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Arquiteta paulista troca agitação da cidade pela produção de café especial
Luciana Flores Martins Swan, profissional com mais de 30 anos de experiência em desenvolvimento de projetos e obras, assumiu a fazenda cafeeira da família em 2020 e em menos de quatro anos fez grandes transformações na gestão da propriedade. Com foco na sustentabilidade e na agricultura regenerativa, já acumula premiações importantes e hoje é inspiração para outras mulheres no campo
A meta de vida de muitos profissionais é trabalhar arduamente até atingir o sucesso na carreira e a tão sonhada estabilidade financeira que garantirá no futuro uma aposentadoria tranquila. Com mais de 30 anos de experiência projetando e executando obras, enquanto muitos de seus colegas estão desacelerando, a paulista Luciana Flores Martins Swan, segue o caminho inverso. Formada em arquitetura com uma carreira muito bem-sucedida, ela resolveu se desafiar novamente. Em meados de 2020 quando o pai que era produtor rural passou a ficar com a saúde debilitada, ela resolveu arregaçar as mangas e assumir a fazenda de café quase cinquentenária da família.
Em uma área de 55 hectares com diversos cafezais, totalizando cerca de 200 mil pés. O grande problema é que Luciana, até então, além de não ter muito conhecimento sobre o cultivo, nem mesmo tinha o hábito de tomar café. Foi aí que começou a grande virada de chave. Ela decidiu trocar a agitação da capital paulista de mais de 12 milhões de habitantes, pela tranquilidade do pequeno município de Campanha, no Sul de Minas Gerais, na região da Serra da Mantiqueira. Este, com pouco mais de 15 mil moradores e foi aí que começou a mudar o cenário do sítio Toca da Onça.
Primeiro, a arquiteta foi atrás de conhecimento, fez cursos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) em agricultura sustentável, realizou alguns cursos específicos em cafeicultura, buscou ajuda com os melhores técnicos e profissionais e juntamente com a equipe experiente que há muitos anos ajudaram o seu pai na propriedade, focou em produzir o melhor produto. “Nosso objetivo principal foi melhorar a qualidade dos nossos cafés. Tivemos ajuda também da cooperativa local (Coopervass) que nos auxiliou a avançar nas questões de agricultura regenerativa, oferecendo suporte técnico aliado à busca de conhecimento”, destacou ela.
No primeiro ano de gestão de Luciana, a meta foi organizar a casa. Já no segundo ano, começou a colher os primeiros frutos do trabalho ao ser ganhadora de um importante concurso local de qualidade de cafés especiais. No ano seguinte, novamente esteve entre os vencedores e de lá para cá, não parou mais na busca constante por qualidade. “Os pés de cafés plantados por meu pai eram de qualidade, porém a propriedade precisava de melhoria em alguns processos. Assumi o desafio e resolvi fazer o melhor que eu podia para ter uma produção eficiente, de qualidade e acima de tudo sustentável”, destacou a produtora.
Diferencial da produção
Luciana classifica que o grande diferencial do café produzido no sítio Toca da Onça é a paixão. No manejo, a produtora é bem criteriosa com análise de solo, de folha, e dedica boa parte do seu tempo para a etapa de adubação. Os cuidados seguem com a desbrota e colheita para que realmente possa retirar os frutos no ponto certo de maturação. “É preciso gostar, pois são muitas as variáveis e um descuido com qualquer fator pode comprometer a qualidade até chegar na xícara, portanto, é preciso atenção aos mínimos detalhes”, acrescenta.
Na busca pela certificação da agricultura regenerativa, a propriedade passou e tem passado por algumas mudanças no manejo com foco na produção cada vez mais sustentável. Entre as tecnologias adotadas estão os fertilizantes biotecnológicos que melhoram a nutrição das plantas, a saúde do solo e consequentemente a qualidade da bebida.
