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Empresas do agro se unem para desenvolver soluções biológicas para nutrição vegetal

Empresas do agro se unem para desenvolver soluções biológicas para nutrição vegetal

Produtos inéditos frutos da parceria entre Symbiomics e Nitro devem ser lançados no mercado até safra 2028/2029

O desenvolvimento de novos produtos biológicos vem registrando forte crescimento nos últimos anos. Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), entre 2020 e 2024, foram registrados 631 novos inoculantes – valor que corresponde a aproximadamente 87% do total atual. Atualmente, o Brasil tem aprovado o uso de 737 produtos, distribuídos entre 67 empresas habilitadas para atividades como produção, importação, comercialização ou exportação de inoculantes no país. Porém, a maioria dessas soluções é composta pelos mesmos componentes biológicos, com baixa introdução de novas cepas de microrganismos ou novas espécies microbianas ao longo dos anos. 

Dados do governo mostram que produtos à base de microrganismos do gênero Bradyrhizobium representam aproximadamente 62% dos registros, enquanto os formulados com cepas de Azospirillum brasilense correspondem a cerca de 10% – o que reforça o predomínio de algumas poucas espécies no mercado brasileiro. “A maior parte dos biológicos lançados usa tecnologias e cepas semelhantes ou idênticas. Por isso, nosso trabalho na Symbiomics é descobrir novos microrganismos que tenham múltiplas aplicações. Estamos desenvolvendo biológicos de nova geração para oferecer ao mercado alternativas inovadoras e eficazes no campo”, afirma Rafael de Souza, CEO e cofundador da Symbiomics.

Para alavancar a oferta desses novos biológicos, a Symbiomics firmou uma parceria comercial com a Nitro, multinacional brasileira, que atua no setor de insumos para o agronegócio desde 2019, oferecendo soluções para nutrição e fisiologia vegetal, e já figura entre as principais empresas do setor. “Nosso foco em inovação é o que sustenta esse crescimento acelerado. Nesse contexto, acreditamos que a combinação entre a biodiversidade brasileira e nossa expertise em biotecnologia industrial será um dos pilares centrais para oferecer um portfólio robusto aos nossos clientes”, comenta Celso Santi Junior, Gerente de P&D da Nitro.

Já a Symbiomics, fundada em 2021, atua no desenvolvimento de produtos biológicos de alto desempenho para o agronegócio, focados em enfrentar um dos maiores desafios da atualidade: aumentar a produtividade de forma sustentável em resposta à crescente demanda global por alimentos. Ambas as empresas foram contempladas em 2024 por recursos da Finep para alavancarem pesquisas e estudos no setor. Agora, elas unem forças para avançar no desenvolvimento e oferta de produtos biológicos inovadores aos agricultores do país.

A proposta das empresas também é diversificar as culturas-chave às quais se dedicam os biológicos. A maioria dos inoculantes registrados no Brasil hoje têm como foco as culturas de plantas leguminosas, especialmente soja (415 produtos) e feijão (87 produtos). Por isso, a proposta é desenvolver biológicos destinados a plantas não leguminosas, como milho (81 produtos) e cana-de-açúcar (6 produtos). Outra meta é atuar na nutrição vegetal em áreas de maior estresse climático, como o cerrado. Regiões como essa, que sofrem com secas e altas temperaturas, eram pouco cultiváveis antes do avanço das novas tecnologias. Foram técnicas como as de correção da acidez do solo com calcário e uso de fertilizantes químicos que possibilitaram o cultivo em larga escala na região a partir dos anos 1970. Hoje, o bioma responde por 60% da produção agrícola do país e é vital para a segurança alimentar do Brasil.

No entanto, boa parte dos produtos químicos usados no agronegócio nacional, como fertilizantes e defensivos agrícolas, são majoritariamente importados. Segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), o Brasil é o maior importador de adubo do mundo e, em 2023, essas importações bateram recorde, somando 39,4 milhões de toneladas de fertilizantes sintéticos. “O agronegócio brasileiro é dependente da importação de produtos químicos fundamentais para a produção de alimentos. Isso tem um grande impacto ao produtor – cerca de 50% dos custos são com fertilizantes. Oferecer soluções de nutrição vegetal desenvolvidas no Brasil reduzirá os altos gastos dos agricultores, além de proporcionar uma atividade mais sustentável”, completa Rafael.

