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Agtech amplia atuação no Brasil junto aos agricultores
SIMA reforça o seu compromisso junto à classe produtora e planeja atingir mais de um milhão de hectares monitorados no país com tecnologias personalizadas
A agricultura brasileira tem sido amplamente impulsionada nos últimos anos, principalmente com a adoção tecnológica. Porém, ao mesmo ritmo que a classe produtora avança para ser a cada safra ser mais eficiente, sustentável e produtiva, os desafios também caminham pari passu a esse crescimento. Com o objetivo de entender as reais necessidades, a AGTech argentina SIMA – Sistema integrado de monitoramento agrícola, presente no Brasil há quase 5 anos, vai intensificar sua atuação direta com os produtores rurais no campo.
A estratégia não é apenas acessibilizar suas tecnologias no modelo de negócio B2C (business to consumer), mas sim, criar soluções específicas e personalizadas para de fato contribuir com a digitalização da agricultura brasileira de maneira eficiente. “Seguimos a nossa atuação com as indústrias via B2B, mas, queremos estar mais próximos dos agricultores propondo soluções cada vez mais alinhadas com suas necessidades no dia a dia”, destacou o engenheiro agrônomo, Felipe de Carvalho, coordenador da Sima no Brasil.
Com forte atuação na América Latina, com negócios também no México e na África do Sul, a agtech já monitora mais de 8 milhões de hectares. No Brasil, a meta é atingir mais de um milhão de ha cadastrados em sua plataforma até o ano que vem. “O mercado brasileiro é enorme e os produtores já estão mais acostumados à agricultura digital. Queremos com esse novo posicionamento fomentar ainda mais essa vocação nacional”, disse Carvalho.
Eficiência e simplicidade
A tecnologia da Sima se destaca por ser uma ferramenta simples, completa e inteligente, que permite realizar o controle e monitoramento da lavoura de forma georreferenciada, desde o plantio até a colheita. Desta forma, consolidou-se em diversos países como uma ferramenta de excelente nível técnico agronômico com detalhes específicos de parâmetros que geram maior segurança ao produtor.
Segundo Carvalho, entre os diferenciais da ferramenta, está a sua capacidade de funcionamento no modo off-line. Desta forma, o técnico no campo pode fazer a tranquilamente coleta de dados nas lavouras sem a necessidade de estar conectado à internet, pois as informações lançadas ficaram gravadas no sistema com extrema precisão no registro. “Com poucos cliques é possível fazer o registro de um grande volume de informação com qualidade, reduzindo as necessidades de visitas ao campo, um grande gargalo das fazendas hoje principalmente por conta da falta de mão de obra qualificada”, reforçou.
A ferramenta conta também com algumas funções inteligentes. Por exemplo, com apenas uma foto retirada no campo é possível identificar com exatidão, de formas automática e digital, o estande de plantas sem precisar de fita métrica ou calculadora. Outra possibilidade é que a tecnologia permite por meio de uma simples fotografia identificar o percentual do grau de severidade de uma doença na folha, desta forma, o produtor pode agir rapidamente evitando prejuízos. “É importante destacar a integração da tecnologia. A Sima está apta para atuar e, conjunto com diversas ferramentas de gestão”, afirmou o profissional.
Novidade em desenvolvimento
Velha conhecida dos produtores brasileiros, a Cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) nas últimas safras gera grande preocupação ao campo. O inseto-praga característico em cultivos de milho, que causa “enfezamentos” às plantas, desde a safra 2020/21, tem apresentado forte pressão de ataque nos cultivos do cereal pelo país, podendo causar perdas entre 20 a 90% do potencial produtivo.
Para ajudar nessa importante dor, a agtech desenvolveu uma nova funcionalidade, o módulo de armadilhas. A novidade foi projetada em parceria com a Cooperativa Integrada. A paranaense é uma das maiores agroindustriais do país com atuação em diversos segmentos do agronegócio que vinha sofrendo com as invasoras.
Com essa ferramenta, em poucos cliques é possível obter-se um relatório de variedades e o impacto da infestação do inseto-praga de acordo com as informações recolhidas nas armadilhas instaladas. A tecnologia permite detalhar e filtrar as informações coletadas por país, estado, município, fazenda e até por talhão. “Além da Cigarrinha-do-milho estamos com estudos e testes avançados para expandir essa tecnologia para outras pragas e culturas. Desta forma reforçamos o nosso posicionamento e compromisso em gerar soluções aos produtores rurais entendendo suas necessidades contribuindo para tomada de decisões mais assertivas”, finalizou Carvalho.
