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Coopercitrus e DVA Agro anunciam joint venture
De forma inédita no Brasil, cooperados passam a ser donos também da nova marca Agroallianz. Anúncio será feito oficialmente na Agrishow em Ribeirão Preto, SP
Recentemente, o Grupo DVA, anunciou seu retorno na comercialização de agroquímicos no Brasil, que se soma aos negócios iniciados em 2021 com a linhas de especialidades: fisiológicos, nutricionais, bio-estimulantes, biológicos e adjuvantes. Para isso, lançou uma nova marca, a Agroallianz.
Agora, mais uma novidade chega ao mercado, a constituição da joint venture com a Coopercitrus – Cooperativa de Produtores Rurais, a maior no Brasil em número de cooperados, ou seja, os mais de 40 mil filiados passam a ser “donos” de uma indústria de agroquímicos e especialidades. Este é um acordo inédito e disruptivo no Brasil, verticalizando a cadeia de produtos agrícolas. A notícia foi formalizada hoje, dia 26, com assinatura do contrato, e será oficialmente anunciada durante a Agrishow em Ribeirão Preto, SP, no próximo dia 29, com representantes de ambas as partes.
“O objetivo das empresas é trazer o produtor rural para dentro da indústria e a indústria para dentro do produtor rural, a Agroallianz é a forma genuína de conectar a cadeia e extrair os benefícios dessa sinergia”, diz João Aleixo, diretor executivo global do Grupo DVA Agro.
Para ele, o objetivo não é somente o produtor ser dono da uma indústria de agroquímicos, mas sim fazer parte de uma corporação chamada DVA Agro que investe todos os anos cerca de 4.5% do faturamento em inovação. “O Grupo realizou investimentos em todas as linhas de especialidades, também em três novas fábricas na Espanha e no Brasil, além de cinco laboratórios de pesquisa e desenvolvimento. O intuito foi suportar o crescimento da empresa”, reitera o executivo.
Hoje o Grupo disponibiliza ao mercado global dezenas de inovações todos os anos, sendo grande parte delas patenteadas. “O cooperado Coopercitrus passa partir de agora, a ser dono dessas soluções geradas por toda essa estrutura. Nosso maior objetivo é que quando ele ver um produto Agroallianz, tenha orgulho de dizer que aquela tecnologia também é dele”, destaca Aleixo.
Cooperativismo em alta
Para se ter ideia da importância do cooperativismo para o setor, quase 50% do Produto Interno Bruto (PIB) agrícola é gerado por cooperativas, e o setor agropecuário se destaca, contando com 1.597 instituições e 180,1 mil produtores/cooperados. Conforme dados do último Censo Agropecuário do IBGE, estima-se que 48% de toda a produção do campo brasileiro passa, de alguma forma, por uma cooperativa.
A DVA Agro entendeu que precisava de um novo modelo, que fosse mais “ser” e “entender” que genuinamente tivesse o produtor dentro do negócio, não somente como centro da estratégia.
“Buscamos então uma aliança estratégica que pudesse proporcionar a captura desse valor para o produtor, que agora passa a ser sócio e a crescer junto com uma de nossas marcas”, explica o executivo.
A Agroallianz, além de suprir tecnologia para os próprios donos, também, irá levar todo esse investimento em inovação para o restante do País, com alianças, e gerando ainda mais valor ao cooperado.
Escolha estratégica
Não foi à toa que a Agroallianz buscou se aliar à Coopercitrus. Fundada em 1976, em Bebedouro, SP, é uma das maiores cooperativas do Brasil, sendo a maior na na comercialização de insumos, máquinas agrícolas e projetos de irrigação, e agricultura de precisão. Com mais de 65 filiais, apoio técnico e estruturas para o atendimento das mais diversas culturas nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, conta com uma carteira de associados de mais de 40 mil agropecuaristas.
Para o CEO da Coopercitrus, Fernando Degobbi, “a joint venture traz uma oportunidade de ampliar o portfólio de produtos, criando sinergias com os parceiros existentes, entregando, assim, maior valor para o cooperado, que é o ponto fundamental do modelo de negócios da cooperativa”.
Sobre a DVA
Empresa multinacional alemã dedicada ao desenvolvimento de soluções agrícolas de alta qualidade para proteção de cultivos, nutrição vegetal, biológicos e adjuvantes especiais, visando uma agricultura sustentável. Com mais de 50 anos de experiência, a empresa opera em diversos países, incluindo o Brasil, onde sua tecnologia é comercializada pela marca AGROALLIANZ S.A.
Sobre a Coopercitrus
A Coopercitrus – Cooperativa de Produtores Rurais, com sede em Bebedouro (SP), é uma das maiores cooperativas do Brasil em fornecimento de insumos, máquinas, implementos e suporte técnico. Com mais de 40 mil cooperados e unidades de negócios em mais de 65 municípios, nos estados de São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso, a Coopercitrus tem como propósito oferecer soluções integradas para que seus cooperados cresçam como um todo.
