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Em encontro inédito, indústria, órgãos reguladores e pesquisa oficial debatem o cenário atual e o futuro dos bioinsumos no Brasil

Workshop promovido pela ANPII Bio, abordou controle de qualidade, a nova regulamentação e inovações do setor de biológicos, que movimentou R$ 5,7 bilhões na última safra
A ANPII Bio (Associação Nacional de Promoção e Inovação da Indústria de Biológicos) realizou, na última quarta-feira (23), o Workshop “Bioinsumos e Inovação – Alinhando Processos, Perspectivas Técnicas, Qualidade e Regulação”. O evento inédito representou um marco por reunir e dar voz a diferentes elos da cadeia de bioinsumos, como pesquisadores, laboratórios públicos e privados, representantes da indústria e agentes dos principais órgãos reguladores do país para que juntos pudessem debater o futuro do setor de bioinsumos no Brasil – que já movimentou R$ 5,7 bilhões na última safra, com projeção de crescimento de 60% até o final da década, alcançando R$ 9 bilhões em vendas.
O workshop teve como objetivo promover o debate técnico e aprofundar o conhecimento sobre o desenvolvimento e a produção de bioinsumos, focando em controle de qualidade, metodologias de análise e regulamentação. Ao longo do dia, foram realizados quatro painéis temáticos que reuniram, além de representantes da indústria, especialistas de instituições de pesquisa e órgãos governamentais como Embrapa, Esalq/USP, Universidade de Brasília (UnB), ANVISA, Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (LFDA).
“Estamos em um momento de consolidação do setor de bioinsumos no Brasil. Promover debates entre todos os elos da cadeia é essencial para garantir a qualidade, a eficácia e a segurança dos produtos oferecidos ao produtor rural”, destaca Júlia Emanuela, Diretora de Relações Institucionais da ANPII Bio. Ela enfatiza que a revisão de pontos técnicos e regulatórios para o sucesso da regulamentação da Lei de Bioinsumos (Lei nº 15.070/2024) foi um dos principais pontos debatidos no evento. Aprovada em dezembro do último ano, o marco regulatório estabelece diretrizes para o registro, comercialização, fiscalização e uso de produtos biológicos, criando um ambiente mais favorável para o crescimento da tecnologia no campo.
“Com a regulamentação, teremos estímulos e processos desburocratizados para as indústrias de bioinsumos, além de impulsionar a pesquisa científica e acadêmica, garantindo o aumento na adoção desses produtos no médio prazo. A lei visa promover práticas sustentáveis, sem abrir mão da segurança e da eficácia dos produtos no campo. No entanto, é fundamental que todos os envolvidos discutam a regulamentação de forma colaborativa para alcançar um equilíbrio entre inovação, segurança e a efetiva implementação das melhores práticas no setor”, completa Júlia.
O evento abordou uma série de temas essenciais para o setor, incluindo estudos de casos científicos e esclarecimentos técnicos sobre os avanços regulatórios, que são fundamentais para uma fiscalização e controle de qualidade mais assertivos. A programação foi dividida em quatro painéis, cobrindo tópicos como produção de microrganismos, validação de eficácia, inovações biológicas e o cenário regulatório.
O evento começou com uma abertura sobre o estado atual dos bioinsumos e suas perspectivas de evolução, seguida de um panorama sobre a regulamentação dos produtos biológicos no Brasil. O primeiro painel discutiu o controle de qualidade de inoculantes, fungos entomopatogênicos e microrganismos, abordando tanto a visão acadêmica quanto a industrial. O segundo painel focou em métodos e protocolos para validar a eficácia dos microrganismos, com destaque para inovações científicas e metodologias de identificação microbiana.
O terceiro painel tratou das inovações biológicas, explorando o ciclo de vida dos produtos e a multifuncionalidade de bactérias e fungos no desenvolvimento de novos produtos. Por fim, o quarto painel abordou o cenário regulatório e a fiscalização de produtos à base de microrganismos, discutindo os desafios no registro e fiscalização, além de uma visão regulatória sobre contaminantes. Ao longo do evento, mesas redondas promoveram discussões dinâmicas entre os participantes.
Para o pesquisador da EMBRAPA e um dos palestrantes, Marcos Faria, o workshop foi uma oportunidade de aprender ainda mais sobre o mundo dos bioinsumos. “As discussões e apresentações foram de altíssimo nível, permitindo a interação entre os colegas da indústria, academia e governo. Tudo isso é fundamental para que os próximos passos da regulamentação sejam bem-sucedidos”, afirma.
Além do workshop, na quinta-feira (24) o grupo de participantes também participou de visitas técnicas às instalações de duas indústrias do setor: Agrocete, em Ponta Grossa (PR) e Go Genetic, no Tecnoparque da PUC-PR em Curitiba (PR). As visitas proporcionaram uma visão prática sobre os processos produtivos e os protocolos de controle adotados por empresas referência em bioinsumos.
Perspectivas do setor — Segundo dados da ANPII Bio, o setor movimentou R$ 5,7 bilhões na última safra, com mais de 156 milhões de hectares tratados com produtos biológicos. A expectativa é de um crescimento de 60% até o final da década, alcançando R$ 9 bilhões em vendas. A projeção anual das indústrias associadas é de 12,4% de crescimento para os inoculantes e 20,4% para os biodefensivos, impulsionada pela adoção de tecnologias como bioinseticidas e inoculantes solubilizadores de nutrientes.
Além da expansão no mercado interno, o Brasil também se posiciona como líder global em bioinsumos. Segundo levantamento da DunhamTrimmer LLC International Bio Intelligence, o país responde por 11,3% do consumo mundial desses produtos. Em segmentos como bioinoculantes e biodefensivos, essa participação é ainda maior, alcançando 12,6%, com projeção de atingir 16,4% até 2030 — o que significa que, até o final desta década, um sexto da adoção global desses dois importantes insumos biológicos virá do mercado agrícola brasileiro.
“Para a ANPII Bio, diante desse cenário promissor, a missão segue clara: fomentar a inovação, contribuir com a elaboração de políticas públicas eficazes e garantir que os bioinsumos sejam cada vez mais acessíveis, seguros e eficientes para agricultura do futuro”, finaliza a Diretora de Relações Institucionais da entidade.

