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Com reajustes no Plano Safra, produtores rurais buscam novas oportunidades de crédito para o agronegócio

*Por Gustavo Alves
O Plano Safra, principal política de crédito rural do Brasil desde 2003, passa por um período de transformações em 2025, redefinindo o comportamento dos produtores e o mercado financeiro agro. Antes reconhecido pela estabilidade, com as menores taxas de juros e previsibilidade, o programa agora enfrenta ajustes que têm gerado incertezas e levado os agricultores a uma postura mais cautelosa. O cenário atual é decisivo para o agronegócio brasileiro, especialmente para pequenos e médios produtores, que representam mais de 70% dos financiados e dependem desses recursos para custear a produção, investir e mitigar riscos climáticos.
Esta mudança será sentida especialmente na taxa de juros, já que o Plano Safra oferecia a mais baixa do mercado. As novas condições de financiamento trarão juros mais altos, aumentando diretamente o custo de produção. Com isso, o financiamento agrícola será inevitavelmente mais caro, exigindo que os produtores busquem alternativas em bancos tradicionais ou novas soluções oferecidas pelo mercado financeiro.
A recente paralisação parcial do programa revelou vulnerabilidades profundas do setor do agronegócio. Isso gerou insegurança no campo, além de descontinuidades em investimentos e um ambiente de incertezas que prejudica o planejamento das próximas safras. Diante deste cenário, surge a necessidade de reestruturação do modelo de crédito agrícola brasileiro, com foco em previsibilidade, transparência e maior integração das necessidades reais dos produtores com políticas públicas modernas.
Como resultado, produtores têm adiado decisões importantes sobre o financiamento, comportamento que reflete a falta de clareza sobre o futuro do crédito agro e suas condições. Diante dessa mudança, as fintechs especializadas em crédito agro emergem como uma alternativa promissora, trazendo inovação e eficiência para o setor.
A diversificação das fontes de financiamento será essencial para que o setor se adapte à nova realidade. Isso porque dificilmente o produtor rural conseguirá em apenas uma instituição o mesmo montante financeiro que obteria diretamente no Plano Safra. A captação pulverizada em diferentes linhas — embora com custos mais altos — torna-se uma realidade.
Com isso, a tecnologia é uma grande aliada para tornar o setor mais resiliente. Iniciativas inovadoras como fintechs especializadas em crédito agro e plataformas digitais de gestão de risco e financiamento vão muito além de simples alternativas, elas representam o caminho natural para um futuro mais ágil e sustentável, menos dependente exclusivamente das linhas tradicionais. A digitalização do crédito e a tokenização de ativos rurais começam a ganhar espaço como formas inovadoras de captação de recursos.
Os bancos e instituições financeiras estão passando por um aumento significativo no número de consultas, porém os produtores estão mais seletivos, analisando desde as taxas de juros até os prazos e limites oferecidos. Isso leva à promulgação de muitas negociações com os agricultores buscando garantir as melhores condições possíveis.
A sazonalidade do agronegócio também influencia esse movimento. A especulação sobre os custos de insumos, como fertilizantes, que já haviam subido 18% no primeiro trimestre de 2025, e a etapa final de colheita da soja adicionam complexidade ao planejamento da safra 25/26. Ao mesmo tempo, a atenção se volta para a safrinha, com produtores focados na colheita da soja e nos preparativos para o café, com muitos produtores buscando garantir recursos com antecedência para não serem pegos desprevenidos.
O Plano Safra 2025/26 deve incorporar soluções tecnológicas e incentivar ativamente seu crescimento, criando um ambiente propício à inovação, fortalecendo o produtor rural e preparando o agro brasileiro para novos desafios globais, garantindo nossa competitividade e sustentabilidade no longo prazo.
*Gustavo Alves é bacharel em agronomia, produtor rural e CEO da Nagro