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Comportamento do mercado indica proximidade do ciclo de alta na pecuária e confinamento surge como oportunidade para antecipar compra de bezerros

Foto aérea

Em 2024, após um primeiro semestre nebuloso para os criadores de gado, a praça de São Paulo puxou a retomada de preços em todos os estados brasileiros, registrando uma elevação de 27,9%, entre setembro do ano passado e janeiro de 2025. No período, a cotação do boi gordo saltou de R$ 249,27 para R$ 319,36, respectivamente. Desde então, manteve-se acima dos R$ 300,00, mesmo sob oscilações.

Parecia se tratar da virada do ciclo pecuário, mas, segundo Felipe Fabbri, analista de mercado da Scot Consultoria, palestrante convidado para uma série de dias de campo do grupo nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e São Paulo, um fator, em especial, levou à valorização. “Nós tivemos um mercado firme no final do ano passado em função, principalmente, da demanda por carne bovina”, avalia o especialista.

No período, o consumo interno estava subindo e houve recorde de exportação – o Brasil embarcou 2,5 milhões de toneladas de produto in natura, o maior volume da história. Mas, quando se observava o abate de fêmeas, o volume continuava elevado, sugerindo um cenário baixista. “E não foi ruim, porque, sem reduzir a oferta de fêmeas abatidas, apresentamos um quadro de recuperação. Agora, quando ela cair, e esperamos isso ao longo do segundo semestre de 2025, poderemos ter um mercado mais sólido para o boi gordo”, prevê o analista.

Dentro dos confinamentos, o balanço foi positivo no primeiro semestre. “A entrada de gado na MFG começou bem aquecida. Choveu bastante em Mato Grosso e os pecuaristas aproveitaram seus pastos para colocar mais peso na recria, utilizando o confinamento como uma extensão da propriedade. Em São Paulo e Goiás, o mês de dezembro foi mais seco e os produtores daqueles estados decidiram antecipar o envio de animais para o confinamento, mesmo com as chuvas de verão melhorando os pastos, em janeiro. Fechamos o primeiro semestre dentro das metas”, relata Vanderlei Finger, gerente de Compra de Gado da MFG Agropecuária.

Expectativas para o 2º semestre

Duas variáveis, em especial, dão pistas da chegada do ciclo de alta da pecuária de corte. A primeira é a sustentação da cotação ao longo dos últimos oito meses e a segunda é a valorização da reposição. “Analisando-se os dois indicadores isoladamente, a cria mostra uma margem interessante. Acreditamos que o preço do bezerro servirá de estímulo ao processo de retenção de matrizes no decorrer deste segundo semestre”, prevê o analista da Scot Consultoria. Além disso, historicamente, a segunda metade do ano sempre é melhor comparada aos primeiros seis meses.

De janeiro a junho, as exportações de carne bateram 1,23 milhão de toneladas contra 1,13 milhão de toneladas de 2024, então, espera-se a quebra de um novo recorde em 2025.Internamente, o consumo doméstico tem mantido um nível que não permite excedentes de carne bovina. “Olhando para o segundo semestre, sazonalmente, nós temos menor carga tributária ao consumidor e maior renda per capita rodando, mesmo que artificialmente, em função de empregos temporários e décimo terceiro, mas tudo isso colabora com o viés de alta do boi gordo”, explica Felipe Fabbri.

“Até junho deste ano houve oscilações nos preços do boi gordo, todavia nada comparado à volatilidade de 2024. Realmente, acreditamos estar diante de uma virada de ciclo”, corrobora Finger. Para quem ainda estiver apreensivo, o gerente sugere a trava de preço na B3. “Flutuações podem acontecer a qualquer instante, e delas nascem oportunidades. Por isso, além de oferecer a ferramenta habitual, uma novidade na MFG é a trava por antecipação. Mesmo antes do envio dos lotes para o confinamento, a equipe de originação vai até a fazenda, avalia os animais, projeta a engorda e calcula o tempo necessário até o abate, para fazer a trava”, informa.

