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Sementes de qualidade podem incrementar mais de 35% a produtividade da soja

Sementes de qualidade podem incrementar mais de 35% a produtividade da soja

Patamares acima de 100 sacas por hectare são favorecidos com uso de sementes acima de 95% de vigor e germinação

Para ser considerada de alta qualidade, a semente de soja deve possuir características fisiológicas e sanitárias, tais como altas taxas de vigor, de germinação e de sanidade, bem como garantia da pureza física e varietal, e não conter sementes de plantas daninhas. Ao contrário, sementes de menor vigor podem acarretar em baixo estande de plantas, desuniformidade, má distribuição e desenvolvimento, afetando o rendimento econômico.

Ou seja, o principal fator de sucesso inicial de uma lavoura é o uso de sementes de qualidade elevada, que contribuem para que sejam alcançados níveis altos de produtividade. Sobre esses aspectos, alguns trabalhos têm mostrado efeito direto do vigor das sementes sobre o rendimento de grãos.

Um deles, publicado na dissertação de mestrado de José Ricardo Baguateli, ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes, da Universidade Federal de Pelotas, demonstrou, entre outros dados, que o acréscimo no vigor das sementes provoca aumentos lineares no crescimento das plantas, no número de vagens por planta, no número de sementes por planta, na massa de mil sementes e principalmente na produtividade da soja.

Ainda segundo o autor, cada ponto percentual de acréscimo no nível do vigor de sementes é capaz de aumentar a produtividade em até 28,0 kg por hectare (ha). Além disso, o uso de sementes com níveis de vigor de 95% pode incrementar a produtividade da soja em 842 kg/ha, provocando acréscimos superiores a 35% no rendimento de grãos quando comparado a sementes de baixo vigor. O trabalho de dissertação foi concluído em 2015 e utilizou para testes cultivares de soja com potenciais genéticos daquele ano.

Mais potencial em 2024

Winicius Menegaz, gerente de produção de sementes da Girassol Agrícola, empresa que é referência no setor no Brasil, explica que com a genética atual é possível alcançar acréscimos de produtividade ainda maiores. Empenhada em garantir novos patamares de rendimento ao sojicultor brasileiro, a companhia está sendo pioneira na safra 2024/25 em garantir 100% de seu volume com sementes que tenham acima de 90% de IRG (Índice de Recomendação Girassol, calculado pela média de todos os testes históricos de vigor do lote, além de germinação em boletim).

Já para sementes adquiridas com TSI (tratamento de sementes industrial), a Girassol oferece lotes com 92% de IRG e germinação. E com o TSI completo e o novo BAG ATI, que traz a inovação da atmosfera isolada, o produtor pode optar por lotes com padrão 95%. Assim como trabalhos anteriores, os estudos internos da sementeira apontam que este padrão de IRG 95% pode propiciar incrementos de até 35% em produtividade, quando comparado a lotes de qualidade inferior.

Conforme o gerente de produção, que também desenvolve estudos relacionados à qualidade de sementes em sua tese de doutorado na Universidade de Pelotas, estima-se que a média atual de mercado, considerando vigor padrão, é de 80 a 85%.

“Baseado nesta taxa, as sementes de soja oriundas da Girassol Agrícola incrementam a seus clientes em média quatro a sete sacas por hectare, devido ao uso de vigor superior ao padrão de mercado”, explica.

Importância do armazenamento

Ele acrescenta que os resultados preliminares dos trabalhos mostram que a manutenção do vigor das sementes de soja é também favorecida pelo uso de embalagens mais adequadas à máxima conservação. Isso porque, do processo de produção até o embarque, há um período aproximado de seis a sete meses de armazenamento. E, durante este tempo, é fundamental que as sementes se mantenham em sua máxima conservação e qualidade fisiológica.

“Em nossos dados já compilados, a manutenção superou 5% de vigor para as sementes com uso de BAG de atmosfera isolada (BAG ATI), quando comparado a um mesmo lote em embalagens convencionais. Uma verdadeira revolução no setor sementeiro e um novo patamar de qualidade está sendo construído”, diz o profissional.

