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É preciso mudança da cultura no topo da pirâmide, caso contrário não conseguiremos combater os incêndios florestais

Imagem: Freepik

*Por Roberto Gonzalez 

Nesta última semana de agosto, foi noticiado pelos principais veículos de comunicação que o Brasil precisa reduzir em 92% as emissões de gases do efeito estufa até 2035, para contribuir de forma justa com a proposta de limitar em 1,5 graus Celsius (ºC) o aquecimento global. Quem diz isso é o Observatório do Clima que fez um estudo a respeito. Para esta meta ser atingida, os pesquisadores que participaram do estudo apontam que o país precisará atingir outras ambições.

Desmatamento zero até 2030, recuperação de 21 milhões de hectares de vegetação nativa, combate à degradação e aumento da proteção de seus biomas, bem como investir nas transições energéticas e na prática de agropecuária de baixa emissão, além de uma gestão adequada dos resíduos no país. Essas são as principais ambições que os pesquisadores se referem. O percentual tem como base as emissões de 2005 e avança limitando em 200 milhões de toneladas líquidas, a emissão anual que era de 2,4 bilhões de toneladas líquidas, há 19 anos.

Paralelamente, nos deparamos na mesma última semana de agosto com outra notícia, que infelizmente vai para o lado oposto. A grande quantidade de queimadas que aconteceram em diversas localidades do território nacional. O clima está muito seco porque faz muito tempo que não chove. Porém, vale reforçar que existe entre os especialistas a concordância de que a seca prolongada não justifica tantos focos de incêndio.

Curiosamente, desta vez o foco não foi a floresta Amazônica. A região Centro-oeste e o interior do Estado de São Paulo foram as áreas mais afetadas. Vale lembrar que o interior paulista praticamente não tem mais floresta nativa, apenas alguns poucos resíduos de mata selvagem que sobraram e que são importantes para a tentativa de recuperação do bioma. Infelizmente parte foi queimada junto com plantações de cana-de-açúcar e de laranja, principalmente. O que também chama a atenção porque fazendas são áreas já desmatadas.

É provável que o Observatório do Clima tenha de refazer seus estudos. A quantidade de incêndios é tão grande que não só a meta de redução de desmatamento ficou mais difícil como é fato que o que foi consumido pelas chamas são justamente as plantas que contribuiriam para a absorção do carbono na atmosfera. Aliás, ao serem queimadas, elas próprias se transformaram em gases nocivos à saúde e responsáveis pelo aquecimento global.

Em um mundo que é importante dar cada vez mais importância para o ESG, o que está acontecendo no Brasil é catastrófico. Embora, algumas empresas, entidades e cidadãos busquem, individualmente, soluções para mitigar emissões e frear as mudanças climáticas, no conjunto da nossa sociedade acontece o contrário. Emitimos mais fumaça ao mesmo tempo que destruímos o verde que ainda resta, a ferramenta de descarbonização mais eficiente que existe.

Considerando o contexto das ocorrências, em que a maioria dos focos são resultado da ação humana, parte por criminosos e parte por pessoas irresponsáveis, fica evidente que a solução depende de uma mudança radical na forma como o Estado brasileiro gerencia seus recursos naturais. Também é preciso uma forte mudança na visão de negócios dos donos do agronegócio, o mais importante segmento econômico do Brasil. Muitos desdenhava do trabalho contra o desmatamento, mas agora eles próprios se tornaram vítimas do mesmo fogo que destruiu gigantescas áreas de florestas nativas.

O que mais chama a atenção nisso tudo é que o Congresso brasileiro se mostra totalmente indiferente ao problema. Pior que isso, eles trabalham justamente para destruir o pouco que resta. Não bastasse perder tempo para aprovar projetos que autorizam a jogatina eletrônica e a comercialização de cigarros eletrônicos, os congressistas trabalham para aprovar o “pacote da destruição” formado por mais de 25 projetos de lei três propostas de emendas à Constituição (PECs), que permitem absurdos com derrubada de mata nativa em áreas de preservação permanente, redução de 80% para 50% a reserva legal na Amazônia, entre outros.

Projetos que visam beneficiar economicamente os donos do agronegócio, muitos deles, agora vítimas desses incêndios, mas que não enxergam além de seus próprios bolsos. Isso tem que mudar antes que seja tarde. Poder público e agropecuaristas precisam se reunir, se entenderem e, juntos, criarem um plano em prol da sustentabilidade. Os governos municipais, estaduais e o federal, assim como os legislativos nas três esferas, devem avaliar os gargalos que dificultam a fiscalização para corrigi-los assim como deve haver mudança na legislação para que a punição passe a ser verdadeiramente temida.