A hora de confinar é agora

 A valorização da reposição tende a comprometer a relação de troca. Na virada de 2020-2021, eram necessárias 9,4 arrobas de boi gordo para compra de um bezerro.  Em 2023-2024, foram 8 arrobas e, até junho de 2025, havia subido para 8,3 arrobas. Ou seja, a relação está ficando mais onerosa, porém, ainda distante da média de anos anteriores. “O confinamento, seja ele próprio ou de terceiros, é uma estratégia essencial para permitir a compra de bezerros com ágio, digamos assim, mais atrativo do que veremos nos próximos anos”, adverte Fabbri.

O objetivo seria aliviar as pastagens enviando o gado mais pesado para engorda no confinamento. “Então, é aproveitar o momento favorável para limpar os pastos e colocar os animais mais pesados no confinamento, nesse segundo semestre, deixando os mais leves para recria na fazenda, e, assim, entrar 2026 com um estoque novo e bem comprado. Esse é um ponto de atenção que o pecuarista deve ter para ser assertivo”, conclui Finger.

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Mapeamento inédito revela poder do amendoim no Brasil

Imagem: Freepik

Estudo da ABEX-BR quantifica a cadeia do amendoim e confirma: Brasil é o 3º mais eficiente do mundo em produtividade

A Associação Brasileira do Amendoim (ABEX-BR) anuncia o lançamento do livro “Mapeamento e Quantificação da Cadeia do Amendoim Brasileiro”, o primeiro estudo no país a oferecer um raio-x completo do setor, desde o produtor até o exportador, com dados inéditos da safra 2024/2025.

O evento de lançamento será realizado no dia 3 de dezembro, às 14h, em Ribeirão Preto/SP, e marcará a disponibilização de informações que comprovam a relevância da leguminosa no cenário nacional.

Um dos destaques da pesquisa revela que o setor movimentou um faturamento total de R$ 18,6 bilhões no último ano, consolidando o amendoim como um player de grande porte e de alto impacto socioeconômico para o país.

“Este mapeamento é um divisor de águas para toda a cadeia. Pela primeira vez, temos uma visão completa e quantificada do nosso impacto. Com R$ 18,6 bilhões em faturamento, a importância do amendoim ultrapassa o campo e chega à mesa de negociação de grandes instituições. Temos dados concretos para guiar investimentos, estruturar linhas de crédito e influenciar políticas públicas que sustentem a nossa eficiência produtiva, que já é a 3ª maior do mundo”, afirma Cristiano Fantin, presidente da ABEX-BR.

Um raio-x socioeconômico para o desenvolvimento setorial
O estudo vai além dos números de produção. Ele compila dados socioeconômicos detalhados que interessam não só ao público em geral – que acompanha a geração de riqueza e emprego – mas, principalmente, a órgãos reguladores, ao setor financeiro e ao mercado de seguros.

O livro oferece uma visão completa da safra 2024/2025 e servirá como base fundamental para o poder público, setor financeiro e de seguros na hora de regular a produção, formatar linhas de crédito e oferecer garantias de safra com precisão.

“Com este livro, a ABEX-BR cumpre seu papel de levar ciência e inteligência para todos os elos da cadeia, do produtor ao beneficiador. Esta é a nossa ferramenta para falar ‘para dentro’ do setor e ‘para fora’, com o governo, mostrando a capacidade de geração de valor, emprego e renda que o amendoim tem. É um setor que mais que triplicou o volume de produção na última década e precisa de informações à altura do seu crescimento”, conclui Cristiano Fantin.

O livro “Mapeamento e Quantificação da Cadeia do Amendoim Brasileiro” foi financiado pelo Núcleo de Promoção e Pesquisa (NPP) da ABEX-BR e estará disponível para download durante seu lançamento. A pesquisa foi realizada pela Markestrat, consultoria especializada em agronegócio.

