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Controle de pragas na Agricultura: cientistas brasileiros criam solução ecológica inovadora para contribuir com a segurança alimentar mundial

Controle de pragas na Agricultura: cientistas brasileiros criam solução ecológica inovadora para contribuir com a segurança alimentar mundial

Inovação de pesquisadores do INCT NanoAgro e de instituições parceiras tem o potencial de contribuir para evitar perdas da agricultura mundial que causam prejuízos anuais de 70 bilhões de dólares por ano

De acordo com o estudo realizado pelas cientistas polonesas Karolina Pawlak e Małgorzata Kołodziejczak, para garantir a subsistência da população mundial projetada para 2050 — que corresponde a mais de 9,2 bilhões de pessoas — há a necessidade de um aumento de aproximadamente 70% na produção de alimentos em nível global, nos próximos 25 anos. A meta representa um crescimento médio de 2,8% ao ano, que contrapõe o ritmo de aumento anual de 1,93%, alcançado ao longo da última década pelo mercado global de alimentos, e o de 1,1% alcançado pelo setor mundial de produção agrícola, ao longo do mesmo período. 

Entre os principais obstáculos a serem enfrentados pelo segmento produtivo está a perda agrícola causada por pragas, que responde por até 40% das perdas mundiais substanciais e chega a 70 bilhões de dólares, anualmente, conforme dados disponibilizados pela  Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação. Nesse cenário, os cientistas brasileiros Patrícia Luiza de Freitas Proença, Estefânia Vangelie Ramos Campos, Tais Germano Costa, Renata de Lima, Ana Cristina Preisler, Halley Caixeta de Oliveira, Claudiane Martins da Rocha, Daniel Junior de Andrade, Kelly Cristina Gonçalves, Ricardo Antonio Polanczyk e Leonardo Fernandes Fraceto, em artigo publicado pela revista Elsevier, explicam que o desafio está em promover soluções que sejam efetivas sem agredir o meio ambiente.

“Produtos químicos sintéticos estão entre a primeira linha de defesa contra pragas em áreas agrícolas e urbanas, promovendo o aumento da produção de alimentos e reduzindo doenças transmitidas por vetores. No entanto, essa aplicação química não é o melhor método para a saúde pública ou o meio ambiente. A porcentagem de pesticidas perdidos durante uma aplicação na agricultura varia de 2% a 25% e pode se espalhar por quilômetros, atingindo áreas não visadas. Anualmente, há aproximadamente 385 milhões de casos de envenenamento acidental e 11 mil mortes devido a pesticidas. Devido a esse risco e outras razões econômicas, ambientais e de saúde pública, há uma necessidade de uma agricultura mais segura e sustentável com uso mínimo de pesticidas”, escrevem os cientistas.

Para evitar os malefícios mencionados pelos especialistas, atualmente, uma das principais alternativas aos chamados “agrotóxicos” envolve o emprego de compostos de origem natural que oferecem controle de pragas, minimizando os danos ao meio ambiente e mitigando os efeitos colaterais em organismos não-alvos. Assim, a cúrcuma tem ganhado grande destaque principalmente devido às diversas propriedades exibidas pela curcumina, um dos compostos extraídos da planta e que possui propriedades anticancerígena, anti-inflamatória, antioxidante, analgésica, antisséptica e, mais recentemente descoberta, pesticida. Da mesma forma, o carvacrol também tem se destacado enquanto composto de origem botânica com ação contra pragas de interesse agrícola. 

Apesar da competência demonstrada no controle de pragas de pesticidas botânicos, a ampla utilização  desses compostos é dificultada por fatores como alta volatilidade, baixa estabilidade, baixa solubilidade em água e efeitos fitotóxicos, além serem suscetíveis à irradiação de luz, especialmente UV e temperaturas elevadas, o que pode resultar em sua rápida degradação e na alteração de suas propriedades, tornando-os tóxicos. 