Já os proprietários das fazendas precisam melhorar procedimentos e criar meios de monitorar toda a área produtiva e os resquícios de florestas que restaram em suas propriedades. As perdas não são só deles e nem são apenas animais selvagens que estão morrendo e perdendo seus habitats. O lucro deles está sendo queimado. Compaixão com o primeiro grupo é respeito com o próprio bolso ou conta bancária. É respeito com a sociedade como um todo.

O conceito ESG tem de ser mais bem disseminado na sociedade. Mas isso só será possível se os que estão no topo da pirâmide política e econômica aprenderem e a aceitarem que é preciso mudar. Querendo ou não, eles são o exemplo para a sociedade. Se a cultura lá em cima não mudar, na base também não mudará. E aí o Brasil perderá a batalha para o aquecimento global. Todos nós seremos penalizados. Vai mais um aviso: para a natureza não existe classe social nem cargo de maior importância. Quando ela revidar, ninguém vai se salvar com “carteirada”.

*Roberto Gonzalez é consultor de governança corporativa e ESG e conselheiro independente de empresas. É autor do livro “Governança Corporativa – O Poder de Transformação das Empresas”.

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Agricultores apostam em novas tecnologias para superar a instabilidade climática; veja dicas para planejar a safra

Divulgação GAtec

Ferramentas tecnológicas, além de ajudarem a reduzir os impactos do clima nas lavouras, auxiliam os produtores na tomada de decisões mais assertivas

Com um começo de safra bem conturbado, principalmente pelo atraso no plantio nas principais regiões produtoras devido à instabilidade climática, aos poucos os agricultores brasileiros seguem avançando com a semeadura da temporada 2024/25. Mesmo com as adversidades iniciais, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mantém a estimativa de produção de 322,47 milhões de toneladas de grãos. Diante deste cenário de incertezas recorrentes, causadas pelas mudanças climáticas, cada vez mais se faz necessário estar preparado para as adversidades. E a forma mais segura é com um rigoroso planejamento.

De acordo com Wellington Sena, executivo técnico de negócios da GAtec, unidade de negócios da Senior Sistemas – multinacional referência em soluções de gestão, o atraso de plantio, como vivenciado em muitas regiões, pode gerar muitos reflexos não somente na safra a ser semeada, mas também para as futuras. “Ou seja, quanto maior o adiamento do plantio, mais estreito será a janela da próxima semeadura, seja safrinha ou cultura de inverno. Esse problema causa um efeito em cadeia, comprometendo o cronograma original planejado”, destacou.

Em cenários assim, o produtor precisa agir rápido, refazer as contas, recalcular a rota, analisar as possibilidades de minimizar esses impactos e ainda recuperar o tempo perdido. “Quando existe atraso maior no plantio da cultura principal, há a possibilidade de o agricultor, por exemplo, trocar o milho safrinha por outra cultura de ciclo mais curto. Contudo, é preciso fazer as contas da rentabilidade para ver se é viável”, explica Sena.

Tecnologias como aliadas

Para ser assertivo nessas escolhas, é fundamental, primeiramente, que o produtor tenha acesso aos dados de sua fazenda. Desta forma, com auxílio de tecnologias de gestão já disponíveis no mercado, ele terá subsídios para escolhas corretas e decisões rápidas. Entre essas soluções, a GAtec by Senior disponibiliza o SimpleFarm, um software multiplataforma que atende, em uma única base, produtores de culturas anuais, semi-perenes e perenes.

Com o módulo de Gestão de Safra, por exemplo, o produtor consegue armazenar as informações cadastrais com o objetivo de rastrear todos os processos. A ferramenta possibilita ainda o controle do levantamento de pragas, traz informações do clima, auxilia no controle de produção, área plantada, entre outros benefícios. Todas as informações contidas nas áreas agrícolas são divididas em seis níveis: por empresa, safra, setor, fazenda, bloco e talhões, sendo o talhão a menor unidade de controle. “O nosso sistema foi desenvolvido pensando justamente em proporcionar agilidade ao produtor e sua equipe nos momentos mais difíceis do dia a dia no campo”, detalhou o especialista.

Ainda segundo Sena, a empresa também oferece ferramentas que auxiliam desde o começo do planejamento até a organização do uso dos recursos, tanto de hora-máquina quanto de mão de obra e insumos. Desta maneira, é possível reorganizar o planejamento e simular novos cenários com o ambiente atual, alterar o ciclo da cultura, mudar a variedade, reorganizar a compra de insumos, entre outras possibilidades. “Com o sistema atualizado e bem alimentado de informações, o agricultor pode fazer todos os ajustes necessários no decorrer da safra com segurança e maior assertividade”, destacou.

