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Grupo de estudos debate perdas gestacionais e soluções para elevar resultados da IATF

Pietro Baruselli - USP

A quinta edição do GlobalSynch Group, o grupo de estudos promovido anualmente pela GlobalGen vet science, realizada nos dias 8 e 9 de agosto na capital goiana, reuniu especialistas de todo o Brasil para discutir os principais fatores que impactam a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), com foco em perdas gestacionais, hoje um gargalo para muitas fazendas.

Com base na análise de mais de 440 mil IATFs, Carlos Consentini, coordenador técnico da GlobalGen, mostrou que a categoria da matriz interfere diretamente na perda de prenhez. “Fêmeas jovens perdem mais gestação em comparação a vacas paridas. Novilhas precoces registram perda gestacional maior que novilhas regulares de dois anos ou multíparas, assim como primíparas precoces perdem mais prenhezes do que primíparas regulares e multíparas”, constatou.

Consentini também identificou que matrizes de escore corporal mais elevado, geralmente, têm maior concepção aos 30 dias e nem sempre ele está associado à perda gestacional. “Outro aspecto importante do banco de dados: ele não mostrou flutuações da perda gestacional entre os protocolos de IATF de nenhuma categoria”, reforça.

Segundo o Dr. Milo Wiltbank, 50% das perdas ocorrem até o D7 (sétimo dia após a inseminação), 5 a 17% até D17 e 25% após D21. Entre as principais causas, aponta baixa qualidade do oócito, regressão prematura do corpo lúteo e ocorrência de gestação gemelar. “Cerca de 50% das perdas gestacionais resultam da morte do embrião e 50% pela regressão do corpo lúteo”, resumiu o norte-americano, utilizando-se de várias pesquisas em gado leiteiro, principalmente. Wiltbank é um dos grandes responsáveis por popularizar a IATF em todo o mundo através da criação e ampla divulgação do protocolo Ovsynch.

“A GlobalGen está na vanguarda da discussão sobre perdas reprodutivas. Foi exatamente isso que trouxemos para o GlobalSynch”, resume Alexandre Prata, gerente técnico da GlobalGen.

Embriões em pauta no GlobalSynch
Antes restrita a entusiastas de gado de elite, a tecnologia da transferência de embriões em tempo fixo (TETF) está sendo utilizada para acelerar a produção de gado comercial. “Hoje, o produtor com cinco ou dez vacas leiteiras ou aquele com 100 ou 200 de corte querem rapidez no melhoramento. Há trabalhos demonstrando serem necessárias de cinco a seis gerações de IATF para alcançar o mesmo avanço obtido de uma geração de TETF”, aponta o Gustavo Santos, proprietário da Sheep Embryo.

E assim como toda tecnologia, a resposta para obter sucesso está na qualificação. “O que limitava o uso da transferência de embriões eram os resultados variáveis e inconsistentes. Existem muitos fatores que podem ser ajustados para melhorar a fertilidade e reduzir perdas gestacionais”, garante o professor Roberto Sartori, da ESALQ/USP. A lista compreende raça, qualidade do embrião, idade da receptora, dias pós-parto, tipo de sêmen e corpo lúteo, entre outros.

Melhorando resultados da IATF
Roberto Sartori também discorreu sobre ajustes nos protocolos de novilhas de 14 meses.  “O protocolo de IATF mais curto, de 7 dias, apesar de dar menos cio e produzir um folículo menor, gerou boa fertilidade, às vezes até superior ao de duração mais longa. Isso acontece porque, com os protocolos mais longos, há uma maior probabilidade de antecipação de ovulação, ou seja, no momento da inseminação as fêmeas já estão ovuladas”, constatou.

Soma-se ainda o uso de implantes adequados, destaque do painel do Repro one Novilhas. Em um grupo de novilhas Nelore de 280 kg, o dispositivo chegou a registrar diferença de 20% na concepção. O sucesso culminou no lançamento do protocolo The Best One Novilhas, em primeira mão ao público do GlobalSynch Group.

Sustentabilidade e mercado do boi gordo
Pietro Baruselli, professor da USP, marcou presença no GlobalSynch Group contrapondo a pegada de carbono da IATF à da monta natural. O trabalho foi feito com base em 12 milhões de sincronizações da GlobalGen. “A pecuária é a atividade que mais ocupa terra no Brasil e precisa ser mais eficiente. E isso só é possível com uso de tecnologias como a IATF”, adverte o professor.