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Pinus: o mais brasileiro entre os estrangeiros
*Por Daniel Chies, Jose Mario Ferreira e Fabio Brun
O Brasil é mestre em melhorar o que vem de fora. O gado nelore, por exemplo, originário da Índia, tornou-se a principal raça bovina do país. A soja, hoje um dos produtos mais exportados, chegou por aqui em 1882, vindo da China. O milho veio do México, o trigo da Mesopotâmia. O Eucalipto veio da Oceania. E assim seguimos, cultivando com excelência o que um dia foi exótico.
No universo das plantas não comestíveis, o fenômeno se repete. Muitas flores e espécies ornamentais, por exemplo, que embelezam nossos jardins, são estrangeiras, mas tão queridas quanto as nativas. Quando passamos para a escala industrial, destacamos a árvore de pinus, uma estrangeira que encontrou no Brasil, especialmente na Região Sul, seu lar ideal.
O cultivo comercial do gênero Pinus começou no Brasil no final dos anos 1970, com um objetivo claro: fornecer madeira para a indústria. E deu certo. O pinus taeda, principal espécie utilizada, encontrou nas condições edafoclimáticas do Sul do país um ambiente perfeito para crescer com vigor. Graças ao melhoramento genético e à tecnologia florestal, o Brasil alcançou os melhores índices de produtividade do mundo para essa espécie.
Segundo o levantamento mais recente da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), em 2024 o país contava com 1,9 milhão de hectares de florestas plantadas de pinus. A Região Sul concentra cerca de 1,69 milhão de hectares, distribuídos entre Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A madeira de pinus está presente em nosso cotidiano de formas que muitas vezes passam despercebidas. Ela compõe papel, caixas de papelão, móveis, portas, brinquedos, utensílios domésticos e estruturas diversas. Os pellets de madeira, por exemplo, são uma fonte de energia renovável cada vez mais utilizada globalmente.
E não para por aí. A celulose extraída do pinus é usada em cápsulas de medicamentos, na indústria alimentícia e até na automobilística. Com a nanocelulose e a lignina, surgem aplicações inovadoras: superfícies impermeáveis, essências e até pele artificial. O potencial é imenso e estamos apenas no começo.
Em um mundo que exige soluções com menor impacto ambiental, as florestas plantadas para fins industriais se mostram uma alternativa viável e estratégica. Durante seu crescimento, as árvores de pinus capturam carbono da atmosfera, que permanece sequestrado nos produtos derivados por décadas ou até séculos.
Além disso, quase toda a área plantada na Região Sul possui certificações internacionais que garantem práticas rigorosas de responsabilidade social e ambiental. As empresas do setor preservam cerca de 30% da vegetação nativa nos três estados, demonstrando compromisso com o equilíbrio ecológico.
O pinus escolheu o Sul do Brasil para prosperar e foi bem acolhido. As empresas de silvicultura da região atuam com responsabilidade e visão de futuro, adotando práticas ambientais, sociais e de governança muito antes do termo ESG se tornar tendência. Por isso, a madeira de pinus brasileira é reconhecida internacionalmente pela sua qualidade e sustentabilidade.
Essa é uma história de sucesso que começou há décadas e continua a crescer, como as próprias árvores que a protagonizam. O pinus pode não ser brasileiro de origem, mas já é parte essencial do nosso presente e, com certeza, do nosso futuro.
- *Daniel Chies é presidente da Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), Jose Mario Ferreira é presidente da Associação Catarinense de Empresas Florestais (ACR) e Fabio Brun é presidente da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas).
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Queijos brasileiros disputam pódio global e movimentam agronegócio no Paraná
Projeto do Biopark, no Oeste paranaense, transforma leite de pequenos produtores em iguarias premiadas com apoio tecnológico e institucional — e atrai atenção internacional
Entre os dias 13 e 15 de novembro, Berna, capital da Suíça, se tornará o epicentro da alta queijaria mundial com a realização do World Cheese Awards 2025. Pela primeira vez em solo suíço, o maior concurso de queijos do mundo reunirá mais de 5 mil amostras de mais de 50 países. No meio desse seleto grupo, o Brasil tem chances reais de figurar entre os grandes — graças a um projeto paranaense que uniu inovação, capacitação rural e ciência aplicada.
Entre os queijos desenvolvidos no Laboratório de Queijos Finos do Biopark Educação, em Toledo (PR), que vão representar o Brasil no concurso, três são inéditos. A iniciativa, que há seis anos transforma leite de pequenos e médios produtores em queijos de alto valor agregado, já soma 69 medalhas em premiações nacionais e internacionais, além de cases de sucesso que chamam a atenção de investidores e formuladores de políticas públicas.
O projeto oferece consultoria integral gratuita aos produtores, desde análise do leite até desenvolvimento de identidade visual, rotulagem e acesso ao mercado. “Os produtores associados ao projeto recebem suporte técnico integral e gratuito, abrangendo desde a melhoria da qualidade do leite até a produção dos queijos, com transferência completa das tecnologias desenvolvidas no laboratório. Durante todo o período de participação, é realizado monitoramento contínuo dos padrões de qualidade, assegurando a manutenção das características e da excelência dos produtos desenvolvidos”, explica Kennidy de Bortoli, pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark Educação.
