanol. Produzimos matéria-prima e a decisão sobre o que será produzido na agroindústria não passa por nós, porém, somos afetados por essas decisões estratégicas, não me parece justo”, analisa Elizabeth.
Soja e milho ganham espaço
Com a queda na rentabilidade da cana-de-açúcar, outras culturas tornam-se mais atrativas para os produtores rurais da região. Entre elas, destacam-se o milho e a soja.
A produção de milho em Goiás cresceu 88% nos últimos 10 anos, atingindo 14,5 milhões de toneladas. Já a região de Quirinópolis teve um incremento de produção superior à média do estado, com alta de 123% no mesmo período. A rentabilidade do milho está bastante atrelada com o valor de comercialização da saca. Na safra 2020/21, os preços do grão chegaram a patamares recordes (R$ 92/saca), mas atualmente a rentabilidade está na faixa de R$ 600 por hectare. Ainda assim, a rentabilidade na safra 2023/2024 é de 4%.
Já a soja – principal cultura do estado de Goiás – segue em crescimento contínuo, com alta de 54% da área plantada nos últimos 10 anos. Segundo o estudo, no mesmo período, a região de Quirinópolis apresentou crescimento superior a 80% em área plantada e 166% em produção de soja, com alta expressiva no último ano. Mesmo com a queda no preço das sacas nos últimos quatro anos, a rentabilidade da produção acumula 10 anos de números positivos, com 28% na safra 2023/2024 – cerca de R$ 2,01 mil/ha.
“Assim como o milho, a rentabilidade da soja acompanhou os valores de mercado, tornando essas duas culturas mais atraentes para alguns produtores de algumas regiões de Quirinópolis do que a cana-de-açúcar. Por isso, a missão da ADEAGRO é informar seus associados e o mercado, com estudos como esse, o que está ocorrendo por aqui e os motivos pelos quais a cultura canavieira está ameaçada. Queremos maior representatividade junto às entidades representativas ligadas ao setor para debater uma melhor remuneração aos agricultores e, assim, manter viva a produção de cana na nossa região”, finaliza a presidente da associação.
Destaque
Alimentos devem puxar inflação e apertar orçamento das famílias em 2026, aponta estudo Macro 2026 da Agência Vertical
Com alta de preços em itens essenciais e renda perdendo ritmo, estudo aponta que o consumidor deve entrar no próximo ano mais sensível a preços e com menor margem para compras no varejo alimentar
A inflação dos alimentos deve ser um dos principais vetores de pressão sobre o orçamento das famílias em 2026. A conclusão faz parte da Macro 2026, produzida pela Vertical, agência brasileira especializada em inteligência de mercado e comportamento do consumidor. O levantamento indica sinais simultâneos de desaceleração da renda, aumento do custo de vida e endividamento elevado — combinação que reduz a margem de consumo e coloca o preço da comida no centro das decisões diárias. Segundo o estudo, 79,5% das famílias estão endividadas, 1 em cada 3 tem contas em atraso e apenas 7,3% reúne condições de regularizar pagamentos. Hoje, 29,6% da renda mensal é destinada exclusivamente ao pagamento de dívidas.
“O que conseguimos identificar na pesquisa é que há um descompasso crescente entre renda, preços e capacidade de consumo. Mesmo com algum avanço do emprego e da massa salarial, o orçamento chega mais pressionado, e isso muda completamente a forma como o consumidor decide, prioriza e corta gastos”, afirma Felipe Manssur Santarosa, fundador da Vertical.
Inflação dos alimentos deve ganhar força
A pressão inflacionária prevista para 2026 tem origem principalmente em fatores produtivos e climáticos. O arroz, um dos itens mais consumidos do país, deve registrar queda de cerca de 6,5% na safra em relação a 2025, por redução de área plantada e produtividade. O feijão deve recuar 1,3%, mantendo oferta suficiente, mas com pressão moderada nos preços.
No caso das proteínas, o ciclo de abate de fêmeas observado nos últimos anos deve reduzir a oferta de boi gordo e pressionar o preço da carne bovina. Frango e suíno tendem a ganhar espaço como alternativas de menor custo. O fenômeno La Niña, previsto com intensidade no início do ano, deve elevar preços de batata, tomate, cebola e hortaliças.