Para ele, não existe solução mágica para incremento de produtividade, porém, é inquestionável que o primeiro passo de uma lavoura bem estabelecida é o uso de sementes de alta qualidade. Isso, quando aliado a boas práticas agronômicas, tem sim maiores garantias de um maior rendimento em produtividade, ou seja, demonstra que a “sorte” dos agricultores de sucesso vem junto com o uso de sementes ou de insumos de elevada qualidade.

“A base fundamental agronômica do “bom feijão com arroz bem-feito” é uma lei agrícola que certamente irá perdurar por muito tempo. E esta, nada mais é que, em todas as etapas de cultivo, buscar as melhores práticas agrícolas, sejam elas de manejo ou estratégias de compra dos melhores insumos. O sucesso nunca vem ao acaso e a sorte geralmente vem para os que fazem bem feito com as ferramentas mais adequadas”, conclui o especialista.

Sobre a Girassol Agrícola

Há mais de 40 anos no mercado, a Girassol Agrícola iniciou suas atividades em 1982 no Estado de Mato Grosso, na região da Serra da Petrovina. Consolidada como uma das melhores e mais produtivas empresas do agronegócio brasileiro, atualmente, as principais atividades do grupo se concentram na produção e comercialização de sementes de soja, milho, algodão e reflorestamento de eucalipto, utilizando alta tecnologia de produção e máquinas de última geração. São quatro unidades de produção em MT, nos municípios de Pedra Preta (Serra da Petrovina), Jaciara, Torixoréu e Aripuanã, além de duas unidades de produção nos estados de Goiás e Bahia.

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Pesquisadores identificam principais soluções sustentáveis para combate de nematóides da soja

Pesquisadores identificam principais soluções sustentáveis para combate de nematóides da soja

Os resultados da pesquisa constam na publicação internacional Plant Nano Biology

Principal grão da balança comercial brasileira, a soja é base essencial da alimentação animal e matéria-prima para produtos farmacêuticos, cosméticos e materiais de origem biológica. No entanto, a expansão da cultura no país tem sido ameaçada por nematóides parasitas de plantas (PPNs), microrganismos que atacam o sistema radicular, prejudicando a absorção de água e nutrientes, além de abrir caminho para infecções secundárias e, consequentemente, gerar um impacto econômico é expressivo, com perdas globais associadas ultrapassando a marca de US$ 150 bilhões por ano.

Durante décadas, o controle desses parasitas foi baseado principalmente no uso de nematicidas químicos, mas a baixa eficácia a longo prazo, a toxicidade ambiental e os riscos à saúde humana e animal têm restringido seu uso. Nesse cenário, pesquisadores vinculados ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Nanotecnologia para Agricultura Sustentável (INCT NanoAgro) identificaram soluções de base biotecnológica que surgem como alternativas promissoras, especialmente quando associadas aos avanços da nanotecnologia.

Entre as estratégias mais promissoras estão os agentes biológicos (fungos nematófagos e bactérias antagonistas) e fitoquímicos nanoencapsulados, que aumentam a eficácia e a durabilidade dos tratamentos, protegendo os compostos ativos da degradação e garantindo sua liberação direta na zona radicular, onde os nematóides concentram sua ação. Complementando essas abordagens, a interferência por RNA (RNAi) surge como uma tecnologia inovadora, capaz de silenciar genes essenciais dos nematóides e reduzir sua capacidade de infestação, embora ainda exija estudos sobre estabilidade no solo e segurança para organismos não-alvo.

Além das soluções tecnológicas, práticas culturais como rotação de culturas, manejo adequado do solo e utilização de cultivares resistentes contribuem para reduzir a pressão dos nematóides e aumentar a resiliência da soja. A combinação dessas frentes — nanotecnologia, agentes biológicos, RNAi e estratégias agrícolas — configura um manejo integrado e sustentável, capaz de reduzir perdas e minimizar impactos ambientais.

Segundo os pesquisadores, os próximos desafios incluem a validação em condições de campo, a redução de custos de produção e a otimização de formulações escaláveis, garantindo que essas soluções inovadoras possam ser adotadas de forma prática pelos produtores. “A integração entre nanotecnologia e biotecnologia representa, portanto, um caminho viável e promissor para o manejo sustentável dos nematóides da soja, alinhando produtividade, eficiência e preservação ambiental e abrindo espaço para uma nova era de agricultura inteligente e ecologicamente responsável”, concluem.