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MFG Agropecuária investe em bem-estar nutricional para garantir maior conforto dos animais

Sabe aquele dia em que a gente exagera no carboidrato? Logo vem aquela azia, refluxo e má digestão. Hoje, milhões de bovinos confinados sofrem dos mesmos sintomas durante o confinamento, reflexo da grande quantidade de concentrado na dieta, em torno 85%. Ou seja, o capim, alimento natural destes animais, representa apenas 15%. Preocupada em atingir altos níveis de produtividade, mas sem descuidar do bem-estar animal, a MFG Agropecuária está investindo pesado no conceito de “bem-estar nutricional” nas suas oito unidades espalhadas pelos estados da Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo.
“Não é só ambiência, estrutura, manejo e lida apropriados que ajudam os animais a estarem em seu estado de conforto. Tudo aquilo oferecido via cocho impacta o bem-estar animal. A nossa proposta é fornecer uma dieta saudável, respeitando os critérios de ruminação adequada e adotando o conceito de protocolos naturais, sem o uso de antibióticos”, explica Adriano Umezaki, gerente técnico de Nutrição da MFG Agropecuária.
Novo conceito nutricional
Sempre que a dieta possui volumes elevados de concentrado, uma quantidade excessiva de energia é fermentada, resultando num quadro de acidose. O ácido inflama as células presentes no rúmen e no ceco (região importante do intestino delgado), responsáveis pela absorção dos nutrientes metabolizados.Conforme o problema avança, mais o gado sofre indisposição. Ainda assim, é capaz de resistir até certo nível sem reduzir o ganho de peso.
Mas, o mesmo não acontece com a qualidade de carne. A presença de inflamação inativa a enzima responsável pela deposição de marmoreio, um grande atrativo para os apreciadores de cortes bovinos. O pior também pode acontecer, pois bactérias no trato digestivo podem cair na corrente sanguínea causando outras infecções pelo corpo. “Então podemos definir o bem-estar nutricional como o uso de estratégias nutricionais que permitam o máximo desempenho no confinamento sem prejudicar a saúde dos animais”, resume Umezaki.
Soluções inovadoras
Recentemente, a unidade de Tangará da Serra (MT) conquistou o selo FairFood. Além de coroar a estrutura e o manejo racional, também não deixa de ser um reconhecimento ao bem-estar nutricional aplicado, igualmente, em todas as plantas da MFG Agropecuária. Entre outros aspectos, o programa nutricional consiste no fornecimento de suplementos naturais certificados para melhorar a digestibilidade de concentrados.
Óleos essenciais de mamona ou castanha de caju e blends de carvacrol e oleoresina de pimenta (capsaicina) ajudam a controlar o pH ruminal, prevenindo inflamações, acidose ruminal e doenças associadas; bem como blends de enzimas xilanase, B-glucanase e celulase aceleram a digestão dos alimentos consumidos. O uso de taninos e saponinas à base de extratos vegetais como promotores de crescimento permitiu a substituição total de ionóforos, uma classe de antibiótico popular entre os confinadores, e ainda ajuda o grupo a mitigar a emissão de metano entérico em cerca de 17%.
A dieta também inclui um complexo de vitaminas, silicatos, leveduras, entre outros ativos, capazes de aumentar o conforto térmico e atuar diretamente na imunidade do gado. Como resultado, diminui-se morbidade e mortalidade, índice no qual a empresa se destaca entre as grandes operações de confinamento no Brasil. Sem esquecer a oferta de gordura protegida e naturais, existentes nos grãos de soja, farelo de arroz, caroço e torta de algodão. Comparada ao milho, principal ingrediente no cocho, a gordura possui duas vezes mais energia e não acidifica no rúmen. Com medidas como essas, a MFG registra média geral de GMD de 1,660g e 2kg, para novilhos filhos de touros com Índice Frigorífico.
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Fábrica de torradores ATILLA comemora Dia Nacional do Café com curso gratuito de classificação e degustação

