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Condições favoráveis para a lagarta do cartucho acende alerta para safrinha
Especialista da agtech SIMA fala sobre os cuidados e a importância do monitoramento preventivo da praga
A lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) é uma das pragas mais prejudiciais para o cultivo de milho. Ela destaca-se por sua voracidade, causando perdas de até mais de 50% na produção. O termo “militar tardia”, a qual também é conhecida, refere-se ao seu comportamento, já que ataca em diferentes frentes e pode estar presente durante todo o ciclo. Infelizmente, hoje, a presença dela é uma realidade em todo o território brasileiro, impulsionada principalmente pela abundância de hospedeiros alternativos, que facilitam sua proliferação no campo.
Mas, o cenário ainda pode ser pior, já que fatores climáticos, como os eventos extremos causados pelo El Niño vivenciados nos últimos meses podem ampliar a presença da lagarta. Conforme explica a engenheira agrônoma Suelen Oelke, responsável pelo sucesso do cliente da agtech SIMA (Sistema Integrado de Monitoramento Agrícola), recentemente, observou-se um padrão de precipitação intensa no Sul do Brasil e temperaturas elevadas com secas no Centro-Oeste.
“Essas condições climáticas adversas resultaram em atraso na janela de plantio da safra de verão 2023/24, tornando o milho mais suscetível ao ataque de pragas e doenças”, alerta.
Por consequência desse encurtamento de janela, houve redução na área plantada de milho safrinha. Apesar de os efeitos do El Niño estarem gradualmente diminuindo, é imprescindível segundo a profissional da startup, se antecipar e se preparar para possíveis condições favoráveis ao aumento da pressão da lagarta. Isso porque o clima desempenha um papel crucial na determinação da população e do nível de dano causado, tornando difícil então prever quais são as regiões mais propensas aos ataques severos.
“Nos próximos meses, espera-se que regiões produtivas do Brasil com outonos e invernos mais brandos apresentem as maiores populações da lagarta, enquanto áreas com invernos rigorosos possam experimentar uma diminuição desses insetos. Estudos apontam que pequenas variações de temperatura podem ter um impacto significativo no ciclo e na população dela, sendo que temperaturas entre 18°C e 32°C são ideais para seu desenvolvimento”, reforça Suelen.
Monitoramento contínuo
Um dos pontos chaves para diminuir a infestação da lagarta do cartucho, ou até os prejuízos causados, é apontado pela engenheira agrônoma como sendo o monitoramento, que deve ser intensificado neste período, especialmente como agora, em ano atípico. “Recomendamos o estabelecimento de um monitoramento semanal, por meio da instalação de armadilhas e inspeção regular das plantas. Isso é essencial para permitir a implementação oportuna e eficaz de medidas de controle”, relata.
Além disso, a orientação é para a adoção de estratégias de manejo integrado de pragas e um planejamento cuidadoso da lavoura. Estas são ações cruciais para enfrentar esse ciclo desafiador.
“Vale destacar ainda a importância da incorporação de tecnologias inovadoras que facilitem a gestão agrícola. Isso garante a sustentabilidade e a produtividade das culturas frente às pressões das pragas e das adversidades climáticas também”, ressalta a especialista da SIMA.
Existem hoje no mercado soluções que ajudam a realizar este monitoramento. A SIMA, por exemplo, é uma ferramenta valiosa para os agricultores, fornecendo uma abordagem organizada e georreferenciada para monitorar suas atividades. “Ele permite o registro sistemático e histórico das safras, possibilitando aos trabalhadores do campo identificar pontos críticos para o manejo e intervenções necessárias. Além do monitoramento das culturas, o sistema também permite o registro de diversas outras atividades realizadas no campo”, completa a engenheira agrônoma.
Mais sobre a lagarta
Cortadeira, desfolhadora e destruidora de botões: três males em uma mesma praga. Essa espécie ataca o milho em qualquer estágio de seu desenvolvimento e os danos são diversos, dependendo do estado da planta e do comportamento das larvas.
“Na fase inicial do cultivo, pode agir como cortadeira, danificando as plântulas durante a implantação. Isso pode resultar em perdas significativas se não for controlado adequadamente, pois enfraquece a planta em sua fase mais vulnerável”, explica a especialista da SIMA.
Já durante as etapas vegetativas, pode-se alimentar-se das folhas, afetando o desenvolvimento do botão. Isso pode reduzir a capacidade fotossintética da planta e comprometer seu crescimento e rendimento final. “As larvas também podem causar danos diretos ao se alimentarem dos grãos em desenvolvimento, resultando em perdas econômicas para os agricultores”, pontua Suelen.