No estudo, a IATF apresentou redução de 21,4 milhões de toneladas de CO₂ equivalente (49%), impacto comparável à retirada de 853 mil veículos das ruas e à preservação de 192 mil hectares de vegetação nativa do Cerrado. Por fim, Thiago Bernardino, do CEPEA/USP, observou a margem do bezerro acima das demais categorias, indicando a tão esperada virada de ciclo. “O mercado vai subir”, avisou, mesmo perante imposições tarifárias dos EUA. “Oscilações vão acontecer, mas o mundo precisa da nossa carne”, concluiu.

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Girassol Agrícola eleva a régua da qualidade das sementes e cria um novo patamar no setor

Girassol Agrícola eleva a régua da qualidade das sementes e cria um novo patamar no setor

Em um dos momentos mais desafiadores para a rentabilidade no campo, rigor técnico, inovação e mentalidade infinita estão redefinindo o padrão de excelência no agronegócio brasileiro

O produtor rural vive um dos ciclos mais desafiadores dos últimos anos. Margens apertadas, custos altos e preços pressionados têm exigido decisões cada vez mais precisas dentro e fora da lavoura. Nesse cenário, a qualidade das sementes ganha protagonismo como fator decisivo para eficiência e rentabilidade — um compromisso que a Girassol Agrícola transformou em prioridade. A empresa acaba de consolidar um marco no mercado sementeiro de soja ao estabelecer o quarto nível de qualidade, um conceito que une ciência, tecnologia, capricho e propósito.

Como base de comparação, o primeiro nível – exigido pela legislação -, chega a 80% de germinação. O segundo, considerado padrão técnico médio, alcança 90% de germinação. Já o terceiro nível, desempenhado em sementeiras avançadas, entrega 90% de vigor em parte da produção. E, finalmente, o quarto nível, um padrão inédito e próprio da Girassol Agrícola, onde 100% das sementes de soja comercializadas têm IRG (Índice de Recomendação Girassol) acima de 90%, e 36% superam 95% e são entregues no Bag ATI para melhor preservação deste índice de qualidade. “Não comercializamos lotes abaixo de IRG 90%, abrindo mão de cerca de 6% do volume que o mercado aceitaria. Essa decisão representa uma escolha de valores herdados do fundador e presidente do Conselho, Gilberto Goellner, priorizando a confiança e a previsibilidade de resultados no campo”, explica Jhonathan Costa, diretor de sementes da companhia.

O IRG reúne 33 análises de desempenho e é o coração da metodologia de qualidade da empresa. São dados de envelhecimento acelerado, canteiro de emergência, vigor e viabilidade pelo tetrazólio, além de testes de pré-embarque por carga específica, entre outros. As análises ponderam 70% de vigor e 30% de viabilidade, e os resultados refletem o desempenho real no campo. Cada lote é acompanhado por um QR Code com origem, fotos, dados analíticos, promovendo transparência total entre empresa e produtor. “Ele traduz a qualidade plantável de cada lote, ou seja, a probabilidade real de formação de um estande uniforme e vigoroso”, explica Jhonathan.

A decisão da empresa acompanha um movimento de revisão das políticas de qualidade no país, como a nova certificação de laboratórios em discussão pela Associação Brasileira dos Produtores de Sementes de Soja (ABRASS). Há também a iniciativa da Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat), que propõe índices mínimos de germinação de 90% em Mato Grosso. “A Girassol está indo além, com um olhar voltado à representatividade real do campo e à consistência da qualidade mesmo nos 30 dias mais críticos, entre a expedição e o plantio”, reforça o diretor.

Qualidade se faz no campo

Mesmo com capacidade de produzir 100% das suas sementes em boas altitudes e áreas próprias, estrategicamente a Girassol coloca cerca de 30% em sua base produtiva, em cooperados vizinhos e homologados para diluir risco e atender outros estados. Essa estrutura garante padronização e controle total do processo, desde o plantio até a expedição. Alguns dos fatores decisivos para a qualidade atual estão na dessecação no ponto ideal (R7.3) para preservar o embrião; no controle rigoroso de percevejos (8–10 aplicações médias); e no descarte de lotes com mais de 5% de grãos esverdeados, bem abaixo do limite de 9% aceito pela Embrapa. Cada decisão reflete o capricho técnico e a cultura de constância que tornaram a Girassol referência nacional. “Qualidade se faz no campo, é lá que nasce a semente que carrega a confiança do produtor”, reforça Jhonathan.

