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Tokenização no Agronegócio: A Revolução Blockchain em Ativos e Transações

Tokenização no Agronegócio: A Revolução Blockchain em Ativos e Transações

*Por Vitor de Batista

O blockchain é uma tecnologia disruptiva que está transformando a maneira como a sociedade interage com dados e realiza transações, especialmente, bancárias. Seus princípios fundamentais de descentralização, segurança e transparência o tornam uma ferramenta poderosa em diversos setores. Nesse aspecto, entende-se o blockchain, tecnicamente, como uma estrutura de blocos de dados encadeados, onde cada bloco contém um conjunto de transações e uma referência ao bloco anterior, formando assim uma cadeia de blocos de dados rastreável, imutável e auditável com regras e procedimentos específicos.

Por meio dessa tecnologia, são criados os contratos inteligentes (smart contracts), os quais podem ser definidos como contratos autoexecutáveis, codificados em software e armazenados em um blockchain. Isso significa dizer que são contratos executados automaticamente quando certas condições predefinidas são atendidas, sem a necessidade de intermediários humanos. Por isso, são utilizados em uma variedade de casos, desde transações financeiras até gerenciamento de ativos e governança descentralizada.

A existência dos smart contracts permitem a existência de um outro conceito bastante difundido no meio digital: os tokens, que nada mais são do que a personificação dos contratos inteligentes. Isso porque são os smart contracts que gerenciam o estado do token e realizam operações complexas sobre ele, por exemplo, o saldo total do token, os saldos individuais dos detentores de token e quaisquer outras propriedades associadas ao token, como nome, símbolo, quantidade máxima e outras características específicas.

Dessa forma, tem-se que o token é um elemento digital de armazenamento de dados registrado e mantido de forma persistente no blockchain de origem. Nesse sentido, para facilitar a compreensão, as criptomoedas são um tipo de token, embora nem todo token seja uma criptomoeda. Válido dizer que, entre os indivíduos, os tokens podem ser transferidos entre contas no blockchain por meio de transações que atualizam, em tempo real, o estado do saldo de tokens. Essas transações são registradas no blockchain e validadas pela rede de acordo com as regras de governança do blockchain.

Diante disso, é possível que existam tokens de criptomoeda, por exemplo, o bitcoin e o ether; tokens de utilidade, que dão aos seus detentores acesso a produtos ou serviços específicos oferecidos por uma empresa ou projeto dentro da plataforma; tokens de segurança, os quais representam uma participação em um ativo tangível ou uma empresa e são sujeitos às regulamentações de segurança e podem oferecer direitos de voto, dividendos ou participação nos lucros da empresa emissora; tokens não fungíveis (NFTs), que são únicos e indivisíveis e representam ativos digitais exclusivos, como obras de arte digitais e colecionáveis digitais.

Portanto, a tokenização corresponde a conversão digital de um ativo ou um direito mediante o registro em uma plataforma blockchain. Neste ponto, o blockchain e, em especial, os smart contracts desempenham um papel crucial na criação, emissão e gerenciamento de tokens. Isso porque fornecem a infraestrutura e a lógica necessárias para garantir que os tokens funcionem de maneira confiável e segura dentro do ecossistema digital. Sobre isso, em 2023, o Banco Central do Brasil, publicou o estudo “Real Digital: uma Plataforma para as Finanças Tokenizadas”, por meio do qual discutiu como versões tokenizadas de moedas digitais emitidas por entidades reguladas pelo BC podem suprir a demanda por uma representação digital de liquidez.

No âmbito do agronegócio, a rastreabilidade possibilitada pelo blockchain tem-se mostrado uma ferramenta bastante atrativa para criação de smart contracts lastreados em ativos agropecuária, como, por exemplo, a tokenização de commodities, como soja e milho. A ideia de converter esses bens físicos e fungíveis em ativos digitais tem sido vista como uma maneira de agregar valor aos produtos advindos do sistema de agronegócios, especificamente, as commodities que passariam a ter ainda mais liquidez no mercado digital e serviriam, por exemplo, como moeda de troca para transações cotidianas e poderiam facilitar a constituição de garantias.

Já existe no mercado cartões de crédito com lastro em commodities agrícolas tonekizadas. Nesses casos, a vinculação do ativo digital ao ativo físico também é dada por meio da rastreabilidade blockchain de modo que, conforme a Visa, o valor permanece “idêntico em todo o território nacional, independentemente de onde e por quem foram emitidos, conforme preço indexado em índices como Esalq, CEPEA/B3, Argus e Platt, paridade que a torna uma stablecoin, ou seja, moeda de baixa volatilidade”.