A formação, em parceria com o Senar e Faemg, é destinada a produtores e demais integrantes da cadeia do café
A Atilla – Fábrica de torradores – receberá entre os dias 26 e 30 de maio o curso gratuito “Classificação e Degustação”, oferecido, em parceria com o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) e com a Faemg (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais).
A instrutora responsável pela formação, de 40 horas, será Helga Andrade. O público-alvo é composto por produtores familiares e demais integrantes da cadeia do café.
As aulas acontecerão de segunda a sexta, das 8h às 17h, com uma hora de intervalo.
Serviço
Curso: Classificação e Degustação – gratuito
Data: 26/05 a 30/05
Horário: 8h às 17h, com uma hora de intervalo
Local: Atilla Lab – Av. Heráclito Mourão de Miranda, 1587, bairro Alípio de Melo, Belo Horizonte, MG
Telefone: (31) 9 8635-7017
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Brasil mira novos mercados para ampliar exportações de carne bovina; especialista avalia impacto das tarifas impostas pelos EUA ao setor

Líder mundial nas exportações de carne bovina, o Brasil prospecta novos mercados internacionais, como Japão e Vietnã, para consolidar sua posição e deve alcançar até 3,7 milhões de toneladas exportadas em 2025, segundo projeções. Especialista em comércio exterior avalia que as tarifas impostas pelos americanos não devem impactar de forma significativa o desempenho das exportações de carne bovina do país, que tendem a seguir em alta
Líder mundial nas exportações de carne bovina, o Brasil faturou mais de US$ 12,8 bilhões com o produto no ano passado e registrou um total de 2,8 milhões de toneladas exportadas – o melhor desempenho da história, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Neste ano, as empresas brasileiras já exportaram 423.833 toneladas de carne bovina e faturaram mais de US$ 2 bilhões. Para manter essa posição, o país prospecta novos mercados estratégicos, como Japão e Vietnã, com os quais firmou acordos comerciais recentemente. A movimentação ocorre em meio a imposição de tarifas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros. O especialista em comércio exterior e CEO da Tek Trade, Rogério Marin, avalia que a medida não deve gerar impactos relevantes nas exportações, já que a forte demanda interna nos EUA mantém o país como um dos principais compradores da proteína nacional.
“A tarifa de 10% imposta pelo governo de Donald Trump para os produtos brasileiros reflete uma escalada nas medidas protecionistas, ainda que tenha pouco potencial de afetar o cenário de importação de carnes bovinas dos Estados Unidos, que importam principalmente para suprir a demanda interna e nichos específicos, como carne magra para hambúrgueres. Anteriormente, em 2022, o Brasil enfrentou tarifas fora de cota devido à alta demanda americana, mas conseguiu manter a competitividade. No ano passado, os EUA importaram 229 mil toneladas de carne bovina brasileira, um aumento significativo em relação a 2023. Essa nova medida pode elevar os custos para os importadores norte-americanos, embora a demanda por carne continue elevada e atenue esse cenário. O Brasil também segue competitivo em preço e volume, o que deve sustentar a tendência de crescimento das exportações de carne”, avalia Rogério Marin.
Segundo estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o Brasil deve exportar 3,6 milhões de toneladas de carne bovina em 2025. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta até 3,7 milhões de toneladas. Fatores como a desvalorização do real, a retração de concorrentes como Austrália e Nova Zelândia e o avanço em acordos comerciais sustentam esse otimismo. Atualmente, o Brasil exporta para mais de 150 países e a China permanece como o principal destino da carne brasileira, seguida por Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos, Chile e Hong Kong, que juntos respondem por grande parte da receita do setor, estimada em mais de US$ 8 bilhões.
Novos mercados
No último mês, o Brasil passou a mirar novos mercados asiáticos para venda de carne bovina. O Japão, reconhecido por suas exigências sanitárias e por ser um dos maiores importadores mundiais da proteína, representa uma oportunidade de alto valor agregado e de rentabilidade para as empresas brasileiras por sua demanda por produtos premium. Já o Vietnã, com uma classe média em expansão, desponta como mercado promissor para cortes de maior qualidade. “Atualmente, a China é o maior importador de carne bovina brasileira. Os acordos com Japão e Vietnã ajudam a reduzir essa dependência, oferecendo maior estabilidade às exportações ao mitigar riscos de restrições ou flutuações em um único mercado. A entrada nesses países, no entanto, exige avanços em rastreabilidade, certificações e qualidade, mas o potencial de retorno é elevado”, avalia Rogério Marin.