Sobre a SIMA
SIMA é uma AgTech que surgiu em 2014 na Argentina com o objetivo de oferecer aos produtores uma plataforma simples, completa e inteligente para monitorar, controlar e analisar dados. Hoje a empresa está presente em 8 países da América Latina e possui mais de oito milhões de hectares monitorados. Mais informações em: https://www.sima.ag/pt.
Destaque
50 anos do Proálcool: o Brasil como potência verde
*Por Mário Campos, presidente da Bioenergia Brasil e SIAMIG Bioenergia
Em 14 de novembro de 1975, o governo brasileiro instituiu o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), uma resposta estratégica à crise mundial do petróleo e à forte dependência do país em combustíveis fósseis. Meio século depois, o programa se consolidou como um dos mais importantes marcos de política pública no setor energético, responsável por posicionar o Brasil entre os líderes globais em biocombustíveis.
Ao longo desses 50 anos, os resultados foram expressivos. O Proálcool reduziu a vulnerabilidade externa do país, impulsionou a agroindústria da cana-de-açúcar, fomentou a interiorização da produção e gerou milhares de empregos nas cadeias agrícola e industrial.
No campo ambiental, o etanol, cujo protagonismo nasceu com o Proálcool, transformou o Brasil em uma das nações com menor intensidade de carbono no setor de transportes leves. Atualmente, cerca de 45% desse mercado é atendido pelo etanol, contribuindo diretamente para a diminuição da poluição urbana e para a melhoria da qualidade de vida em nossas cidades.
O programa, ao transformar o país, também evoluiu para uma estratégia nacional de longo prazo. O etanol permanece como um dos principais vetores da transição energética brasileira. Esse amadurecimento se refletiu em políticas modernas, como o RenovaBio, o Combustível do Futuro e o programa Mover. Hoje, dispomos de metodologia científica robusta, a Análise de Ciclo de Vida, que quantifica emissões desde a produção até o uso dos combustíveis. Essa análise demonstra que a frota brasileira de veículos leves é a mais sustentável do mundo.
Às vésperas da COP30, o Brasil apresenta ao mundo um exemplo concreto e bem-sucedido de transição energética sustentável, não apenas teoria, mas resultados comprovados.
O país está preparado para compartilhar sua experiência e inspirar outras nações comprometidas com uma transição energética consistente, eficaz e duradoura. O Proálcool, ao completar meio século, reafirma o papel do Brasil como líder natural da economia verde global.
Destaque
Pesquisadores identificam principais soluções sustentáveis para combate de nematóides da soja
Os resultados da pesquisa constam na publicação internacional Plant Nano Biology
Principal grão da balança comercial brasileira, a soja é base essencial da alimentação animal e matéria-prima para produtos farmacêuticos, cosméticos e materiais de origem biológica. No entanto, a expansão da cultura no país tem sido ameaçada por nematóides parasitas de plantas (PPNs), microrganismos que atacam o sistema radicular, prejudicando a absorção de água e nutrientes, além de abrir caminho para infecções secundárias e, consequentemente, gerar um impacto econômico é expressivo, com perdas globais associadas ultrapassando a marca de US$ 150 bilhões por ano.
Durante décadas, o controle desses parasitas foi baseado principalmente no uso de nematicidas químicos, mas a baixa eficácia a longo prazo, a toxicidade ambiental e os riscos à saúde humana e animal têm restringido seu uso. Nesse cenário, pesquisadores vinculados ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Nanotecnologia para Agricultura Sustentável (INCT NanoAgro) identificaram soluções de base biotecnológica que surgem como alternativas promissoras, especialmente quando associadas aos avanços da nanotecnologia.
Entre as estratégias mais promissoras estão os agentes biológicos (fungos nematófagos e bactérias antagonistas) e fitoquímicos nanoencapsulados, que aumentam a eficácia e a durabilidade dos tratamentos, protegendo os compostos ativos da degradação e garantindo sua liberação direta na zona radicular, onde os nematóides concentram sua ação. Complementando essas abordagens, a interferência por RNA (RNAi) surge como uma tecnologia inovadora, capaz de silenciar genes essenciais dos nematóides e reduzir sua capacidade de infestação, embora ainda exija estudos sobre estabilidade no solo e segurança para organismos não-alvo.