Em conclusão, o blockchain está revolucionando a interação com dados e transações, especialmente bancárias, por meio de seus princípios de descentralização, segurança e transparência. Essa tecnologia permite a criação de contratos inteligentes autoexecutáveis e tokens digitais que representam uma vasta gama de ativos e direitos, desde criptomoedas até NFTs. No Brasil, o Banco Central explora o potencial do blockchain para as finanças tokenizadas, enquanto no agronegócio a tokenização de commodities como soja e milho melhora a liquidez e rastreabilidade desses ativos, demonstrando como o blockchain pode agregar valor e eficiência em múltiplos setores, inclusive, no agro.

*Vitor de Batista é advogado associado do Santos Neto Advogados e atua nas áreas de Agronegócio, Mercado de Capitais, Bancário e Financeiro/Trade Finance. Mestre em Direito pela Universidade de São Paulo, Faculdade de Direito de Ribeirão Preto (USP/FDRP) e pós-graduando do MBA em Agronegócios pela USP, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/Esalq).

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Ministro da Agricultura e Pecuária fala sobre a abertura de novos mercados para o agro brasileiro durante o 9º CNMA

Ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro Guilherme Martimon/MAPA

Carlos Fávaro participa do segundo dia do evento, 24 de outubro, com a palestra “Voz Para o Mundo”

A importância da abertura de novos mercados para o agronegócio brasileiro é o tema da palestra “Voz Para o Mundo: 200 Novos Mercados Abertos”, que o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, vai proferir durante o 9º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (CNMA), que será realizado nos dias 23 e 24 de outubro, no Transamerica Expo Center em São Paulo (SP). 

Fávaro faz sua apresentação no segundo dia do evento, às 8h45, quando compartilhará insights sobre a reabertura de alguns mercados e abertura de novos e como isso impacta positivamente no agronegócio brasileiro. A palestra traz informações importantes para quem deseja se destacar no setor e aproveitar as novas oportunidades globais.  

Desde o início de 2023 foram abertos 184 novos mercados para os produtos agropecuários brasileiros. No último dia 9 de setembro, durante o Fórum Internacional de Agropecuária (Fiap) em Cuiabá, o ministro anunciou a abertura do mercado de DDG (grãos secos de destilaria) para o Marrocos e a ampliação da retomada do mercado de carne bovina para o Canadá. A previsão é que até o final de outubro o governo federal tenha conseguido a abertura de 200 novos mercados para o agronegócio.  

Fávaro também falará sobre a reunião do Grupo de Trabalho de Agricultura do G20 Brasil 2024, realizada na Chapada dos Guimarães (MT), que culminou com a assinatura de uma declaração histórica. Após cinco anos sem alcançar consenso, 23 ministros e representantes de quase 50 países aprovaram, por unanimidade, um documento que prioriza a sustentabilidade agrícola, sistemas produtivos resilientes e o enfrentamento das mudanças climáticas. 

O evento contou com a presença de delegações dos países membros do G20 e de organismos internacionais e reforça a liderança do Brasil na presidência do grupo. Entre os principais compromissos assumidos estão a inclusão social e econômica de pequenos produtores, comunidades indígenas e quilombolas, e a transição para uma agropecuária regenerativa. “Essa é uma declaração construída por unanimidade e que representa um compromisso de todos os países com a sustentabilidade e a segurança alimentar global. Esta declaração marca um novo rumo para a produção agropecuária e à pesca sustentável do mundo”, afirmou Fávaro.  

A Declaração Ministerial inclui medidas voltadas para a integração de práticas agrícolas sustentáveis, com o uso de bioinsumos e tecnologias modernas. O Brasil conseguiu emplacar como modelo a recuperação de pastagens degradadas, prática que pode aumentar a produção de alimentos de forma sustentável. A carta aprovada pelo GT de Agricultura, assim como as declarações dos demais grupos de trabalho do G20, será incorporada à declaração final que será apresentada na Cúpula de Líderes do G20, que ocorrerá em novembro no Rio de Janeiro (RJ).  

Para a gerente de Desenvolvimento e Novos Negócios do Transamerica Expo Center e organizadora do CNMA, Renata Camargo, a presença de Fávaro é uma boa oportunidade de as participantes do Congresso estarem atualizadas às eventuais chances de conquistarem novos mercados com seus produtos. “O agro brasileiro é reconhecido no mundo por seus produtos de excelente qualidade e pelo uso de tecnologia de ponta tanto na agricultura, quanto na pecuária e na agroindustrialização. A abertura desses novos mercados é uma mostra de que temos grande potencial de aumentar e exportar ainda mais nossa produção”, afirma.  

