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Evento gaúcho integrou discussões sobre o setor do agro e seu espaço na educação e formação de novos profissionais

Debates sobre o cenário atual do agro brasileiro reúne especialistas do setor no IFFAR, com a 1ª Semana Acadêmica CST em Gestão do Agronegócio

A 1ª Semana Acadêmica do CST em Gestão do Agronegócio, realizada pelo IFFAR, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha, Campus Júlio de Castilhos, RS, teve início na terceira semana de agosto de 2023, do dia 15 ao dia 17, com o evento “Inovação e Sustentabilidade no Agronegócio: desafios e oportunidades”, bem como debates sobre o cenário atual do agronegócio, inovações tecnológicas, empregabilidade e sustentabilidade no setor.

O evento contou com a presença de grandes nomes do agro para abordar os temas propostos, incluindo a inserção do profissional no mercado, fazendo um panorama do setor não somente na região gaúcha, como em todo o Brasil.

Entre os participantes, Cristian Dias, conhecido por ter atuado como Agribusiness Specialist da Agroraiz360, da solução MinhaSafra360, participou ao lado de demais profissionais do setor do agro, com o debate “Panorama do Agronegócio Gaúcho e Brasileiro – Produção, comercialização, novas tecnologias, empregabilidade na área do Agronegócio e Sustentabilidade ESG”, no dia 17 de agosto.

A ideia do especialista foi estimular esse fomento e apresentar o setor do agronegócio de forma integralizada, fazendo um paralelo com as inovações tecnológicas.

A importância da educação para o setor do agronegócio

O setor do agronegócio tem vivenciado grande expansão nos últimos anos. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP, o setor representou 24,8% do PIB brasileiro em 2022.

Apesar de ser um dos pilares da economia do Brasil, assim como suas grandes potencialidades, a exemplo da posição que delimita frente ao comércio mundial e a relação direta que mantém com a pauta de sustentabilidade, o setor ainda não demonstrou o poderio da totalidade de sua produção e exportação diante de todos os gargalos que o país continua enfrentando.

Por isso, é imprescindível aliançar a atuação no setor à importância da educação, de uma formação específica, que agregue o trabalho do profissional a todo o desenvolvimento do agro, com o objetivo de abranger essas potencialidades e ir além do trabalho no campo e dos processos administrativos que o integram.

Cristian Dias afirmou que “a formação de profissionais hoje para a atuação nas áreas ligadas ao agro, como áreas administrativas e de tecnologia, é cada vez mais fundamental, porque aliar conhecimentos técnicos com conhecimentos de estudos do setor é o essencial para que o profissional esteja cada vez mais preparado para o mercado. Este é o conjunto buscado pelos novos profissionais, aliando-o às novas soft skills, às hard skills, às preocupações sociais e ao preparo sobre as novidades do setor”.

Possibilidades de crescimento no setor do agro

O setor do agro disponibiliza infinitas possibilidades de crescimento, porque é estratificado. Isto significa que o setor oferece a devida importância tanto à experiência do pequeno produtor de um assentamento, por exemplo, cujo sustento é conquistado através de produção própria, como à participação dos gigantes da agropecuária, grupos que têm como responsabilidade a inclusão da produção e exportação de variados tipos de commodities, junto à sua comercialização, armazenagem e logística, diante da economia do país.

Como as possibilidades são inúmeras, oportunidades variadas podem ser condensadas em toda a indústria, com a inclusão de variadas frentes profissionais, a exemplo da participação ativa de TIs no desenvolvimento de softwares, graças à grande digitalização do setor, e a interação de demais profissionais, como biólogos, geneticistas, profissionais da agroindústria, agrônomos, médicos veterinários, assim como diversas outras áreas de atuação do agro.  ‘Há de se inteirar que, sim, é possível a participação de grandes grupos de trabalho e estudo, pois o campo é vasto e a inclusão de pessoas e geração de renda caminham lado a lado ao setor”, assegurou Cristian.

É tempo de se atualizar desmitificando o agro

O Agronegócio tem sofrido com o distanciamento entre a cidade e o campo. Percebe-se um profundo desconhecimento quanto à produção e venda dos alimentos consumidos durante a rotina do brasileiro, o que, para os especialistas, gera grande preocupação.