Detalhes que fazem a diferença

O planejamento de safra de grãos exige um olhar atento a diversos fatores. Além das tecnologias utilizadas, como mencionado, vale atenção desde o pré-plantio até o pós-colheita. A chave para o sucesso é a integração de práticas agrícolas eficientes, o uso inteligente das ferramentas disponíveis e uma boa gestão de riscos. Ao seguir algumas dicas, a fazenda estará mais próxima de atingir uma safra produtiva, rentável e sustentável.

Análise do solo e definição de culturas

Este manejo consiste em um conjunto de procedimentos que avaliam as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo. Quando equilibrados, fornecem às plantas as condições necessárias para melhor desenvolvimento. Quanto à escolha da cultura, o agricultor pode definir o que será plantado com base em fatores como demanda de mercado, resistência a doenças e pragas, clima da região e capacidade de adaptação do solo. Além disso, pode por aquelas culturas que se adaptem melhor às condições climáticas e ao tipo de solo da sua região.

É fundamental também, atenção à semente adquirida. Este insumo precisa ser de alta qualidade e, se possível, com tecnologia de resistência a pragas ou herbicidas, o que pode reduzir custos com defensivos e ajudar a ter eficiência no plantio.

Rotação de culturas

Planejar uma rotação de culturas é importante para a preservação do solo e para evitar o esgotamento dos nutrientes. Além disso, este manejo ajuda a reduzir o risco de doenças e pragas. O uso de culturas de cobertura no período entre safra também pode ajudar a proteger o solo contra erosão, aumentar a matéria orgânica e controlar plantas daninhas.

Gestão do clima e irrigação

Acompanhe as previsões climáticas e prepare-se para eventos como secas ou chuvas excessivas. Isso pode influenciar a escolha do melhor período de plantio e o uso de sistemas de irrigação. Se a região depende de irrigação, invista em sistemas eficientes (como gotejamento ou pivô central) para garantir o uso racional da água.

Planejamento de insumos

Elabore um planejamento de compra de fertilizantes e defensivos agrícolas. A compra antecipada pode ajudar a reduzir custos, mas também é importante ajustar conforme as necessidades da safra. Tenha ainda um controle rigoroso sobre os custos de produção, incluindo insumos, mão de obra, combustível e outros gastos. Isso ajuda a garantir que o planejamento financeiro esteja alinhado com as projeções de receita.

Controle de pragas e doenças

Realize um monitoramento constante das lavouras para identificar sinais de pragas e doenças o mais cedo possível. A prevenção é sempre mais eficaz do que o controle posterior. Entre as técnicas disponíveis, destaca-se o Manejo Integrado de Pragas (MIP). A estratégia de manejo utilizando métodos químicos, biológicos e culturais ajuda a minimizar os danos causados por pragas.

Previsão de colheita e mercado

Defina o período de colheita com antecedência e tenha um plano para armazenar ou comercializar a produção. Se possível, faça acordos com compradores antecipados para garantir melhores preços. Paralelamente, acompanhe o mercado e as tendências de preços. Isso pode ajudar a decidir o momento certo para vender ou armazenar a produção, buscando maximizar a rentabilidade.

Gestão de riscos

Considere a contratação de seguros agrícolas para se proteger contra perdas decorrentes de fenômenos climáticos extremos, como secas prolongadas ou geadas. Também é recomendável uma reserva financeira para enfrentar imprevistos durante o ano, como quebras de safra, flutuação de preços ou aumento inesperado de custos.

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Destaque

O que ganha o agro com o resultado das eleições municipais?

Divulgação Sell Agro

*Por Leandro Viegas

As eleições para prefeitos e vereadores no Brasil, que aconteceram em outubro deste ano, trouxeram um cenário de expectativas e incertezas para o agronegócio, que há décadas ocupa posição de destaque na economia nacional. A análise dos resultados revela algumas tendências e possíveis implicações para o futuro próximo, refletindo um equilíbrio de interesses que pode beneficiar o setor, embora com desafios consideráveis.

Primeiro, a manutenção de uma bancada ruralista robusta no Congresso é um ponto favorável. Esse grupo parlamentar, que historicamente apoia políticas de desoneração fiscal, subsídios e investimentos em infraestrutura, poderá continuar promovendo pautas benéficas para o setor. Esse suporte é essencial para manter a competitividade brasileira no mercado global de commodities, especialmente em um contexto de crescente concorrência e volatilidade dos preços.