Carolina Trombini, gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do Biopark Educação, complementa: “O projeto também oferece orientação técnica para os investimentos em infraestrutura física das queijarias, com auxílio na escolha dos equipamentos e layouts mais adequados, de acordo com os objetivos e o porte de cada produtor. Além disso, há acompanhamento permanente para o fortalecimento técnico e gerencial dos negócios. São realizados encontros bimestrais que abordam temas práticos e estratégicos, como marketing digital, vendas, abertura de novos mercados e boas práticas de fabricação. Trata-se de um projeto completo: a partir do momento em que o produtor decide participar, ele passa a contar com suporte em todas as etapas desse novo empreendimento”.
Tradição com tecnologia
O projeto é resultado de uma coalizão estratégica entre o Biopark, o Biopark Educação, o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR‑PR), o Sebrae/PR, o Sistema Faep/Senar e a Prefeitura de Toledo, consolidando uma rede colaborativa que promove inovação, qualificação técnica e valorização da produção local. Juntos, eles transformam a cadeia leiteira — setor estratégico no Paraná, segundo maior produtor do país — com uma lógica de diferenciação de mercado, valorização do terroir e acesso a certificações como SIM, SUSAF e SISBI.
Com base em diagnósticos técnicos, cada produtor recebe indicações personalizadas de tecnologia queijeira conforme as características do seu leite. A diversidade é prioridade: isso favorece o surgimento de um ecossistema competitivo e sinérgico — e a formação de uma Rota de Queijos Finos na região.
Resultados concretos e potencial de expansão
Em 2024, o queijo maturado Passionata, uma tecnologia do Projeto de Queijos Finos do Biopark e produzido pela Queijaria Flor da Terra (Toledo-PR), foi eleito o melhor da América Latina e o 9º melhor do mundo no World Cheese Awards. Este ano, além de tecnologias já lançadas no mercado, três novas criações concorrem na Suíça: o Guarandu, com aroma de guaraná; o Garoa Tropical, com uso de fruta cítrica na coagulação; e o Florescer, de casca lavada e coloração ousada. Produtos que unem identidade brasileira e sofisticação gastronômica — e que já despertam o interesse de importadores e chefs europeus.
Hoje, o projeto Queijos Finos do Biopark conta com 27 produtores integrados, 26 tipos de queijos no mercado e planos de expansão estadual já em curso, com apoio do governo do Paraná.
“Conseguimos criar um modelo escalável, com baixa barreira de entrada para os produtores, retorno rápido e forte apelo de marca. Ao mesmo tempo, servimos de referência de política integrada de desenvolvimento rural, segurança alimentar e inovação tecnológica no campo”, afirma Carmen Donaduzzi, idealizadora do projeto.
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Exportações de carne de MT crescem 67% no 3º trimestre de 2025 e devem superar recorde de 2024
Dados do Data Hub MT mostram que o Estado exportou US$ 1,28 bilhão em carnes no terceiro trimestre, com a China respondendo por mais da metade das compras
As exportações de carne de Mato Grosso voltaram a registrar forte crescimento no terceiro trimestre de 2025, alcançando US$ 1,28 bilhão entre julho e setembro, segundo levantamento do Data Hub MT da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), com base em informações da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a pedido do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo/MT).
O desempenho inclui carnes bovinas congeladas e frescas, carnes suínas frescas, refrigeradas ou congeladas e carnes de aves e miudezas comestíveis, comercializadas com 92 países. A China manteve a liderança absoluta, representando 56,67% das importações totais do período.
Comparado ao mesmo trimestre de 2024, quando o valor exportado foi de US$ 762,74 milhões, o avanço foi de 67,4%. No acumulado de janeiro a setembro de 2025, as exportações somam US$ 2,88 bilhões, frente aos US$ 2,09 bilhões registrados no mesmo intervalo do ano anterior, uma elevação de 38%.
Entre os produtos, o valor exportado de carne bovina congelada foi de US$ 1,64 bilhões representa 78,4% do total, carnes bovinas frescas ou refrigeradas US$ 256,8 milhões (12,2%) e as aves com US$ 146,3 milhões (7%).
A China segue como o maior comprador dos produtos com US$ 851,6 milhões (40,76%), seguido de Emirados Árabes Unidos US$ 225, 7 milhões (10,8%) e Turquia US$ 96,4 milhões (4,6%).
Para o presidente do Sindifrigo-MT, Paulo Bellincanta, o resultado confirma a solidez do setor e a mais uma vez, a ausência de impactos do chamado “tarifaço” norte-americano sobre a carne brasileira.
“O desempenho de Mato Grosso reforça a competitividade da nossa indústria frigorífica e a confiança dos mercados internacionais na qualidade da carne produzida aqui. Mesmo com o tarifaço imposto pelos Estados Unidos, não houve qualquer reflexo nas exportações. Os números mostram que o setor segue firme, diversificado e com presença consolidada em mais de 90 países. A tendência é de fechar o ano com novo recorde histórico, superando com folga os resultados de 2024”, avaliou.