Nesse sentido, os produtos biológicos são peças-chave para o manejo dos sistemas agrícolas dessas regiões, pois são uma alternativa mais sustentável para o produtor rural e, em alguns casos, diminuem o uso de insumos químicos. Por isso, esse é um dos mercados mais promissores no agronegócio, crescendo a uma taxa média anual superior a 16%. Segundo dados da Associação Nacional de Promoção e Inovação da Indústria de Biológicos (ANPII Bio), em 2024, o mercado de inoculantes biológicos movimentou cerca de 18,3 milhões de litros/quilos, o que corresponde a um faturamento de aproximadamente R$ 527,5 milhões. Esses números referem-se apenas às empresas associadas à entidade, indicando que o mercado total é potencialmente ainda maior do que o reportado.

A parceria também tornará o processo de desenvolver novas soluções mais ágil. Enquanto pela metodologia normal um novo biológico pode demorar até 10 anos para ser lançado, as duas empresas, juntas, preveem que o tempo será três vezes menor. A expectativa é que os primeiros produtos cheguem ao mercado em 2 ou 3 anos.

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Pioneiros em soluções agroindustriais, o grupo Multibelt celebra 37 anos de história!

Pioneiros em soluções agroindustriais, o grupo Multibelt celebra 37 anos de história!

Referência em correias, esteiras Draper e soluções agroindustriais, Grupo Multibelt fortalece atuação no mercado com foco em inteligência, pesquisa, inovação e qualidade dos produtos

Com mais de 37 anos de trajetória, o Grupo Multibelt é uma das principais referências no setor de correias e soluções para movimentação industrial e agrícola no Brasil. Fundado em 1988, o grupo vem consolidando sua presença nacional e internacional com foco em inovação, tecnologia e compromisso com a qualidade de seus produtos e eficiência na entrega para seus clientes.

Com unidades em Ibiporã (PR) e Várzea Grande (MT), o Grupo atua em todo o território brasileiro com um portfólio diversificado que inclui correias em V, transportadoras em PVC/PU, kits de vedação para adubos e calcário, lonas agrícolas e coberturas para colheitadeiras – itens essências para o desempenho da colheita, além de soluções sob medida para diferentes aplicações do setor.

Pioneirismo e inovação nas esteiras Draper nacionais

Um marco na trajetória do grupo foi o pioneirismo na produção 100% nacional das esteiras Draper, lançadas em 2014. Essa solução representa um avanço importante para o agronegócio brasileiro, garantindo alta performance, durabilidade e redução significativa das perdas de insumos nas máquinas agrícolas durante a colheita.

“Acreditamos na força do mercado nacional, que tem crescido nos últimos anos, e no potencial da nossa tecnologia. Por isso, investimos fortemente em pesquisa, desenvolvimento, inteligência e parcerias estratégicas para entregar soluções que otimizem o trabalho no campo e na indústria”, afirma André Mário, gerente nacional de vendas do Grupo Multibelt.

Com mais de 17 mil metros quadrados de área construída e uma equipe de aproximadamente 230 colaboradores, o Grupo também se destaca pelo compromisso com a sustentabilidade. Entre as práticas adotadas estão o uso de energia solar, gestão e destinação de descarte das correta de resíduos e eficiência no uso de recursos naturais.

Além disso, mantém parcerias com fornecedores globais para atender o setor alimentício com correias em PU, ampliando sua presença em novos mercados e segmentos.

Com foco constante na qualidade, no relacionamento próximo com o cliente e na evolução tecnológica, o Grupo Multibelt se prepara para novos ciclos de crescimento e reafirma seu propósito: ser referência nacional e internacional em soluções para o agro e a indústria.

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Nutrição balanceada é pilar essencial no combate ao canibalismo em suínos

Nutrição balanceada é pilar essencial no combate ao canibalismo em suínos

Especialista aponta que ajustes nutricionais corretos podem prevenir até 30% das ocorrências nas granjas

Por trás de sinais como mordeduras de caudas e orelhas e agitação anormal dos animais nas granjas pode estar um desequilíbrio silencioso, mas com fácil solução: a nutrição. Especialistas afirmam que práticas nutricionais bem planejadas e ajustadas são fundamentais para prevenir o canibalismo em suínos, comportamento que prejudica a produtividade e o bem-estar animal.