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Nova geração de leveduras eleva rendimento do etanol em até 6%

Imagem: Freepik

Ganhos podem chegar a R$ 30 milhões por safra

Avanços recentes em bioengenharia apontam para um salto inédito na produtividade do etanol, impulsionado por novas cepas de leveduras industriais. Pesquisadores da Lallemand Biofuels & Distilled Spirits (LBDS), nos Estados Unidos, registraram um aumento de até 6% na conversão da cana em etanol em relação às leveduras convencionais.

Segundo cálculos da LBDS, uma biorrefinaria com capacidade de produção diária de 1.000 m³ de etanol, poderia aumentar sua lucratividade em até R$ 30 milhões por safra, considerando o preço atual do etanol anidro. Os ganhos de eficiência têm relação com a nova geração de leveduras biotecnológicas, que expressam de 40% a 55% menos subprodutos, como o glicerol, comparado às leveduras comuns.

“As pesquisas têm encontrado formas de tornar mais eficiente o açúcar disponível para a síntese de etanol, reduzindo perdas metabólicas e aumentando a produtividade da fermentação”, explica Fernanda Firmino, vice-presidente da LBDS na América do Sul. Ela destaca ainda que o desempenho da nova tecnologia é cerca de 20% superior ao das cepas biotecnológicas LBDS já disponíveis no mercado.

Elisa Lucatti, gerente de aplicações da LBDS, afirma que o ganho de rendimento aliado à robustez tem sido o diferencial das cepas biotecnológicas. “As biorrefinarias sucroalcooleiras no Brasil, historicamente, enfrentam dificuldades operacionais que desafiam a permanência de leveduras no processo industrial. Assim, não é só rendimento que importa, mas estabilidade operacional que corrobora com economia de insumos”, diz.

A persistência das leveduras biotecnológicas no processo sucroalcooleiro tem recebido destaque especial. Em sistemas de fermentação contínua, conhecidos pelo alto desafio microbiológico, a geração de levedura atual já apresentou persistência superior a 200 dias sem necessidade de reinoculação, resultado inédito no país. A expectativa é que as novas versões ampliem ainda mais esse desempenho, podendo chegar à safra toda.

A empresa reforça, porém, que o aproveitamento do potencial das novas cepas está diretamente ligado à qualidade do processo, especialmente no controle de temperatura e procedimentos eficazes de limpeza. “Nossos mais de 10 anos de implementação conjunta aos times de operação das usinas de etanol de cana-de-açúcar comprovam que as unidades que possuem boas práticas operacionais, principalmente eficiência no CIP, são capazes de maximizar e atingir resultados recordes com leveduras de alta performance”, diz Lucatti.

Uma realidade que fazia parte somente do etanol de milho passou a fazer parte do setor sucroalcooleiro. Segundo a avaliação econômica da Lallemand, a evolução da engenharia genética, em pouco mais de uma década, aumentou em 1.300% os ganhos na produção de etanol de milho, de R$ 4/t, em 2012, para R$56/t, em 2024, abrindo um grande caminho para o mercado de etanol de cana-de-açúcar que encontrava-se estagnado.

Nos últimos anos, a companhia intensificou investimentos em bioengenharia aplicada ao metabolismo fermentativo, com foco em elevar a produtividade, reduzir custos operacionais e ampliar o desempenho ambiental das usinas. Desde 2010, tem sido investido mais de U$$ 100 milhões em pesquisas e desenvolvimento de soluções biotecnológicas.

Os maiores grupos sucroenergéticos do Brasil já são clientes da LBDS, que mira expansão em toda a América do Sul. “Estamos vivendo uma nova fase na bioindústria. O foco é maximizar o potencial biológico dentro da infraestrutura existente e reduzir os impactos ambientais, produzir mais utilizando menos. Isso só é possível com a implementação da bioengenharia de precisão”, afirma Firmino.