Entre 2022 e 2025, o IPCA acumulado nos grupos de alimentação e habitação teve variações que atingiram patamares isolados entre 22,4% e 24,8%, com picos de 33,8% e 34,9%, reforçando o caráter persistente das altas.
“Os dados mostram que a pressão virá de itens essenciais, justamente aqueles que compõem a base da alimentação. Isso afeta diretamente a previsibilidade do orçamento das famílias, sobretudo nas classes mais sensíveis a variações de preço”, diz Santarosa.
Consumo começa a recuar após anos de estabilidade
Os indicadores da CNC mostram que o consumo já dá sinais de retração, com queda nos três principais componentes analisados: o nível de consumo atual passou de 103,2 para 101,2; a perspectiva de consumo, de 104,8 para 102,4; e a comparação com o mesmo mês do ano anterior caiu de 89,8 para 88,1. Segundo executivos do varejo ouvidos no estudo, mesmo com algum aumento de renda chegando às classes C, D e E, o poder de compra disponível é menor, e a demanda se torna mais sensível a variações de preço.
PIB segue positivo, mas renda perde fôlego
A atividade econômica mantém expansão moderada. O PIB avançou 2,9% no primeiro trimestre e 2,2% no segundo trimestre de 2025 na comparação com 2024. A massa de rendimento mensal real deve chegar a R$ 3,495 trilhões em 2025 — acima dos R$ 3,084 trilhões de 2022 —, mas a percepção de melhora da renda para os próximos seis meses caiu de 8,7% (2022) para 5,6% (2025).
O mercado de trabalho contribui positivamente, com 924.675 novos postos formais em 2025 e saldo líquido de 1,716 milhão entre admissões e desligamentos. Ainda assim, 38% da força de trabalho segue na informalidade, embora esse índice esteja em queda desde 2022. As diferenças salariais permanecem significativas: trabalhadores informais recebem entre 23% e 56% menos que os formais, dependendo da categoria.
Os dados da PEIC mostram que 79,5% das famílias brasileiras estão endividadas e comprometem 29,6% da renda com dívidas. Um terço dos lares tem contas em atraso, que representam 48,1% do rendimento anual médio. Para os consumidores, cada decisão de compra passa por mais renúncia e menos margem de manobra.
O estudo destaca ainda o impacto da mudança demográfica: até 2050, a população com 65 anos ou mais passará de 10% para 27% do total. Isso significa que o Brasil terá apenas duas pessoas em idade ativa para cada idoso, alterando a estrutura de consumo, previdência e produtividade.
Eventos de 2026 devem deslocar picos de consumo
O ano eleitoral deve conviver com um calendário que costuma alterar padrões de gasto. Nove dos dez feriados nacionais cairão em dias úteis; a Copa do Mundo — maior edição da história, com 104 jogos — ocorrerá entre 11 de junho e 18 de julho; e as eleições serão realizadas em 4 de outubro (1º turno) e 25 de outubro (2º turno). Esses fatores tendem a produzir alternância entre meses de maior movimento no comércio e períodos de retração.
“O estudo nasce da necessidade de olhar o consumidor com precisão e sem atalhos”, explica Felipe Manssur Santarosa. “Depois de uma década estudando e atuando no varejo, aprendi que decisões sólidas dependem de dados completos, não de percepções internas. O que fazemos aqui é organizar essas informações para que as empresas entendam, de fato, como o cliente pensa e se comporta — e possam reagir a isso com mais clareza”, completa.
Sobre a pesquisa
A Macro 2026 utiliza dados do IBGE, Bacen, CNC, NOAA, CONAB, TSE, FIFA e Boletim Focus, consolidando indicadores macroeconômicos, demográficos e de comportamento do consumidor para 2026. O estudo é produzido pela Vertical.
Destaque
Brasil alcança 3º lugar mundial em produtividade de amendoim com 3,8 toneladas por hectare
Mapeamento inédito da ABEX-BR revela que tecnologia de precisão e rotação de culturas impulsionaram crescimento de 300% na produção em uma década
Com o lançamento do livro “Mapeamento e Quantificação da Cadeia do Amendoim Brasileiro”, a Associação Brasileira do Amendoim (ABEX-BR) reforça os dados que posicionam o Brasil entre as maiores potências mundiais do agronegócio: o país é o 3º mais eficiente do mundo em produtividade média de amendoim, atingindo 3,8 toneladas por hectare.