Segundo Luciana, essa melhoria só foi possível graças à parceria com algumas empresas do mercado, entre elas a Superbac, pioneira no Brasil em soluções em biotecnologia. “A planta mais saudável precisa de menos defensivos, somado a isso, há benefícios na microfauna de insetos que atrai também mais pássaros. Notamos até mesmo o aparecimento de espécies novas que nunca tínhamos visto. Também contribuímos para a preservação dos cursos d’água, nascentes, ribeirões e lençol freático e tudo isso melhorou com certeza com a saúde do solo”, pontuou.
Dica de uma mulher desbravadora
Como o mês de março é muito importante na valorização feminina, no Dia Internacional da Mulher, é também fundamental estender essa homenagem no campo, desta forma Luciana, que tem inspirados muitas mulheres, reforça alguns pontos importantes que a ajudaram a se destacar e ganhar notoriedade, na produção de café. “Minha experiência de viver muitos anos no mundo da arquitetura mexendo o tempo todo com obras em ambientes masculinos me ajudou muito também quando comecei a tocar a fazenda, nunca tive problemas e nunca sofri preconceitos”, diz ela.
Ainda segundo a produtora, o conselho que daria para aquelas que estão iniciando carreira no agro é se capacitar. “Sem dúvidas buscar informações é primordial para se destacar. A minha segurança veio do meu conhecimento e por isso estou sempre neste constante aprendizado. Há muitas oportunidades no campo para nós mulheres, mas é importante que estejamos preparadas para todos os desafios independentemente da área de atuação”, finaliza.
Destaque
Alimentos devem puxar inflação e apertar orçamento das famílias em 2026, aponta estudo Macro 2026 da Agência Vertical
Com alta de preços em itens essenciais e renda perdendo ritmo, estudo aponta que o consumidor deve entrar no próximo ano mais sensível a preços e com menor margem para compras no varejo alimentar
A inflação dos alimentos deve ser um dos principais vetores de pressão sobre o orçamento das famílias em 2026. A conclusão faz parte da Macro 2026, produzida pela Vertical, agência brasileira especializada em inteligência de mercado e comportamento do consumidor. O levantamento indica sinais simultâneos de desaceleração da renda, aumento do custo de vida e endividamento elevado — combinação que reduz a margem de consumo e coloca o preço da comida no centro das decisões diárias. Segundo o estudo, 79,5% das famílias estão endividadas, 1 em cada 3 tem contas em atraso e apenas 7,3% reúne condições de regularizar pagamentos. Hoje, 29,6% da renda mensal é destinada exclusivamente ao pagamento de dívidas.
“O que conseguimos identificar na pesquisa é que há um descompasso crescente entre renda, preços e capacidade de consumo. Mesmo com algum avanço do emprego e da massa salarial, o orçamento chega mais pressionado, e isso muda completamente a forma como o consumidor decide, prioriza e corta gastos”, afirma Felipe Manssur Santarosa, fundador da Vertical.
Inflação dos alimentos deve ganhar força
A pressão inflacionária prevista para 2026 tem origem principalmente em fatores produtivos e climáticos. O arroz, um dos itens mais consumidos do país, deve registrar queda de cerca de 6,5% na safra em relação a 2025, por redução de área plantada e produtividade. O feijão deve recuar 1,3%, mantendo oferta suficiente, mas com pressão moderada nos preços.
No caso das proteínas, o ciclo de abate de fêmeas observado nos últimos anos deve reduzir a oferta de boi gordo e pressionar o preço da carne bovina. Frango e suíno tendem a ganhar espaço como alternativas de menor custo. O fenômeno La Niña, previsto com intensidade no início do ano, deve elevar preços de batata, tomate, cebola e hortaliças.
Entre 2022 e 2025, o IPCA acumulado nos grupos de alimentação e habitação teve variações que atingiram patamares isolados entre 22,4% e 24,8%, com picos de 33,8% e 34,9%, reforçando o caráter persistente das altas.
“Os dados mostram que a pressão virá de itens essenciais, justamente aqueles que compõem a base da alimentação. Isso afeta diretamente a previsibilidade do orçamento das famílias, sobretudo nas classes mais sensíveis a variações de preço”, diz Santarosa.