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Destaque

Setor agropecuário comemora fim das sobretaxas dos Estados Unidos

Imagem: Freepik

Presidente da Faesp alerta, entretanto, que é preciso reforçar a diplomacia e buscar
sempre novos mercados para garantir a rentabilidade do produtor

A decisão do governo americano de suspender, na última quinta-feira (20), as sobretaxas
sobre as importações de mais de 60 itens da lista de produtos agropecuários
brasileiros representa um avanço significativo para o comércio bilateral e para a
dinâmica do agronegócio nacional. Ao aliviar um peso financeiro relevante sobre itens
como carne, soja, frutas e commodities diversas, os Estados Unidos reabrem espaço
para que produtores brasileiros ampliem sua presença em um dos mercados mais
competitivos e lucrativos do mundo. Essa medida demonstra reconhecimento da
qualidade e da importância estratégica dos produtos do campo brasileiro no cenário
global.

Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São
Paulo (Faesp), Tirso Meirelles, além do impacto econômico direto, a suspensão das
sobretaxas traz um elemento fundamental para o planejamento das atividades rurais:
previsibilidade. Em um setor profundamente sensível às oscilações externas — seja
de preços, custos logísticos ou barreiras comerciais —, a possibilidade de operar com
maior clareza sobre as condições de acesso ao mercado internacional permite que
agricultores e pecuaristas invistam melhor, negociem com mais segurança e
organizem sua produção de forma mais eficiente.

“Essa notícia reforça a importância do setor agropecuário brasileiro no contexto
global. A tarifas extras penalizavam não apenas o produtor nacional, mas também os
consumidores americanos, que viram sumir das prateleiras de supermercados
alimentos que fazem parte da rotina diária das famílias e onde eles reconhecem
qualidade. É uma vitória importante do agro”, frisou Meirelles.

Antonio Ginack Junior, da Comissão de Bovinocultura de Corte da Faesp, comemorou
a decisão, mas ressaltou que os produtores precisam estar atentos para o futuro.
Segundo ele, “a taxação foi fantástica para o mercado brasileiro pois assim os
vendedores de carne bovina tiveram que sair da zona de conforto para abrir novos
mercados. E abriram! Com isso o preço da arroba ao ser taxada pelos Estados
Unidos, ao invés de cair, aumentou aqui no Brasil”.

“A notícia é muito boa, já que os Estados Unidos são grandes importadores de café
do Brasil. A preocupação era que eles procurassem outras origens devido as tarifas,
fazendo com que trabalho de anos do setor fosse desfeito. Para o setor cafeeiro a
decisão traz a certeza de voltaremos a exportar forte para o mercado americano”,
explicou Guilherme Vicentini, coordenador da Comissão de Cafeicultura da Faesp.

Outro fator relevante é que a medida fortalece a confiança nas relações comerciais
entre Brasil e Estados Unidos. O gesto do governo americano sugere disposição para
o diálogo e para a cooperação, reduzindo tensões e abrindo espaço para acordos
mais amplos no futuro. Essa sinalização positiva tende a beneficiar não apenas o
agronegócio, mas também outros setores da economia que dependem de relações
externas estáveis e transparentes.

Ainda assim, a decisão do governo americano não deve ser interpretada como uma
garantia definitiva. O episódio do tarifaço — com sobretaxas que chegaram a impactar
significativamente a competitividade brasileira — funciona como um alerta importante
para a vulnerabilidade de países exportadores diante de mudanças políticas e
conjunturais. A dependência excessiva de poucos mercados torna produtores e
governos mais suscetíveis a riscos geopolíticos e disputas comerciais que fogem ao
seu controle.

A suspensão das sobretaxas, entretanto, deve ser acompanhada por uma estratégia
mais ampla de diplomacia econômica ativa e da construção de novas parcerias
internacionais. Diversificar mercados, ampliar acordos comerciais e investir em
inovação e qualidade são caminhos essenciais para garantir que os produtos
brasileiros continuem competitivos no cenário global. Somente assim será possível
assegurar a rentabilidade dos produtores rurais e fortalecer a posição do Brasil como
um dos grandes protagonistas do agronegócio mundial.

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