Cientes sobre o potencial dos compostos botânicos que deixam de ser utilizados frente aos riscos de degradação que apresentam, a equipe de cientistas brasileiros desenvolveu uma solução inovadora, na qual nanopartículas de zeína são utilizadas para encapsular compostos de cúrcuma e carvacrol. A zeína é uma proteína derivada do milho — abundante, reprodutível e de baixo custo — que tem como características a facilidade de formação de nanoestruturas, a biocompatibilidade e a biodegradabilidade. Ao ser utilizada no nanoencapsulamento, a proteína permitiu a liberação dos compostos pesticidas de forma gradual e sustentável, apresentando eficácia contra pragas de soja, ácaros e lagartas, sem causar fitotoxicidade.

Detalhes sobre a solução e os resultados obtidos pelos pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Nanotecnologia para Agricultura Sustentável (INCT NanoAgro), do Centro de Pesquisa em Dinâmica da Biodiversidade e Mudanças do Clima (CBioClima), do  Labiton (Bioactivity Assessment and Toxicology of Nanomaterials Lab) e do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI Biodiversidade) estão publicados no artigo “Nanopartículas de zeína co-carregadas com curcumina e carvacrol: preparação e avaliação abrangentes de atividades biológicas no controle de pragas”, disponível no site da revista científica Elsevier e no site do INCT NanoAgro.

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Água com tecnologia: Reflorestar inaugura módulos de irrigação 100% mecanizados para o manejo inicial de mudas na silvicultura

Água com tecnologia: Reflorestar inaugura módulos de irrigação 100% mecanizados para o manejo inicial de mudas na silvicultura

Tecnologia eleva o padrão dos manejos florestais no país. Primeiros módulos chegam no MS e em SP

No solo vermelho do município de Água Clara (MS), onde por décadas os primeiros dias de irrigação dependiam do esforço físico intenso dos colaboradores, uma nova realidade começa a ser escrita. A Reflorestar Soluções Florestais inicia a operação do primeiro módulo operacional do país com o conjunto completo de Irrigadores Mecanizados Bizmaq, marco que rompe com práticas historicamente manuais e abre caminho para uma silvicultura cada vez mais mecanizada, precisa e sustentável.

Com contrato firmado com a Suzano para operações de plantio, a Reflorestar buscou tecnologias que gerassem maior agilidade operacional, ganhos de produtividade e, sobretudo, melhores condições de trabalho para seus colaboradores. Agora, o colaborador atua em uma cabine climatizada, com controles eletrônicos que acionam o equipamento e distribuem água de forma uniforme sobre as mudas de eucalipto.

“O equipamento entrega qualidade e assertividade na quantidade de água aplicada por planta, além de transformar a experiência do colaborador. Antes, era uma atividade semimecanizada, em que o auxiliar caminhava o dia todo exposto ao sol e ao calor intenso.

Agora, é uma operação totalmente mecanizada e confortável”, explica Paulo Gustavo Souza, gerente de Silvicultura da Reflorestar. É a tecnologia a serviço do homem e da silvicultura.

Precisão e eficiência
Para essa etapa da silvicultura, a Reflorestar adquiriu cinco irrigadores mecanizados Bizmaq, sendo três destinados aos plantios no Mato Grosso do Sul e dois para o estado de São Paulo.

Os tanques têm capacidade de 10 mil litros, permitindo padronização rigorosa da lâmina d’água aplicada em cada muda.

Essa precisão reduz desperdícios e elimina a variabilidade típica da irrigação semimecanizada, em que a dosagem dependia do julgamento do auxiliar, podendo variar, por exemplo, entre 3 e 7 litros por planta.

“A mecanização garante a mesma quantidade de água para todas as mudas, com total padronização operacional. Esse é um ganho expressivo em eficiência”, reforça Gregory Barbosa, consultor de produto da Bizmaq.

Primeiros passos
A irrigação das mudas é uma etapa inicial e pontual do processo de plantio, mas sua frequência depende diretamente das características de solo e clima de cada região.