De acordo com o médico veterinário especialista em sanidade de suínos da Mig-PLUS, Emerson Tiago Mesnerovicz, a nutrição desempenha papel central na prevenção desses distúrbios. “O balanceamento correto entre cálcio e fósforo, especialmente com fontes de fósforo de alta biodisponibilidade, é essencial para o funcionamento adequado do metabolismo energético e do sistema nervoso dos suínos. Quando isso não ocorre, os animais podem desenvolver comportamentos indesejados, como o canibalismo”, explica.

Segundo o especialista, cerca de 30% do plantel pode ser impactado por esse tipo de distúrbio em granjas onde a dieta apresenta falhas ou baixa absorção de nutrientes, mesmo quando a formulação parece correta no papel. O canibalismo, além de aumentar os índices de mortalidade, eleva os custos com medicamentos e pode comprometer o ganho de peso diário (GPD).

A deficiência de minerais como sódio, cloro, magnésio e zinco, bem como a ingestão inadequada de vitaminas do complexo B e aminoácidos como o triptofano, também pode favorecer a ocorrência de canibalismo. “Muitas vezes, o problema está na qualidade das matérias-primas utilizadas, especialmente nos ingredientes de origem animal, que afetam diretamente a absorção real dos nutrientes”, esclarece Mesnerovicz.

Outro problema apontado pelo veterinário está diretamente ligado à quantidade de ração fornecida e água fornecida. “O ideal é deixar as duas coisas à vontade. Pois ao colocar determinadas quantidades em diferentes horas do dia, parte dos animais pode ficar de “donos” do comedouro e do bebedouro, deixando outros sem e isso causa um desiquilíbrio entre eles, podendo aumentar os casos de canibalismo”, complementa.

Caso de campo: quando o ajuste nutricional muda tudo

Um dos casos mais marcantes acompanhados pelo especialista ocorreu em uma granja do Centro-Oeste do Brasil, onde mais de 35% dos animais apresentavam lesões causadas por canibalismo nas fases de creche e terminação. “O produtor já havia tentado ajustes de manejo sem sucesso. Identificamos então um desequilíbrio na relação cálcio-fósforo, uma fonte de fósforo de baixa biodisponibilidade e excesso de sal”, relata. A solução veio com a substituição da fonte de fósforo, correção dos níveis minerais e homogeneização da dieta.

O resultado foi notável: em menos de uma semana, o canibalismo praticamente desapareceu. “O produtor nos ligou dizendo que parecia outro galpão”, lembra o veterinário. O ganho de peso diário aumentou, houve queda significativa no uso de antibióticos e a taxa de mortalidade foi reduzida.

Sinais de alerta e protocolo de diagnóstico

Conforme o especialista, o canibalismo é, muitas vezes, o primeiro sinal visível de desequilíbrios nutricional no plantel. “Por isso, observar o comportamento é uma forma eficiente de diagnosticar problemas antes que eles se agravem. É preciso ficar atento a sinais clínicos como mordeduras em cauda e orelha, mesmo em lotes pequenos, aumento de vocalização e agitação, mastigação de objetos não alimentares, desuniformidade de crescimento, claudicação e pelagem áspera e aumento ou queda brusca no consumo de água”, aponta.

O protocolo de investigação inclui análise clínica, coleta de amostras de ração e ingredientes, revisão da formulação e, quando necessário, ajustes como troca de fontes minerais, inclusão de fibras para aumentar a saciedade e suplementação de aminoácidos.

A correção desses desequilíbrios, além de devolver o bem-estar ao plantel, tem impacto direto nos custos e na performance produtiva. “Os resultados vêm rápido e são perceptíveis: menos perdas, menos medicamentos, mais ganho de peso e lote mais homogêneo.”, conclui.

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Agendas de uso da terra e de adaptação devem ganhar protagonismo na COP 30, que começa daqui a 100 dias

Imagem: Freepik

Coalizão de empresas e ONGs aponta itens prioritários para o Brasil e que devem guiar negociações na conferência

A COP 30 iniciará dia 10 de novembro, em Belém (Pará). Enquanto país sede do evento, o Brasil tem o papel de definir as agendas prioritárias que nortearão as discussões na Conferência do Clima.

