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Startup brasileira traz IA para extratoras de óleo de palma da América Latina

FIT, startup de São Carlos, busca transformar a extração de óleo de palma (e produção do dendê) com a cultura de dados
A startup Fine Instrument Technology (FIT), que desenvolveu em parceria com a Embrapa Instrumentação o equipamento de ressonância magnética SpecFit – tecnologia para análise sustentável de parâmetros de qualidade de matérias primas e alimentos processados -, avançou alguns passos em seus negócios e trouxe para o mercado de palma latino-americano, em parceria selada com a empresa Airei, da Malásia, a plataforma MyPalm, que utiliza inteligência artificial para aumentar a produtividade das indústrias do setor.
A plataforma se vale de informações obtidas no processo industrial através de dispositivos conectados às extratoras ou através de apontamentos manuais para fazer monitoramento e recomendações sobre a maturidade do fruto do dendê, seu teor de óleo e demais parâmetros e recomendar ajustes nas máquinas extratoras garantindo maior produtividade.
No ano passado, as empresas FIT e Airei fecharam parceria para que a plataforma fosse trazida para o mercado da América Latina. A partir desta parceria foi feita a integração dos dados gerados pelo equipamento SpecFit para alimentar a plataforma My Palm, assim como desenvolvida uma nova configuração adaptada à realidade das indústrias latino americanas.
A plataforma My Palm, que já vem sendo utilizada por extratoras de países asiáticos – com e sem o SpecFIT – fez sua entrada no Brasil em abril deste ano. A Belém Bioenergia Brasil, uma das maiores empresas extratoras da região – com processamento estimado em cerca de 600 mil toneladas de frutos – é a primeira empresa da América Latina a testar o sistema em seu processo produtivo, migrando de um processo manual para uma produção data driven.
A meta da FIT, além de apoiar uma produção limpa e sustentável, é oferecer recomendações e diagnósticos em tempo real que possibilitem otimizar recursos e ampliar a produtividade no mercado de óleo de palma. “Não existe ainda uma cultura digital amplamente difundida neste mercado. Boa parte das indústrias da região ainda não possui uma automação centralizada integrada, com plataformas para uma ampla base de dados. A plataforma MyPalm possibilita uma previsão de perdas de extração através da coleta e tratamento de dados do processo”, analisa Carlos Cordeiro especialista em Inteligência Artificial para a Industria e responsável pelo MyPalm no mercado LATAM na FIT. “No contexto do mercado de óleo de palma isso é essencial, pois oferece ao extrator um conhecimento aplicado e articulado, permite resolver problemas imediatos, solucionar questões como a falta de mão de obra especializada e otimizar o planejamento produtivo, aumentando a lucratividade. Experiências na Ásia revelam que a cada US$0,20 investidos no sistema digital, uma extratora de pequeno porte (que processa até 200 mil toneladas de frutos), recupera pelo menos US$1,17”, afirma.
A proposta da FIT é levar a cultura de dados para o conjunto dos extratores de óleo de palma do Brasil e da América Latina. Enquanto no Brasil, a maior parte da produção de óleo de palma ocorre no Pará, onde existem 207 mil hectares de palma, a Colômbia é o quarto maior produtor e exportador de óleo de palma do mundo, com quase 450 mil hectares de plantações, seguido por Equador, Guatemala e Peru. Lucas Topp, gerente de operações da FIT afirma que o monitoramento de dados é fundamental para certificações de sustentabilidade, amplamente exigidas das empresas de palma em todo o mundo, “O MyPalm é uma ferramenta fundamental para a manutenção destas certificações”, ressalta.
Para o CEO da FIT, Daniel Consalter a plataforma MyPalm possibilita um grande avanço tecnológico e um impulsionamento à inovação direcionada aos extratores de óleo de palma. “As extratoras poderão ter um controle mais preciso do processo de extração do óleo, assim como uma produção mais organizada, limpa e sustentável, com redução de mão de obra em etapas que trazem risco ao trabalhador e ao processo. A FIT tem 45% do das extratoras da América Latina como clientes e apenas uma pequena parcela está presente na indústria 4.0. Sabemos que é importante levar a inovação onde ela ainda não chegou”, conclui.