A nova visão da qualidade

Para a safra de soja 2025/26, a sementeira está apresentando mais uma inovação, é o Projeto WOW, onde amplia o conceito de qualidade para uma nova experiência de relacionamento com o produtor. A iniciativa inova desde a saída do insumo das unidades de beneficiamento da companhia, quando a jornada inicia e o cliente recebe um aviso por whatsapp com o rastreamento em tempo real do caminhão até a sua propriedade. Nesse mesmo informativo, inclusive, ele pode acessar com facilidade os dados de performance e rastreabilidade antes mesmo de receber o lote (Gira QR Code). Os investimentos em tecnologias também estão no Bag ATI, que preserva a qualidade da semente e sua integridade até o plantio.

No beneficiamento das sementes também há diferenciação, com IBS’s modernas, equipamentos importados e regulagens conservadoras que minimizam danos mecânicos. Na armazenagem, 100% das sementes são mantidas em câmaras frias (13 °C e 65% UR), com equalização térmica de 20 a 30 dias para preservar o vigor. Já no Tratamento de Sementes Industrial (TSI), a dosagem é precisa e validada por HPLC, garantindo fluidez no plantio e padronização perfeita.

A nova visão, acompanhada de fortes investimentos, demonstra efetivamente em que mercado a empresa deseja atuar – o mais tecnificado, com produtores que valorizam a semente de alto potencial e que buscam extrapolar suas barreiras da produtividade. “A Girassol decidiu ficar melhor, para depois ficar maior”, define o executivo. E em anos desafiadores, como a safra atual, com clima hostil e outras condições adversas, o ganho nas lavouras com sementes de alta qualidade são ainda mais importantes.

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Parcerias de engorda consolidam confinamento como extensão das fazendas de cria e recria no Brasil

Parcerias de engorda consolidam confinamento como extensão das fazendas de cria e recria no Brasil

Modelo permite ao pecuarista aumentar a lotação da pastagem e ganhar eficiência na terminação sem a necessidade de investir altas quantias em estrutura própria, garantindo previsibilidade e valorização do rebanho

No Brasil, cada vez mais pecuaristas de cria e recria têm recorrido às parcerias de engorda como um meio de aumentar a produção. O modelo transforma o confinamento em uma extensão natural da fazenda, dando ao produtor maior flexibilidade na operação. Segundo Vagner Lopes, gerente corporativo de Confinamento da MFG Agropecuária, a estratégia ganha espaço porque oferece escala, redução de riscos e maior valorização dos animais.

“Ao aderir à modalidade de parceria, o produtor pode aumentar o estoque de arrobas sem sobrecarregar o pasto, e garantir previsibilidade de ganho de peso, além de melhorar o acabamento de carcaça dos animais durante a terminação. Tudo isso sem precisar imobilizar capital em uma estrutura própria ou ficar refém da volatilidade do mercado de insumos”, explica Lopes.

Com o avanço tecnológico na formulação de dietas, na gestão de dados e no monitoramento do desempenho dos lotes, engordar os animais fora da fazenda tornou-se uma alternativa viável não apenas para grupos empresariais, mas também para pecuaristas tradicionais que buscam intensificar sua produção.

A tendência é observada em grandes estruturas instaladas em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e até mesmo São Paulo e Bahia, que atendem produtores de diferentes perfis, como é o caso da MFG Agropecuária. “O confinamento é uma porta de entrada para a intensificação e um passo estratégico para agregar valor à produção”, reforça Lopes. Além de fornecer espaço físico, manejo voltado ao bem-estar animal, protocolos nutricionais e sanitários rigorosos, os confinamentos do grupo permitem acesso a ferramentas que ampliam a profissionalização da atividade.

Mercado futuro do boi gordo
Aos interessados, as parcerias de engorda da MFG Agropecuária contemplam a trava de preço na B3. O mecanismo de hedge garante fluxo de caixa e protege a margem de lucro, assim os produtores conseguem planejar as decisões de manejo, reposição e comercialização do rebanho. Inclusive, ainda podem antecipar seus contratos.

“Se o produtor precisa travar os animais daqui dois, cinco, seis meses ou o tempo necessário para garantir a rentabilidade do negócio, ele pode fazer isso de forma antecipada na MFG”, explica Vanderlei Finger, gerente geral de Compra de Gado do grupo.  De acordo com ele, a equipe de originação vai até a fazenda, avalia os animais, projeta a engorda e calcula o tempo necessário até o abate, para que o pecuarista faça a trava com tranquilidade.