Consumo começa a recuar após anos de estabilidade
Os indicadores da CNC mostram que o consumo já dá sinais de retração, com queda nos três principais componentes analisados: o nível de consumo atual passou de 103,2 para 101,2; a perspectiva de consumo, de 104,8 para 102,4; e a comparação com o mesmo mês do ano anterior caiu de 89,8 para 88,1. Segundo executivos do varejo ouvidos no estudo, mesmo com algum aumento de renda chegando às classes C, D e E, o poder de compra disponível é menor, e a demanda se torna mais sensível a variações de preço.
PIB segue positivo, mas renda perde fôlego
A atividade econômica mantém expansão moderada. O PIB avançou 2,9% no primeiro trimestre e 2,2% no segundo trimestre de 2025 na comparação com 2024. A massa de rendimento mensal real deve chegar a R$ 3,495 trilhões em 2025 — acima dos R$ 3,084 trilhões de 2022 —, mas a percepção de melhora da renda para os próximos seis meses caiu de 8,7% (2022) para 5,6% (2025).
O mercado de trabalho contribui positivamente, com 924.675 novos postos formais em 2025 e saldo líquido de 1,716 milhão entre admissões e desligamentos. Ainda assim, 38% da força de trabalho segue na informalidade, embora esse índice esteja em queda desde 2022. As diferenças salariais permanecem significativas: trabalhadores informais recebem entre 23% e 56% menos que os formais, dependendo da categoria.
Os dados da PEIC mostram que 79,5% das famílias brasileiras estão endividadas e comprometem 29,6% da renda com dívidas. Um terço dos lares tem contas em atraso, que representam 48,1% do rendimento anual médio. Para os consumidores, cada decisão de compra passa por mais renúncia e menos margem de manobra.
O estudo destaca ainda o impacto da mudança demográfica: até 2050, a população com 65 anos ou mais passará de 10% para 27% do total. Isso significa que o Brasil terá apenas duas pessoas em idade ativa para cada idoso, alterando a estrutura de consumo, previdência e produtividade.
Eventos de 2026 devem deslocar picos de consumo
O ano eleitoral deve conviver com um calendário que costuma alterar padrões de gasto. Nove dos dez feriados nacionais cairão em dias úteis; a Copa do Mundo — maior edição da história, com 104 jogos — ocorrerá entre 11 de junho e 18 de julho; e as eleições serão realizadas em 4 de outubro (1º turno) e 25 de outubro (2º turno). Esses fatores tendem a produzir alternância entre meses de maior movimento no comércio e períodos de retração.
“O estudo nasce da necessidade de olhar o consumidor com precisão e sem atalhos”, explica Felipe Manssur Santarosa. “Depois de uma década estudando e atuando no varejo, aprendi que decisões sólidas dependem de dados completos, não de percepções internas. O que fazemos aqui é organizar essas informações para que as empresas entendam, de fato, como o cliente pensa e se comporta — e possam reagir a isso com mais clareza”, completa.
Sobre a pesquisa
A Macro 2026 utiliza dados do IBGE, Bacen, CNC, NOAA, CONAB, TSE, FIFA e Boletim Focus, consolidando indicadores macroeconômicos, demográficos e de comportamento do consumidor para 2026. O estudo é produzido pela Vertical.
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Brasil alcança 3º lugar mundial em produtividade de amendoim com 3,8 toneladas por hectare
Mapeamento inédito da ABEX-BR revela que tecnologia de precisão e rotação de culturas impulsionaram crescimento de 300% na produção em uma década
Com o lançamento do livro “Mapeamento e Quantificação da Cadeia do Amendoim Brasileiro”, a Associação Brasileira do Amendoim (ABEX-BR) reforça os dados que posicionam o Brasil entre as maiores potências mundiais do agronegócio: o país é o 3º mais eficiente do mundo em produtividade média de amendoim, atingindo 3,8 toneladas por hectare.