No Mato Grosso do Sul, por exemplo, região mais quente, a média é de três irrigações consecutivas, podendo chegar a cinco em períodos de maior temperatura. Já em Lençóis Paulista (SP), onde a Reflorestar também assumirá operações de plantio, o clima mais ameno permite uma média aproximada de duas irrigações.

A entrada da Reflorestar como operadora efetiva, e não apenas participante de testes, marca um avanço inédito. “É o primeiro módulo operacional com esses equipamentos no país. Outras unidades fizeram apenas testes. A Suzano, junto com a Reflorestar, vem sendo pioneira na adoção de uma silvicultura 100% mecanizada”, destaca Gregory.

Nova geração da silvicultura
A Bizmaq, referência nacional em implementos agroflorestais, acompanha de perto empresas que impulsionam a modernização do campo. Nesse movimento, a Reflorestar se destaca pela velocidade com que tem expandido sua mecanização, especialmente na silvicultura, área em que passou a atuar há cerca de dois anos.

“A Reflorestar escolheu um caminho diferente: entrar entre os maiores investindo em mecanização plena, fugindo do modelo manual tradicional. A empresa pulou etapas e hoje se coloca como case de sucesso na prestação de serviços florestais”, analisa Gregory.

Visão de futuro
A inauguração deste módulo mecanizado reafirma o compromisso da Reflorestar com um modelo operacional moderno, seguro e sustentável, em que tecnologia e cuidado com as pessoas caminham lado a lado.

Ao mecanizar uma etapa historicamente manual, a empresa eleva padrões de ergonomia, padroniza a qualidade operacional, reduz riscos e variabilidades, ganha eficiência e precisão, além de avançar na construção de uma silvicultura de alta performance.

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Cuidado coletivo com as estradas rurais: preservar a mata às margens também é proteger vias e vidas

Imagem: Freepik

Em temporada de chuvas, o colapso das vicinais ameaça produção, acesso e segurança; Associação Ambientalista Copaíba reforça que a restauração de matas ciliares e a preservação das margens são medidas práticas de prevenção e resiliência

Estimativas recentes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apontam que no Brasil há cerca de 2,2 milhões de km de vias rurais, em sua maioria não pavimentadas, e grande parte em condições precárias, o que gera prejuízos diretos ao agronegócio e às populações locais, como perdas logísticas e econômicas, além de impactar traslados em geral. Durante a temporada de chuvas, esses trechos se tornam ainda mais vulneráveis com o aumento da erosividade da chuva e o volume de precipitação agravando o assoreamento, a erosão lateral e os alagamentos que deterioram pontes, bueiros e a própria pista, problemas documentados por estudos técnicos e relatórios sobre impactos hidrometeorológicos na infraestrutura rodoviária. 

Nesse cenário, segundo a Embrapa as matas que margeiam rios e córregos (matas ciliares) assumem o papel de “freios naturais”, reduzindo a velocidade do escoamento superficial, facilitando a infiltração da água no solo e diminuindo o volume de sedimentos carregados para os cursos d’água, processos que, em conjunto, atenuam enchentes localizadas e o assoreamento de pontos críticos sob estradas e pontes. Relatórios e pesquisas da Embrapa sobre erosividade esclarecem que, onde a cobertura vegetal é preservada, o risco de enxurradas e cortes de pista cai sensivelmente durante eventos de chuva intensa. 

A Associação Ambientalista Copaíba, com atuação desde 1999 na restauração de matas nativas e recuperação de nascentes na região de Socorro (SP) e bacias vizinhas, tem mostrado na prática os benefícios da recuperação de margens. Em relatos de projetos, a coordenadora Ana Paula Balderi observa que áreas restauradas começam, em poucos anos, a “proteger o solo e o entorno das nascentes” e a “servir como obstáculo ao escoamento das enxurradas”, reduzindo a velocidade da água e favorecendo a infiltração, efeito diretamente ligado à menor incidência de erosão nas proximidades de estradas rurais. 