Esse dano direto pode ocorrer tanto nas folhas enroladas quanto na espiga do milho. Em condições de seca, pode até atacar o caule da planta, agindo como uma broca que pode ser especialmente prejudicial em estágios reprodutivos do cultivo, quando afeta a formação e desenvolvimento da espiga, diminuindo significativamente o rendimento do milho.
“Em suma, ao longo do ciclo do milho, essa praga é capaz de reduzir a capacidade fotossintética das plantas, causar a perda de grãos e a diminuição do peso dos mesmos. Portanto, é importante reconhecer os primeiros sinais de dano e agir prontamente. Nesse sentido o monitoramento se torna uma das principais armas do produtor”, enfatiza a profissional.
Outras recomendações
Outras medidas podem ser adotadas pela classe produtora como medida de prevenção e controle da lagarta do cartucho. Como o uso de materiais Bt. “Os milhos Bt (Bacillus thuringiensis), geneticamente modificados para expressar proteínas inseticidas específicas, oferecem proteção contínua contra as pragas-alvo, reduzindo a necessidade e o uso de inseticidas convencionais e minimizando o impacto em organismos não alvo, bem como o impacto ambiental e econômico”, orienta.
Além disso:
– Semeadura de refúgio: é fundamental para preservar a eficácia da tecnologia Bt e evitar a resistência nas populações da praga. Recomenda-se semear um refúgio de híbridos não-Bt em uma proporção de 10% do campo, com plantio simultâneo e proximidade entre as plantas Bt e de refúgio;
– Rotação de culturas: Ajuda a reduzir a infestação de pragas, manter a saúde do solo e melhorar a implantação do milho, dificultando o estabelecimento e a proliferação, mantendo o equilíbrio na microbiologia e estrutura do solo, contribuindo para sua fertilidade e produtividade a longo prazo;
– Manejo de restos culturais: a eliminação ou decomposição de restos culturais e plantas daninhas antes do plantio do milho ajuda a reduzir a população inicial de larvas e adultos da Spodoptera frugiperda;
– Monitoramento contínuo e acompanhamento dos danos: é essencial para detectar e gerenciar eficazmente a presença da praga na cultura do milho, permitindo uma resposta oportuna para minimizar os danos;
– Controle químico com inseticidas: recomenda-se tomar medidas de controle químico quando necessário, utilizando critérios específicos para o refúgio e o milho Bt, e evitando aplicações após o momento ótimo para manter a eficácia dos tratamentos.
Sobre a SIMA
A SIMA é uma AgTech que surgiu em 2014 na Argentina com o objetivo de oferecer aos produtores uma plataforma simples, completa e inteligente para monitorar, controlar e analisar dados. Hoje a empresa está presente em 8 países da América Latina e possui mais de 8 milhões de hectares monitorados.
Mais informações em: https://www.sima.ag/pt
Destaque
Mapeamento inédito revela poder do amendoim no Brasil
Estudo da ABEX-BR quantifica a cadeia do amendoim e confirma: Brasil é o 3º mais eficiente do mundo em produtividade
A Associação Brasileira do Amendoim (ABEX-BR) anuncia o lançamento do livro “Mapeamento e Quantificação da Cadeia do Amendoim Brasileiro”, o primeiro estudo no país a oferecer um raio-x completo do setor, desde o produtor até o exportador, com dados inéditos da safra 2024/2025.
O evento de lançamento será realizado no dia 3 de dezembro, às 14h, em Ribeirão Preto/SP, e marcará a disponibilização de informações que comprovam a relevância da leguminosa no cenário nacional.
Um dos destaques da pesquisa revela que o setor movimentou um faturamento total de R$ 18,6 bilhões no último ano, consolidando o amendoim como um player de grande porte e de alto impacto socioeconômico para o país.
“Este mapeamento é um divisor de águas para toda a cadeia. Pela primeira vez, temos uma visão completa e quantificada do nosso impacto. Com R$ 18,6 bilhões em faturamento, a importância do amendoim ultrapassa o campo e chega à mesa de negociação de grandes instituições. Temos dados concretos para guiar investimentos, estruturar linhas de crédito e influenciar políticas públicas que sustentem a nossa eficiência produtiva, que já é a 3ª maior do mundo”, afirma Cristiano Fantin, presidente da ABEX-BR.
Um raio-x socioeconômico para o desenvolvimento setorial
O estudo vai além dos números de produção. Ele compila dados socioeconômicos detalhados que interessam não só ao público em geral – que acompanha a geração de riqueza e emprego – mas, principalmente, a órgãos reguladores, ao setor financeiro e ao mercado de seguros.