De acordo com o especialista Cristian Dias, a importância da difusão de informações fidedignas e de conhecimentos específicos referentes ao setor é imprescindível, pois aproxima as pessoas, desmistifica temas e gera curiosidade. “O agro como o principal setor da economia brasileira nos últimos anos, ainda conta com informações não tão realistas, principalmente as ligadas às questões ambientais e sustentáveis, então trazer essa aproximação entre a produção do agro, a industrialização e todo o contexto brasileiro torna-se fundamental para entender que, apesar das lacunas do agro, ele está evoluindo, e o setor melhorando cada vez mais, principalmente quanto aos aspectos de sustentabilidade, rastreabilidade e produção inteirada às novas tecnologias, junto à preocupação social, ambiental e alimentar, que os mercados nacional e internacional têm buscado”, diz Cristian.

O Agribusiness Specialist da Agroraiz360 sente grande preocupação em transmitir o conhecimento real sobre o tema, para que a formação de profissionais do agro aconteça com mais naturalidade, consciência e disposição. 

“Hoje, é cada vez mais importante difundir conhecimentos do setor, para que, além de serem aplicados e testados, sejam aprimorados. Difundir o conhecimento aumenta os números tanto em termos produtivos, quanto em termos econômicos; da mesma forma, também é capaz de corrigir as lacunas do setor”, afirma o especialista.

Importante lembrar que o agro do Brasil é modelo mundial para a produção sustentável de fibras, biocombustível e commodities, bem como referência para o empreendedorismo do campo e para a exportação não somente de alimentos e produtos de manufatura, mas também de técnicas sustentáveis de cultivo e tecnologias para auxiliar o produtor rural e as empresas do setor.

Exportações brasileiras do Agronegócio

O Brasil tem sido o grande campeão em exportações do Agronegócio no mundo nos últimos 40 anos. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, nos últimos três anos, o país vem liderando rankings na balança comercial de exportações do setor, contando com 20% da força de trabalho nacional. Apenas em 2020, o setor somou U$100,81 Bi de vendas externas, o que representou em 30% o PIB do país.

Da mesma forma, as terras brasileiras são as responsáveis por mitigar 170 Mi de toneladas de CO2 ao se compromissar com o enfrentamento às mudanças do clima. O Ministério afirma que o agro do Brasil produz safras recordes, pois é o responsável por ¼ de área preservada no país, com a ocupação de 30% do território nacional reservado para a produção agropecuária. “Portanto, conhecer o setor através de uma base de entendimento pode possibilitar oportunidades inúmeras não somente para a continuidade de seu avanço como, também, para gerar curiosidade pelo agro do futuro”, conclui Cristian.

O Brasil como o 3º maior exportador de produtos agrícolas do mundo

De acordo com o relatório “World Trade Statistical Review 2023”, da OMC, Organização Mundial do Comércio, o Brasil é o terceiro maior exportador agrícola do mundo. De certa forma, o país deve essa posição aos problemas que as economias têm enfrentado com a guerra na Ucrânia e com o endividamento generalizado dos demais países.

Ainda segundo a OMC, o setor do agro brasileiro acompanha o comércio global de forma positiva, mesmo entre os numerosos riscos negativos que inserem instabilidade financeira e tensões geopolíticas. São perspectivas que têm sofrido com a obscuridade no comércio global e com a produção dos commodities em geral.

A OMC afirmou que, em comparação com 12,4% alcançados em 2022, o comércio mundial de mercadorias aumentou 2,7% em termos de valor, graças aos preços das mercadorias brutas primárias, a exemplo da soja e do milho.

Foi neste cenário que o Brasil encontrou espaço para expandir suas exportações de commodities em 4,7%, se comparado à média mundial de 2022, que operava em 2,3%. Essa porcentagem comprova a posição do país como 3º lugar na exportação agrícola em 2023, em relação ao resto do mundo.

Sobre Cristian Dias

Cristian Dias é formado no Curso Superior de Tecnologia em Agronegócio pelo Instituto Federal Farroupilha, de Júlio de Castilhos, RS, e pós-graduado na área de vendas, gestão de pessoas e negócios.

Sobre o Sistema MinhaSafra360

O sistema MinhaSafra360 apresenta disponibilidade em nuvem, através de integração por API, que visa a permissão dos serviços prestados pelo aplicativo de se comunicar com outros serviços.

As empresas voltadas para o agro poderão liberar o produtor através do usuário administrativo, após a criação de um cadastro e perfil, em que o sistema e suas funcionalidades ficarão disponíveis; para isso, um material será enviado ao produtor, como apoio para o uso do aplicativo.