O mapeamento, que revela um faturamento total de R$ 18,6 bilhões na cadeia produtiva, demonstra que o crescimento não é apenas em volume, mas em excelência técnica. A produção brasileira mais que triplicou entre as safras 2014/2015 e 2024/2025, avanço diretamente ligado à adoção de tecnologia no campo.
“A alta produtividade, que nos coloca lado a lado com países como China e Estados Unidos, é um atestado da qualidade da nossa pesquisa e da capacidade do produtor brasileiro de aplicar inovações. Temos mais de 64% dos produtores utilizando agricultura de precisão, o que garante melhor aproveitamento do solo e maior rentabilidade. Este é o futuro sustentável do agronegócio”, explica Cristiano Fantin, presidente da ABEX-BR.
O estudo da ABEX-BR mostra que a eficiência se estende à gestão da cultura. O amendoim, enquanto leguminosa, é peça-chave na rotação de culturas, pois realiza a fixação biológica de nitrogênio no solo. Essa característica melhora a saúde da terra para plantios subsequentes, reduzindo a necessidade de fertilizantes e os custos para o produtor.
Além disso, o livro detalha o modelo de “desperdício zero” da cadeia:
• Exportação e Qualidade: O rigor no controle de qualidade (incluindo o manejo de aflatoxinas) permitiu que o Brasil se tornasse o 2º maior exportador mundial de óleo de amendoim e o 4º em amendoim em grão, atendendo mercados globais exigentes.
• Aproveitamento Integral: Subprodutos do processamento, como farelo e torta, são ricos em proteína e essenciais para a nutrição animal. Já a casca, que representa 20% a 25% do peso colhido, é convertida em pellets para biomassa e geração de energia.
Expansão e Diversificação Regional
Outro ponto de destaque é a diversificação geográfica da produção. O mapeamento revela crescimento de mais de 200% da área plantada em estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.
“O amendoim está se consolidando como cultura de segunda safra altamente rentável em novas fronteiras agrícolas. Essa expansão não só dilui os riscos climáticos e geográficos, mas também reafirma a versatilidade do amendoim no planejamento agrícola do país. Com os dados deste livro, temos a inteligência necessária para planejar a infraestrutura e o financiamento que essa nova geografia de produção exige”, conclui Cristiano Fantin.
O “Mapeamento e Quantificação da Cadeia do Amendoim Brasileiro” foi financiado pelo Núcleo de Promoção e Pesquisa (NPP) da ABEX-BR e já está disponível para consulta.
Destaque
Selgron leva tecnologia de ponta em seleção de grãos para road show no Centro-Oeste
Demonstrações itinerantes aproximam clientes e demais interessados das soluções que aumentam a produtividade e a qualidade de indústrias ligadas ao agronegócio
A Selgron, empresa catarinense especializada em automação para os setores agrícola e alimentício, está realizando um road show em Goiás e no Distrito Federal, apresentando suas tecnologias diretamente a produtores e empresas de grãos. Entre 1 e 5 de dezembro, Goiânia, Goianira, Rio Verde, Jataí e Brasília recebem as demonstrações itinerantes.
O destaque da iniciativa são as selecionadoras ópticas da marca, equipamentos que utilizam tecnologia avançada, dentre elas inteligência artificial, para garantir precisão e eficiência na classificação de grãos como feijão, soja, arroz e milho. Segundo Diogo Augusto Hank, coordenador de vendas da Selgron, a proposta é aproximar a tecnologia da realidade dos produtores.
“Levar nossas soluções para testes em campo permite que os clientes vejam na prática como elas podem reduzir perdas e aumentar a padronização da produção, identificando qual a melhor solução se aplica às suas necessidades”, explica Hank.
Com duas selecionadoras em operação, o road show tem atraído a atenção de agricultores e empresas da cadeia produtiva, oferecendo uma oportunidade de conhecer recursos que impactam diretamente a qualidade dos grãos e a competitividade do agronegócio na região.