O maior congresso global de mulheres do agronegócio  

As inscrições podem ser realizadas pelo site www.mulheresdoagro.com.br/inscricao/. Mais informações podem ser acessadas em www.mulheresdoagro.com.br e pelo Instagram do evento @congressodasmulheresdoagro

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Ondas de calor extremo geram reflexos no agronegócio

Divulgação Agroallianz

Setor segue preocupado e especialista orienta em como ajudar as plantas a enfrentarem esse período de estresse

O ano de 2024 foi de intensas preocupações para o agro brasileiro. E ele ainda não acabou, sendo as previsões meteorológicas para os últimos meses indicando um cenário alarmante, pois, ainda sob a influência do fenômeno El Niño, o País deverá enfrentar picos de calor extremo. Esse fenômeno está associado ao aumento das temperaturas médias globais e provoca efeitos climáticos adversos, como a intensificação dessas ondas e redução severa das chuvas em algumas regiões. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), a temperatura média em diversas regiões do Brasil pode aumentar em até 1,5°C acima do normal durante o último trimestre deste ano.

Este cenário climático traz sérias apreensões e impactos para o setor, especialmente porque ele afeta diretamente o desempenho das plantas e, consequentemente, a produtividade e rentabilidade dos cultivos. Segundo o engenheiro agrônomo e gerente de marketing técnico da Agroallianz, Renato Menezes, as altas temperaturas podem levar ao superaquecimento do tecido vegetal das plantas, mesmo quando elas “recebem a quantidade ideal de água durante o ciclo produtivo da cultura”.

“Esse estresse térmico impacta no crescimento, desenvolvimento e na capacidade produtiva, prejudicando tanto a qualidade, quanto na produtividade das culturas”, explica o especialista.

Estas alterações de clima já estavam sendo previstas há alguns anos. Estudos de David Lobell e Sharon Gourdj ainda de 2011, indicam que um aumento de 1°C nas temperaturas de média ambiental, podem reduzir o rendimento das principais culturas agrícolas, como milho, soja e trigo, em até 10%.

Impacto nas lavouras

Especialistas estimam que, caso as mudanças climáticas avancem no ritmo atual, o Brasil poderá perder até 11% de sua produção agrícola até 2050. Um desses motivos é porque conforme pontua Menezes, esse estresse térmico provoca danos às membranas celulares das plantas e reduz seu potencial fotossintético, afetando diretamente a capacidade de produção delas.

“Em cana-de-açúcar por exemplo, isso se traduz em menor acúmulo de açúcares no colmo e, por consequência, uma redução no rendimento durante o pós-processamento”, cita o especialista. As projeções publicadas em um estudo do Laboratório Nacional de Biorrenováveis do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) aponta que as mudanças climáticas poderão provocar queda na produção nacional de dessa cultura de até 20% nos próximos dez anos.

Já nos grãos, como a soja e o milho, o calor excessivo interfere na fecundação das flores e na formação dos grãos reduzindo significativamente o potencial produtivo das culturas. “Nas frutíferas, o cenário é igualmente preocupante. O calor elevado reduz a produtividade, prejudica a resistência ao transporte, encurta o tempo de prateleira e altera o sabor dos frutos, não atendendo exigências do mercado consumidor”, confidencia o profissional da Agroallianz.

Em 2023 por exemplo, as perdas na produção de uvas e maçãs no Sul do Brasil devido a temperaturas extremas foram de cerca de 20%, de acordo com a Associação Brasileira de Produtores de Frutas (Abrafrutas).

Portas abertas para as pragas e doenças

Mas, além dos impactos diretos na produtividade, essas altas temperaturas aumentam a vulnerabilidade das plantas a pragas e doenças. “O estresse térmico causado pelo calor induz a produção de compostos atrativos ao ataque de insetos e pode também tornar as plantas mais vulneráveis (às) a presença de doenças, elevando os custos com manejo de controle destes fatores limitantes de produtividade”, destaca Menezes. Conforme a Embrapa, o aumento das pragas devido ao estresse térmico pode gerar um acréscimo de 15% nos custos de produção.

Há ainda que destacarmos os impactos econômicos. De acordo com o Banco Mundial, a América Latina pode perder até US$ 100 bilhões por ano até 2050 devido às consequências das mudanças climáticas, incluindo o setor. Aqui, o agronegócio é responsável por cerca de 27% do PIB, o que significa que qualquer redução na produtividade pode ter repercussões severas na economia. Além disso, regiões como o Cerrado e o Sul, que dependem fortemente da agricultura, são as mais vulneráveis a esses impactos.