Além das soluções tecnológicas, práticas culturais como rotação de culturas, manejo adequado do solo e utilização de cultivares resistentes contribuem para reduzir a pressão dos nematóides e aumentar a resiliência da soja. A combinação dessas frentes — nanotecnologia, agentes biológicos, RNAi e estratégias agrícolas — configura um manejo integrado e sustentável, capaz de reduzir perdas e minimizar impactos ambientais.
Segundo os pesquisadores, os próximos desafios incluem a validação em condições de campo, a redução de custos de produção e a otimização de formulações escaláveis, garantindo que essas soluções inovadoras possam ser adotadas de forma prática pelos produtores. “A integração entre nanotecnologia e biotecnologia representa, portanto, um caminho viável e promissor para o manejo sustentável dos nematóides da soja, alinhando produtividade, eficiência e preservação ambiental e abrindo espaço para uma nova era de agricultura inteligente e ecologicamente responsável”, concluem.
Os resultados do levantamento de soluções foram publicados na revista científica internacional Plant Nano Biology: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2773111125000622.
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Pinus: o mais brasileiro entre os estrangeiros
*Por Daniel Chies, Jose Mario Ferreira e Fabio Brun
O Brasil é mestre em melhorar o que vem de fora. O gado nelore, por exemplo, originário da Índia, tornou-se a principal raça bovina do país. A soja, hoje um dos produtos mais exportados, chegou por aqui em 1882, vindo da China. O milho veio do México, o trigo da Mesopotâmia. O Eucalipto veio da Oceania. E assim seguimos, cultivando com excelência o que um dia foi exótico.
No universo das plantas não comestíveis, o fenômeno se repete. Muitas flores e espécies ornamentais, por exemplo, que embelezam nossos jardins, são estrangeiras, mas tão queridas quanto as nativas. Quando passamos para a escala industrial, destacamos a árvore de pinus, uma estrangeira que encontrou no Brasil, especialmente na Região Sul, seu lar ideal.
O cultivo comercial do gênero Pinus começou no Brasil no final dos anos 1970, com um objetivo claro: fornecer madeira para a indústria. E deu certo. O pinus taeda, principal espécie utilizada, encontrou nas condições edafoclimáticas do Sul do país um ambiente perfeito para crescer com vigor. Graças ao melhoramento genético e à tecnologia florestal, o Brasil alcançou os melhores índices de produtividade do mundo para essa espécie.
Segundo o levantamento mais recente da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), em 2024 o país contava com 1,9 milhão de hectares de florestas plantadas de pinus. A Região Sul concentra cerca de 1,69 milhão de hectares, distribuídos entre Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A madeira de pinus está presente em nosso cotidiano de formas que muitas vezes passam despercebidas. Ela compõe papel, caixas de papelão, móveis, portas, brinquedos, utensílios domésticos e estruturas diversas. Os pellets de madeira, por exemplo, são uma fonte de energia renovável cada vez mais utilizada globalmente.
E não para por aí. A celulose extraída do pinus é usada em cápsulas de medicamentos, na indústria alimentícia e até na automobilística. Com a nanocelulose e a lignina, surgem aplicações inovadoras: superfícies impermeáveis, essências e até pele artificial. O potencial é imenso e estamos apenas no começo.
Em um mundo que exige soluções com menor impacto ambiental, as florestas plantadas para fins industriais se mostram uma alternativa viável e estratégica. Durante seu crescimento, as árvores de pinus capturam carbono da atmosfera, que permanece sequestrado nos produtos derivados por décadas ou até séculos.
Além disso, quase toda a área plantada na Região Sul possui certificações internacionais que garantem práticas rigorosas de responsabilidade social e ambiental. As empresas do setor preservam cerca de 30% da vegetação nativa nos três estados, demonstrando compromisso com o equilíbrio ecológico.
O pinus escolheu o Sul do Brasil para prosperar e foi bem acolhido. As empresas de silvicultura da região atuam com responsabilidade e visão de futuro, adotando práticas ambientais, sociais e de governança muito antes do termo ESG se tornar tendência. Por isso, a madeira de pinus brasileira é reconhecida internacionalmente pela sua qualidade e sustentabilidade.
Essa é uma história de sucesso que começou há décadas e continua a crescer, como as próprias árvores que a protagonizam. O pinus pode não ser brasileiro de origem, mas já é parte essencial do nosso presente e, com certeza, do nosso futuro.
- *Daniel Chies é presidente da Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), Jose Mario Ferreira é presidente da Associação Catarinense de Empresas Florestais (ACR) e Fabio Brun é presidente da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas).