O livro oferece uma visão completa da safra 2024/2025 e servirá como base fundamental para o poder público, setor financeiro e de seguros na hora de regular a produção, formatar linhas de crédito e oferecer garantias de safra com precisão.
“Com este livro, a ABEX-BR cumpre seu papel de levar ciência e inteligência para todos os elos da cadeia, do produtor ao beneficiador. Esta é a nossa ferramenta para falar ‘para dentro’ do setor e ‘para fora’, com o governo, mostrando a capacidade de geração de valor, emprego e renda que o amendoim tem. É um setor que mais que triplicou o volume de produção na última década e precisa de informações à altura do seu crescimento”, conclui Cristiano Fantin.
O livro “Mapeamento e Quantificação da Cadeia do Amendoim Brasileiro” foi financiado pelo Núcleo de Promoção e Pesquisa (NPP) da ABEX-BR e estará disponível para download durante seu lançamento. A pesquisa foi realizada pela Markestrat, consultoria especializada em agronegócio.
Destaque
Nova geração de leveduras eleva rendimento do etanol em até 6%
Ganhos podem chegar a R$ 30 milhões por safra
Avanços recentes em bioengenharia apontam para um salto inédito na produtividade do etanol, impulsionado por novas cepas de leveduras industriais. Pesquisadores da Lallemand Biofuels & Distilled Spirits (LBDS), nos Estados Unidos, registraram um aumento de até 6% na conversão da cana em etanol em relação às leveduras convencionais.
Segundo cálculos da LBDS, uma biorrefinaria com capacidade de produção diária de 1.000 m³ de etanol, poderia aumentar sua lucratividade em até R$ 30 milhões por safra, considerando o preço atual do etanol anidro. Os ganhos de eficiência têm relação com a nova geração de leveduras biotecnológicas, que expressam de 40% a 55% menos subprodutos, como o glicerol, comparado às leveduras comuns.
“As pesquisas têm encontrado formas de tornar mais eficiente o açúcar disponível para a síntese de etanol, reduzindo perdas metabólicas e aumentando a produtividade da fermentação”, explica Fernanda Firmino, vice-presidente da LBDS na América do Sul. Ela destaca ainda que o desempenho da nova tecnologia é cerca de 20% superior ao das cepas biotecnológicas LBDS já disponíveis no mercado.
Elisa Lucatti, gerente de aplicações da LBDS, afirma que o ganho de rendimento aliado à robustez tem sido o diferencial das cepas biotecnológicas. “As biorrefinarias sucroalcooleiras no Brasil, historicamente, enfrentam dificuldades operacionais que desafiam a permanência de leveduras no processo industrial. Assim, não é só rendimento que importa, mas estabilidade operacional que corrobora com economia de insumos”, diz.
A persistência das leveduras biotecnológicas no processo sucroalcooleiro tem recebido destaque especial. Em sistemas de fermentação contínua, conhecidos pelo alto desafio microbiológico, a geração de levedura atual já apresentou persistência superior a 200 dias sem necessidade de reinoculação, resultado inédito no país. A expectativa é que as novas versões ampliem ainda mais esse desempenho, podendo chegar à safra toda.
A empresa reforça, porém, que o aproveitamento do potencial das novas cepas está diretamente ligado à qualidade do processo, especialmente no controle de temperatura e procedimentos eficazes de limpeza. “Nossos mais de 10 anos de implementação conjunta aos times de operação das usinas de etanol de cana-de-açúcar comprovam que as unidades que possuem boas práticas operacionais, principalmente eficiência no CIP, são capazes de maximizar e atingir resultados recordes com leveduras de alta performance”, diz Lucatti.
Uma realidade que fazia parte somente do etanol de milho passou a fazer parte do setor sucroalcooleiro. Segundo a avaliação econômica da Lallemand, a evolução da engenharia genética, em pouco mais de uma década, aumentou em 1.300% os ganhos na produção de etanol de milho, de R$ 4/t, em 2012, para R$56/t, em 2024, abrindo um grande caminho para o mercado de etanol de cana-de-açúcar que encontrava-se estagnado.
Nos últimos anos, a companhia intensificou investimentos em bioengenharia aplicada ao metabolismo fermentativo, com foco em elevar a produtividade, reduzir custos operacionais e ampliar o desempenho ambiental das usinas. Desde 2010, tem sido investido mais de U$$ 100 milhões em pesquisas e desenvolvimento de soluções biotecnológicas.