Sobre a Agroraiz360

A Agroraiz360, uma plataforma 100% brasileira voltada para o agronegócio, nasceu com o objetivo de inovar em tecnologias digitais para esse segmento, otimizando o controle das atividades referentes à comunicação, produção, comercialização de grãos, importação e exportação de commodities agrícolas.

Para mais informações, acesse: www.agroraiz360.com.br  

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Agricultores apostam em novas tecnologias para superar a instabilidade climática; veja dicas para planejar a safra

Divulgação GAtec

Ferramentas tecnológicas, além de ajudarem a reduzir os impactos do clima nas lavouras, auxiliam os produtores na tomada de decisões mais assertivas

Com um começo de safra bem conturbado, principalmente pelo atraso no plantio nas principais regiões produtoras devido à instabilidade climática, aos poucos os agricultores brasileiros seguem avançando com a semeadura da temporada 2024/25. Mesmo com as adversidades iniciais, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mantém a estimativa de produção de 322,47 milhões de toneladas de grãos. Diante deste cenário de incertezas recorrentes, causadas pelas mudanças climáticas, cada vez mais se faz necessário estar preparado para as adversidades. E a forma mais segura é com um rigoroso planejamento.

De acordo com Wellington Sena, executivo técnico de negócios da GAtec, unidade de negócios da Senior Sistemas – multinacional referência em soluções de gestão, o atraso de plantio, como vivenciado em muitas regiões, pode gerar muitos reflexos não somente na safra a ser semeada, mas também para as futuras. “Ou seja, quanto maior o adiamento do plantio, mais estreito será a janela da próxima semeadura, seja safrinha ou cultura de inverno. Esse problema causa um efeito em cadeia, comprometendo o cronograma original planejado”, destacou.

Em cenários assim, o produtor precisa agir rápido, refazer as contas, recalcular a rota, analisar as possibilidades de minimizar esses impactos e ainda recuperar o tempo perdido. “Quando existe atraso maior no plantio da cultura principal, há a possibilidade de o agricultor, por exemplo, trocar o milho safrinha por outra cultura de ciclo mais curto. Contudo, é preciso fazer as contas da rentabilidade para ver se é viável”, explica Sena.

Tecnologias como aliadas

Para ser assertivo nessas escolhas, é fundamental, primeiramente, que o produtor tenha acesso aos dados de sua fazenda. Desta forma, com auxílio de tecnologias de gestão já disponíveis no mercado, ele terá subsídios para escolhas corretas e decisões rápidas. Entre essas soluções, a GAtec by Senior disponibiliza o SimpleFarm, um software multiplataforma que atende, em uma única base, produtores de culturas anuais, semi-perenes e perenes.

Com o módulo de Gestão de Safra, por exemplo, o produtor consegue armazenar as informações cadastrais com o objetivo de rastrear todos os processos. A ferramenta possibilita ainda o controle do levantamento de pragas, traz informações do clima, auxilia no controle de produção, área plantada, entre outros benefícios. Todas as informações contidas nas áreas agrícolas são divididas em seis níveis: por empresa, safra, setor, fazenda, bloco e talhões, sendo o talhão a menor unidade de controle. “O nosso sistema foi desenvolvido pensando justamente em proporcionar agilidade ao produtor e sua equipe nos momentos mais difíceis do dia a dia no campo”, detalhou o especialista.

Ainda segundo Sena, a empresa também oferece ferramentas que auxiliam desde o começo do planejamento até a organização do uso dos recursos, tanto de hora-máquina quanto de mão de obra e insumos. Desta maneira, é possível reorganizar o planejamento e simular novos cenários com o ambiente atual, alterar o ciclo da cultura, mudar a variedade, reorganizar a compra de insumos, entre outras possibilidades. “Com o sistema atualizado e bem alimentado de informações, o agricultor pode fazer todos os ajustes necessários no decorrer da safra com segurança e maior assertividade”, destacou.

Detalhes que fazem a diferença

O planejamento de safra de grãos exige um olhar atento a diversos fatores. Além das tecnologias utilizadas, como mencionado, vale atenção desde o pré-plantio até o pós-colheita. A chave para o sucesso é a integração de práticas agrícolas eficientes, o uso inteligente das ferramentas disponíveis e uma boa gestão de riscos. Ao seguir algumas dicas, a fazenda estará mais próxima de atingir uma safra produtiva, rentável e sustentável.