Contudo, a eleição de candidatos com agendas ambientalistas mais rígidas, em alguns estados-chave, pode significar um aumento da pressão regulatória. Isso exige que o setor invista em práticas de conformidade ambiental e sustentabilidade, pois o Brasil está sob constante escrutínio internacional. Esse equilíbrio entre produção e conservação será um ponto sensível para o agro, que precisará se adaptar para responder à demanda por certificações e garantir acesso a mercados externos, especialmente na União Europeia.

No campo da infraestrutura, o investimento em logística é crucial para o escoamento de grãos e carnes. Os candidatos eleitos para governar estados de grande produção agrícola, como o Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, mostraram-se comprometidos com o desenvolvimento de rodovias, ferrovias e hidrovias. A efetiva implementação desses projetos pode reduzir custos logísticos, aumentando a competitividade e mitigando um dos maiores gargalos.

Também em pauta estão as questões regulatórias, como o uso de pesticidas e práticas ambientais. Nesse quesito, o setor anseia que os políticos adotem uma postura pragmática. O agro pressiona por regulamentações mais ágeis e alinhadas com práticas internacionais, argumentando que uma regulamentação moderna sobre pesticidas é essencial para manter a produtividade e enfrentar pragas e doenças que ameaçam as safras. Entretanto, é importante também que se encontre uma via de equilíbrio, que permita ao setor utilizar novas tecnologias e insumos agrícolas sem descuidar das preocupações ambientais.

Falando do âmbito fiscal, os novos prefeitos ao que tudo indica, irão enfrentar pressões significativas tanto para preservar quanto para revisar esses benefícios. De um lado, a bancada ruralista, que mantém representação expressiva no Congresso, trabalhará para defender a manutenção de subsídios e incentivos, argumentando que são essenciais para sustentar a competitividade da produção frente aos mercados internacionais. Esses subsídios incluem desde isenções fiscais sobre maquinários e insumos, até linhas de crédito especiais, vitais para pequenos e médios produtores.

Por outro lado, o governo precisará lidar com restrições fiscais e demandas sociais, o que pode levar a uma avaliação mais rigorosa dos benefícios concedidos ao setor. Existe uma tendência de revisão desses incentivos, especialmente em busca de maior transparência e eficiência no uso dos recursos públicos.

Outro ponto importante é o debate em torno da reforma tributária, que está sendo conduzido com um olhar para simplificação fiscal e possíveis mudanças nas alíquotas de impostos sobre a produção e a exportação de commodities. Se essa reforma seguir adiante, que preserve certas isenções para o agro, e aí será uma vitória. Porém, caso opte por tributar mais para equilibrar as contas públicas, o agro poderá enfrentar obstáculos para manter sua competitividade.

Quer dizer, embora haja preocupações legítimas em relação às políticas que podem ser implementadas a partir do próximo ano, o setor está se mobilizando para se adaptar e superar. Claro, há incertezas com a segurança jurídica das propriedades rurais, especialmente diante de possíveis mudanças nas políticas de reforma agrária e demarcação de terras indígenas. Recentemente, invasões de terras e conflitos agrários, especialmente no Paraná e em Mato Grosso do Sul, foram temas centrais na reunião da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).

Produtores temem também que reformas tributárias possam resultar em maior carga fiscal sobre insumos e produtos agrícolas, elevando ainda mais os custos. Por outro lado, há doses de otimismo. Já que há sinalizações positivas como financiamento, sustentabilidade e inovação tecnológica. Recentemente, como o anúncio de um Plano Safra recorde de R$ 364,22 bilhões, e a possibilidade de acessar crédito com taxas de juros reduzidas é uma boa notícia. Especialmente para quem depende de financiamento para expandir a produção, recuperar áreas degradadas e investir em tecnologias mais eficientes.

Outro ponto positivo é o foco na sustentabilidade. Para aqueles que já investem em práticas de baixo carbono e preservação de reservas, o apoio governamental em iniciativas ambientais representa um incentivo direto, que pode abrir portas para novos mercados internacionais que exigem certificações ambientais. O financiamento específico para práticas de conservação é um sinal de que o governo está atento à pressão internacional por uma produção sustentável, o que nos beneficia ao tornar o Brasil mais competitivo e reconhecido como um fornecedor responsável.

Além disso, o incentivo à agricultura familiar e o fortalecimento da mecanização no campo são recebidos com bons olhos por pequenos e médios produtores. A possibilidade de modernizar a produção com acesso a equipamentos a custos mais acessíveis é fundamental para melhorar a eficiência e reduzir custos, especialmente em regiões onde o maquinário ainda é escasso.