Os maiores grupos sucroenergéticos do Brasil já são clientes da LBDS, que mira expansão em toda a América do Sul. “Estamos vivendo uma nova fase na bioindústria. O foco é maximizar o potencial biológico dentro da infraestrutura existente e reduzir os impactos ambientais, produzir mais utilizando menos. Isso só é possível com a implementação da bioengenharia de precisão”, afirma Firmino.
Destaque
Setor agropecuário comemora fim das sobretaxas dos Estados Unidos
Presidente da Faesp alerta, entretanto, que é preciso reforçar a diplomacia e buscar
sempre novos mercados para garantir a rentabilidade do produtor
A decisão do governo americano de suspender, na última quinta-feira (20), as sobretaxas
sobre as importações de mais de 60 itens da lista de produtos agropecuários
brasileiros representa um avanço significativo para o comércio bilateral e para a
dinâmica do agronegócio nacional. Ao aliviar um peso financeiro relevante sobre itens
como carne, soja, frutas e commodities diversas, os Estados Unidos reabrem espaço
para que produtores brasileiros ampliem sua presença em um dos mercados mais
competitivos e lucrativos do mundo. Essa medida demonstra reconhecimento da
qualidade e da importância estratégica dos produtos do campo brasileiro no cenário
global.
Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São
Paulo (Faesp), Tirso Meirelles, além do impacto econômico direto, a suspensão das
sobretaxas traz um elemento fundamental para o planejamento das atividades rurais:
previsibilidade. Em um setor profundamente sensível às oscilações externas — seja
de preços, custos logísticos ou barreiras comerciais —, a possibilidade de operar com
maior clareza sobre as condições de acesso ao mercado internacional permite que
agricultores e pecuaristas invistam melhor, negociem com mais segurança e
organizem sua produção de forma mais eficiente.
“Essa notícia reforça a importância do setor agropecuário brasileiro no contexto
global. A tarifas extras penalizavam não apenas o produtor nacional, mas também os
consumidores americanos, que viram sumir das prateleiras de supermercados
alimentos que fazem parte da rotina diária das famílias e onde eles reconhecem
qualidade. É uma vitória importante do agro”, frisou Meirelles.
Antonio Ginack Junior, da Comissão de Bovinocultura de Corte da Faesp, comemorou
a decisão, mas ressaltou que os produtores precisam estar atentos para o futuro.
Segundo ele, “a taxação foi fantástica para o mercado brasileiro pois assim os
vendedores de carne bovina tiveram que sair da zona de conforto para abrir novos
mercados. E abriram! Com isso o preço da arroba ao ser taxada pelos Estados
Unidos, ao invés de cair, aumentou aqui no Brasil”.
“A notícia é muito boa, já que os Estados Unidos são grandes importadores de café
do Brasil. A preocupação era que eles procurassem outras origens devido as tarifas,
fazendo com que trabalho de anos do setor fosse desfeito. Para o setor cafeeiro a
decisão traz a certeza de voltaremos a exportar forte para o mercado americano”,
explicou Guilherme Vicentini, coordenador da Comissão de Cafeicultura da Faesp.
Outro fator relevante é que a medida fortalece a confiança nas relações comerciais
entre Brasil e Estados Unidos. O gesto do governo americano sugere disposição para
o diálogo e para a cooperação, reduzindo tensões e abrindo espaço para acordos
mais amplos no futuro. Essa sinalização positiva tende a beneficiar não apenas o
agronegócio, mas também outros setores da economia que dependem de relações
externas estáveis e transparentes.
Ainda assim, a decisão do governo americano não deve ser interpretada como uma
garantia definitiva. O episódio do tarifaço — com sobretaxas que chegaram a impactar
significativamente a competitividade brasileira — funciona como um alerta importante
para a vulnerabilidade de países exportadores diante de mudanças políticas e
conjunturais. A dependência excessiva de poucos mercados torna produtores e
governos mais suscetíveis a riscos geopolíticos e disputas comerciais que fogem ao
seu controle.
A suspensão das sobretaxas, entretanto, deve ser acompanhada por uma estratégia
mais ampla de diplomacia econômica ativa e da construção de novas parcerias
internacionais. Diversificar mercados, ampliar acordos comerciais e investir em
inovação e qualidade são caminhos essenciais para garantir que os produtos
brasileiros continuem competitivos no cenário global. Somente assim será possível
assegurar a rentabilidade dos produtores rurais e fortalecer a posição do Brasil como
um dos grandes protagonistas do agronegócio mundial.