Análise do solo e definição de culturas

Este manejo consiste em um conjunto de procedimentos que avaliam as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo. Quando equilibrados, fornecem às plantas as condições necessárias para melhor desenvolvimento. Quanto à escolha da cultura, o agricultor pode definir o que será plantado com base em fatores como demanda de mercado, resistência a doenças e pragas, clima da região e capacidade de adaptação do solo. Além disso, pode por aquelas culturas que se adaptem melhor às condições climáticas e ao tipo de solo da sua região.

É fundamental também, atenção à semente adquirida. Este insumo precisa ser de alta qualidade e, se possível, com tecnologia de resistência a pragas ou herbicidas, o que pode reduzir custos com defensivos e ajudar a ter eficiência no plantio.

Rotação de culturas

Planejar uma rotação de culturas é importante para a preservação do solo e para evitar o esgotamento dos nutrientes. Além disso, este manejo ajuda a reduzir o risco de doenças e pragas. O uso de culturas de cobertura no período entre safra também pode ajudar a proteger o solo contra erosão, aumentar a matéria orgânica e controlar plantas daninhas.

Gestão do clima e irrigação

Acompanhe as previsões climáticas e prepare-se para eventos como secas ou chuvas excessivas. Isso pode influenciar a escolha do melhor período de plantio e o uso de sistemas de irrigação. Se a região depende de irrigação, invista em sistemas eficientes (como gotejamento ou pivô central) para garantir o uso racional da água.

Planejamento de insumos

Elabore um planejamento de compra de fertilizantes e defensivos agrícolas. A compra antecipada pode ajudar a reduzir custos, mas também é importante ajustar conforme as necessidades da safra. Tenha ainda um controle rigoroso sobre os custos de produção, incluindo insumos, mão de obra, combustível e outros gastos. Isso ajuda a garantir que o planejamento financeiro esteja alinhado com as projeções de receita.

Controle de pragas e doenças

Realize um monitoramento constante das lavouras para identificar sinais de pragas e doenças o mais cedo possível. A prevenção é sempre mais eficaz do que o controle posterior. Entre as técnicas disponíveis, destaca-se o Manejo Integrado de Pragas (MIP). A estratégia de manejo utilizando métodos químicos, biológicos e culturais ajuda a minimizar os danos causados por pragas.

Previsão de colheita e mercado

Defina o período de colheita com antecedência e tenha um plano para armazenar ou comercializar a produção. Se possível, faça acordos com compradores antecipados para garantir melhores preços. Paralelamente, acompanhe o mercado e as tendências de preços. Isso pode ajudar a decidir o momento certo para vender ou armazenar a produção, buscando maximizar a rentabilidade.

Gestão de riscos

Considere a contratação de seguros agrícolas para se proteger contra perdas decorrentes de fenômenos climáticos extremos, como secas prolongadas ou geadas. Também é recomendável uma reserva financeira para enfrentar imprevistos durante o ano, como quebras de safra, flutuação de preços ou aumento inesperado de custos.

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O que ganha o agro com o resultado das eleições municipais?

Divulgação Sell Agro

*Por Leandro Viegas

As eleições para prefeitos e vereadores no Brasil, que aconteceram em outubro deste ano, trouxeram um cenário de expectativas e incertezas para o agronegócio, que há décadas ocupa posição de destaque na economia nacional. A análise dos resultados revela algumas tendências e possíveis implicações para o futuro próximo, refletindo um equilíbrio de interesses que pode beneficiar o setor, embora com desafios consideráveis.

Primeiro, a manutenção de uma bancada ruralista robusta no Congresso é um ponto favorável. Esse grupo parlamentar, que historicamente apoia políticas de desoneração fiscal, subsídios e investimentos em infraestrutura, poderá continuar promovendo pautas benéficas para o setor. Esse suporte é essencial para manter a competitividade brasileira no mercado global de commodities, especialmente em um contexto de crescente concorrência e volatilidade dos preços.

Contudo, a eleição de candidatos com agendas ambientalistas mais rígidas, em alguns estados-chave, pode significar um aumento da pressão regulatória. Isso exige que o setor invista em práticas de conformidade ambiental e sustentabilidade, pois o Brasil está sob constante escrutínio internacional. Esse equilíbrio entre produção e conservação será um ponto sensível para o agro, que precisará se adaptar para responder à demanda por certificações e garantir acesso a mercados externos, especialmente na União Europeia.