O mapeamento, que revela um faturamento total de R$ 18,6 bilhões na cadeia produtiva, demonstra que o crescimento não é apenas em volume, mas em excelência técnica. A produção brasileira mais que triplicou entre as safras 2014/2015 e 2024/2025, avanço diretamente ligado à adoção de tecnologia no campo.
“A alta produtividade, que nos coloca lado a lado com países como China e Estados Unidos, é um atestado da qualidade da nossa pesquisa e da capacidade do produtor brasileiro de aplicar inovações. Temos mais de 64% dos produtores utilizando agricultura de precisão, o que garante melhor aproveitamento do solo e maior rentabilidade. Este é o futuro sustentável do agronegócio”, explica Cristiano Fantin, presidente da ABEX-BR.
O estudo da ABEX-BR mostra que a eficiência se estende à gestão da cultura. O amendoim, enquanto leguminosa, é peça-chave na rotação de culturas, pois realiza a fixação biológica de nitrogênio no solo. Essa característica melhora a saúde da terra para plantios subsequentes, reduzindo a necessidade de fertilizantes e os custos para o produtor.
Além disso, o livro detalha o modelo de “desperdício zero” da cadeia:
• Exportação e Qualidade: O rigor no controle de qualidade (incluindo o manejo de aflatoxinas) permitiu que o Brasil se tornasse o 2º maior exportador mundial de óleo de amendoim e o 4º em amendoim em grão, atendendo mercados globais exigentes.
• Aproveitamento Integral: Subprodutos do processamento, como farelo e torta, são ricos em proteína e essenciais para a nutrição animal. Já a casca, que representa 20% a 25% do peso colhido, é convertida em pellets para biomassa e geração de energia.
Expansão e Diversificação Regional
Outro ponto de destaque é a diversificação geográfica da produção. O mapeamento revela crescimento de mais de 200% da área plantada em estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.
“O amendoim está se consolidando como cultura de segunda safra altamente rentável em novas fronteiras agrícolas. Essa expansão não só dilui os riscos climáticos e geográficos, mas também reafirma a versatilidade do amendoim no planejamento agrícola do país. Com os dados deste livro, temos a inteligência necessária para planejar a infraestrutura e o financiamento que essa nova geografia de produção exige”, conclui Cristiano Fantin.
O “Mapeamento e Quantificação da Cadeia do Amendoim Brasileiro” foi financiado pelo Núcleo de Promoção e Pesquisa (NPP) da ABEX-BR e já está disponível para consulta.
Destaque
Selgron leva tecnologia de ponta em seleção de grãos para road show no Centro-Oeste
Demonstrações itinerantes aproximam clientes e demais interessados das soluções que aumentam a produtividade e a qualidade de indústrias ligadas ao agronegócio
A Selgron, empresa catarinense especializada em automação para os setores agrícola e alimentício, está realizando um road show em Goiás e no Distrito Federal, apresentando suas tecnologias diretamente a produtores e empresas de grãos. Entre 1 e 5 de dezembro, Goiânia, Goianira, Rio Verde, Jataí e Brasília recebem as demonstrações itinerantes.
O destaque da iniciativa são as selecionadoras ópticas da marca, equipamentos que utilizam tecnologia avançada, dentre elas inteligência artificial, para garantir precisão e eficiência na classificação de grãos como feijão, soja, arroz e milho. Segundo Diogo Augusto Hank, coordenador de vendas da Selgron, a proposta é aproximar a tecnologia da realidade dos produtores.
“Levar nossas soluções para testes em campo permite que os clientes vejam na prática como elas podem reduzir perdas e aumentar a padronização da produção, identificando qual a melhor solução se aplica às suas necessidades”, explica Hank.
Com duas selecionadoras em operação, o road show tem atraído a atenção de agricultores e empresas da cadeia produtiva, oferecendo uma oportunidade de conhecer recursos que impactam diretamente a qualidade dos grãos e a competitividade do agronegócio na região.