A Copaíba registra projetos de restauração que já cobrem centenas de hectares e enfatiza a necessidade de políticas públicas e engajamento comunitário para ampliar essa ação. Especialistas ouvidos pela entidade e estudos técnicos convergem em ações concretas que unem conservação ambiental e manutenção de infraestrutura: (1) manter ou recuperar faixas de vegetação nas margens de córregos e nascentes; (2) planejar bueiros e sistemas de drenagem considerando aumento de volume de chuva; (3) evitar desmatamentos e compactação de solo próximos às vias; (4) articular programas municipais e estaduais de manutenção periódica das vicinais com iniciativas de restauração florestal nas bacias. 

Quando proprietários rurais, prefeituras e ONGs atuam em conjunto, os benefícios são múltiplos, como redução de estragos nas estradas, menor custo de manutenção e maior segurança para quem depende dessas vias. Assim, a conservação das margens e a restauração de matas ciliares não são apenas causas ambientais: são investimentos em infraestrutura natural que protegem estradas, safra e pessoas, especialmente em períodos de chuvas intensas. 

Nesse sentido, a recomendação da Copaíba é clara: políticas públicas integradas, incentivos à restauração e ações comunitárias são caminhos para transformar áreas de risco em corredores resilientes e, desse modo, reduzir paradas, prejuízos e riscos nas estradas rurais.

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Mapeamento inédito revela poder do amendoim no Brasil

Imagem: Freepik

Estudo da ABEX-BR quantifica a cadeia do amendoim e confirma: Brasil é o 3º mais eficiente do mundo em produtividade

A Associação Brasileira do Amendoim (ABEX-BR) anuncia o lançamento do livro “Mapeamento e Quantificação da Cadeia do Amendoim Brasileiro”, o primeiro estudo no país a oferecer um raio-x completo do setor, desde o produtor até o exportador, com dados inéditos da safra 2024/2025.

O evento de lançamento será realizado no dia 3 de dezembro, às 14h, em Ribeirão Preto/SP, e marcará a disponibilização de informações que comprovam a relevância da leguminosa no cenário nacional.

Um dos destaques da pesquisa revela que o setor movimentou um faturamento total de R$ 18,6 bilhões no último ano, consolidando o amendoim como um player de grande porte e de alto impacto socioeconômico para o país.

“Este mapeamento é um divisor de águas para toda a cadeia. Pela primeira vez, temos uma visão completa e quantificada do nosso impacto. Com R$ 18,6 bilhões em faturamento, a importância do amendoim ultrapassa o campo e chega à mesa de negociação de grandes instituições. Temos dados concretos para guiar investimentos, estruturar linhas de crédito e influenciar políticas públicas que sustentem a nossa eficiência produtiva, que já é a 3ª maior do mundo”, afirma Cristiano Fantin, presidente da ABEX-BR.

Um raio-x socioeconômico para o desenvolvimento setorial
O estudo vai além dos números de produção. Ele compila dados socioeconômicos detalhados que interessam não só ao público em geral – que acompanha a geração de riqueza e emprego – mas, principalmente, a órgãos reguladores, ao setor financeiro e ao mercado de seguros.

O livro oferece uma visão completa da safra 2024/2025 e servirá como base fundamental para o poder público, setor financeiro e de seguros na hora de regular a produção, formatar linhas de crédito e oferecer garantias de safra com precisão.

“Com este livro, a ABEX-BR cumpre seu papel de levar ciência e inteligência para todos os elos da cadeia, do produtor ao beneficiador. Esta é a nossa ferramenta para falar ‘para dentro’ do setor e ‘para fora’, com o governo, mostrando a capacidade de geração de valor, emprego e renda que o amendoim tem. É um setor que mais que triplicou o volume de produção na última década e precisa de informações à altura do seu crescimento”, conclui Cristiano Fantin.

O livro “Mapeamento e Quantificação da Cadeia do Amendoim Brasileiro” foi financiado pelo Núcleo de Promoção e Pesquisa (NPP) da ABEX-BR e estará disponível para download durante seu lançamento. A pesquisa foi realizada pela Markestrat, consultoria especializada em agronegócio.

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