No campo da infraestrutura, o investimento em logística é crucial para o escoamento de grãos e carnes. Os candidatos eleitos para governar estados de grande produção agrícola, como o Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, mostraram-se comprometidos com o desenvolvimento de rodovias, ferrovias e hidrovias. A efetiva implementação desses projetos pode reduzir custos logísticos, aumentando a competitividade e mitigando um dos maiores gargalos.

Também em pauta estão as questões regulatórias, como o uso de pesticidas e práticas ambientais. Nesse quesito, o setor anseia que os políticos adotem uma postura pragmática. O agro pressiona por regulamentações mais ágeis e alinhadas com práticas internacionais, argumentando que uma regulamentação moderna sobre pesticidas é essencial para manter a produtividade e enfrentar pragas e doenças que ameaçam as safras. Entretanto, é importante também que se encontre uma via de equilíbrio, que permita ao setor utilizar novas tecnologias e insumos agrícolas sem descuidar das preocupações ambientais.

Falando do âmbito fiscal, os novos prefeitos ao que tudo indica, irão enfrentar pressões significativas tanto para preservar quanto para revisar esses benefícios. De um lado, a bancada ruralista, que mantém representação expressiva no Congresso, trabalhará para defender a manutenção de subsídios e incentivos, argumentando que são essenciais para sustentar a competitividade da produção frente aos mercados internacionais. Esses subsídios incluem desde isenções fiscais sobre maquinários e insumos, até linhas de crédito especiais, vitais para pequenos e médios produtores.

Por outro lado, o governo precisará lidar com restrições fiscais e demandas sociais, o que pode levar a uma avaliação mais rigorosa dos benefícios concedidos ao setor. Existe uma tendência de revisão desses incentivos, especialmente em busca de maior transparência e eficiência no uso dos recursos públicos.

Outro ponto importante é o debate em torno da reforma tributária, que está sendo conduzido com um olhar para simplificação fiscal e possíveis mudanças nas alíquotas de impostos sobre a produção e a exportação de commodities. Se essa reforma seguir adiante, que preserve certas isenções para o agro, e aí será uma vitória. Porém, caso opte por tributar mais para equilibrar as contas públicas, o agro poderá enfrentar obstáculos para manter sua competitividade.

Quer dizer, embora haja preocupações legítimas em relação às políticas que podem ser implementadas a partir do próximo ano, o setor está se mobilizando para se adaptar e superar. Claro, há incertezas com a segurança jurídica das propriedades rurais, especialmente diante de possíveis mudanças nas políticas de reforma agrária e demarcação de terras indígenas. Recentemente, invasões de terras e conflitos agrários, especialmente no Paraná e em Mato Grosso do Sul, foram temas centrais na reunião da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).

Produtores temem também que reformas tributárias possam resultar em maior carga fiscal sobre insumos e produtos agrícolas, elevando ainda mais os custos. Por outro lado, há doses de otimismo. Já que há sinalizações positivas como financiamento, sustentabilidade e inovação tecnológica. Recentemente, como o anúncio de um Plano Safra recorde de R$ 364,22 bilhões, e a possibilidade de acessar crédito com taxas de juros reduzidas é uma boa notícia. Especialmente para quem depende de financiamento para expandir a produção, recuperar áreas degradadas e investir em tecnologias mais eficientes.

Outro ponto positivo é o foco na sustentabilidade. Para aqueles que já investem em práticas de baixo carbono e preservação de reservas, o apoio governamental em iniciativas ambientais representa um incentivo direto, que pode abrir portas para novos mercados internacionais que exigem certificações ambientais. O financiamento específico para práticas de conservação é um sinal de que o governo está atento à pressão internacional por uma produção sustentável, o que nos beneficia ao tornar o Brasil mais competitivo e reconhecido como um fornecedor responsável.

Além disso, o incentivo à agricultura familiar e o fortalecimento da mecanização no campo são recebidos com bons olhos por pequenos e médios produtores. A possibilidade de modernizar a produção com acesso a equipamentos a custos mais acessíveis é fundamental para melhorar a eficiência e reduzir custos, especialmente em regiões onde o maquinário ainda é escasso.

Apesar desse otimismo inicial, os produtores continuam atentos às futuras políticas e regulamentações. É essencial que o governo mantenha um diálogo aberto com o setor para garantir que as medidas atendam às necessidades reais do campo e promovam um desenvolvimento equilibrado.