Uma delas será a de adaptação. Além do interesse do Brasil em avançar nessa agenda — afinal, contribui para estabelecer os parâmetros que asseguram recursos para perdas e danos a eventos extremos, cada vez mais frequentes no território nacional —, ela tem sido o foco das últimas conferências e, a julgar pelas discussões preparatórias da COP que ocorreram em Bonn, na Alemanha, será uma temática central nas negociações em novembro.

Diante dos atuais desafios climáticos e caminhos apontados, o Brasil deve se posicionar pelo exemplo e deve impulsionar discussões sobre Soluções Baseadas na Natureza (SbN), recuperação de áreas degradadas e bioeconomia — o fomento global a este setor foi, inclusive, defendido pelo país em 2024 durante o G20.

“A bioeconomia é um dos eixos colocados na agenda de ação apresentada pela presidência da COP 30. Então, essa é uma oportunidade de pautar o debate e fomentar a bioeconomia como vetor de um novo modelo de desenvolvimento socioeconômico justo” avalia Juliana Lopes, colíder da Força-Tarefa Bioeconomia da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, movimento composto por mais de 430 representantes do setor privado, sociedade civil, academia e setor financeiro.

Outra pauta fundamental para o Brasil no que diz respeito ao cumprimento das metas de redução de emissões de gases do efeito estufa, definidas no Acordo de Paris, é a do setor do uso da terra. Há a expectativa de que o país provoque essa discussão pela relevância da agenda na economia brasileira e pelo seu perfil de emissões de gases de efeito estufa: mais de 70% delas vêm do uso da terra e agropecuária. Em outras nações, a principal fonte de poluentes são as práticas industriais.

“O setor de uso da terra precisa participar de forma expressiva e ativa do debate, com o Brasil liderando pelo exemplo, demonstrando soluções já maduras e buscando convergência de esforços para construir um plano de ação concreto, que acelera a implementação de soluções contra o desmatamento”, aponta Lopes, que também é diretora técnica de Natureza e Sociedade do CEBDS.

“Sem estratégias para atuar com o uso da terra, será muito difícil atingir nossas metas climáticas”, acrescentou Fernando Sampaio, cofacilitador da Coalizão Brasil e diretor de Sustentabilidade da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). “O Brasil tem políticas públicas robustas de combate ao desmatamento e para a conservação e restauração, como o Código Florestal, que precisam ganhar efetividade. Além disso, a produção agropecuária brasileira tem um potencial muito grande de descarbonização em escala, com tecnologias de produção de baixo carbono rural e recuperação de áreas degradadas”. 

Temas prioritários para a COP 30

Para os especialistas da Coalizão Brasil, o país deve priorizar cinco eixos nos debates da COP 30:

Combate ao desmatamento e a degradação de ecossistemas: é a principal medida para a redução imediata das emissões no setor de uso da terra, além de ser fundamental para proteger os serviços ecossistêmicos que sustentam a resiliência climática. Ao mesmo tempo, a transição para sistemas produtivos de baixo carbono é indispensável tanto para a mitigação quanto para a adaptação às mudanças do clima.

Agricultura sustentável: a agropecuária brasileira avançou no caminho da sustentabilidade nos últimos anos, além de incentivos do Plano Safra à produção de baixa emissão, maior inclusão da agricultura familiar nas políticas climáticas e fortalecimento da assistência técnica no campo. Atividades como a recuperação de pastagens degradadas, integração de sistemas de produção e o uso de tecnologias contribuem para a redução das emissões de gases de efeito estufa.

Financiamento climático e incentivos para práticas sustentáveis: a transição climática no setor de uso da terra exige ampliar e direcionar os investimentos para modelos produtivos sustentáveis e de baixo carbono. Isso está alinhado ao compromisso global de tornar os fluxos financeiros compatíveis com trajetórias de baixas emissões e resiliência climática, conforme estabelecido no Artigo 2 do Acordo de Paris.

Justiça climática e desenvolvimento inclusivo: pequenos produtores, povos indígenas e comunidades tradicionais estão entre os mais impactados pelas mudanças do clima, apesar de historicamente contribuírem pouco para o problema. Promover uma transição justa significa garantir que essas populações tenham acesso aos benefícios sociais, econômicos, sociais e ambientais da economia de baixo carbono.

Proteção e uso sustentável da biodiversidade: o setor de uso da terra é um agente estratégico para a valorização dos recursos naturais, contribuindo para o cumprimento das metas do Marco Global da Biodiversidade de Kunming-Montreal.

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