Premiações de carcaça
O parceiro também tem acesso a um pacote de premiações, incluindo “Boi Europa”, “Cota Hilton” e cronologia de animais até quatro dentes. Para exportação à Europa, em especial, a MFG assume a rastreabilidade dos animais do parceiro. “O confinamento não é apenas uma prestação de serviço, mas sim um elo de confiança. Trabalhamos para que o pecuarista tenha a tranquilidade e a segurança de que seus animais vão expressar todo o potencial produtivo, transformando a cria e recria em um ciclo vitorioso”, conclui Lopes.

Entre os principais benefícios apontados pelo gerente estão:

Eficiência econômica – o pecuarista de cria e recria transforma o bezerro ou garrote em boi gordo, capturando a margem de terminação.

Flexibilidade comercial – animais podem ser entregues ao frigorífico em momentos estratégicos, aproveitando oscilações positivas no mercado do boi gordo.

Previsibilidade produtiva – confinamentos comerciais oferecem nutrição balanceada, manejo padronizado e acompanhamento técnico, assegurando ganho de peso diário consistente.

Redução de riscos – a parceria dispensa investimentos pesados em currais, cochos, maquinário e mão de obra qualificada, permitindo que o produtor dedique-se à cria e/ou recria.

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Especialistas debatem futuro do amendoim brasileiro e sua competitividade no mercado global

Especialistas debatem futuro do amendoim brasileiro e sua competitividade no mercado global

Exportação, consumo interno, sustentabilidade e inovação são alguns dos temas que movimentam o setor e ganham espaço em novo canal de informação

Os desafios e as oportunidades do mercado do amendoim, especialmente no cenário internacional, têm mobilizado cada vez mais especialistas, produtores, pesquisadores e representantes da agroindústria. A expansão da cultura no Brasil, aliada à busca por diferenciação e valor agregado, exige não apenas inovação tecnológica no campo, mas também estratégias comerciais e institucionais capazes de conectar o produto nacional às exigências do mundo.

É nesse contexto que surge o “Amendoim & Prosa”, novo podcast criado para valorizar e dar visibilidade aos diversos elos da cadeia produtiva do amendoim. A iniciativa é da Indústrias Colombo e foi lançada oficialmente no dia 6 de agosto, durante a 7ª Feira Nacional do Amendoim, em Jaboticabal/SP. O primeiro episódio aborda o tema “Mercado externo do amendoim: desafios e oportunidades” e tem como convidado Pablo Rivera, CEO da Beatrice Peanuts e vice-presidente da ABEX-BR.

Com foco técnico, mas linguagem acessível, o projeto busca promover o diálogo entre o campo, a ciência e o mercado, dando voz a quem planta, pesquisa, beneficia, transforma e comercializa o amendoim no Brasil e no mundo. A proposta é criar um espaço de escuta e construção coletiva de soluções para o desenvolvimento sustentável da cultura.

“O podcast nasce como mais uma ferramenta para impulsionar o setor e estimular boas práticas. O Brasil tem enorme potencial e protagonismo nessa cadeia, e é fundamental que a gente amplie a visibilidade e o conhecimento sobre o que está sendo feito de bom aqui”, afirma Luiz Antonio Vizeu, engenheiro agrônomo e gerente de Relações Institucionais da Indústrias Colombo.

Apresentado por Vizeu e pela jornalista Juliana Pertille — comunicadora com longa trajetória no agro, com passagens por veículos como Canal Rural e Record News —, o “Amendoim & Prosa” terá episódios mensais com convidados que vivem o dia a dia do setor. Além do mercado internacional, a programação trará temas como consumo interno, marketing do setor, sustentabilidade, inovação, óleo de amendoim e histórias reais de quem trabalha diretamente com a cultura.

“Queremos construir um conteúdo que una conhecimento técnico e sensibilidade. O agro tem muitas histórias potentes que precisam ser contadas e ouvidas com respeito, leveza e profundidade”, destaca Juliana.

Durante a Feira Nacional do Amendoim, além do lançamento oficial, novos episódios também serão gravados com convidados especiais, reforçando o compromisso do projeto com a escuta ativa e a valorização dos diversos agentes dessa cadeia.

O podcast já está disponível nas principais plataformas de streaming (Spotify, Deezer e Amazon Music) e nas redes sociais do projeto @amendoimeprosa. Os vídeos serão publicados também no YouTube, na playlist da @industriascolombo. Outras informações em: www.amendoimeprosa.com.br.

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