*Leandro Viegas é Administrador, bacharel em Direito e CEO da Sell Agro

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Computação Quântica no Agro estimula aumento de produtividade, controle de pragas e desenvolvimento de fertilizantes

Depositphotos Computação Quântica no Agro

A tecnologia quântica processa dados complexos que os computadores ‘tradicionais’ não suportam; o Agro tem soluções inéditas para novos desafios

A computação quântica é a mais revolucionária das tecnologias contemporâneas. Apesar de ser pouco explorada no Brasil, ela processa dados com alta velocidade, resolvendo cálculos complexos. A ciência quântica pode ajudar o agronegócio a ser ainda mais sustentável. Com novos equipamentos desenvolvidos, como GPS, LED, câmeras digitais, computadores e lasers, este é um segmento que não para de crescer, deixando registrada na história uma verdadeira revolução digital. 

Mas essa revolução depende de um conhecimento profundo. Por isso, o país investe para aperfeiçoar a visão de especialistas neste campo de atuação. Um dos focos está no desenvolvimento agrícola, mas é urgente a criação de um projeto nacional de inovação que seja duradouro. Por meio desta máquina, certos tipos de problemas podem ser resolvidos mais rapidamente do que em computadores tradicionais. 

A tecnologia quântica contribuirá para o desenvolvimento de novos equipamentos e sensores que possam trabalhar na produtividade das lavouras, como no mapeamento e controle de pragas, fazendo com que os produtores possam de maneira eficaz combatê-las com o uso mínimo de pesticidas. Novas formas de fertilizantes compõem o farnel dos acessórios. Métodos quânticos têm inovado também na avaliação da qualidade dos produtos pós-colheita e da agroindústria. Com o uso desta computação é possível rastrear códigos de estocagem e melhorar a capacidade e a velocidade de um enorme volume de dados, otimizando custos logísticos. 

Em lavouras de milho, mapeia-se a produção; identificam-se as pragas; traçam-se soluções e aplicam-se diagnósticos em problemas com muita rapidez e de maneira segura. Esses são os principais atributos dos pesquisadores para o uso do campo quântico para o agro brasileiro. 

Rogério Athayde, CTO da keeggo, sinaliza que a cadeia produtiva agrícola mundial tem muito a ganhar com o avanço da computação quântica de ponta a ponta, ou seja do campo até a mesa do consumidor brasileiro: “Vale ressaltar que os investimentos ajudarão desde o desenvolvimento de fertilizantes avançando para um plantio de qualidade e sem pragas, passando produtos com qualidade e rapidez para a indústria alimentícia, que chegam à mesa do consumidor com mais saúde, principalmente, no período entre safras”. 

Empresas alimentícias, por exemplo, criam suas Provas de Conceitos (PoCs) em parceria com os setores de tecnologia e inovação das empresas, para que estas realizem seu posicionamento estratégico e que assim possam aprender, com maior brevidade, a tirar proveito e desmistificar a tecnologia quântica. O ideal para estas indústrias é que não fiquem obrigadas a consumir soluções prontas, no futuro, de grandes empresas internacionais, que vão vender tecnologias a um custo muito mais alto e com muitos segredos. É preciso criar uma independência desde já. 

No mundo, há diversas ‘iniciativas quânticas’, que são programas governamentais de fomento, não só à computação quântica, mas a outras tecnologias de segunda geração. A China lidera os investimentos, com aportes de 10 bilhões de dólares, seguida pela Alemanha (3,1 bilhões  de dólares), França (2,2 bilhões  de dólares), e Estados Unidos (1,2 bilhão  de dólares). 

O Brasil, provavelmente, por razões histórico-culturais, apresenta um quadro peculiar no mundo: apesar de termos excelentes pesquisadores na área, e do tamanho expressivo de nossa economia, nosso país não figura na lista dos que recebem investimentos expressivos para o desenvolvimento dessas tecnologias, especialmente a quântica. 

“Se as tecnologias quânticas continuarem evoluindo no ritmo atual, daqui a não muitos anos poderemos ter computadores que alcancem algum tipo de vantagem em problemas de simulação em química, de otimização ou de aprendizado de máquinas. A economia agrícola brasileira tem muito a crescer e de forma rápida com a inclusão dessa tecnologia, com resultados positivos para quem planta, quem industrializa e quem consome”, finaliza Athayde. 

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