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Como mitigar os impactos da brucelose bovina?

Como mitigar os impactos da brucelose bovina?

Vacinação de bezerras é um pilar estratégico no combate à doença

A pecuária brasileira é uma das mais produtivas do mundo, em 2023, o setor foi responsável por 44,2% do crescimento do PIB nacional. Apesar dos números grandiosos, algumas doenças que podem ser prevenidas por meio de vacinação acabam impactando a produção do país, entre elas a brucelose.

A Brucelose bovina é uma zoonose altamente contagiosa causada pela bactéria Brucella abortus, responsável por promover abortos em vacas já no terço final da gestação, nascimento de bezerros fracos, inflamação nos testículos dos machos, subfertilidade ou mesmo infertilidade nos animais acometidos. As vacas após o primeiro abortamento, tendem a não abortar mais, e no parto eliminam grandes quantidades de brucelas no ambiente, o que é fonte de infecção para o restante do rebanho. A doença ocorre nos bovinos em quase todo o mundo. No Brasil é endêmica, causando prejuízos tanto para a pecuária de corte quanto para a pecuária de leite. Vacas brucélicas podem eliminar a bactéria de forma intermitente em suas secreções, sendo o leite cru e seus derivados importantes na transmissão aos humanos.

Segundo dados da Defesa Agropecuária do Estado de São Paulo, a brucelose bovina é responsável por perdas que alcançam entre 20 e 25% da produção de leite, e impacta entre 10 e 15% dos resultados na produção de carne bovina. Os impactos econômicos são calculados considerando o número de abortos, queda na produtividade, nascimentos prematuros e morte dos bezerros, além do descarte obrigatório do leite e da carcaça do animal positivado para a doença e, consequente, desvalorização dos produtos frente ao mercado internacional.

“Entre os animais, a doença é transmitida quando ocorre o contato de um bovino sadio com secreções de um bovino previamente contaminado pela bactéria, e isso pode acontecer através do contado direto com abortamentos ao pasto, ingestão de restos de placenta ou alimentos contaminados pela bactéria”, explica Marcos Malacco, médico-veterinário gerente de serviços veterinários para bovinos da Ceva Saúde Animal. 

Por ser uma zoonose, os humanos também podem ser afetados, mas o diagnóstico nesses casos pode ser difícil, por conta dos sintomas inespecíficos como febre, mal-estar, fraqueza, dores pelo corpo e articulações, calafrios, sudorese, inflamação dos testículos nos homens afetados e perda de peso. Os trabalhadores de fazenda, técnicos de laboratórios envolvidos na produção de vacinas e diagnóstico da doença, trabalhadores de frigoríficos e médicos veterinários são os principais grupos acometidos pela brucelose humana, mas a bactéria pode estar presente em produtos lácteos não pasteurizados e carne crua, oriundos de fazendas com controle sanitário deficiente.

Dada a sua importância para a cadeia produtiva brasileira, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) instaurou o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose (PNCEBT).

“Uma das principais estratégias desse programa é a vacinação obrigatória de bezerras entre 3 e 8 meses de idade com a vacina atenuada da cepa B19 da Brucella abortus. A imunização precoce das bezerras é essencial porque elas constituem o futuro do rebanho reprodutivo. Garantir a vacinação adequada nessa fase previne a disseminação da doença, reduzindo a prevalência nos rebanhos e, consequentemente, o risco de transmissão para seres humanos”, explica Malacco.

Vacinas atenuadas contendo a cepa RB51 da Brucella abortus também podem ser empregadas nas fêmeas bovinas. Entretanto as vacinas B19 da Brucella abortus (Anavac® B19) são largamente empregadas nas bezerras entre 3 e 8 meses de idade e são bem conhecidas por parte dos pecuaristas e técnicos. A aquisição das vacinas só é permitida através da emissão de receita por médico veterinário habilitado e cadastrado no PNCEBT. Da mesma forma, a aplicação das mesmas é realizada por estes médicos veterinários ou por técnicos por eles devidamente treinados, habilitados e cadastrados.

Ainda como medidas de controle da brucelose bovina, a desinfecção adequada dos locais onde ocorreram abortamentos, a destinação adequada dos fetos abortados e seus anexos após manuseio cuidadoso e a realização de testes sorológicos periódicos são medidas importantes. O médico veterinário sempre deve ser consultado com relação a estas medidas.

“A conscientização dos produtores e trabalhadores sobre os riscos da brucelose, tanto para os animais quanto para a saúde humana, é um pilar essencial no combate à doença. É necessário enfatizar que, sendo a brucelose uma zoonose, a proteção das pessoas que lidam diretamente com os animais, como veterinários, trabalhadores rurais e profissionais da indústria de frigoríficos e laticínios, deve ser uma prioridade. Isso inclui o uso de equipamentos de proteção individual (EPI) e o incentivo ao consumo de produtos de origem animal devidamente pasteurizados”, reforça o profissional.