Os resultados do levantamento de soluções foram publicados na revista científica internacional Plant Nano Biology: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2773111125000622.

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Pinus: o mais brasileiro entre os estrangeiros

Coloque o homem da esquerda mais para a direita, enquadrando-o na imagem

*Por Daniel Chies, Jose Mario Ferreira e Fabio Brun

O Brasil é mestre em melhorar o que vem de fora. O gado nelore, por exemplo, originário da Índia, tornou-se a principal raça bovina do país. A soja, hoje um dos produtos mais exportados, chegou por aqui em 1882, vindo da China. O milho veio do México, o trigo da Mesopotâmia. O Eucalipto veio da Oceania. E assim seguimos, cultivando com excelência o que um dia foi exótico.

No universo das plantas não comestíveis, o fenômeno se repete. Muitas flores e espécies ornamentais, por exemplo, que embelezam nossos jardins, são estrangeiras, mas tão queridas quanto as nativas. Quando passamos para a escala industrial, destacamos a árvore de pinus, uma estrangeira que encontrou no Brasil, especialmente na Região Sul, seu lar ideal.

O cultivo comercial do gênero Pinus começou no Brasil no final dos anos 1970, com um objetivo claro: fornecer madeira para a indústria. E deu certo. O pinus taeda, principal espécie utilizada, encontrou nas condições edafoclimáticas do Sul do país um ambiente perfeito para crescer com vigor. Graças ao melhoramento genético e à tecnologia florestal, o Brasil alcançou os melhores índices de produtividade do mundo para essa espécie.

Segundo o levantamento mais recente da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), em 2024 o país contava com 1,9 milhão de hectares de florestas plantadas de pinus. A Região Sul concentra cerca de 1,69 milhão de hectares, distribuídos entre Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

A madeira de pinus está presente em nosso cotidiano de formas que muitas vezes passam despercebidas. Ela compõe papel, caixas de papelão, móveis, portas, brinquedos, utensílios domésticos e estruturas diversas. Os pellets de madeira, por exemplo, são uma fonte de energia renovável cada vez mais utilizada globalmente.

E não para por aí. A celulose extraída do pinus é usada em cápsulas de medicamentos, na indústria alimentícia e até na automobilística. Com a nanocelulose e a lignina, surgem aplicações inovadoras: superfícies impermeáveis, essências e até pele artificial. O potencial é imenso e estamos apenas no começo.

Em um mundo que exige soluções com menor impacto ambiental, as florestas plantadas para fins industriais se mostram uma alternativa viável e estratégica. Durante seu crescimento, as árvores de pinus capturam carbono da atmosfera, que permanece sequestrado nos produtos derivados por décadas ou até séculos.

Além disso, quase toda a área plantada na Região Sul possui certificações internacionais que garantem práticas rigorosas de responsabilidade social e ambiental. As empresas do setor preservam cerca de 30% da vegetação nativa nos três estados, demonstrando compromisso com o equilíbrio ecológico.

O pinus escolheu o Sul do Brasil para prosperar e foi bem acolhido. As empresas de silvicultura da região atuam com responsabilidade e visão de futuro, adotando práticas ambientais, sociais e de governança muito antes do termo ESG se tornar tendência. Por isso, a madeira de pinus brasileira é reconhecida internacionalmente pela sua qualidade e sustentabilidade.

Essa é uma história de sucesso que começou há décadas e continua a crescer, como as próprias árvores que a protagonizam. O pinus pode não ser brasileiro de origem, mas já é parte essencial do nosso presente e, com certeza, do nosso futuro.

  • *Daniel Chies é presidente da Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), Jose Mario Ferreira é presidente da Associação Catarinense de Empresas Florestais (ACR) e Fabio Brun é presidente da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas).
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Queijos brasileiros disputam pódio global e movimentam agronegócio no Paraná

Queijos brasileiros disputam pódio global e movimentam agronegócio no Paraná

Projeto do Biopark, no Oeste paranaense, transforma leite de pequenos produtores em iguarias premiadas com apoio tecnológico e institucional — e atrai atenção internacional

Entre os dias 13 e 15 de novembro, Berna, capital da Suíça, se tornará o epicentro da alta queijaria mundial com a realização do World Cheese Awards 2025. Pela primeira vez em solo suíço, o maior concurso de queijos do mundo reunirá mais de 5 mil amostras de mais de 50 países. No meio desse seleto grupo, o Brasil tem chances reais de figurar entre os grandes — graças a um projeto paranaense que uniu inovação, capacitação rural e ciência aplicada.