Apesar desse otimismo inicial, os produtores continuam atentos às futuras políticas e regulamentações. É essencial que o governo mantenha um diálogo aberto com o setor para garantir que as medidas atendam às necessidades reais do campo e promovam um desenvolvimento equilibrado.

*Leandro Viegas é Administrador, bacharel em Direito e CEO da Sell Agro

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Computação Quântica no Agro estimula aumento de produtividade, controle de pragas e desenvolvimento de fertilizantes

Depositphotos Computação Quântica no Agro

A tecnologia quântica processa dados complexos que os computadores ‘tradicionais’ não suportam; o Agro tem soluções inéditas para novos desafios

A computação quântica é a mais revolucionária das tecnologias contemporâneas. Apesar de ser pouco explorada no Brasil, ela processa dados com alta velocidade, resolvendo cálculos complexos. A ciência quântica pode ajudar o agronegócio a ser ainda mais sustentável. Com novos equipamentos desenvolvidos, como GPS, LED, câmeras digitais, computadores e lasers, este é um segmento que não para de crescer, deixando registrada na história uma verdadeira revolução digital. 

Mas essa revolução depende de um conhecimento profundo. Por isso, o país investe para aperfeiçoar a visão de especialistas neste campo de atuação. Um dos focos está no desenvolvimento agrícola, mas é urgente a criação de um projeto nacional de inovação que seja duradouro. Por meio desta máquina, certos tipos de problemas podem ser resolvidos mais rapidamente do que em computadores tradicionais. 

A tecnologia quântica contribuirá para o desenvolvimento de novos equipamentos e sensores que possam trabalhar na produtividade das lavouras, como no mapeamento e controle de pragas, fazendo com que os produtores possam de maneira eficaz combatê-las com o uso mínimo de pesticidas. Novas formas de fertilizantes compõem o farnel dos acessórios. Métodos quânticos têm inovado também na avaliação da qualidade dos produtos pós-colheita e da agroindústria. Com o uso desta computação é possível rastrear códigos de estocagem e melhorar a capacidade e a velocidade de um enorme volume de dados, otimizando custos logísticos. 

Em lavouras de milho, mapeia-se a produção; identificam-se as pragas; traçam-se soluções e aplicam-se diagnósticos em problemas com muita rapidez e de maneira segura. Esses são os principais atributos dos pesquisadores para o uso do campo quântico para o agro brasileiro. 

Rogério Athayde, CTO da keeggo, sinaliza que a cadeia produtiva agrícola mundial tem muito a ganhar com o avanço da computação quântica de ponta a ponta, ou seja do campo até a mesa do consumidor brasileiro: “Vale ressaltar que os investimentos ajudarão desde o desenvolvimento de fertilizantes avançando para um plantio de qualidade e sem pragas, passando produtos com qualidade e rapidez para a indústria alimentícia, que chegam à mesa do consumidor com mais saúde, principalmente, no período entre safras”. 

Empresas alimentícias, por exemplo, criam suas Provas de Conceitos (PoCs) em parceria com os setores de tecnologia e inovação das empresas, para que estas realizem seu posicionamento estratégico e que assim possam aprender, com maior brevidade, a tirar proveito e desmistificar a tecnologia quântica. O ideal para estas indústrias é que não fiquem obrigadas a consumir soluções prontas, no futuro, de grandes empresas internacionais, que vão vender tecnologias a um custo muito mais alto e com muitos segredos. É preciso criar uma independência desde já. 

No mundo, há diversas ‘iniciativas quânticas’, que são programas governamentais de fomento, não só à computação quântica, mas a outras tecnologias de segunda geração. A China lidera os investimentos, com aportes de 10 bilhões de dólares, seguida pela Alemanha (3,1 bilhões  de dólares), França (2,2 bilhões  de dólares), e Estados Unidos (1,2 bilhão  de dólares). 

O Brasil, provavelmente, por razões histórico-culturais, apresenta um quadro peculiar no mundo: apesar de termos excelentes pesquisadores na área, e do tamanho expressivo de nossa economia, nosso país não figura na lista dos que recebem investimentos expressivos para o desenvolvimento dessas tecnologias, especialmente a quântica. 

“Se as tecnologias quânticas continuarem evoluindo no ritmo atual, daqui a não muitos anos poderemos ter computadores que alcancem algum tipo de vantagem em problemas de simulação em química, de otimização ou de aprendizado de máquinas. A economia agrícola brasileira tem muito a crescer e de forma rápida com a inclusão dessa tecnologia, com resultados positivos para quem planta, quem industrializa e quem consome”, finaliza Athayde. 

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