Também há potencial de redução no volume de exportações agrícolas, diminuindo sua competitividade no mercado global. Quer dizer, temos muitas preocupações e é preciso pensar em como podemos amenizar isso tudo.

Ferramentas à mão do produtor

Diante desse cenário adverso, é essencial adotar tecnologias que ajudem as plantas a suportar as altas temperaturas e preservar seu potencial produtivoAAgroallianz por exemplo, oferece soluções inovadoras, como Osmobetan e Amino 75, produtos desenvolvidos para promover a termorregulação e a termoproteção das culturas. “Essas tecnologias ajudam as plantas a manterem sua eficiência fisiológica, mesmo sob condições de calor extremo, garantindo maior tolerância e consequente produtividade”, diz o especialista. Com os desafios trazidos pelas ondas de calor extremo, proteger a produção agrícola é essencial para garantir a rentabilidade da safra.

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Tempo seco e queimadas exigem melhor gestão da demanda de frutas, legumes e verduras no varejo

Tempo seco e queimadas exigem melhor gestão da demanda de frutas, legumes e verduras no varejo

Controle de estoque com inteligência artificial ajuda os supermercados na definição do volume de compra de produtos, garantindo preço e qualidade ao consumidor

As queimadas e o tempo seco que atingem todo o Brasil acenderam um alerta para produtores e varejo, especialmente de frutas, legumes e verduras (FLV) – mais vulneráveis à variabilidade climática. O quadro amplia a necessidade de o setor investir em soluções, como a inteligência artificial, para gerenciar melhor estoques e evitar o desperdício de alimentos, que podem se tornar mais escassos. 

Com uma menor disponibilidade de produtos, por conta dos efeitos climáticos e das queimadas, há impacto na oferta e nos custos do produto para toda a cadeia. Por isso, utilizar inteligência artificial para prever a demanda no atual cenário é importante, pois ela consegue identificar como a disponibilidade de alimentos reflete nos preços para o consumidor. 

Com essa análise, por meio da tecnologia, com previsão mais próxima da realidade, os pedidos do varejo poderão ser feitos de forma assertiva, diminuindo os pedidos em caso de alta de preços, a depender do produto, por exemplo. Isso permite que não haja estoque além do necessário nos mercados, e reduz as chances de haver falta de produtos no campo e desperdício na ponta por erro de planejamento.

A startup Aravita usa modelos de machine learning e IA para fazer esse tipo de recomendação com previsão de demanda para os supermercados, ajudando os varejistas a fazerem os pedidos dos produtos o mais próximo da perfeição, considerando variáveis internas  – como histórico de vendas e planejamento de promoções – com diversas variáveis externas como indicadores macroeconômicos, preços da concorrência, clima, entre outras – tudo isso aplicado a cada loja e categoria de produto. 

As condições climáticas e sazonais desempenham um papel crucial na gestão de alimentos frescos e impactam na demanda, qualidade e disponibilidade dos produtos. Com o avanço das mudanças climáticas, um bom monitoramento dos produtos pelos varejistas se torna ainda mais importante”, explica Aline Azevedo, co-fundadora e diretora de Produtos da Aravita. 

Com a situação atual no clima do país, a inteligência artificial poderá ser uma grande aliada para os supermercados terem um controle maior dos seus produtos, garantindo quantidade, qualidade e preços ideais para os seus consumidores. 

”Ao otimizar as quantidades a serem compradas, existe uma diminuição simultânea do excesso de alguns produtos, que gera desperdício e prejuízo, e da falta de outros, que acarreta perda de vendas. Estamos em um momento crítico do planeta, em que a variabilidade climática só tende a aumentar. Quando você tem condições climáticas nunca vistas, o impacto no volume de produção,  na qualidade e na durabilidade de frutas, verduras e legumes e a chance de aumentar o desperdício e impactar a população é ainda maior”, conclui Marco Perlman, CEO da Aravita. 

Sobre a Aravita

A Aravita é uma startup de inteligência artificial que ajuda varejistas a otimizar a gestão de alimentos frescos, como frutas, verduras e hortaliças, reduzindo desperdício alimentar e aumentando a disponibilidade de itens demandados. Desenvolvida no Brasil e no exterior e testada inicialmente no Brasil, a solução otimiza a compra e viabiliza novos patamares de eficiência nas operações de alimentos frescos nos supermercados, o que impacta diretamente na rentabilidade da rede varejista. www.aravita.com

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