Entre os queijos desenvolvidos no Laboratório de Queijos Finos do Biopark Educação, em Toledo (PR), que vão representar o Brasil no concurso, três são inéditos. A iniciativa, que há seis anos transforma leite de pequenos e médios produtores em queijos de alto valor agregado, já soma 69 medalhas em premiações nacionais e internacionais, além de cases de sucesso que chamam a atenção de investidores e formuladores de políticas públicas.

O projeto oferece consultoria integral gratuita aos produtores, desde análise do leite até desenvolvimento de identidade visual, rotulagem e acesso ao mercado. “Os produtores associados ao projeto recebem suporte técnico integral e gratuito, abrangendo desde a melhoria da qualidade do leite até a produção dos queijos, com transferência completa das tecnologias desenvolvidas no laboratório. Durante todo o período de participação, é realizado monitoramento contínuo dos padrões de qualidade, assegurando a manutenção das características e da excelência dos produtos desenvolvidos”, explica Kennidy de Bortoli, pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark Educação.

Carolina Trombini, gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do Biopark Educação, complementa: “O projeto também oferece orientação técnica para os investimentos em infraestrutura física das queijarias, com auxílio na escolha dos equipamentos e layouts mais adequados, de acordo com os objetivos e o porte de cada produtor. Além disso, há acompanhamento permanente para o fortalecimento técnico e gerencial dos negócios. São realizados encontros bimestrais que abordam temas práticos e estratégicos, como marketing digital, vendas, abertura de novos mercados e boas práticas de fabricação. Trata-se de um projeto completo: a partir do momento em que o produtor decide participar, ele passa a contar com suporte em todas as etapas desse novo empreendimento”.

Tradição com tecnologia
O projeto é resultado de uma coalizão estratégica entre o Biopark, o Biopark Educação, o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR‑PR), o Sebrae/PR, o Sistema Faep/Senar e a Prefeitura de Toledo, consolidando uma rede colaborativa que promove inovação, qualificação técnica e valorização da produção local. Juntos, eles transformam a cadeia leiteira — setor estratégico no Paraná, segundo maior produtor do país — com uma lógica de diferenciação de mercado, valorização do terroir e acesso a certificações como SIM, SUSAF e SISBI.

Com base em diagnósticos técnicos, cada produtor recebe indicações personalizadas de tecnologia queijeira conforme as características do seu leite. A diversidade é prioridade: isso favorece o surgimento de um ecossistema competitivo e sinérgico — e a formação de uma Rota de Queijos Finos na região.

Resultados concretos e potencial de expansão
Em 2024, o queijo maturado Passionata, uma tecnologia do Projeto de Queijos Finos do Biopark e produzido pela Queijaria Flor da Terra (Toledo-PR), foi eleito o melhor da América Latina e o 9º melhor do mundo no World Cheese Awards. Este ano, além de tecnologias já lançadas no mercado, três novas criações concorrem na Suíça: o Guarandu, com aroma de guaraná; o Garoa Tropical, com uso de fruta cítrica na coagulação; e o Florescer, de casca lavada e coloração ousada. Produtos que unem identidade brasileira e sofisticação gastronômica — e que já despertam o interesse de importadores e chefs europeus.
Hoje, o projeto Queijos Finos do Biopark conta com 27 produtores integrados, 26 tipos de queijos no mercado e planos de expansão estadual já em curso, com apoio do governo do Paraná.

“Conseguimos criar um modelo escalável, com baixa barreira de entrada para os produtores, retorno rápido e forte apelo de marca. Ao mesmo tempo, servimos de referência de política integrada de desenvolvimento rural, segurança alimentar e inovação tecnológica no campo”, afirma Carmen Donaduzzi, idealizadora do projeto.

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