Portanto, a vacinação de bezerras não é apenas uma medida preventiva contra a brucelose bovina, mas também uma ação estratégica para garantir a segurança sanitária e a sustentabilidade da pecuária. “O controle eficiente da doença depende da combinação de imunização, manejo adequado, verificação sorológica periódica e conscientização. Somente com a aplicação rigorosa dessas práticas será possível reduzir os impactos econômicos e proteger a saúde pública, assegurando o desenvolvimento de uma pecuária mais segura sustentável”, finaliza Malacco.

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Brasil alcança 3º lugar mundial em produtividade de amendoim com 3,8 toneladas por hectare

Brasil alcança 3º lugar mundial em produtividade de amendoim com 3,8 toneladas por hectare (Foto: Indústrias Colombo)

Mapeamento inédito da ABEX-BR revela que tecnologia de precisão e rotação de culturas impulsionaram crescimento de 300% na produção em uma década

Com o lançamento do livro “Mapeamento e Quantificação da Cadeia do Amendoim Brasileiro”, a Associação Brasileira do Amendoim (ABEX-BR) reforça os dados que posicionam o Brasil entre as maiores potências mundiais do agronegócio: o país é o 3º mais eficiente do mundo em produtividade média de amendoim, atingindo 3,8 toneladas por hectare.

O mapeamento, que revela um faturamento total de R$ 18,6 bilhões na cadeia produtiva, demonstra que o crescimento não é apenas em volume, mas em excelência técnica. A produção brasileira mais que triplicou entre as safras 2014/2015 e 2024/2025, avanço diretamente ligado à adoção de tecnologia no campo.

“A alta produtividade, que nos coloca lado a lado com países como China e Estados Unidos, é um atestado da qualidade da nossa pesquisa e da capacidade do produtor brasileiro de aplicar inovações. Temos mais de 64% dos produtores utilizando agricultura de precisão, o que garante melhor aproveitamento do solo e maior rentabilidade. Este é o futuro sustentável do agronegócio”, explica Cristiano Fantin, presidente da ABEX-BR.

O estudo da ABEX-BR mostra que a eficiência se estende à gestão da cultura. O amendoim, enquanto leguminosa, é peça-chave na rotação de culturas, pois realiza a fixação biológica de nitrogênio no solo. Essa característica melhora a saúde da terra para plantios subsequentes, reduzindo a necessidade de fertilizantes e os custos para o produtor.

Além disso, o livro detalha o modelo de “desperdício zero” da cadeia:
• Exportação e Qualidade: O rigor no controle de qualidade (incluindo o manejo de aflatoxinas) permitiu que o Brasil se tornasse o 2º maior exportador mundial de óleo de amendoim e o 4º em amendoim em grão, atendendo mercados globais exigentes.

• Aproveitamento Integral: Subprodutos do processamento, como farelo e torta, são ricos em proteína e essenciais para a nutrição animal. Já a casca, que representa 20% a 25% do peso colhido, é convertida em pellets para biomassa e geração de energia.

Expansão e Diversificação Regional
Outro ponto de destaque é a diversificação geográfica da produção. O mapeamento revela crescimento de mais de 200% da área plantada em estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.

“O amendoim está se consolidando como cultura de segunda safra altamente rentável em novas fronteiras agrícolas. Essa expansão não só dilui os riscos climáticos e geográficos, mas também reafirma a versatilidade do amendoim no planejamento agrícola do país. Com os dados deste livro, temos a inteligência necessária para planejar a infraestrutura e o financiamento que essa nova geografia de produção exige”, conclui Cristiano Fantin.

O “Mapeamento e Quantificação da Cadeia do Amendoim Brasileiro” foi financiado pelo Núcleo de Promoção e Pesquisa (NPP) da ABEX-BR e já está disponível para consulta.

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Selgron leva tecnologia de ponta em seleção de grãos para road show no Centro-Oeste

Créditos: Selgron

Demonstrações itinerantes aproximam clientes e demais interessados das soluções que aumentam a produtividade e a qualidade de indústrias ligadas ao agronegócio

A Selgron, empresa catarinense especializada em automação para os setores agrícola e alimentício, está realizando um road show em Goiás e no Distrito Federal, apresentando suas tecnologias diretamente a produtores e empresas de grãos. Entre 1 e 5 de dezembro, Goiânia, Goianira, Rio Verde, Jataí e Brasília recebem as demonstrações itinerantes.

O destaque da iniciativa são as selecionadoras ópticas da marca, equipamentos que utilizam tecnologia avançada, dentre elas inteligência artificial, para garantir precisão e eficiência na classificação de grãos como feijão, soja, arroz e milho. Segundo Diogo Augusto Hank, coordenador de vendas da Selgron, a proposta é aproximar a tecnologia da realidade dos produtores.

“Levar nossas soluções para testes em campo permite que os clientes vejam na prática como elas podem reduzir perdas e aumentar a padronização da produção, identificando qual a melhor solução se aplica às suas necessidades”, explica Hank.

Com duas selecionadoras em operação, o road show tem atraído a atenção de agricultores e empresas da cadeia produtiva, oferecendo uma oportunidade de conhecer recursos que impactam diretamente a qualidade dos grãos e a competitividade do agronegócio na região.

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Myriota lança HyperPulse™, a primeira rede comercial 5G Satelital (Não Terrestre) do mundo, projetada para IoT

Imagem: Freepik

Amplamente disponível no Brasil a partir de 15 de dezembro, o serviço proporciona novas oportunidades para indústrias críticas como agricultura, energia e serviços públicos, óleo e gás, logística e monitoramento ambiental

A Myriota, líder global em conectividade IoT habilitada por satélite, anuncia hoje a disponibilidade geral da HyperPulse, uma plataforma de conectividade global e altamente escalável que simplifica para parceiros da indústria a criação, implantação e expansão de soluções IoT em qualquer lugar do planeta. A rede estará disponível a partir de 15 de dezembro no Brasil, Estados Unidos, México, Austrália e Arábia Saudita. Disponível desde o início do ano para early adopters, a solução já atende clientes de diversos segmentos, com ampla aplicação em monitoramento ambiental, monitoramento de óleo e gás, rastreamento de ativos e rastreamento de animais.

A HyperPulse é projetada e operada pela Myriota, combinando a arquitetura 5G NTN da empresa com capacidade em banda L alugada da Viasat. A camada exclusiva de otimização da rede permite ajustar dinamicamente o desempenho da conectividade, como latência e volume de dados, em resposta à demanda do cliente ou a condições ambientais. O resultado é uma plataforma global e altamente escalável que torna simples para parceiros de indústria criar, implantar e expandir soluções IoT em qualquer lugar do mundo.

No Brasil, a HyperPulse deve desempenhar um papel transformador em indústrias que exigem conectividade contínua e confiável em áreas remotas e de difícil acesso. A solução viabiliza casos de uso como monitoramento e automação para grandes operações agrícolas; manutenção preditiva e preventiva para infraestrutura de transmissão de energia e sites de energia renovável; monitoramento remoto para produção de óleo e gás e oleodutos; rastreamento logístico e transporte multimodal; e coleta avançada de dados ambientais, incluindo recursos hídricos, estações meteorológicas e iniciativas de sustentabilidade. Essas capacidades são críticas para um país de vasta extensão territorial, cadeias de suprimentos complexas e forte dependência de operações de campo remotas.

Com a expansão planejada da cobertura NTN para outros países da América Latina, incluindo Argentina, além da Europa e Sudeste Asiático no início de 2026, a Myriota está pronta para redefinir a acessibilidade e o alcance da conectividade IoT globalmente.

Complementando o serviço UltraLite da Myriota, focado em máxima eficiência energética, segurança e eficiência espectral, o HyperPulse oferece menor latência e maiores franquias diárias de dados. Esses recursos possibilitam aplicações onde relatórios mais detalhados e sensoriamento enriquecido são vantajosos, incluindo rastreamento e monitoramento de equipamentos pesados, contêineres, vagões ferroviários e carretas; medição inteligente para utilities; sensoriamento ambiental para estações meteorológicas, qualidade do solo, ar e água; e manejo animal, incluindo cercamento virtual, otimização de alimentação e monitoramento remoto.

Construída com base nos padrões 3GPP 5G NTN e utilizando a infraestrutura de satélites comprovada da Viasat, a HyperPulse oferece interoperabilidade contínua com um número crescente de chipsets e dispositivos NTN-capazes, fornecendo um caminho alinhado a padrões para implantação de longo prazo e escalabilidade global. A empresa já certificou o módulo nRF9151 da Nordic em diversos casos de uso, cenários e ambientes, com certificações adicionais de outros fornecedores em andamento.

Reconhecendo que soluções IoT modernas exigem mais do que apenas uma conexão de rede, a Myriota também está lançando um conjunto de produtos de habilitação para apoiar seu ecossistema de parceiros na integração e desenvolvimento de soluções para a rede HyperPulse. Junto com o serviço, chega o primeiro desses recursos, o HyperPulse Developer Kit, que suporta prototipagem rápida e validação de prova de conceito, e foi projetado para uso em campo, com invólucro à prova de intempéries, operação por bateria e múltiplas opções de sensores e interfaces.

“Com a HyperPulse, estamos tornando a conectividade 5G não terrestre uma realidade prática para IoT em escala”, afirma Oscar Delgado, Diretor de Vendas para a América Latina na Myriota. “Ao oferecer maior volume de dados, menor latência e cobertura baseada em padrões, a HyperPulse dá às organizações a capacidade de rastrear e monitorar ativos, obter insights e tomar decisões, mesmo nos ambientes mais remotos e desafiadores. Com um roadmap de novos recursos chegando no próximo ano, este é um passo empolgante para a conectividade IoT em todo o mundo.”

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